Seleção Brasileira de 1970 é lembrada na praça em frente ao estádio Jalisco, que se chama "Brasil"... |
Chegar a Guadalajara é lembrar das duas Copas do Mundo que o Brasil disputou no estádio Jalisco, “El Coloso de La Colonia Independencia”, em 1970 e 1986... No centro da cidade, uma placa anuncia o “Hotel México 70”... Nelsinho Motta compareceu muito no antigo Hospício Cabanãs, em frente à Plaza Iberoamerica, durante o Mundial de 1986... Certamente não era pelo excelente wi-fi do local, comparável apenas ao café do Teatro Degollado, na Plaza Tapatia... Na Plaza Minerva, cujo nome vem da estátua da deusa grega colocada, no meio de uma fonte d’água, onde Ernesto Paglia mostrava a blitz da polícia parando carros estadunidenses, hoje o congestionamento é de veículos asiáticos, com um Busscar de “city-tour” no meio... Thalia comparece ali, não no conhecido restaurante – Marimar não apreciaria o “asado” de frutos do mar, talvez os mariachis cantando a clássica "Jalisco Querido" – mas no anúncio de água mineral no luminoso no teto de um táxi... Publicidade que está no supermercado da região central, dividindo espaço com cartazes de “rateros” procurados, onde as filas de passageiros esperando ônibus se espalhando por uma praça lembram o Centro de São Paulo... A população da cidade, que era de pouco mais de um milhão de habitantes há 30 anos atrás, disparou para 8 milhões nos dias atuais... No hotel, um antigo funcionário ainda lembra de quando Silvio Luiz ficou hospedado ali, também em 1986... Com certeza, o narrador se perdeu nos corredores e aprovou a Sopa Azteca do serviço de bordo... O estádio Jalisco fica na Calle 7 Colinas 1.772, na Colônia Independência, na esquina com a Avenida Fidel Velázquez, ao lado da Calzada Independencia Norte e em frente à Plaza de Toros Nuevo Progreso, onde se realizam touradas, e a Plaza Brasil... Onde se encontra a “estalta” em homenagem à Seleção Brasileira de 1970, que disputou no Jalisco cinco das seis partidas da campanha do tricampeonato mundial... No “menumento”, sobre uma bola de futebol, dois jogadores tentam cabecear outra bola, que é defendida pelo goleiro... Apesar da base da “estalta” estar pichada, o jardim ao redor é bem conservado... Entre a praça e o estádio, na Calzada Independencia, há uma estação do BRT de Guadalajara, o Macrobús – “Tu ciudad se mueve en grande” – com ônibus articulados de 18 metros, que na traseira trazem a indicação para que os carros de passeio não invadam o corredor exclusivo... Inaugurado em 2009, o sistema possui 16 quilômetros de extensão e 27 estações... Que se não fosse por um detalhe na fachada em verde, seriam idênticas à do BRT do Rio de Janeiro... Alis, o Macrobús, como o Transcarioca, tem um serviço parador e o Express, com parada em apenas 12 estações... Lembrando que Guadalajara possui duas linhas de metrô, na verdade, um “tren ligero” (pré-metrô, como o que havia no Rio...), com 24 quilômetros e 29 estações, em duas linhas, inaugurado em 1989, e uma terceira linha, na verdade, um monotrilho, está em construção – alis, qualquer semelhança com as obras da Linha 15-Prata de São Paulo é mera coincidência... Atravessando a Calzada Independencia, chega-se ao estádio... Do lado de fora se vê a parte externa das arquibancadas e as escadarias de acesso... No portão 14 do setor Leste, há diversos avisos destinados aos torcedores que comparecem ao Jalisco em dias de jogos, tais como “É proibido entrar com alimentos”, “Evite cumprimentar com aperto de mão e beijos para prevenir contra a gripe”, “Proibido jogar futebol no pátio”... Esse não!!!... Mas a proibição de "qualquer material à base de pólvora ou explosivos" é real... Na calçada, há um anúncio do governo sobre medidas de prevenção ao chikungunya...
No entorno do estádio, trabalha-se forte nas campanhas de prevenção ao Aedes aegypti... |
Mediante o pagamento de uma gojeta ao zelador do estádio, é possível entrar no Jalisco por um corredor de acesso - "Advertencia: Usted esta siendo videograbado" - onde há uma "Ruta de Evacuación" em caso de "sismo", e apreciar o gramado... E recordar... Do meio do campo, Edson (OG), deu um chute para tentar encobrir o goleiro tcheco Viktor, que estava adiantado, na estreia do Brasil em 1970... A bola foi para fora... À direita, o gol onde entrou a bola de Jairzinho, depois de uma intrincada jogada, no jogo com a Inglaterra... A defesa do cabeceio do Edson (OG), feita por Gordon Banks, aconteceu no gol à esquerda... Também à direita, Edson (OG) deu um drible de corpo no goleiro uruguaio Mazurkiewicz, nas semifinais, em outra jogada célebre que a bola não foi para dentro da rede... Olhando para as posições das câmeras na cobertura do estádio, a lembrança é não de Geraldo José de Almeida, Walter Abrahão ou Fernando Solera, mas de Galvão Bueno, de bigode, transmitindo o jogo com a Argélia no lugar de Osmar Santos, acometido do Mal de Montezuma, em 1986... Do lado de fora, brasileiros e argelinos confraternizavam cantando e dançando... Nas arquibancadas, hoje vazias, ostentavam a faixa “Porra Brasileña”... Ops!!!... No meio do campo, com Sócrates de faixa na cabeça, a Seleção Brasileira, que esperava ouvir o Hino Nacional na estreia contra a Espanha, acabou sendo premiada com o Hino à Bandeira... No gol à direita, os espanhóis marcaram o gol que foi anulado pelo juiz australiano, mas que o Tira-Teima da Globo mostrou que a bola tinha passado da linha... Tanto de um lado quanto do outro, Josimar fez misérias nos gols contra Irlanda do Norte e Polônia... Mas foi à direita que Zico desperdiçou um pênalti no tempo normal contra a França, e nas cobranças de pênaltis, os franceses eliminaram o Brasil nas quartas-de-final, inclusive com o chute de Bellone que bateu na trave e nas costas do goleiro Carlos antes de entrar... Em 1999, a Seleção Brasileira voltou ao Jalisco para disputar a Copa das Confederações... Enquanto esteve em Guadalajara, o time de Vanderlei Luxemburgo só acumulou vitórias... Alemanha, Estados Unidos, Nova Zelândia, Arábia Saudita... Mas na finalíssima, no Estádio Azteca, vitória do México... Na saída do estádio, um totem da Comissão de Turismo do Estado de Jalisco informa que “a associação Clubes Unidos de Jalisco é a responsável pela construção do primeiro estádio da cidade e o terceiro maior do país”... Com capacidade para 56.713 espectadores, o Jalisco fica atrás apenas de dois estádios da Cidade do México, o Azteca (que comporta 87 mil espectadores) e o Olímpico Universitário (que já recebeu 70 mil)... A placa de bronze na parede externa de uma das salas existentes debaixo das arquibancadas, afixada em janeiro de 1960, traz o nome das três equipes que compunham a associação civil que construiu o estádio... O Club Altas de Guadalajara – só porque eu sou pequenininho??? – o Club Deportivo Guadalajara – mais conhecido como Chivas – e o Club Deportivo Oro – hoje Club Social Y Deportivo Jalisco, também chamado de Gallos... Essas três equipes, para comemorar a inauguração do estádio, realizaram um torneio pentagonal, para o qual foram convidados o Bambi e o San Lorenzo da Argentina... Que disputou com o Atlas a partida que o totem aponta como a primeira do estádio, em 31 de janeiro de 1960... Vitória de 2 a 0 para os argentinos... Que dividiram o título da competição com o Pó-de-Arroz... Em 1970, o recém-fundado Leones Negros de la Universidad de Guadalajara se juntou aos Clubes Unidos, e os distintivos das quatro equipes podem ser vistos no muro de pedras junto ao estacionamento do estádio... No entanto, o Chivas desde 2010 manda seus jogos no estádio Omnilife, que leva o nome da empresa de suplementos alimentares pertencente ao empresário Jorge Vergara... Com capacidade para 49.850 pessoas – quarto maior estádio do México – o Omnilife recebeu os Jogos Panamericanos de 2011, transmitidos com exclusividade para o Brasil pela Record...
Do meio do campo, Edson (OG) tentou fazer gol em cima do tcheco Viktor na Copa do Mundo de 1970... |
Em tempo: No sábado, um dia depois da visita ao Jalisco, o jornal “El Informador” de Guadalajara publicou na capa do caderno de esportes uma reportagem sobre o estádio... “El Jalisco, en el olvido”... Ou seja, no esquecimento... Até mesmo o revezamento anual entre os integrantes dos Clubes Unidos na presidência da associação não é seguido e há mais de dois anos o presidente dos Leones Negros, Alberto Castellanos, ocupa o cargo... Apesar da estrutura do estádio estar em excelentes condições, a lista de melhorias básicas pendentes inclui colocação de assentos, modernizar os vestiários, ampliar os corredores de circulação, mais espaço para pontos de venda, telões e elevadores... De fato, a exceção de uma área VIP com poltronas estofadas e algumas cadeiras, no restante do estádio, o torcedor senta no cimento... Mesmo a numerada tem apenas o encosto e os braços das cadeiras, feitos de ferro... A venda de cerveja (30 pesos) e "refrescos" (15 pesos) é feita em tanques junto às paredes da arquibancada... Alis, havia havia algumas garrafas plásticas no chão, recordações do último jogo no estádio... Consciente de que o dinheiro dos Leones Negros e do Atlas não é suficiente para reformar o Jalisco – a renda dos jogos do Chivas faz muita falta, como lembra Juan José Frangie, ex-presidente do clube - Castellanos propôs que governo do Estado de Jalisco se torne o quinto membro dos Clubes Unidos e dessa forma possa investir na modernização do estádio... Se o acordo for aceito, o governo estadual poderia ter o Jalisco a disposição em alguns dias do ano para realizar eventos e também poderia fazer propaganda de seus programas no estádio... A reforma serviria para adequar o local às novas exigências da Liga MX, a primeira divisão mexicana, seguindo orientações da FIFA... O jornal lembra que outros estádios particulares, com idade similar à do Jalisco, “tem sido renovados com dinheiro público” para adequar-se às normas da Liga... Entre eles estão o Luis ‘Pirata’ Fuente, em Veracruz (160 milhões de pesos, ou seja, 40 milhões de reais, investidos pelo governador Javier Duarte...), o Cuauhtémoc, em Puebla (investimento de 668 milhões de pesos, quer dizer, 160 milhões de reais, do governador Rafael Moreno Valle...), o Nemésio Diez, em Talouca, Está Onde Mexe (800 milhões de pesos, ou melhor, 200 milhões de reais, por conta do governador Eruviel Ávila...) e o Agustín “El Coruco” Díaz, em Zacatepec, Morelos (400 milhões de pesos, ou 100 milhões de reais, bancados pelo governador Graco Ramírez...)... Apesar de reconhecer que cedo ou tarde o estádio precisará fazer as melhorias exigidas para a Liga, Frangie é menos otimista... Para o ex-presidente do Chivas, o governo de Jalisco tem outras prioridades e não é factível destinar recursos ao estádio... Mesmo um contrato de “naming rights” seria complicado, já que o nome Jalisco é consolidado há 55 anos... Talvez fosse o caso de pedir consultoria ao Andrés Sanchez... Ops!!!...
E deste lado, Silvio Luiz narrou o pênalti que Zico perdeu nas quartas-de-final do Mundial de 1986... |
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