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| Vídeo raro no especial de Roberto mostra o nosso Big Bird azul, pois "Vila Sésamo" foi feito em preto e branco... |
Depois de um ano de inexplicável ausência, o canal Viva volta a apresentar os especiais de final de ano de Roberto Carlos, começando pelo primeiro, produzido em 1974, e o cinquentenário serviu de pretexto para trazer a atração de volta, cuja primeira exibição no canal da Globosat, em 2020, se tornou o mais antigo programa da Globo a cores a aparecer no Viva, fato que ganha ainda mais relevância quando o projeto Fragmentos da Globoplay escancara o que muito se comentava sem confirmação, a Globo possui novelas incompletas em seu acervo, admitindo enfim que o motivo era o reaproveitamento de fitas quadruplex... O "Dicionário da TV Globo", publicado em 2003, chega a mencionar a realização de dois especiais em 1974, um em janeiro e este, exibido em 25 de dezembro de 1974, dá até para notar que Roberto canta em dois cenários diferentes, entretanto, no site Memória Globo, consta apenas o programa de dezembro... Há meio século atrás, a identidade visual da Globo era completamente diferente, dominada pelos letreiros na fonte Nebiolo Extending Bold e o globo terrestre desenhado pelo cartunista e diretor da emissora Borjalo, o mesmo criador da Zebrinha do "Fantástico", a televisão a cores era novidade, implantada no Brasil um par de anos antes, o que levava a um colorido mais carregado na cenografia de Frederico Padilla e nos figurinos de Sorensen, outro que trabalhou forte no “Fantástico”, mesmo caso do diretor Augusto César Vannucci, o próprio, e duas músicas obrigatórias do especial sequer tinham sido gravadas, "Amigo" é de 1977 e "Emoções", de 1981... O especial começa com o som de um carro dando partida e a imagem de Roberto Carlos com a luz de um refletor fazendo o brilho nos olhos em meio a contagem regressiva só de números ímpares... A orquestra da Globo, regida por Chiquinho de Moraes, posicionada a direita de uma imagem de Roberto similar à da capa do disco de 1972, trabalha forte numa introdução instrumental com acordes de "Se Você Pensa", "Rede Globo Apresenta", Roberto Carlos aparece num camarim, vestido uma brilhante camisa dourada de mangas longas, penteando o cabelo, sem esquecer de fumar o carimbo que era sua marca registrada na ocasião, conferindo a cabeleira no espelho... Toca a campainha do teatro, "Roberto Carlos Especial", letreiro acompanhado do logotipo, um “R” dentro de uma tela de televisão estrelada, "primeiro sinal, bicho", Roberto fuma e olha o retrato do filho Dudu Braga, o Segundinho, porque nascido Roberto Carlos Braga Segundo em 1969, batizado a maneira estadunidense (saiu de cena em 2021...), a orquestra segue orquestrando "Se Você Pensa", lançada em 1968, que Wilson Simonal e Renato Aragão transformaram em "Hã Hã", o cantor toma um copo, supostamente de uísque, o próprio Renato desconfiava, gelado???, "Participação Especial Paulo Gracindo", o protagonista da primeira novela a cores da Globo, "O Bem Amado", lançada no ano anterior, também a primeira a ter os teipes exportados, para o México (não mandaram “Chapolin” em troca...) e Uruguai, antes o texto de "Irmãos Coragem" foi adquirido pelos peruanos da Pantel e produzido no México pelo Canal 8, o próprio, antes de ser parte da Televisa (na Argentina, deixaram por Nino, O Italianinho...), "dois minutos para entrar em cena", a orquestra toca o tema do especial, lembrem-se que "Emoções" não tinha sido lançada, o Rei coloca anéis nos dedos, "Um Programa Ronaldo Boscoli e Luis Carlos Miele", ou seja, os pais do João Marcelo, os sogros que Eliana não chegou a conhecer (!!!)... Mais um sinal sonoro, "casa cheia, bicho", o maestro vem de "Como Vai Você", de 1972, o retrato de Roberto no palco só observa o violino, o cantor coloca uma pulseira no braço, "Convidados, Antonio Marcos, Erasmo Carlos Juarez Machado Madrigal ABC", sendo que Marcos é realmente o compositor de “Como Vai Você”, "um minuto!!!"... É a deixa para a orquestra trabalhar forte na versão instrumental de "Quando as Crianças Saírem de Férias", também de 1972, Roberto toca a foto do filho no camarim, close na harpa que tocava no começo do Fantástico, foca em Segundinho, ao lado do pai, em frente a uma espécie de portal, algo parecido com o do disco "Tim Maia Racional", com brinquedos pelo chão ao redor de um lago azul estrelado, que não impede de dar a cena um ar de "brincaremos, brincaremos sem parar", "cenografia Frederico Padilla", voltamos a "Se Você Pensa", "Consultor de Arte Cyro Del Nero", grande estudioso da história da cenografia teatral, o que explica a colunata nos cenários, também responsável por várias aberturas de novelas da Globo na época, como a de "Os Ossos do Barão", a substituta de "O Bem Amado", que não sobreviveu, assim como os capítulos da trama, há um pequeno trecho no especial de 25 Anos de TV, de 1975, a paródia do "Satiricom", "Os Sócios do Barão", algumas chamadas, e só, "edição Ricardo Leitão", Roberto tenta arrumar um aviãozinho sem deixar de fumar o charuto e pedir o estilingue, digo... "Roteiro Luis Carlos Pires", close no Segundinho, toca "Como Vai Você", o cantor cochicha para o filho, "Produção Executiva Arnaldo Artilheiro Ruy Mattos", o pequeno Dudu Braga se abaixa para pegar um brinquedo, close na harpa do "Fantástico", "Direção de Imagem Ewaldo Ruy"... A seguir, a prova, talvez a única que existe ou que sobrou, de que o Garibaldo brasileiro era azul, pois “Vila Sésamo” foi todo gravado em preto-e-branco, exatamente a razão porque a nossa versão do Big Bird era azul, Naum Alves de Souza, corre aqui, no momento em que Segundinho ri litros do diálogo entre os presentes que pediu para o Natal, Garibaldo e Gugu da lixeira (este era verde como o original, Oscar The Grouch), este chamando aquele de “Bicudo” e aquele citando a namorada deste, a Gugua (!!!), em seguida Dudu Braga vai passear calhambeque estilizado com o papi, que também aparece pelas curvas da Estrada de Santos num "videowall" rudimentar cantando " O Calhambeque", lançada dez anos antes, versão de “Road Hog” e dirigindo o mesmo, imagens captadas em película por Walter Carvalho, o próprio, para a Blimp Filmes, produtora do irmão do Bofão, que também cuidava do “Globo Repórter”, numa fase de maior criatividade, censura à parte... Roberto termina de se arrumar colocando um paletó de camurça na cor vinho e o, na época, indispensável medalhão, sobre o qual é creditado o diretor do programa, Augusto César Vannucci, aparece ao lado da esposa Nice Rossi, e dos filhos, Ana Paula Braga, o já apresentado Segundinho, e Luciana, a única ainda viva, a mãe saiu de cena em 1990, Ana Paula, que nasceu de um relacionamento anterior de Nice e foi adotada pelo Rei, em 2001 e Dudu Braga em 2021, e por fim o cantor apresenta-se a orquestra de Chiquinho de Moraes para cantar a premiada "Canzone per Te", sem o bigodinho com que apareceu ao lado do compositor Sergio Endrigo quando venceu o Festival de San Remo em 1968, defendendo exatamente essa música, e "El Dia que Me Queiras", faixa de um disco em espanhol lançado em 1973, e aqui está o motivo pelo qual o especial sobreviveu até os dias de hoje, uma intenção de venda internacional, uma sorte que nem todas as novelas tiveram, ainda mais antes do "boom" causado pela liberação do mercado italiano de televisão, no fim dos anos 1970, a primeira grande janela para a exportação da teledramaturgia global fora da América Latina e de Portugal...
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| Registro da reunião dos intérpretes de "Jesus Cristo" e "O Homem de Nazaré", em película, está quase sumindo... |
O cantor agradece a plateia, aparecem imagens em sépia de uma viagem de trem a Cachoeiro do Itapemirim, sua terra natal, "Meu Pequeno Cachoeiro", de 1970, na gaita, que serve de gancho para o próximo bloco, onde da janela de um vagão de madeira da Leopoldina, Roberto vê a si próprio cantando, em imagens da Record, também em tom sépia, "Quero que Vá Tudo pro Inferno", de 1965, ainda não banida de seu repertório, "Maria Carnaval e Cinzas", de Luiz Carlos Paraná, hoje nome de praça na região da Faria Lima, a maior vaia do Festival de MPB de 1967, "Lobo Mau", outra de 1965, versão de “The Wanderer”, no "Show do Dia 7" de fevereiro de 1969, em que Jô Soares era um dos Três Porquinhos (os outros eram Manoel de Nóbrega e Pagano Sobrinho...), que na reprise dos anos 1980 recebeu o título de “Era Uma Vez... Estórias Infantis para Gente Grande se Divertir”, corta para o locutor da rádio de Cachoeiro anunciando "Roberto Carlos Braga", ele em pessoa mostrando numa narração em "off" a casa onde viveu na infância, e teria aprendido a cantar (violar o tocão já foi no Rio, com Tim Maia, digo...), antes de comentar que vivia nos corredores da Rádio Nacional atrás de Paulo Gracindo, que lembra dele com muito menos cabelo e muito menos nome, do Natal que aceitou 50 cruzeiros de um tio na Lapa, mas mão o conselho de desistir do teatro, caso contrário não estaria ali, enquanto Roberto assobia, para fazer as partes declamadas de "Não Quero Ver Você Triste", do disco “Roberto Carlos Canta para a Juventude” de 1965, e tome gaita... Gravar declamações em disco era moda na época, como atestam "Desiderata", na voz de Cid Moreira, e "Soleado", recitada por Francisco Cuoco... Voltamos a Cachoeiro em sépia vista da janela do trem, o cantor lembra que o amigo Mouzar Cerqueira, líder do regional da cidade, acreditou que ele faria sucesso e sobe num pequeno palco circular azul para trabalhar forte em "As Curvas da Estrada de Santos", de 1969, "Amada Amante", de 1971, e "Como Vai Você", num clima bem intimista, com luz de boate e tudo (!!!) que contrasta com a religiosidade manifestada em "A Montanha", de 1972, que é seguida por nova incursão no romantismo, com "Proposta", lançada em espanhol no ano anterior, canção que fecha o bloco, que tem imagens de gaivotas como deixa para o próximo segmento... As aves aparecem em meio ao passeio no mar proporcionado por Roberto em seu icônico iate Lady Laura para Antônio Marcos, o próprio, diretamente da região de São Miguel Paulista, na Z/L de São Paulo, retribui dizendo que presenteará ele com uma gaivota, e o Rei entrega a referência a um best-seller de auto-ajuda da época, "Fernão Capelo Gaivota", e Marcos começa a cantar "Gaivotas (Para Roberto Carlos)", pena que as imagens captadas pelas câmeras do irmão do Bofão estejam quase apagadas, algo não menos impressionante que Antônio Marcos, que foi casado com a cantora Vanusa, ser dirigido por outro "conje" dela, Augusto César Vannucci, pai do Rafael, que venceu a segunda "Casa dos Artistas" mostrando que memória afetiva tem peso para o público, imagina se tivesse sido Aretha Marcos, que também cresceu na frente das câmeras, era muito carismática, porém hoje só Marlene Mattos lembra dela, não chamaram nem para cantar o tema do Fantástico no especial de 50 anos, para lembrar a mãe, deixaram pela Anitta, que exigiu uma menção a Juliette no especial, mas, enfim...
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| Depois de fumar cachimbo e filosofar sobre as aves, Roberto cantou bem na frente da porta do Juarez Machado... |
Ao fim da música, Roberto, que usava o boné do Milton Nascimento, aproveita para filosofar um pouco sobre as aves marinhas enquanto fuma o seu cachimbo, mas logo está de volta ao estúdio para cantar "Vista a Roupa Meu Bem", de 1970, uma jazz burlesco com a melodia calcada em "It Had to be You", tendo ao fundo uma das performances surrealistas criadas pelo artista plástico Juarez Machado, figurinha carimbada nos clipes do “Fantástico” e outros musicais globais, dançarinos com o rosto na nuca abrindo uma porta na areia da praia que dá acesso a outras portas, até aparecer a frente da cabeça de um dos dançarinos, pausa para Erasmo Carlos, vindo diretamente da região da Rua do Matoso, no Rio, falar de sua experiência como pai de primeira viagem, rapidamente, porque os dançarinos abriram a porta para Roberto cantar "Oh, Meu Imenso Amor", de 1969, uma valsinha que serve de pretexto para os rapazes com o rosto na nuca trazerem uma dançarina amiga que enrolam em um pano arco-íris (!!!), na volta da resenha, Roberto e Erasmo tiram do "super baú" o tempo que eram chamados de "O Rei da Jovem Guarda" e "Tremendão", apesar do musical seguinte ser de uma canção que o parceiro do Rei lançou em 1974, "Haroldo, o Robot Doméstico", momento onde se entende porque os dançarinos tinham a cara na nuca, era para não aparecerem de frente, guardando-se para a apresentação de Erasmo, ou isso ou o fato de parecerem o Marty Feldman de olhos fechados com a roupa do mordomo biônico do Chapolin, o famoso "Robô Pipi" (!!!), Erasmo dá a deixa para Roberto Cantar "Se Você Pensa" num cenário cercado de silhuetas, no mesmo instante que são feitos desenhos na tela que hoje qualquer criança faz no Paint, porém na ocasião eram um show de efeitos especiais, o Rei volta a falar dos perrengues da paternidades para fechar o bloco cantando, com o Tremendão, "Quando as Crianças Saírem de Férias"... Roberto vai para a portaria do prédio cantar "A Deusa da Minha Rua", composta por Newton Teixeira e Jorge Faraj 25 anos antes, em 1939, com inserções de imagens de edifícios e pedestres em vermelho (uma referência velada ao incêndio do edificio Joelma, acontecido em fevereiro daquele mesmo 1974 em São Paulo???...), no final, ele sobe uma escada rolante e encaminha-se para o palco enquanto o público chega para a apresentação, audiência a qual é o objeto de seu monólogo, ao chegar, ladeado por sua versão dos anos 1960 e a dos anos 1970, o tema são os assuntos que Deus sabe de cor, o texto de Miele e Boscoli era ligeiro, Roberto canta "As Flores do Jardim de Nossa Casa", de 1969, e "Eu Quero Apenas", lançamento do álbum de 1974, aqui em meio a abraços na esposa e nos filhos, sem esquecer que esta, e futuramente "Amigo", são as músicas mais populares do Rei nos países de "habla hispana"... O último bloco é o que mais carrega as marcas do tempo que foi feito, sobem os créditos, "Rede Globo Apresentou Roberto Carlos Especial", o cantor entra em um igreja colonial e canta “Jesus Cristo”, de 1970, num ritmo que mistura o medieval com o Moog (sintetizador...) e o efeito de "chromakey" colocando atrás dele imagens de pinturas religiosas renascentistas, quando surge o coral Madrigal ABC, onde todos usam túnica com um CH bordado no peito, surge a dúvida, estamos no especial do Roberto ou num episódio do Chapolin???, de sorte que o cantor já veio de rosa (e o infalível medalhão...) para o caso da imagem perder cor com o tempo, digo, e no final aparecem os logos da Central Globo de Produção e dos 10 anos da emissora (na frente do menino Jesus, que coisa, não...), todos com o globinho do Borjalo, que só seria substituído pelo de Hans Donner em 1976, na ocasião, ele não passava de um rabisco num guardanapo...
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| E a bolinha do Borjalo era o logotipo da Globo, o de Hans Donner era apenas um rabisco feito num guardanapo... |
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