Enfim Zeca Camargo, hoje na Band, ontem a cara do "Fantástico", enfim compareceu no especial, já Tim Lopes... |
O "Fantástico" nunca mais foi o mesmo depois de 28 de outubro de 2001, dia no qual o SBT estreou o "reality-show" "Casa dos Artistas", que liderou com sobras a audiência durante os dois meses em que foi exibido (o episódio final , com a vítoria de Barbara Paz, é até hoje o maior Ibope da história da emissora, com 52 pontos de média...) e colocou um ponto final na supremacia exercida nos domingos à noite pelo "Show da Vida", que a partir de então se resignou a uma liderança apertada, disputando migalhas de audiência, ponto a ponto, com o "Domingo Espetacular" da Record, o "espelho" do "Fantástico" que estreou em 2004, o "Pânico na TV", que a Rede TV! colocou no mesmo horário do programa da Globo em 2006, e o "Programa Silvio Santos", que vinha sendo apresentado no domingo à tarde desde 2008, porém, com a saída de Gugu Liberato do SBT, em 2009, voltou a ser rival direto da atração global... O quarto episódio da série dos 50 anos do "Fantástico" é o retrato de um período que foi uma espécie de "década perdida" do programa: uma colcha de retalhos, sem muita coesão nem coerência, lembrando de quadros que caíram em quase completo esquecimento e mencionando com mais vagar personagens que, por falta de tempo ou de prioridade, não tinham sido lembradas em episódios anteriores da série... Por falar em pessoas que passaram, uma das figuras mais focalizadas neste episódio, Zeca Camargo, não está mais na Globo, cabendo a ele hoje a tarefa de suceder Fausto Silva na Band, junto com outra ex-global, Glenda Koslovsky, e outra personalidade bastante lembrada, Patrícia Poeta, balança no comando do programa "Encontro", isso sem contar uma omissão imperdoável de um nome importantíssimo na história do programa, Tim Lopes, que saiu de cena em 2 de junho de 2002, em meio a apuração de uma reportagem sobre tráfico de drogas e prostituição em bailes funk na região de Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, numa época em que o programa, colocado nas cordas pela concorrência - entre outubro de 2001 e agosto de 2002, a atração teve a concorrência direta de três edições da “Casa dos Artistas”, exibidas quase em sequência, e que ainda tiveram o poder de encerrar de vez o “Sai de Baixo”, uma vez que o BBB, para escapar do confronto direto com o competidor mais badalado, e com Bofinho ainda amaciando o formato da Endemol, foi jogado, digo, alocado para depois do “Fantástico", horário em que o humorístico era apresentado - e o "Show da Vida" tentava se reerguer com matérias investigativas de impacto, nem sempre medindo o risco de vida para os repórteres... A matéria começa com imagens aéreas da região do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, focando na sede histórica da Globo em 2023, mas mostrando em seguida os bastidores de um programa exibido em março de 2010, “alô estúdio, vou mandar o roteiro aqui, tá ouvindo”, Zeca Camargo, até então ausente da retrospectiva histórica do “Fantástico”, é visto escrevendo no computador e conversando com um editor na ilha de edição, também dizendo em “off”, “eu brinco que eu trabalhei anos num programa que eu tinha o privilégio de estrear todo domingo”, vide fitas no arquivo e câmeras a postos, “a gente tem um programa novo todo domingo”, o diretor Luiz Nascimento percorre a redação, Zeca continua, “eu acho que esse processo todo é um processo de paixão”, Tadeu Schmidt, vestindo uma camisa listrada, entra apressado no “switcher”, Patrícia Poeta está preocupada na sua mesa de trabalho, e também dá seu off, “eu me lembro do meu primeiro dia, entrando no estúdio pra fazer o Fantástico ao vivo”, um editor anda sem rumo enquanto numa ilha de edição é mostrado um pódio de Ayrton Senna em Interlagos, no Grande Prêmio de 1991, “é aquela adrenalina enorme, gigante”, Sônia Bridi grava um “off”, Zeca Camargo empreende uma longa marcha pelos corredores da emissora, “pronta, Patrícia Poeta”, foca no arquivo, na ilha de edição, nos cabos de áudio, numa entrevista de Eike Batista no GNT, em Luizinho perguntando, “que hora que a gente entra”, em Patrícia e Zeca se maquiando, ele põe o blazer e declara, “quase oito e meia e a gente tá entrando no estúdio”, Tadeu bate na mesa e ri enquanto vê lances de um jogo narrado por Luiz Roberto, o diretor já está posicionado na mesa de corte, um funcionário pega uma fita no arquivo, Fausto Silva encerra o “Domingão do Faustão”, “vem aí Patrícia Poeta, Zeca Camargo e Tadeu Schmidt, vem aí o Fantástico no Domingão da Globo”, imagens do BBB na tela enquanto é dado o oferecimento do programa, Patrícia e Zeca estão no estúdio – a essa altura, o “Programa Silvio Santos” já estava no ar há meia hora – prontos para iniciar o “Show da Vida” e... Em 2004, Glória Maria comparece a bordo de um trenó motorizado no meio da neve do Ártico, “a gente já está há pelo menos quatro horas viajando nessa paisagem, e a gente não achou nenhum animal”, Glória declara ao Memória Globo, “eu botei na cabeça que ia achar o urso branco, mas ele ficou cada vez mais longe, a gente não vai achar urso, a gente vai morrer aqui, não tá dando, aí eu falei, vamos tentar viver outras experiências, vamos ver como é que eles fazem para pescar”, ou como reporta depois dos nativos fazerem um buraco na neve, “só falta saber se eles vão achar algum peixe”, nem enfiando a cabeça no buraco, “eu não vejo nenhum peixe, só um buraco fundo”, Glória relata, “aí eu digo, bom já que a gente não conseguiu ver o urso lá no habitat dele, vamos num centro de pesquisa” – três anos depois, em 2007 – “e tinha um paredão de vidro, assim como se fosse um lago dividido no meio, então você fica desse tanmanhozinho diante de um urso de mais de dois metros, três de altura, então é uma coisa assustadora”, tanto quando descer de tirolesa, ou se pintar na Índia, ou encontrar a lâmpada de Aladim numa loja, ou entrar num avião com gravidade zero, “eu viajei o mundo inteiro com o Fantástico, é uma felicidade que eu tenho”, nem sempre, “ai, o que esse Fantástico faz comigo, ai meu Deus”, comentário feito numa reportagem sobre uma tribo indígena brasileira, “a imagem da repórter do mundo a repórter aventureira, foi por conta do Fantástico”, até experimentando um sari na Índia, “foram anos inesquecíveis” – lembrando que o “cachimbo da paz” e o passeio de montanha-russa foram já na fase do “Globo Repórter”... Hora de introduzir outro viajante contumaz do programa, Zeca Camargo, que comparece de terno branco e camisa azul, senta na poltrona do cenário dos 50 anos e começa a dizer, “sempre me perguntam qual foi o projeto mais incrível que você fez como jornalista”, entram Ingrid Guimarães e Heloísa Perissé, “Zeca Camargo, você é um homem de sorte, não é não, Lolô, viajar o mundo”, e lá está ele em 2004 percorrendo aeroportos, sonolento numa cama de hotel, se acabando na kafta, o repórter recorda, “e se a gente desse uma volta ao mundo e mandasse reportagens dos lugares que a gente tava, via internet, a gente teve um diretor fascinante, o Luiz Nascimento, a gente falava, Luizinho dizia, boa ideia, que mais, como assim, uma volta ao mundo, mudar de lugares, falar pela internet, o que ele quer”, Renata Ceribelli em 2004 faz a pergunta, “e aí, Zeca Camargo, México ou Guatemala”, Zeca responde no Aeroporto do Galeão, “eu também não sei, as pessoas estão votando pela internet, agora é hora também de liberar para votar pelo telefone” – é “Fantástico” ou BBB – no mapa, é marcada a rota do jornalista, Rio de Janeiro, México, Havaí, Nova Zelândia, Tasmânia, Cingapura, Filipinas, Camboja, Índia, Sri Lanka, Uzbequistão, Romênia, Turquia, Meteora, Cefalônia, Quênia, País Basco, Escócia, Ilha da Madeira”, Renata aponta, “você traçou a rota da Fantástica Volta ao Mundo, que escolheu cada escala dessa jornada, foram 103.792 quilômetros, o equivalente a duas voltas e meia em torno da circunferência da terra”... Zeca declara em 2023, “hoje você manda na rede social um vídeo de quantos minutos você quiser, praticamente nesses cybercafés, para mandar um minuto de matéria, você levava uma hora”, mais difícil que dar partida num Fusca, “tudo isso foi tão improvável, e que acabou saindo”, inclusive quando constatou, “é Carnaval no Uzbequistão, fala sério”, “foram três voltas ao mundo só no Fantástico”, também nos quadros “Esse Mundo é Seu” e “Mega Cidades” – toda essa mitologia em torno do “repórter superstar” era mantida também com o auxílio da publicação “Fanstástico – O Show da Vida em Revista”, que circulou entre 2006 e 2010, com colunas de Zeca Camargo contando suas peripécias pelo mundo e capas com Paulo Coelho, Xuxa Meneghel, Patrícia Poeta, Dráuzio Varella e Lady Kate, a personagem de Katiúscia Canoro no “Zorra Total”, capa de uma edição que tentava colocar ela como o melhor do humor brasileiro exatamente durante o apogeu do “Pânico na TV”, para o qual a Vila Cruzeiro era apenas o local de origem do meme "Ô Adriano, tá me ouvindo???", algo esquecido quando a comediante foi dispensada da Globo em 2014... Luiz observa, “o grande desafio é manter acessa essa chama de inovação, o jeito de surpreender o telespectador”, inclusive no salto de paraquedas do próprio Zeca, “o que é isso, o que é isso”, Zeca Camargo e Glória Maria caminham pelo cenário do programa, Zeca anuncia, “bem vindo ao futuro, a TV brasileira entra na era digital”, o GC menciona, “primeira transmissão em HD da televisão brasileira” – em 2007, na verdade, Gazeta e Rede TV! começaram minutos antes, com o “Mesa Redonda Futebol Debate” e o “Pânico na TV”, de qualquer forma o padrão escolhido, o japonês, foi definido no ano anterior, quando o ministro das Comunicações era o ex-repórter da atração, Hélio Costa – Patrícia Poeta aponta, “esta tela digital, inédita na televisão brasileira”, Zeca destaca, “somos o primeiro programa a ter transmissão em tempo real, o primeiro a ter email”, “voltamos com a nossa conexão digital, agora a gente fala com o James, que está assistindo o programa na Flórida”, “você tem mais uma novidade, o espaço para debates”... Em seguida, imagens de lançamento de foguetes, de uma matéria de 2003 a cargo de Álvaro Pereira Júnior, o Alvinho, “no ar, um momento histórico, o Fantástico vai entrevistar o astronauta estadunidense, o cosmonauta ucraniano, eles estão na Estação Especial Internacional e já estão na linha”, Àlvaro em 2023 recorda, “você pode imaginar a quantidade de problemas que podem acontecer numa transmissão vinda do espaço, né, não tinha internet desenvolvida como a gente tem hoje, então era sinal de satélite, eu perguntei pro astronauta, digamos que tem alguém que não acredita que você está no espaço”, o Álvaro de 2003 continua a questão, “como você provaria a essa pessoa que está em órbita”, o do presente gesticula, “aí ele deu uma cambalhota”, ou nas palavras do astronauta, “assim, ó”, ficando de ponta-cabeça em plena estação espacial... Um ano depois, curiosos no shopping observam um desenho numa folha de papel, “virtual, feita no computador”, que ganha vida na tela e é apresentada por Zeca Camargo, “Eva Byte foi a primeira apresentadora virtual de um programa”, com crachá da Globo e tudo, “era uma tentativa incrível de fazer, será que vai ser assim, será que a gente vai dividir a tela com uma imagem digital”, Eva porém aparece dentro d’água, “hoje tem espetáculo, tem sim senhor!!!”, desaparece na frente de Ana Maria Braga – uma apresentadora real que a Globo contratou a peso de ouro – volta para o passado, lida com vegetais malucos no supermercado, Luizinho Nascimento, o diretor da atração até 2017, opina, “eu acho que nessa era de Inteligência Artificial, a Eva Byte bateria um bolão”, e lá vai a equipe de arte do programa dar um “upgrade” na personagem virtual, “é, muita coisa mudou nesses vinte anos, né, agora a inteligência artificial recria tudo, e foi isso que o pessoal da arte da Globo fez, eu sou a Eva versão 2.3” – que não parece mais com a Lu do Magalu, digo – em seguida são resgatadas animações de Eva como musa de bateria de escola de samba, em trajes mínimos, dançando ao lado de Zeca Camargo, a nova Eva suspira, “ai que saudade, eu adorava viver esses desafios, já me vesti de passista de escola de samba, fiquei debaixo d’água, fiz acrobacias de circo, usei mil roupas diferentes” – traje espacial, mulher das cavernas – “dizem que inteligência artificial não tem emoção, mas essa viagem no tempo mexeu comigo”, e na sequência aparece a dubladora da personagem, “eu sou Ellen Brito, eu sou a voz da Eva Byte”, e ri nervoso – até porque a participação de Eva no programa durou apenas quatro anos, e muita gente imaginava que sua voz era a de Sandra Annenberg, afora que nem lembraram de outra voz marcante da atração, Úrsula Vidal, que narrou tantos “offs” no programa, e hoje é secretária estadual de cultura no Pará, até as apresentadoras femininas reais do programa, com exceção de Glória Maria, Patrícia Poeta e Sandra Annenberg, tiveram pouco destaque... Agora é a vez de Tadeu Schmidt, o próprio, comparecer no programa, “tá na hora de falar de internet, essa cena impressionante”, “chegou a hora desvendar os mistérios da internet”, “um assunto que é febre na internet”, o atual apresentador do BBB rasga a seda, o “Detetive Virtual é o vovô das agências de checagem de fatos” – e filho do site “E-farsas”, fundado em 1º de abril de 2002 – agora é Luizinho que joga confete, “é o primeiro programa que combateu a fake news no Brasil com o Detetive Virtual, é evidente que não tinha essa conotação política que passou a ter” – ah, bom – Tadeu retorna com “a incrível história da barata gigante de Sorocaba”, “e a Lua, você já pegou na lua, como você sabe que ela existe, e eu quem disse que eu existo”, sumindo na tela – ou seja, um ensaio para as papagaiadas que faz no BBB, como ser capturado por um RoBBB gigante ou virar super-herói, autênticas barbeiragens em CGI – “este é o Silva, piloto do Fantástico, você está sabendo o que a gente vai fazer”, o motorista José Silva responde, “não tô sabendo não”, Tadeu explica, “você vem com o seu carro e eu vou pular por cima de seu carro”, dito e feito, Tadeu é atravessado pelo carro e levita, “a meditação e o pensamento positivo me permitem ficar no alto”, Tadeu fala para o motorista, “não falei que eu ia pular no seu carro”, que acreditou no show de efeitos especiais, “que pulo bacana você deu”, porém o jornalista conclui, “é claro que esse pulo no carro é mentira”, “essa foi uma reportagem de Tadeu e Schmidt, para o Fantástico” – faltou mostrar o dia em que Tadeu revelou os bastidores do vídeo da Magali Dançarina, o que rendeu uma tremenda polêmica com Maurício de Souza, mas, enfim, toda essa obsessão do programa em se mostrar sintonizado com os avanços da tecnologia era para tentar se mostrar atrativo e nada datado ao público jovem, algo que Record e SBT conseguiam no mesmo horário com filmes, até sincronizar os horários do “Domingo Espetacular” e do “Programa Silvio Santos” com o do “Fantástico”, a Rede TV! e depois a Band com o humor anárquico do “Pânico” e a mesma Rede TV! com os vídeos da internet comentados pelo pessoal do “Encrenca”... Carlos Henrique Schoereder, que dirgiu o jornalismo e o esporte da Globo de 2001 a 2012, “o Fantástico é esse mosaico, que mistura a leveza, a fantasia, o entretenimento e o jornalismo investigativo”, como na reportagem narrada por Cid Moreira em 2004, “secreto, confidencial, essas palavras aparecem nos documentos que você vai ver agora”, Eduardo Faustini aponta, “o governo trabalhava na época com uma tentativa de liberar os documentos que se referiam aos tempos da ditadura” – o governo citado é o primeiro do Luis Inácio – “esses documentos falavam de pessoas que tinham sido torturadas, desaparecidas”, Cid continua, “parte deles nos foi encaminhada por um informante na Bahia, que não pode ser identificado”, Faustini detalha, “um civil que prestava um serviço de engenharia dentro da Base Aérea, ele me contou, tinha uma empresa de desmanche, e que ele viu os documentos, os documentos queimados, coisa e tal, eu falei, vem cá, você deixa eu entrar com seu pessoal, como operário, ele disse, é possível”... Foca na portaria da Base Aérea de Salvador, “colocamos uma câmera no para-choque do carro, eu precisava mostrar que eu tinha entrado dentro de uma base aérea, aparece as imagens de um batalhão marchando, o meu coração batia tão alto, que eu achei, o soldado começou a anotar meus dados, eu achei que tava escutando meu coração bater de tão alto, tava acelerado”, Cid descreve, “há uma grande quantidade de documentos queimados, semidestruídos, quase ilegíveis, eu peguei assim um maço de documentos, botei debaixo de um tapete no carro, eu lembro que o pé até ficava um pouco alto, de tanto documento”, Schoereder observa, “eu lembro que havia uma preocupação jurídica, foram documentos retirados da Base Aérea de Salvador que a gente entregaria à sociedade, para mostrar que aquilo foi descoberto, era maior que uma questão jurídica, de um ato de ilegalidade”, Faustini aponta, “a gente tinha ideia do que essa reportagem poderia facilitar ou agilizar esse processo, dessa lei que ia permitir acesso a esses documentos, e graças a Deus, isso, aconteceu”, de acordo com Márcio Gomes, no “Jornal Nacional”, em 2005, dentro de duas semanas, os brasileiros vão ter acesso aos documentos secretos do regime militar” – no caso, o decreto 5.584, assinado pelo Luis Inácio em 18 de novembro de 2005, que “dispõe sobre o recolhimento ao Arquivo Nacional dos documentos arquivísticos públicos produzidos e recebidos pelos extintos Conselho de Segurança Nacional - CSN, Comissão Geral de Investigações - CGI e Serviço Nacional de Informações - SNI, que estejam sob a custódia da Agência Brasileira de Inteligência – ABIN”, entretanto, essa medida foi revogada por outro ato oficial, o decreto 10.346, de 11 de maio de 2020, assinado pelo Bozo, o mesmo que dizia, sobre a busca pelos desaparecidos políticos da ditadura, “quem gosta de osso é cachorro”, não que o conhecimento e a punição das atrocidades cometidas nos porões do regime militar tenha avançado, apesar das várias Comissões da Verdade criadas no Brasil, a mais importante organizada pelo governo federal, cujos resultados foram divulgados pela presidenta Dilma Rousseff em 2014 e serviram apenas para setores militares engrossarem o apoio aos protestos pelo impeachment da presidenta, em 2015 e 2016, onde a falta de memória histórica se faz presente nos pedidos de intervenção militar, e essa ausência também seria decisiva para a eleição do Bozo, em 2018, o que nos lembra as ações subterrâneas de integrantes das forças armadas em apoio a tentativa de golpe contra o Luis Inácio no último dia 8 de janeiro, falando em ocultação, a série dos 50 anos do perdeu mais uma chance de homenagear Tim Lopes, que saiu de cena quando fazia uma reportagem para o “Fantástico”, em 2 de junho de 2002,e teve sua morte confirmada pelo programa uma semana depois, em 9 de junho, o site Memória Globo registrou em 28 de outubro de 2021, “o jornalista da Globo Tim Lopes foi morto enquanto realizava uma reportagem sobre abuso de menores e tráfico de drogas em um baile funk na favela da Vila Cruzeiro, no bairro da Penha, no Rio de Janeiro... O repórter foi sequestrado, torturado, “julgado” e executado por traficantes liderados por Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco... O crime chocou a população e foi encarado como um cerceamento à liberdade de imprensa”, sem fazer referências ao programa ao qual seria destinada a pauta, que também não aparece nas matérias do “Jornal Nacional” e da editoria Rio do portal G1 publicadas quando o desaparecimento do repórter completou 20 anos, em 2012... O “Fantástico” é mencionado apenas em uma matéria do jornal carioca Extra, do grupo Globo, “Traficante que participou da execução do jornalista Tim Lopes morre em confronto no Complexo da Covanca”, sobre o traficante Claudino dos Santos Coelho, conhecido como Russão ou Xuxa, em 20 de setembro de 2013, “o jornalista Tim Lopes foi executado enquanto apurava uma matéria para o programa Fantástico, da TV Globo, na comunidade Vila Cruzeiro, sobre a venda de drogas e organização de bailes funk por traficantes... Ele tinha uma microcâmera escondida numa bolsa, na cintura, e buscava fazer imagens de tráfico e também de exploração sexual de adolescentes... Descoberto, Tim Lopes foi julgado pelo “tribunal do tráfico” e sua morte foi definida por Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, um dos líderes do tráfico do Complexo do Alemão”, que saiu de cena em 22 de setembro de 2020, na penitenciária federal de Catanduvas, no Paraná... O livro que contesta a versão oficial sobre a morte de Tim, “Dossiê Tim Lopes Fantástico Ibope”, de Mário Augusto Jakobskind, apesar de ter o nome do programa no título, não cita a atração em nenhum momento, embora aponte que o repórter corria perigo em razão da divulgação da premiação recebida pela série de matérias da “Feira das Drogas”, exibida pelo “Jornal Nacional” em agosto de 2001, “a sua imagem não foi preservada pelo menos a partir do momento em que a TV Globo mostrou em todos os seus noticiários a cara do ganhador do Prêmio Esso... Para um repórter que fazia jornalismo investigativo, como Tim Lopes, ainda mais matérias que sobre a venda de drogas, que o profissional corria riscos de vida, a pior coisa que poderia acontecer é ele ser apresentado publicamente... Tanto isso é verdade que no ano seguinte, o repórter que recebeu o Prêmio Esso, Eduardo Faustino (sic), por matéria de denúncia sobre corrupção no município fluminense de São Gonçalo, não foi apresentado em público... O prêmio foi entregue a um representante do vencedor”... Tim fez os flagrantes do tráfico na região do Complexo do Alemão, enquanto a repórter Cristina Guimarães, também premiada com o Esso, gravou imagens da “Feira de Drogas” na Mangueira e na Rocinha, deixando o Brasil em novembro de 2001, alegando não ter recebido a devida proteção da Globo após receber ameaças de morte de traficantes, Tim permaneceu no Rio, não sem manifestar receio, conforme relatou a viúva do jornalista, Alessandra Wagner, em entrevista ao autor do livro, “é bom lembrar que o pessoal da Globo, no depoimento do Marcelo Moreira, falou que ligaram da comunidade (Vila Cruzeiro) e o Tim não estava lá, estava de férias... A história que se conta é que uma pessoa atendeu, levou o teor do telefonema para a reunião de pauta dizendo que não tinha coragem de fazer a matéria... Deixaram de lado para quando ele retornasse de férias... Aí passaram a pauta pra ele... O Tim então me disse que teria que esperar mais um pouco a viagem com o caminhoneiro porque tinham lhe dado uma outra missão”... Alessandra detalha a reação de Tim, “ele falava comigo inclusive que estava cansado desse tipo de matéria e reportagem correndo riscos... Ele sabia que não tinha mais idade e disposição... Afirmava também que estava gordo e velho, não dava mais, não tinha mais idade para entrar e sair de favelas... E disse textualmente, tenho que começar a fazer outra coisa, comportamento... O sonho dele era ir para o Globo Repórter fazer comportamento, o que na verdade já fazia, mas algo mais diferenciado... Tim conversava muito com o Jorge Lisboa, um caminhneiro... Queria fazer e fez uma sugestão de pauta para o Globo Repórter, que foi aprovada pela chefia, sobre a vida de um caminhoneiro... Na volta das férias, Tim programara fazer viagens de norte a sul do país, conversamos muito sobre isso... Ele já tinha pronto na cabeça falar sobre a solidão e os perigos que o caminhoneiro enfrentava nas estradas... O Tim ficaria no banco do carona, relatando... A pauta era essa e ele estava muito empolgado... Não sei se nas conversas com o Jorge Lisboa a ideia da pauta foi do caminhoneiro ou foi dele... Nas tais 17 horas de matérias sobre o Tim, o William Bonner falou, hoje, Tim, você começaria no Globo Repórter uma pauta que você trouxe das férias, então veja bem, a pauta que o Tim trouxe das férias foi essa, e não da Vila Cruzeiro”... Alessandra enfatiza, “ele foi pautado... Assim como ele disse que teria de esperar a matéria dos caminhoneiros porque lhe deram outra tarefa... Ele acatou, era um funcionário... O Tim estava muito tenso com a matéria... Não sei o que ele falou exatamente pela chefia na hora que recebeu a pauta... Repito, ele estava muito tenso, como se tivesse alguma coisa no ar... Alguém disse, acho que foi o Marcelo Moreira, que pela primeira vez um repórter da Globo faria matéria com câmera escondida com o conhecimento de alguém lá dentro da comunidade”... Também relata, “esquema de segurança, nenhum, igual das outras vezes, só que com um diferencial, o de que não era mais anônimo e gente de lá de dentro”, relatando sobre o momento que o repórter não volta para encontrar o motorista e o técnico da microcâmera, “quando o Tim some, ligo a madrugada toda para a Globo e me dizem para ter calma (...) Ele estava em um ambiente muito hostil, e as chefias de Jornalismo da Globo sabiam disso... Sabiam que ele tinha ido para lá com o conhecimento de gente da comunidade... Sabiam que o Tim era extremamente responsável e por isso que quando marcou às 8 horas da noite, ele foi ao local do encontro para dizer que ficaria mais duas horas, até 10 horas, então, se ele não chegou no segundo horário combinado, às 10 horas e 1 minuto, o certo era ver o que estava acontecendo com o Tim... Aí a gente pergunta, será que a TV Globo não foi avisada...” O fato é que a omissão da passagem de Tim Lopes pelo “Fantástico”, inclusive as matérias com câmeras ocultas na primeira versão do “Profissão Repórter” – a segunda, conduzida pelo repórter Caco Barcelos, que estreou em 2006, também não foi lembrada – e o quadro “Hora da Verdade”, de 1996, em que reunia condenados e vítimas de crimes, é no mínimo estranha, como se pudesse ter o poder de reacender os questionamentos sobre o caso, ainda mais porque a Globoplay acabou de lançar no final de junho o documentário “Onde Está Tim Lopes”, dirigido por um dos filhos do jornalista, Bruno Quintella, e custa crer que a não menção do nome de Tim é para não interferir na repercussão do documentário no streaming da Globo...
Apresentadora virtual Eva Byte volta repaginada por Inteligência Artificial, não parece mais com Lu do Magalu... |
Renata Ceribelli comenta, sem relação com os assuntos tratados anteriormente, “gente, que delícia isso”, declara em reportagem feita numa academia, “as brasileiras estão entre as mulheres que mais se cobram sobre beleza no mundo, elas precisam ser sexy”, a Renata de hoje reflete, “os nossos diretores sempre falaram, olha, a gente tem que fazer diferente”, e continua assistindo a reportagem, “agora imagina precisar ser 100% em quase tudo isso para ser bela, a mulher já começa a perceber que é muito peso para ela carregar”, a Renata atual questiona de quando é a reportagem, ouve que é de 2004, fica surpresa, “faz tempo, né”... Agora, a reportagem de Renata é na rua, onde foi colocada uma cama, onde senta e declara, “o medo de amar, na alegria e na tristeza, todos os dias das nossas vidas, pois é, bem que eles podiam dizer, o medo de respeitar na hora da cama, e eu não estou falando de sexo”, Renata comenta em 2023, “o Fantástico tem um público feminino forte, que quer falar com essa mulher do outro lado da tela”- caso ela não esteja vendo o Silvio Santos e seu “auditório mais feminino do Brasil” no SBT, é claro... A propósito, falando na concorrência da Globo, é a vez de Renata entrevistar Hebe Camargo, sendo recebida com um abraço, “que delícia de te ver”, a repórter comenta em hoje, “a Hebe Camargo era um mulher muito à frente do seu tempo” – Sérgio Micelli, corre aqui e traz “A Noite da Madrinha” – “ela tinha descoberto um câncer e estava em estágio muito avançado e aí eu encontro uma mulher que vem, e coloca um salto desse tamanho, com aquele carinho, com aquele otimismo” – e falando com sua cacatua de estimação – “era um desafio muito grande, era uma mulher que fazia parte da vida de todo mundo” – vide Hebe rindo perguntando “quantos anos tem a televisão” ao ser questionada sobre seu tempo de carreira televisiva, embora a matéria não mencione, a entrevista aconteceu em janeiro de 2010, antes de transformar anos de desentendimentos com o SBT em uma transferência para a Rede TV!, e o retorno aconteceu um dia antes de sua saída de cena, em setembro de 2012, após de ter gravado para o próprio “Fantástico” em agosto uma matéria com o maestro Eduardo Lages, Roberto Carlos, corre aqui... Mas a essas alturas, Renata já fala sobre outra personagem de suas matérias, “em 2008 começou uma história linda minha com a Flávia Cintra”, que comparece ao cenário dos 50 anos em uma cadeira de rodas motorizada, “eu tenho muito do Fantástico na minha vida”, Renata relata quinze anos atrás, “o que Flávia mais ouviu dos médicos foi, dificilmente com a sua deficiência essa gravidez vai chegar até o fim, mas ela não desistiu”, a também repórter diz em 2023, “as pessoas ficaram muito confusas, porque elas duvidam até da sexualidade, da capacidade de alguém com deficiência se relacionar”, close nas crianças, Renata explica, “ela teve dois filhos de uma vez, gêmeos, o Mateus e a Mariana”, Flávia revela, “eles foram me ensinando muito a ser mãe, a Renata também é mãe de gêmeos, então foi muito legal, porque a gente falou dessa experiência pessoal”, Renata observa, “Manoel Carlos assistiu essa reportagem, e falou, gente, eu vou fazer uma novela e vou incluir essa personagem”, Flávia se recorda, “foi surreal, eu recebi o convite pra ser consultora, trabalhar com a atriz, Alinne Moraes, contribui com a equipe de redatoras do Maneco”, Alinne comenta na época, “então eu quis ficar muito próxima da Flávia pra poder entender”, Flávia comemora, “a gente conseguiu revolucionar o entendimento à respeito da deficiência”, entra a atriz circulando com sua cadeira de rodas na novela “Viver a Vida”, de 2009, a personagem de Paloma Bernardi aplaude, “você conseguiu fazer sozinha”, Alinne responde, “eu consegui, quer dizer, tô conseguindo, devagar”, Renata observa, “e anos depois, nessas voltas que a vida dá, a Flávia se tornou a nossa colega, como repórter do Fantástico”, Flávia entra em ação numa reportagem sobre artigos para bebês, “você que é mãe, diante de todas as opções”, e afirma em 2023, “eu sou a primeira repórter cadeirante da televisão brasileira, eu coleciono mensagens de garotas cadeirantes, que escolhem fazer jornalismo depois de verem meu trabalho, é muito bacana, sabe”, e aparece voltando a andar apoiada em uma aparelhagem mecânica – além da história exemplar, o “Fantástico” aproveita o ensejo para discretamente homenagear um de seus primeiros diretores, hoje com 90 anos, e logo seus fãs, os “Lebloners”, vão começar a pedir a reprise de “Viver a Vida”, digo... A seguir, imagens do repórter Geneton Moraes Neto gravando a cabeça de uma reportagem sobre Carlos Drummond de Andrade, com o comentário de Pedro Bial, “o tempo costuma amenizar a falta que algumas pessoas fazem”, além de uma ressalva, “o Geneton é um daqueles mortos que a gente não consegue se conformar com a ausência dele, ele aparece todo dia na vida da gente”, também na passagem em uma rua cheia de lixo no Rio, entrevistando o assassino de Martin Luther King, creditado como editor executivo, Bial prossegue, “de 1994 a 2006, ele foi editor do Fantástico, e como editor do Fantástico, ele não deixava de fazer suas reportagens também”, caso da orquestra dos meninos, “Geneton nunca fazia nada óbvio”... No caso, em uma entrevista com o Edson (OG) em 2003, “quando você pode andar pelas ruas de Nova Iorque sem ser reconhecido, quer fazer o teste”, o Rei responde, “podemos fazer o teste”, Celso Freitas (ainda na Globo, em 2004 ele seria o primeiro apresentador do “Domingo Espetacular”, na Record...) faz a narração, “Edson (OG) começa a andar sem disfarce” – acompanhado de seu assessor, José Fornos Rodrigues, o Pepito, o mesmo que deu o boné holandês, que o futebolista dizia ser de Milton Nascimento, que era seu disfarce em saídas não registradas em vídeo pelas ruas nova-iorquinas – “o sossego do Rei dura apenas 16 segundos, o primeiro a reconhece-lo é um africano do Togo”, tome fotos e autógrafos, um taxista brasileiro oferece seus serviços” – isso é porque ele não conheceu Nicanor Ribeiro, o Pelé do PTN, entende... Ops!!!... Bial continua a falar do colega, “Geneton era um entrevistador que lapidava a maneira de perguntar”, corta para a entrevista com Caetano Veloso em 2006, “você disse que só tem inveja de duas coisas das mulheres, a longevidade e os orgasmos múltiplos, de que mulher você exatamente tem inveja”, e o cantor do “cê é burro, cara” responde, “Rita Lee”, Bial recorre a retórica de seus discursos de eliminação no BBB, “ele não cavava a notícia com pá, ele usava um pincel, como um arqueólogo”, ou como narra Celso Freitas, “Eliane e seus sete irmãos são filhos de um servente de pedreiro, juntos, estão cometendo uma façanha numa cidade castigada pela seca no Agreste de Pernambuco”, paisagem onde Eliane exercita seu canto coral... Corta para cenas de outras entrevistas, com o relato de Bial, “era um cara que não dava muita bola pra se vestir bonito, mas quando ele ia fazer reportagens, ia entrevistar uma figura que exigia mais formalidade” – por exemplo, o general Newton Cruz, um dos expoentes da repressão na ditadura – “ele tinha UM paletó para essas ocasiões, é claro que isso virou uma piada interna da redação, até o dia que seus colegas pregaram uma peça, emolduraram o paletó do Geneton, mas ele não se avexou, ele tirou o paletó da moldura e voltou a suar aquele paletó” – não por acaso, os Cassetas o apelidaram de “Boniton Moraes Neto”... Bial coloca seus óculos e lê, “o Luizinho escreveu uma homenagem ao jornalista Geneton Moraes Neto, ele tem um paletó, um paletó marrom meio surrado, a fibra de todo nordestino, a tenacidade do escrito, a sensibilidade de artista e acima de tudo, e acima de tudo, o destemor de repórter, não gosta de festa, não gosta de dançar, os elogios constrangem, é um caçador de boas histórias e faz mais que jornalismo, ele constrói memórias” – entram cenas da redação vazia – “e esse programa que você ajudou a comandar por 15 anos, e que leva o aposto de Show da Vida, chora a sua morte” – close no paletó, outra vez exposto – “esse paletó tamanho 44, dois botões de couro, fique sabendo que ele vai ser novamente emoldurado e colocado na parede para que nos confortemos um pouco com a certeza de que você está por perto, inspirando um jornalismo obstinado pela verdade”, Bial tira os óculos, satisfeito como quando gravou o texto do filtro solar, e agradece, “obrigado, mano véio, meu herói do sertão”, e dá um enorme suspiro de alívio, como no dia que deixou de apresentar o BBB, digo – parte do legado de Geneton, que vai muito além de dar dado nome ao Mister M, especialista em reportagens que envolviam pesquisa em arquivos e entrevistas com personalidades históricas que não costumam estar em primeiro plano, está nos livros “Dossiê Brasília – Os Segredos dos Presidentes” (2005) e “Dossiê História” (2007), lançados com o selo do “Fantástico” pela editora Globo, e na biografia “Geneton: Viver de Ver o Verde Mar”, da editora CEPE, de Pernambuco, estado onde nasceu, em 1956, saindo de cena em 2016, depois de ter trocado o “Fantástico” pela Globonews... As entrevistas mostradas a seguir são mais badaladas, Glória Maria dizendo, “Hi, Madonna”, Jim Carrey abraçando Patrícia Poeta e Rodrigo Santoro, Mick Jagger exercitando o português que aprendeu com Luciana Gimenez, “é Fantástico”, Álvaro Pereira Júnior agradecendo a entrevista com Bono Vox, Zeca Camargo encarando Madonna, Patrícia Poeta rindo com Anne Hathaway, encontrando com Tom Cruise e comentando, “tinha essa sensação de responsabilidade pela relevância que o programa sempre teve quando ele trazia esses grandes astros, eramos só nós ali e no meio de gente no resto do mundo, mas éramos só nós ali, brasileiros, então essa sensação era uma sensação bacana, e ao mesmo tempo de tamanha responsabilidade, porque aqui, ó, Brasil tá sendo mostrado por aqui”, então é por isso que Patrícia entregou um cavaquinho a Keith Richards... Voltando ao Brasil, Glória Maria entrevista a cantora Maria Rita em 2003, muito antes da Elis da Kombi, “por que aconteceu esse processo na sua vida, Maria Rita”, a Maria Rita de 2003 diz, “foi um processo bastante lento”, a Maria Rita de 2023 entra em cima, “foi a primeira grande entrevista que eu dei em rede nacional, sabe desenho animado que aquele personagem entra no canhão e pum, é meio isso, é a glória” – que IA o quê, digo - falando nisso, a Glória da Globo indaga, “e a responsabilidade”, Maria Rita faz caretas e declara, “eu acho que é”, e ri, em 2023, a cantora recorda, “eu fiquei assim meio hipnotizada por aquela figura, sabe, de querer pegar na mão dela e ficar conversando ali, me lembro que eu saí da entrevista e falei, como ela é bonita” – ri – “olha, me arrepia de lembrar”... Zeca Camargo vê Patrícia Poeta introduzir uma entrevista sua com Paul Mc Cartney em 2010, confessando na ocasião que estava nervoso, “e quem não estaria”, se apresentando ao ex-beatle, “ok, Sir Paul Mc Cartney” – anos antes, Geneton entrevistou o integrante dos Beatles que deixou o grupo antes da fama, Pete Best – contando nos dias de hoje, “é em Londres, isso, a gente pegar um trem até a fazenda dele, onde seria a entrevista, e a gente voltou pro hotel depois do jantar, comecei a contrair todos os meus músculos aqui, e aí literalmente caí no chão, eu puxei o telefone, liguei pra portaria, eu preciso de um relaxante muscular, e ele chega e me desarma com um oi, obrigado” – em português, como mostra a sequência da entrevista... A próxima celebridade da música é Lady Gaga, esse esparro dos grupos de divas pop nas redes sociais, “a primeira vez que a gente encontrou Lady Gaga foi em 2009, e de lá pra cá”, o Zeca de 2023 declara, “na segunda entrevista que ela fez, ela foi extremamente generosa, fica sempre o agente, o empresário, acaba, acaba e aí pra mim é um respiro quando o artista fala, não, não, não, não, deixa, deixa que a conversa tá boa” – ao contrário do que aconteceu com Madonna, que ao perceber o deslumbramento no olhar do entrevistador, quis encerrar a entrevista sem dar maiores explicações, quanto a exclusividade ressaltada por Patrícia Poeta, ela era um tanto quanto relativa, a maioria das entrevistas eram aquelas realizadas para divulgação de estreias de filmes, e por muito tempo o “Domingo Legal” se fez representar pedindo aos astros e estrelas que dessem um “Alô, Gugu” – com Jean Claude Van-Damme, o comparecimento foi no palco, Gretchen, corre aqui - até mesmo o ator Hugh Jackman quando veio ao Brasil para promover o filme “X-Men Origens: Wolverine”, foi entrevistada por Sabrolha Sato para o “Pânico na TV”, numa coletiva, sim, entretanto um dos trunfos da trupe de Emílio Surita era seguir celebridades desde as matérias de Silvio e Vesgo em festas, vide “Sandálias da Humildade”, um esquema que chegou a quase perfeição quando Daniel Zuckerman, “OOO” Impostor, compareceu no velório de Michael Jackson na Califórnia, em 2009, e no enterro de Amy Winehouse na Inglaterra em 2011... Zeca Camargo muda de assunto, “essa entrevista foi em 2011, eu tava em um outro projeto, esse outro projeto já tava tomando um tamanho enorme, e entrando no imaginário brasileiro, e é claro que eu tô falando do Medida Certa”, vide Renata reclamando na van, “você acha que é fácil comer assim, de três em três horas”, Zeca subindo a escada do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, “provavelmente é o único exercício que eu vou fazer hoje”, Renata declarando depois de percorrer um percurso de 7,8 quilômetros em uma hora e cinco minutos, “eu achei que não ia terminar nunca”, os dois jornalistas trabalham forte no exercício, o profissional de educação física Márcio Atalla, consultor do quadro, explica, “a proposta do Medida Certa era mostrar pra população que com um estilo de vida mais saudável, você ia melhorar todos os indicadores, hipertensão, diabetes” – Zeca aparece tentando por uma fatia de bacon – “a ideia foi do Luizinho de ser os apresentadores”, Renata confessa, “eu estava muito acostumada a me ver de frente pra câmera, pronta, arrumada, tô linda, só que tinha câmera que mostrava dali, dali, dali”, Atalla agradece, “e eles foram muito importantes, porque eles se abriram, abriram a intimidade deles, exames, um monte de coisas”, ainda que na época Renata não tivesse nada a declarar, Zeca em 2023 explica, “quando você corta carboidrato, você fica de mau humor”, ou como o próprio jornalista declarou em seu vídeo diário em 22 de abril de 2011, abrindo uma barrinha de cereal, “começo essa quarta semana meio desanimado”... Renata lembra, tinha que ter um desafio, “ah, eu queria subir de bicicleta o Cristo, doida, né, em três meses eu fui até o Cristo Redentor” – uma trilha de 22,5 quilômetros – “pedalando”, registrando suas impressões do percurso, “vou mais devagar, não desisti”, recebendo aplausos ao comparecer ao pé da “estalta” e erguendo a bicicleta, “nossa, foi uma alegria pra mim, né, e até hoje eu faço ciclismo de montanha, é a paixão da minha vida”, Atalla observa, “Medida Certa não teria sido completo se não tivesse as caminhadas, a gente chegava a caminhar, sete, oito mil pessoas do lado, tendo acessos a exames de graça, informação de graça”, ou como disse uma participante, “aprendi que a gente tem que dar muito” (!!!), Zeca conclui, “e até hoje eu entro num restaurante, pô, pizza, e o Medida Certa” – a experiência de Renata e Zeca rendeu mais um livro com a chancela do “Fantástico”, “Medida Certa”, de 2011, escrito pelos dois jornalistas com a colaboração de Márcio Atalla, sendo que o programa não mencionou que o quadro prosseguiu com outras personalidades, a mais lembrada, sem dúvida, o ex-jogador Ronaldo Nazário, em 2012, subindo de touca na balança e se comparando ao Zé Gotinha, não que ele tenha mantido a esbelteza depois de sua passagem pelo “Fantástico”, mas, enfim, o programa teve seu quinhão de aproveitamento da popularidade do Fenômeno, depois de Silvio Santos ter conversado com ele em seu programa, uma vez que era garoto propaganda do Banco Panamericano, antes da quebra, no final 2009, quando o “Pânico na TV” havia celebrizado o anônimo torcedor Zina editando um comentário sobre sua estreia no Timão, no começo daquele mesmo ano, até ele se transformar em meme - “Ronaldo, brilha muito no Corinthians” – e sua popularidade rivalizar com a do próprio Ronaldo até o Pânico desistir dele após ser preso duas vezes, que coisa, não... Luizinho Nascimento comenta, “alguns quadros tiveram muita consequência na vida das pessoas” – a vinheta de alguns deles aparece na tela, “Reunião de Condomínio”, “Liga das Mulheres”, “Mãe SA”, “Quem é Meu Pai”, “Emprego de A a Z” (Max Gehringer, corre aqui...), “O Conciliador”, não que alguém lembre deles hoje em dia, mas, enfim – “o quadro do Inmetro, que era um assunto bem árido”... A atriz Maria Menezes pede licença e desfila no cenário dos 50 anos com uma faixa, “Dona Encrenca”, aparecendo em seguida anos mais jovem e com uma sugestão, “o Inmetro devia testar sacola de supermercado, sabia, já rasgou, tudo furada”, a atriz explica em 2023, “o Inmetro avaliava produtos, se o produto estava se acordo com as normas, se o produto correspondia ao que estava escrito na embalagem, muito teste, muito número, aqueles laboratórios, poderia ficar muito enfadonho se fosse só aquela informação e aí vinha a Dona Encrenca para ser o alívio cômico” – mas isso anos depois do início das reportagens com testes do Inmetro, digo... O fato é que entra a vinheta do quadro “Atenção Consumidor”, com título narrado por Cid Moreira, e Maria enrolada com manuais de instruções e papel higiênico (!!!), “o consumidor tem que ser levado a sério, reclame seus direitos” – a tentativa de tornar as matérias sobre defesa do consumidor mais atrativas, sem que o repórter seja ameaçado e agredido constantemente, Celso Russomanno, corre aqui, acabou se perdendo no tempo, bem como os quadros de dramaturgia e humor que o “Fantástico” apresentou no período, quem viu o episódio anterior pensa que só tinha o “Retrato Falado” de Denise Fraga, mas foram exibidos, entre outros, Papo Irado (2002), “As 50 Leis do Amor” (2004), Sitcom.Br (2004), “Damas e Cavalheiros” (2005), “O Super Sincero” (2006), “Sexo Oposto” (2008), Bicho Homem (2009), Cilada (2009), os quais estariam completamente esquecidos não fosse o Pancada ter gravado as reapresentações que tapavam buracos na programação do Viva, digo... Nos bastidores do programa, ouve-se uma chamada feita por Zeca Camargo, “faltam poucos dias pro julgamento do casal Nardoni, o repórter Valmir Salaro revela o que vai acontecer no tribunal”, entram imagens de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá sendo conduzidos a detenção, o repórter diz em 2023, “estou há 45 anos nessa profissão e 25 anos no Fantástico, só fazendo matérias de denúncia”, em 2010, “o julgamento do casal Nardoni pode durar até quatro dias”, de novo em 2023, “quando aparece um caso de grande repercussão na nossa redação” – vide o próprio Valmir, numa reunião de pauta em março de 2010 – “entram num estado de emergência, de urgência”, Álvaro Pereira Júnior acrescenta, “a imagem que ninguém viu, a pessoa que ainda não deu entrevista daquele caso vai falar pro Fantástico, é a fórmula do Fantástico, sempre foi”... Então é por isso que Glória Maria anuncia, “o Fantástico procurou Suzane Von Richtofen, e ela, que deve ir a julgamento em dois meses, resolveu quebrar um longo silêncio”, afagando pássaros pousados em seus ombros, mas que não esgotou o assunto, “no dia seguinte, dois diálogos flagrados pelo Fantástico, mostravam que estávamos diante de uma farsa”, no caso, o advogado orientando Suzane, “fala que eu não vejo, chora”, ela diz, “não vou conseguir”, Carlos Henrique Schroeder, diretor-geral de Jornalismo e Esporte da Globo entre 2001 e 2012 (depois diretor-geral da emissora, sucedendo Octávio Florisbal, o substituto de Marluce Dias da Silva...), confirma tudo, “nós conversamos com um psicanalista na época pra avaliar a entrevista antes de colocar no ar, e a gente acabou comprovando que eles estava dando uma entrevista quase que forjada, preparada, planejada, e ali ela tava atuando claramente durante a entrevista”, ou como foi registrado na época, “começa a chorar e fala, não quero falar mais”, Álvaro recorda, “era uma época que ela tava na cadeia, ela voltou por causa da matéria”, entra GC, “Suzane Von Richtofen foi condenada a 38 anos de prisão, está em regime aberto desde janeiro de 2023” – afora que sempre era lembrada em matérias sobre indultos de preso e teve sua vida retratada em filme, interpretada por Carla Díaz, que terá uma continuação lançada em breve... Luizinho fala de outro caso criminal controvertido, “aquele crime lá da Isabella Nardoni lá em São Paulo” – em março de 2008 - foi um drama para a cidade”, Salaro entrevista Alexandre e Anna Carolina e observa, “o pai acusado de jogar a filha do sexto andar, nós cobrimos o caso desde o começo”, o que inclui a entrevista de Patrícia Poeta com a mãe de Isabella, Ana Carolina Cunha de Oliveira, “depois da morte de Isabella, como que você está se sentindo, conta pra gente”, Patrícia em 2023 pontua, “foi uma entrevista muito difícil porque eu tinha um filho da mesma idade” – cinco anos – “e eu lembro de uma coisa que ela disse que eu nunca esqueci, Patrícia, por mais empática que as mães possam ser, você nunca vai saber a dor de uma mãe que perdeu o seu filho, cheguei na minha casa, tava meu filho me esperando, aí entrei no banho e desabei, chorei, chorei, chorei, chorei”, corta para o choro da mãe de Isabela – Valmir Salaro merecia mais destaque, por tirar as matérias policiais do “Fantástico” do simples sensacionalismo, dando mais ênfase ao relato sobre as circunstâncias do crime e o andamento das investigações e dos julgamentos, o que é ainda um diferencial sobre uma concorrência cada vez mais ágil – quando o “Show da Vida” noticiou o desaparecimento do cantor Belchior, em 2009, no mesmo dia o “Domingo Espetacular” da Record mostrou uma entrevista com ele no Uruguai – e que costuma dar passos em falso, como Gugu Liberato mostrando uma entrevista com falsos integrantes do PCC em setembro de 2003, Sônia Abrão intervindo no sequestro de Eloá, em outubro de 2008, ou o mesmo Gugu negociando um cachê com Suzane Von Richtofen para entrevistá-la em 2015... Um close num saco cheio de papelotes de cocaína introduz as imagens do documentário “Falcão-Meninos do Tráfico”, uma fogueira na favela, a passagem de um trem e um vendedor de drogas explica, “tem dois tipos: carga de pó e carga de maconha”, um garoto de boné com o rosto encoberto eletronicamente declara, “eu não fico triste como nada, sempre tô se drogando”, outro jovem apareceu de fuzil na mão, o rapper MV Bill conta, “a gente começou a filmar essas entrevistas de uma forma meio despretensiosa, nem tinha ideia de ser um documentário”, mais um depoimento, “essa daqui, AK-47”, arma que é disparada em seguida, Carlos Eduardo Salgueiro resume, “o tráfico de drogas sob a ótica dos menores que trabalham pro tráfico, mas o documentário ia além”, outro depoimento, “mas quando a gente começa a andar com os bandido, começa na vida do crime, eles vão tudo afrouxar pra cima do menor”, o empresário Celso Athayde destaca, “morei na rua, morei em abrigo público, morei em favela, MV Bill também vem de favela, tem essa origem, então o nosso diferencial era a forma com que a gente entrevistava esses jovens”, por exemplo, com a pergunta, “e se eles te denunciarem”, e a resposta, “aí nós vai e mata assim mesmo”, MV Bill prossegue, “esses tantos jovens que a gente conversou, a gente separou uns 17 pra servir de fio condutor, esses 17 que apareceram no documentário, 16 morreram”, entra GC, “o documentário ganhou o Prêmio Rei de Espanha, um dos mais importantes do Jornalismo”, porém Schoroeder lembra, “o documentário tava pronto para ser exibido, na sexta ou sábado me ligaram pedindo para não exibir o documentário naquele final de semana, por uma questão de segurança, e pra adiar a exibição”, William Bonner anuncia no “Jornal Nacional”, em 2003, “o traficante Marcinho VP foi assassinado em um dos presídios de segurança máxima de Bangu, no Rio”, Celso acrescenta, “nós vimos que aquele não era o momento, as favelas iam ser invadidas, mortos, presos, e aquilo ia pra nossa conta”, Pedro Bial declara, também em 2003, “se MV Bill e a Central Única das Favelas voltarem atrás, nós apresentaremos aqui a versão integral”, Schoereder fala em 2023, “eu peguei a fita, guardei no cofre na minha sala, e tranquei com aquela fita, quando disseram, tá tudo ok, pode exibir a fita, pegamos e entregamos ao Fantástico para ser exibida naquele final de semana, foi uma repercussão extraordinária, a matéria era espetacular”, o que não aconteceu de imediato, “O documentário só foi exibido três anos depois”, Salgueiro conclui, “passados 20 anos, essa realidade parece mais presente nas grandes cidades”, vide imagens da venda de drogas por pessoas armadas – em 2003, o “Fantástico” estava pressionado pela concorrência na disputa pela audiência, o que justificava o interesse em exibir o documentário, porém a Globo estava ainda mais pressionada pela morte de Tim Lopes, no ano anterior, o livro de Jakobskind aponta que a ênfase da direção da emissora em insistir junto às autoridades pela investigação e punição dos assassinos e mandantes da morte do jornalista era uma forma de encobrir a negligência com a segurança de seus profissionais em áreas de risco, e o arquivamento do documentário acabou privando o público de uma visão diferente sobre a questão da criminalidade nas favelas cariocas, um olhar mais humano, inspirado no filme “Cidade de Deus”, mas também “de dentro” dos morros, aparecendo apenas quando uma outra visão, baseada no punitivismo policial, começava a se consolidar entre o público, ganhando mais força com o primeiro “Tropa de Elite” e com a defesa feita pelo comando da Globo do modelo das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPP), que longe de resolver o problema do crime, apenas fortificou as milícias e leva a insistência na pergunta, quem matou Marielle Franco...
Renata Ceribelli recordou a entrevista que fez com uma das estrelas da concorrência da Globo, Hebe Camargo... |
Corta para as imagens aéreas de 2009 da região da Avenida Paulista, em São Paulo, onde o médico Dráuzio Varella comparece depois de uma sequência de ações de viaturas do Resgate, “o Brasil foi pioneiro em transplantes”, vide vinheta, “Transplante, o Dom da Vida”, e depoimento do Dráuzio de 2023, “essa série surgiu de uma conversa entre a Eugênia Moreyra e eu, e a discussão era, as filas de pessoas aguardando que os órgãos fossem doados, pra que eles possam receber o transplante”... Com a palavra, a própria Eugênia, ex-chefe de edição (também do BBB, como veremos em seguida...), “eu costumo dizer que é como uma lanterna, tá todo mundo vendo aí, o doutor Dráuzio tá vendo lá, então ele sempre traz um olhar sobre aquele assunto, uma perspectiva sobre aquele assunto, muito mais profunda e abrangente do que a gente está acostumado”, Dráuzio diz, em 2023, “na verdade, quando acontece a morte cerebral, o plantonista que tá ali se atrapalha, tá cheio de gente pra atender, ele tende a não investir em manter os sinais vitais dessa pessoa, e esse era o principal problema, e essa série teve um impacto bem grande mesmo”, ou como atesta uma reportagem, “nos seis primeiros meses desse ano o número de doadores de órgãos aumentou 63,7% relação mesmo período do ano passado”... O médico enfatiza, em 2011, numa pista de atletismo, “é você quem tem que ter o controle sobre o cigarro, não é ele que tem que mandar em você, você ficou livre dessa praga, nós vamos ajudar, crie coragem, junte-se a nós”, entra vinheta, “Brasil Sem Cigarro”, o Draúzio de hjoe conta, tem uma cena nessa série que eu nunca esqueço, um pulmão de uma pessoa que não tinha fumado, e o outro de uma pessoa que fumou durante 20 anos”, e na matéria, “você quer ver o pulmão do fumante”, o fumante se impressiona, “Jesus!!!, meu Deus!!!”, foca no órgão escurecido pelo tabaco, o médico lembra, “parecia que tinham jogado piche no pulmão”, e na reportagem, pergunta, “é muito impressionante”, o fumante concorda, “demais”, o Dráuzio de 2023 conclui, “qual é o poder que a imagem tem nos espectadores” - fez muito bem ao “Fantástico” a lucidez do médico, que fez vários outros quadros no programa, a começar por “Viagem ao Corpo Humano”, que estreou em outubro de 2000 (depois vieram “Grávidas”, de 2003, “Diabetes: O Inimigo Silencioso”, em 2011. “Acidentes Domésticos” e “Corpo Humano: O Que Acontece Dentro da Gente”, de 2012, “Males da Alma” e “Autismo: Universo Particular”, em 2013,“Qual é a Diferença” e “Movimento Down”, em 2015, “Menopausa Sem Segredo”, de 2016, “Não Tá Tudo Bem, Mas Vai Ficar”, de 2019, “Tudo ao Mesmo Tempo”, em 2021, e a recente série sobre “Nanismo”, de 2023...), o que leva a lamentar que a ascensão da direita conversadora a partir da apropriação dos protestos pelo passe livre de 2013, que culminou nos quatro anos tenebrosos do Bozo no poder, tenha ofuscado o brilhantismo do médico, contestado até em sua ação social mais básica, o atendimento a detentos (ataque motivado pelo abraço a uma transexual condenada por assassinato, numa reportagem em março de 2020...), pelos defensores do punitivismo penal (os mesmos que apontam o dedo para ele quando são criticadas as declarações negacionistas do ex-presidente Bozo sobre a covid...), uma postura com reflexos até os dias de hoje, e a escolha da série sobre transplantes não é mero acaso, diante da repercussão do transplante cardíaco de Fausto Silva, com acusações de que teria furado a fila do SUS (feitas, em certos casos, por gente que defende o comércio de órgãos...), embora a defesa de uma política pública pelo programa seja dificultada pelas posições políticas de seus dirigentes, há muito tempo neoliberais e privatistas, sobre Eugênia, que também foi editora-chefe do BBB, falando em poder a imagem, é possível dizer que o “reality”, resposta da Globo à "Casa dos Artistas" do SBT, apesar de ser um formato de origem estrangeira, é quase um "spin-off" do "Fantástico", até porque a ideia a princípio era fazer do BBB um segmento do "Show da Vida", o que levou a realização do programa a ser dividida entre as Centrais de Jornalismo e Produção da Globo - a pressão da concorrência e os gastos com direitos, infraestrutura e tecnologia fizeram o BBB ganhar autonomia - e do "Fantástico" vieram o primeiro apresentador, Pedro Bial (e anos depois, Tadeu Schmidt...), e as primeiras editoras chefes do "reality", a própria Eugênia e Fernanda Scalzo, antecessoras do "Mister Edição", apelido dado por Maurício Stycer a Rodrigo Dourado, hoje diretor-geral do BBB, que trabalha sob a supervisão de Bofinho, diretor de núcleo... Depois da fala de Dráuzio, entram imagens de um parto, de uma mãe boliviana carregando seu bebê, de uma repórter subindo o morro durante um tiroteio (agora com colete a prova de balas...), “vem cá, Luiz”, do resgate dos mineiros no Chile, Paulo Zero comenta, “uma imagem fantástica não é só um belo take, um 3X4 de uma pessoa inteligente falando é uma imagem fantástica”, segue-se entrevista com Ariano Suassuna, “é uma coisa inusitada se apresentando à sua frente”, como o tsunami ou a queda de geleiras... Logo depois, a repórter Sônia Bridi comparece em 2010 caminhando com bengalas em uma floresta africana, “naquele momento, já havia sintomas muito claros de que o clima no planeta estava mudando de maneira bastante significativa” – vide vinheta, “Terra, Que Tempo é Esse” – “como a gente tava viajando muito fazendo essa série” – ou como diz em 2010, “esse é o nosso acampamento, a gente vai descansar e nós estamos a 2.700 metros”, e em 2023, “onde parava, eu tava me exercitando e fazendo uma rotina para garantir que chegando lá, eu ia ver, o repórter é ver, com seus próprios olhos, pra poder voltar e dizer, foi isso aqui que eu vi”, o que inclui o choro no topo do monte Kilimanjaro, na Tanzânia, “o ar aquecido é muito rarefeito”, a Sônia de 2023 diz, “eu fiquei muito emocionada, eu fiquei muito e eu acho que fiquei tão decepcionada de ver tanto chão quando devia estar vendo muito gelo”... Chegam imagens de 2012 que mostram multidões de pedestres na Índia e na China – nesse caso, com a repórter no meio - além do “skyline” do Rio e de Shangai e cenas da Praça da Paz Celestial, em Pequim, Sônia explica, “o mundo tinha acabado de alcançar sete bilhões de pessoas” – entra vinheta, “Planeta Terra: Lotação Esgotada” – “a premissa da série era percorrer os países mais populosos, pra saber se ia ter água, comida, energia, transporte, qualidade de vida pra todo mundo”, vem os prédios de São Paulo a noite e cenas de colheita na África, “teve um momento muito rico que eu acho que foi a ida a Ruanda, é muita gente vivendo num país pequeno”, não só apenas isso, como registra a repórter ao lado de um gorila, “tem que sair devagarinho, ele tá bem perto, oh, ele passou por baixo das minhas pernas” – qualquer semelhança com o filme “As Montanhas dos Gorilas” é mera coincidência – a repórter continua, “hoje, onze anos depois, nós somos 11 bilhões, essa ideia de que viver num mundo melhor é voltar pras cavernas, é uma bobabem, a gente pode viver bem, de outra maneira”, e o depoimento termina com Sônia brincando com um macaquinho em um parque na Indonésia - tanto o documentário quanto o quadro de Drauzio e as reportagens de Sônia, que se especializou em temas ambientais e no que hoje se conhece como ESG (Environmental, Social and Governance..), são manifestações de uma mesma tendência do "Fantástico", a de tentar recuperar o sucesso perdido com uma postura mais consciente, engajada e representativa, o que é visto por setores da esquerda como "social liberalismo", por não estar vinculada à luta de classes, e rotulada pela direita como "ideologia de gênero", "lacração", "socialismo de iPhone", etc, sem contar que o apoio ostensivo da emissora a Lava Jato e ao impeachment de Dilma Rousseff é um enorme obstáculo para a aceitação das intenções do programa... Os jogadores da Seleção Brasileira cantam o Hino Nacional antes da estreia na Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, enfrentando a Croácia, Luizinho Nascimento conta, “eu tava coordenando o jornalismo da Globo quando logo no primeiro jogo ficou um bolo de jogadores discutindo no campo, e ficou a curiosidade, o que eles estão discutindo tanto”, Zeca Camargo traz a resposta em 2006, “para matar essa curiosidade, o Fantástico procurou uma fonoaudióloga e quatro adolescentes surdos, mostramos algumas imagens do jogo de estreia do Brasil, preocupado com a marcação, Ronaldinho Gaúcho orienta, ei, ei, você tem que voltar e ajudar a marcar, pô, tá vacilando”, Luizinho em 2023 relata, “e teve a discussão, isso é invasão de privacidade, eu falei, que invasão de privacidade é essa no campo, eu tô colocando a câmera no vestiário” – e nem microfones nos jogadores ou no árbitro, como a Globo fez com José Roberto Wright em 1982, numa reportagem do “Esporte Espetacular”, afora a falta de acesso aos áudios captados pela transmissão oficial da FIFA ™, pelo menos algo além do barulho da bola sendo chutada – Zeca continua a narração, agora sobre a final entre França e Itália, “Materazzi continua agitado, provoca, xinga a irmã de Zidane de prostituta duas vezes”, Luizinho observa, “feita no Rio de Janeiro, essa leitura labial, chega-se a isso, a conclusão é que era xingamento da irmã do Zidane”, que dá a cabeçada em Materazzi – “opa, Zidane, via expulsar o Zidane, vai expulsar o Zidane, está expulso Zinedine Zidane”, diz Galvão Bueno narrando o jogo em 2006 – “logo depois, confirmou-se essa história, o próprio Zidane, contou no programa de TV que tinha sido isso” – entra a vinheta do “Jogo Falado” – “ foi muito legal e uma vitória da ideia de fazer leitura labial no futebol, a partir daí os jogadores passaram a tapar a boca”, enquanto Zidane passa pela taça da Copa do Mundo direto para o vestiário do Estádio Olímpico de Berlim – o “Jogo Falado” foi um êxito momentâneo, muito pela repercussão que um Mundial de futebol sempre traz, a recordação é válida num momento de “revisionismo” sobre a equipe brasileira de 2006, que tem transformado a eliminação precoce de uma execração em uma injustiça contra uma equipe que tinha grandes jogadores, porém o programa enxergou no quadro um sinal de que a salvação estava no esporte... De volta àquele domingo de 2010, Tadeu Schmidt segue acompanhando o andamento da rodada do futebol, vide narração de Cléber Machado, hoje fora da Globo, “pro fundo do gol!!!”, o comentário, “esse tem que dar para ser o Bola Cheia”, uma olhada no micro do editor para ver o que o goleiro fez, ri litros com o telefone na mão, bate na mesa... É hora do Tadeu de 2023 se pronunciar, “vim pro Fantástico em 2007”, mas sua versão de 2010 não para de ter ideias, “a Dança dos Famosos, cara, quero fazer uma vinheta de abertura, Dançarinos da Vila contra Porcos Pé de Valsa”, eis que aparecem os mascotes dançando e os jogadores do Peixinho e da Porcaria, liderados por Diego Souza e Neymar (OG) trabalhando forte na coreografia de “La Bamba”... O Tadeu de hoje segue com sua explicação, “eu não queria que ficasse aquele campo verde, campo verde, pra lá, campo verde, campo verde pra cá”, então é por isso que entra uma vinheta clássica, “oferecimento, Mustela putorius furo, o Furão”, o corinthiano Paulinho bate cabeça ao som de “Champagne”, Tadeu faz contas com coelhos e galos, “Domingo de Páscoa, se um time é coelho, o outro time tem Coelho, e o time que tinha coelho tinha coelho e que tem coelho, até porque não tem como deixar de ser coelho, não se pode fazer injustiça com o coelho justamente nesse dia, ou seja, Galo 3, Coelho 3”, o atual apresentador do BBB prossegue, “eu comecei a anotar ideias”, entra vinheta, “que é isso, rapaz”, “eu me lembro que anotei assim, quando alguém fizer três gols, ao invés de eu ficar repetindo, fulano fez o primeiro gol, fulano fez o segundo gol, fulano fez o terceiro gol, eu peço pro cidadão pedir uma música e a gente toca a música que ele pediu em cima dos gols”, assim, Ronaldo Fenômeno do Timão vai de Racionais MCs, Rogério Ceni do Tricolorzinho de AC DC, Neymar (OG) de “Thiaguinho, ousadia e alegria, que ele fez pra mim”, Tadeu aponta, “a gente criou um regulamento”, ou como ele mesmo narra, “se o bandeira não marca três impedimentos no mesmo lance, não pode pedir música, mas vale um poema”, recitado pelo próprio irmão de Oscar Schmidt, que faz o Tadeu atual chorar de rir, “não se retires ofendido, pense que nesse grito final de toda a minha vida, poema de Manoel Bandeira”, o jornalista continua achando graça em 2023, “taí, Manoel Bandeira pro bandeirinha”, e proclama, “o apogeu do artilheiro musical foi na Copa da Rússia, o Harry Kane fez três gols, mas eram só três jornalistas do mundo inteiro, um fez uma pergunta, outro fez outra pergunta, ó, é tradição no Brasil, quem faz três gols pede música, por favor, a sua música, Harry Kane” – Tadeu ri – “ele não entendeu nada, ficou todo mundo assim, como assim”, mas o jogador inglês respondeu, “eu vou querer One Kiss, Calvin Harris e Dua Lipa”, Tadeu deixa a modéstia de lado, “pra mim foi a ideia mais legal que eu tive na minha carreira, porque ela ultrapassou o limite da televisão e do esporte, e passou a fazer parte do folclore”, e como prova, uma cena da novela “Totalmente Demais”, de 2015, em que a personagem de Juliana Paes anuncia no palco, “parece que já temos a vencedora da nossa primeira etapa, Elisa” (personagem de Marina Ruy Barbosa e sua rival na história...) e vem o comentário na plateia, “3 a 0, já pode pedir música no Fantástico”, o abraço no personagem de Fábio Assunção, o “contatinho” de Elisa, e a comemoração da própria, personagem inspirada na Elisa de “My Fair Lady” – o pedido de Kane, além de dar uma ideia de como era o monopolismo da Globo nas transmissões da Copa do Mundo da FIFA ™, ciclo encerrado com a despedida de Galvão Bueno no Qatar e sua posterior saída da emissora, com vistas a criar um canal no YT, serve de compensação para os tempos difíceis do início do quadro, em 2008, onde se destaca o boicote do atacante argentino Herrera, do Timão (que conseguiu o “hat-trick” apesar de ter o apelido de “Quase Gol”...), e a prova do sucesso dos gracejos de Tadeu é que o “Globo Esporte” já em 2009 começou a bancar o engraçadinho com Tiago Leifert em São Paulo, e nessa época ele era confundido com o técnico corinthiano, Mano Menezes, e Alex Escobar no Rio, alis, foi Escobar quem sucedeu Tadeu no quadro dos gols quando ele foi entrar numa fria, quer dizer, ser apresentador do BBB, onde a tolerância do público é menor que a dos boleiros, digo... Alis, Tadeu fala de mais uma de suas criações, “tinha um quadro chamado Você no Fantástico, basicamente eram vídeos das pessoas fazendo coisas que a gente pedia, a ideia do quadro Bola Cheia Bola Murcha veio na hora na minha cabeça, falei caramba, é isso”, entram lances inspirados e desastrados em campinhos de várzea e quadras, “não é celular, que nem todo mundo tinha celular na época, tinha que levar uma camerazinha, flagrar aquele lance incrível, tinha que baixar aquele vídeo, dava trabalho fazer aquilo, e depois mandar pro nosso site” – maldita Tekpix!!! – “e era disparado o quadro da TV Globo que recebia mais vídeos de telespectadores, disparado” – o uso de vídeos enviados pelo público, adquiridos no exterior ou simplesmente baixados da internet para preencher o espaço do programa, recurso consagrado pelas “Videocassetadas” no “Domingão do Faustão”, era também era uma prática usual da concorrência no horário, especialmente no caso do “Pânico na TV” e mais tarde do “Encrenca”, até o “Programa Silvio Santos” começou a pedir vídeos de flagrantes de celebridades... Patrícia Poeta anuncia, “foram mais de 6 mil vídeos, e a cada mês dois se classificaram para a eleição do Bola Cheia e do favorito do Tadeu Schmidt, o Bola Murcha de 2009”, ele responde, “meu favorito também”, o Tadeu de hoje lembra, “quem a gente chama pra fazer o júri do Bola Cheia e do Bola Murcha, aí o Luizinho já falou assim, o Maradona, será que a gente fala com o Maradona”, o diretor confirma, “coloca o Maradona, vai por um Zé Mané, coloca um craque”, o jornalista elogia, “esse DNA do Fantástico é maravilhoso, sabe, o de querer o máximo, o de querer a coisa melhor do mundo, e a gente acabou fazendo com o melhor do mundo, o melhor da história, que foi o Edson (OG)” – entende – vide “primeiro lateral da história cobrado pra lateral”, levando o Rei do Futebol a rir litros... Falando na realeza, entram os acordes da “overture” de “Guilherme Tell”, de Rossini, trilha consagrada pelo uso em desenhos animados por ser de domínio público, para Tadeu Schmidt contar o surgimento de sua “opus magna”, “nós tínhamos três times ali que estavam empatados, ou quase empatados na disputa pela liderança do Brasileirão, e aí eu pedi pra arte, eu quero uma corrida de cavalos, pra mostrar que a diferença era no photochart”, e assim, “Marias em primeiro no saldo de gols”, o Tadeu de hoje recorda, “aí eu falei, chega, a torcida do Grêmio mandou uma infinidade de e-mails, bah, mas agora que o Grêmio é líder do Brasileirão, vocês não mostram os cavalinhos na liderança, não mostra o cavalinho do Grêmio na liderança, não sei o que, vamos voltar com os cavalinhos, ué” – entra gol de pênalti do Grêmio, “com paradinha” – aí em 2010, “e se a gente fizesse carrinhos, vamos fazer carrinhos” – “identifique o seu possante e acompanhe o desempenho dele nos próximos meses” – “desde o primeiro domingo, todo mundo falava, e os cavalinhos, porque os cavalinhos tinham alma, os cavalinhos eram maravilhosos, a gente passou a temporada inteira aturando os carrinhos, tinha a sua diversão, mas, vamos aos cavalinhos”, toca “Guilherme Tell” de novo, “eles aguentaram um ano de ausência, foram substituídos por máquinas sem coração, mas eles estão de volta, os cavalinhos do Campeonato Brasileiro!!!”, corta para uma reunião de Tadeu na redação, “Flávio Fernandes, do departamento de arte, veio com a ideia, Tadeu, e se os cavalinhos falassem, como assim se os cavalinhos falassem, e eu demorei pra entender aquilo, mas a gente vai ver no domingo que vem, é isso, domingo que vem a gente vê essa história” – apesar do ápice da saga dos cavalinhos ter ficado para a última parte do especial, com os simpáticos “massacotes”, que no fundo são uma releitura da Zebrinha da Loteca dos anos 1970, o "Fantástico" voltou a ter ressonância junto a audiência, ou falando em português claro, a estar na boca do povo, valorizando uma parte do programa que até já esteve fora dele, nas décadas de 1980 e 1990 - com "Os Gols do Fantástico", cujo maior atrativo eram os bordões de Fernando Vannucci, que toda semana escolhia "o gol do Fantástico", a não ser quando Tancredo Neves saiu de cena, em 21 de abril de 1985, e o gol escolhido foi pra gaveta - mas que responde pela maioria dos registros do programa no YT, onde é possível rever gols apresentados desde 1978 - como vocês acham que a gente apontou que a reconstituição do rosto do Leo Batista em 1973 deixou ele com a cara que tinha em 1979??? - uma parte do programa que em geral só interessava aos boleiros, Roberto Muylaert, ex-diretor da TV Cultura, dizia que mostrar só os gols era como exibir cenas de sexo apenas com orgasmos - o que lembra que também na TV o fingimento era norma, com as BGMs de torcida, digo – e a difusão da internet, que causou um enorme estrago no “Fantástico” como um todo, também reduzia o interesse em ver “campo verde, campo verde, campo verde”, assim como a televisão diminuiu o espaço do jornalismo esportivo impresso, portanto, por mais questionadas que sejam, as brincadeiras de Tadeu e do pessoal da arte tiraram o “Fantástico” do limbo, de certa forma com mais eficiência que a estratégia de monopolizar as transmissões esportivas adotada pela Globo desde 1998, quando adquiriu as Copas de 2002 e 2006 com exclusividade, e que foi posta de lado com a inflação dos valores dos direitos após o escândalo FIFAGate, cujo auge ocorreu com a renúncia de Joseph Blatter da presidência da entidade máxima do futebol mundial, em 2015, e as dificuldades impostas pela pandemia, que levaram primeiro a emissora a abrir mão da exclusividade para a Copa de 2026, e depois a decisão de comprar os direitos de apenas uma parte dos jogos do Mundial, também porque serão 48 equipes, uma verdadeira “Copinha do Mundo”, mas, enfim...Na redação, em 2013, Patrícia Poeta aponta, “aqui, Luizinho Nascimento, nosso diretor, não gosta de aparecer na frente das câmeras, mas hoje...”, a Patrícia de 2023 se emociona, “agora quando toca a música do Fantástico, me dá uma coisa no coração”, Tadeu Schmidt declara, “o orgulho que eu tenho de ter feito parte do Fantástico, às vezes é difícil de explicar”, foca nas fotos da equipe, Zeca comenta, “as pessoas que fizeram o Fantástico comigo são maravilhosas, são minhas amigas até hoje”, entram fotos de Zeca com a produção da atração, Eduardo Faustini, “tô aqui, tô aqui em casa, o assunto aqui é um só, gratidão”, vide fotos com Sérgio Chapelin, Geneton Moraes Neto, Glória Maria e Zeca Camargo, nessa ordem, voltando a 2013, aparecem imagens do “Aniversário de 40 Anos do Fantástico”, comemorado na redação, com Zeca Camargo puxando os parabéns – o que de certa forma foi uma despedida do jornalista, que em novembro daquele mesmo ano assumiu a apresentação do “Video Show”, numa tentativa frustrada de renovar o programa com matérias internacionais e plateia, indo em 2015 para o “É de Casa”, onde começou com o pé esquerdo, devido a uma declaração sobre o cantor Cristiano Araújo, que saiu de cena em 28 de junho de 2015, na qual falou de “pessoas que não tinham ideia de quem era o artista sertanejo” e mencionando que “o músico era tão famoso e tão desconhecido ao mesmo tempo”, marcando o início de um quase ostracismo que o levaria a se transferir para a Band em 2020, onde apresentou o “game show” “1001 Perguntas” e agora substitui o programa de Fausto Silva apresentando o “Melhor da Noite”, enquanto aparece falando das maravilhas da Bulgária num anúncio de cartão de crédito que a toda hora interrompe vídeos na internet... Ops!!!...
"Flávio Fernandes, do departamento de arte, veio com a ideia, e se os cavalinhos falassem", Tadeu não entendeu... |
Nenhum comentário:
Postar um comentário