segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Sigam as Primeiras Lançadas do Ano com Presidente Novo e Silvio Repetido...

Silvio disse que Patrícia fazia "exposição" com vestido branco, mas não a viu de laço cor-de-rosa...

 



















Na "Disputa Musical", Rebeca Abravanel declarou-se aposentada, decisão da qual já voltou atrás...



























Capa do Site - "Ex-Timão, Sylvinho é anunciado como técnico de seleção europeia". Mais precisamente, a da Albânia... Dua Lipa, corre aqui... "Timão terá mês de janeiro movimentado com Paulistão, clássico e Copinha". Avisem o Bambi, apesar do jogo ser apenas no dia 29... "Thomas, meia do Sub-20 do Timão Agustin, vive expectativa para disputar a Copinha". Lembramos ao argentino que a estreia é terça contra o Zumbi, de Alagoas, em Araraquara... "Timão e Zenit encaminham divisão de percentual entre Yuri Alberto (OG) e Robert Renan". 50% do atacante em troca de 50% do zagueiro, mais 50%, Du Queiroz, e vão sobrar 30% para os russos, 10% para o intermediário, André Cury, e 10% para os representantes do jogador, restando a equipe cornthiana 5% de Robert e 40% de Du... Agora vai, digo... "Jovem que subiu rampa do Planalto com Luis Inácio é atleta do Timão". O pequeno itaquerense Francisco Carlos do Nascimento, 10 anos, é nadador do clube, campeão paulista mirim dos 50 metros nado costas, treina perto aqui de casa... Alis, por falar em coisas caseiras, o primeiro "Programa Silvio Santos" de 2023 foi uma reprise, reunindo quadros já exibidos no ano passado, algo fácil de notar, pois todos eles foram feitos no cenário antigo do Complexo Anhanguera, cuja mudança foi um dos pretextos para Silvio deixar de gravar o programa após uma breve retomada, claro que para disfarçar, ali no meio do programa colocaram um “Repórter SBT” sobre a posse do Luis Inácio, acontecida durante a tarde em Brasília, mas, enfim... A atração começou com um quadro suprimido na mudança de cenário, o “Jogo dos Casais”, reunindo os “sócios” Maloka e Iris e Victor e Pamella, exibido originalmente em 9 de janeiro de 2002, na sequência entrou uma “Disputa Musical” apresentada em 3 de julho com com Gui Napolitano, o Gholizadeh brasileiro, Lucas Gallina, o “Capitão Estaleca” do  BBB20 e Rudy Landucci (antes de entrar para o “Jogo dos Pontinhos”, agradecendo a Silvio por ter feito a final da Champions “in loco”...) enfrentando Gaby Cabrini do “Fofocalizando”, Milenê “Pavorô” Uehara do “Programa do Ratinho” e Rebeca Abravanel, do “Roda a Roda Jequiti”, comprovando o anacronismo do quadro, porque Rebeca disse a irmã que estava “aposentada”, mas mesmo assim seu time venceu por 21 a 15, logo depois, entrou um “Tá Na Rua” com Helen Ganzarolli estreando no quadro (em 25 de setembro...) na região da Avenida Paulista com o bigodudo Félix, de 25 anos, satisfeito no que diz respeito a mulheres, mas precisando do prêmio de 2 mil reais, em seguida um “Jogo das Três Pistas” em que o próprio Silvio enfrentou Ratinho (em 1º de maio, na fase em que apresentou o programa...), vencendo por 62 a 58 (o auditório conseguiu apenas 10 pontos, ou seja, só adivinhou uma charadinha...) e questionando Patrícia se o marido dela, o agora ex-ministro das Comunicações Fábio Faria, não achava que ela fazia “exposição” com o vestido branco com babados que usava, além de um “Jogo dos Pontinhos” com o elenco de “Poliana Moça” - Bella Chiang (Song Park), Duda Pimenta (Kessya), Enzo Krieger (Luigi), Igor Jansen (João), Lucas Burgatti (Éric) e Sophia Valverde (Poliana) -  fazendo “covers” das músicas de “Grease”, já mostrado em 20 de março (a novela ia estrear no dia seguinte...), com Patrícia vestida de laço cor-de-rosa... Ops!!!... Nas “Câmeras Escondidas”, Sequestro na Mala (de 5 de julho de 2020, com os motoristas da Uber © recusando o anão raptado...), Siga-me (de 2 de julho de 2017, com Ivo, Gell, Carlinhos Aguiar, Vivi e grande elenco atrás de um cartaz colado nas costas...), A Freira (de 2 de setembro de 2018, anunciando o filme lançando naquele ano assustando os vigias de um cemitério...), Bombardeio Aéreo (de 18 de junho de 2017, Ivo pilota secretamente um helicóptero de brinquedo, perseguindo um assaltante ao som da BGM da cena de ação que fechava os episódios da série “Águia de Fogo”, Jan-Michael Vincent, corre aqui...), Guincho Mágico (de 14 de dezembro de 2015, com Gell e Kankan trabalhando forte na remoção dos veículos estacionados irregularmente para a “Polícia Especial Futurista”...), Galã Porco (de 6 de janeiro de 2019, original canadense...) e Macaco no Porta-Malas (de 11 de agosto de 2019, “remake” de um esquete com Ruth Romcy, nesta versão estrelada por Vivi e com “plateia”...), lembrando que todas essas datas correspondem a postagem no canal das “Câmeras Escondidas” no YT, inclusive o original de Macaco no Porta-Malas foi publicado em 1º de julho de 2018, e Ruth Romcy saiu de cena em 2007... Ops!!!...












EDITORIAL DA POSSE:  A chuva não veio e o sol chegou...



















A previsão do tempo para a posse do Luis Inácio em Brasília, no domingo, era de chuva, algo até bem singelo diante dos prognósticos pessimistas de que o evento simplesmente não aconteceria... Quando chegamos na barreira montada no começo da Esplanada dos Ministérios, depois da rodoviária do Plano Piloto e da Catedral, às 6h30 da madrugada, o céu estava limpo, mas a quantidade de nuvens aumentava conforme nos aproximávamos do local da revista, onde também perguntaram se íamos trabalhar no evento... As autoridades responsáveis pela organização e segurança da posse limitaram o comparecimento à Praça dos Três Poderes, onde está o Palácio do Planalto, a 30.000 pessoas (número depois ampliado para 40.000)... Então é por isso que o local estava bloqueado para pedestres desde sexta-feira, quando aconteceu o ensaio do percurso entre o Congresso, onde Luis Inácio tomou posse para seu terceiro mandato presidencial, e o Palácio do Planalto, o qual incluiu o caminhão dos fotógrafos que iam acompanhar o desfile do Rolls-Royce presidencial e os seguranças que acompanham o veículo oficial a pé, numa cena quase hollywoodiana, além da Volare da Presidência da República... A Praça dos Três Poderes ia ser aberta apenas às 10 horas da madrugada (abertura antecipada para às 9 horas depois de adiantarem a revista do esquadrão antibombas...), razão pela qual uma fila estava formada desde a barreira em frente ao Palácio da Justiça, ao lado do Congresso e do palco do Festival do Futuro, no gramado da Esplanada, e que já se estendia até o prédio do Ministério da Defesa... Lugar que no sábado tinha acesso liberado apenas para pedestres e veículos oficiais, como os que saíram em comboio do Ministério da Economia, ao mesmo tempo que a retirada de um dos últimos banners de propaganda do governo que estava de saída, no edifício do comando da Aeronáutica, era registrada e aplaudida por algumas das pessoas que de vermelho vieram conhecer o local onde Luis Inácio irá governar nos próximos quatro anos... Entramos na fila um pouco antes das 7 horas e quando avistamos as torres do Congresso Nacional percebemos que as nuvens encobriam o topo dos edifícios... Para quem acorda cedo e vai trampar na ZL de São Paulo, essa cerração não é sinal de chuva, pelo contrário, é de que vai fazer sol, não que o vendedor de capas acreditasse nisso, vide cédulas de dinheiro entre os dedos, no melhor estilo cobrador de ônibus “old school”, mas enfim... A fila começava com remanescentes da vigília em Curitiba durante a prisão do Luis Inácio, ensaiando um “Olê olê olê olá” para o presidente, seguindo com gente de todos os quadrantes do país, os fluminenses de Mangaratiba ao lado de um homem com a camisa do Fluzinho, o maringaense do sindicato que trouxe a filha, torcedores do Clube do Remo antifascistas, os jovens que vieram de uma cidade-satélite para ver a posse, o descendente de japoneses que teve covid duas vezes e não viu o Edson (OG) jogar, o homem vestido de Che Guevara, as patinadoras de mãos dadas, uma garota com a camiseta "albiceleste" da seleção Argentina, querendo repetir na Esplanada a festa pela conquista da Copa do Mundo na Avenida 9 de Julio, em Buenos Aires,  o sósia do Túlio Gadelha, onde está você, Fátima Bernardes... O MST comparece com uma imensa bandeira brasileira, carregada por 40 pessoas, entre elas um “cosplay” do cantor Falcão, que nem deve lembrar que uma das músicas mais representativas do músico cearense, “Holiday Foi Muito (Homem é Homem)”, foi postada no canal do Bozo no YT... Ops!!!... Alis, vimos poucos bozistas durante nossa estadia na capital federal, na verdade, havia um carro adesivado com propaganda eleitoral do presidente no vidro traseiro, estacionado no shopping Conjunto Nacional, o funcionário na porta do mercadinho usando camiseta do Bozo no Conic, um Uber também adesivado, um bêbado de terno tentando puxar conversa com os petistas que passeavam pela Esplanada no sábado… A movimentação também era grande no Ministério da Defesa, com a entrada e saída de militares, viaturas da PM do Distrito Federal e da Polícia Federal e um abrir e fechar constante do cercado que protegia o edifício, tudo sob a coordenação de um oficial de óculos escuros que lembrava vagamente o vice-presidente que estava de saída… A agitação incomodava um pouco quem estava na fila, porém ela deu lugar a emoção quando passaram as ambulâncias da SAMU que iam trabalhar forte durante a posse, e que mereceram aplausos, acompanhados de vivas ao SUS… O acesso a Praça dos Três Poderes foi liberado antecipadamente, às 9 horas da madrugada, e a multidão foi andando e fazendo vídeo na descida até o Palácio do Planalto, embora um dos que estavam a tirar “selfies” manifestava em ver a “casa do Xandão”, quer dizer, o prédio do STF, que fica do lado oposto ao Palácio do Planalto, o qual tem um ponto de ônibus bem próximo, hoje sem função, por uma boa causa… O palácio e a praça estava protegido por um cercadinho idêntico ao que servia de cenário para as tumultuadas entrevistas coletivas do Bozo no Palácio da Alvorada, Wilker Leão, corre aqui… Na parte destinada ao povo, conseguimos um lugar logo atrás da grade, já ocupada, entre a rampa e o parlatório do Plananto, e logo tinhamos ao lado novos companheiros de jornada, com quem ficaríamos juntos pelo menos até a chegada do Luis Inácio ao Plantalto, prevista para as 16h20… O paranaense de barbas brancas que pitava seu cigarrinho de palha, a experiente catarinense, a potiguar resistente, o corinthiano com a camisa do time que abraçava o tempo todo a esposa, a baixinha baiana segurando a bandeira de seu Estado, o jovem que protegia a mãe pedindo para que ninguém encostasse nele, nordestinos de chapéu de couro, o homem que trouxe empadão para comer, homens de terno e gravata e uniforme de petroleiro, as garotas com boné do MST, a sósia da Carina Vitral, a menina que subiu nos ombros de um rapaz com boné de Cuba para agitar a bandeira do Acre, o Gómez da série “Wandinha”, que num certo momento até deitou no chão… Ops!!!… Em frente ao parlatório havia uma torre metálica com dois andares, onde ficaram fotógrafos, cinegrafistas – e também alguns populares, nas escadas – e Sônia Guajajara, agora Ministra dos Povos Indígenas – acenou para o povo, o qual, mesmo sem saber os veículos de mídia ali representados, entoou um preventivo "Fora Jovem Pan"... O primeiro grande momento de agitação da multidão aconteceu quando as faxineiras do palácio começaram a varrer a rampa, com direito a aplausos e pedidos de uso de sal grosso (o que de fato aconteceu…) e criolina, este feito por um sujeito que era o próprio avô do Guri de Uuruguaiana… Em seguida, a passagem das motocicletas da Polícia Rodoviária Federal, a pretexto para fazer a escolta dos veículos oficiais – inclusive, o Rolls Royce presidencial fez mais um “test-drive” – levou a vaias e mais vaias, principalmente quando as pessoas na praça perceberam atitudes um tanto quanto provocativas dos policiais rodoviários, e não adiantou fazer o “L”… Havia uma certeza quase unânime entre os presentes na praça sobre o cerimonial a ser seguido na posse, “Dilma passa a faixa”, e um pedido passou a ser unânime na medida em que as nuvens se dispersaram e o calor do sol fez-se sentir com toda a força, eventualmente cortado por breves sopros de um vento frio, “água, água”!!!… O principal alvo da revista nas tendas em frente ao Palácio da Justiça eram os copinhos e garrafinhas de água, havia um posto de distribuição da companhia de água do Distrito Federal, mas distante do Planalto, e por volta do meio-dia, ninguém queria perder o lugar, que não era marcado como os colocados à disposição para os convidados da cerimônia no palácio, que começavam a chegar ao espaço preparado com cadeiras e telão ao lado da rampa… Falando em cadeiras, nesse momento já era impossível sentar no chão da praça, as pessoas levantavam-se e constatavam que continuava descendo gente da Esplanada, e assim foi até 12h50… A multidão reunida do lado oposto ao palácio despertava a curiosidade dos convidados do Planalto, que iam até a borda do fosso que cerca a edificação para fazer fotos, uma delas chamou a atenção com seus exuberantes cabelos loiros e um chamativo vestido vermelho, a drag queen Salete Campari, tomada por Marilyn Monroe por uns e Pabllo Vittar por outros, mais tarde soubemos que Gil do Vigor também estava entre os convidados, momento em que lamentamos mais uma vez a facilidade que traria a eleição do Luis Inácio uma declaração pública de apoio de Juliette Freire, digo… Os convidados oficiais podiam acompanhar a programação da TV Brasil no telão – a certa altura, apareceu Sérgio Reis, notório bozista – ou deixar-se embalar pelas músicas tocadas pelos alto-falantes do palácio, no final da madrugada, Roberto Carlos instrumental, incluindo “Canzone Per Te” (com helicópteros passando e atiradores de elite postados no alto do palácio…), com a tarde chegando, “Mina do Condomínio”, de Seu Jorge, e “Boa Sorte”, de Vanessa da Mata, “é só isso, não tem mais jeito acabou”, entendida como um recado ao presidente que saiu antes da hora, enquanto as pessoas na praça cantavam “Anunciação” na espera do presidente que tomaria posse na hora marcada… A reivindicação popular finalmente é atendida quando um carro do Corpo de Bombeiros para em frente a multidão, aciona a mangueira e os jatos de água lavam o corpo e a alma dos presentes à posse, e os soldados do fogo recebem um agradecimento especial por refrescarem o povo nos quatro cantos da praça, “bombeiro, guerreiro, do povo brasileiro”… Logo depois, os primeiros soldados dos Dragões da Independência compareciam no Planalto, alguns fotógrafos colocavam-se numa plataforma ao lado da rampa, outros colocavam seus “flashs” automáticos em cima da porta do palácio, a espera da chegada do presidente, e o sistema de som passou em revista pelo repertório de Michael Jackson, tocando “Beat It”, “Thriller” – risada fantasmagórica de Vincent Price inclusa – “Billie Jean” e “Bad”, a baixinha fez a coreografia, mas pediu Baiana System, uma das atrações do Festival do Futuro na Esplanada… Outros presentes estavam preocupados com as pessoas que abriram guarda-chuvas bem no meio da multidão, contornando o calor, mas tapando a visão do palácio... Os donos dos guarda-chuvas foram chamados de "bozistas", uma votação decidiu pelo seu fechamento, uma das sombrinhas foi alvejada por uma bolinha de papel (José Serra, corre aqui...) e puxada por uma mão impaciente até a proprietária fechá-la e o corinthiano pedir ao povo que dissesse "obrigado", a outra, portada por um rapaz que ganhou o apelido de "John Lennon" devido aos óculos escuros (outras pessoas o chamaram de "ancap"...), só foi guardada quando começaram a cantar "Ovelha Negra", Rita Lee, corre aqui... Falando em tempo quente, apesar do alívio em forma de mangueiradas de água dos bombeiros, algumas pessoas passaram mal e precisaram ser removidas pela SAMU, devidamente homenageada mais cedo, mesmo nós ignoramos o chão molhado e sentamos um pouco... Mas ficamos em pé assim que o telão no palácio mostrou o início do desfile do Luis Inácio na Catedral de Brasília, percorrendo a Esplanada dos Ministérios lotada na direção do Congresso Nacional, avisados pela passagem do helicóptero que conduziu o grupo para a Catedral… A longa espera, de seis horas, que representaram seis anos, literalmente, começou a valer a pena, como na música “Luis Inácio Lá”, quando o ainda presidente eleito, Luis Inácio, compareceu ao plenário da Câmara dos Deputados com a esposa Janja, o vice eleito, Geraldo Alckmin, e sua esposa Lu, em meio a apertos de mão, abraços e “selfies”… O presidente do Congresso Nacional, o senador Rodrigo Pacheco, inicia a sessão solene para dar posse ao presidente e o vice, saudando as autoridades presentes – o Procurador Geral da República, Augusto Aras, foi vaiado e chamado de “golpista” na Praça dos Três Poderes, mas Luciano Bivar, que cedeu a legenda do PSL para o Bozo em 2018, foi ignorado, merecidamente… Pacheco pediu um minuto de silêncio pelo Edson (OG) e o Papa emérito Bento XVI, “ambos falecidos nos últimos dias”  – que a multidão aproveitou para saudar Marielle Franco, Chico Mendes, a Amazônia e o Nordeste… O Hino Nacional é executado na íntegra, o povo na praça acompanha, mesmo que a segunda parte seja menos conhecida, e ao cantarmos “verás que um filho teu não foge a luta”, a emoção nos aperta o coração... Pacheco pede a Luis Inácio que faça o compromisso constitucional, o presidente eleito coloca a mão sob um exemplar da carta magna e diz, “prometo manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil”… Na Câmera, aplausos e “Olê olê olê olá, Luis Inácio, Luis Inácio”, na Praça dos Três Poderes, o corinthiano desabafa, “até que enfim, pô!!!”, dando mais um abraço na esposa e chamando a filha, que estava um pouco afastada do casal… O vice eleito, Alckmin, faz o juramento,  mais aplausos, o presidente do Senado declara, “com os poderes que me são outorgados pela Constituição Federal, declaro empoassados nos cargos de presidente e vice-presidente da República Federativa do Brasil, o excelentíssimo senhor Luís Inácio Lula da Silva e o excelentíssimo senhor Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho, respectivamente, para o período de 1o de janeiro de 2023 a 4 de janeiro de 2027”… Nesse momento, olhamos para os lados, quase sem acreditar no que acabamos de ouvir no áudio do telão, a posse aconteceu, Luis Inácio inicia o seu terceiro mandato para o qual foi eleito, com mais quatro dias de bônus, para facilitar a vinda de delegações estrangeiras a Brasília na transmissão do cargo, que aconteceu agora mesmo com o Bozo tentando sabotar o ritual democrático com sua ausência, entre outros truques sujos... Na Câmara,  meio a mais uma onda de palmas, o novo presidente é saudado pelo deputado Pastor Sargento Isidório, da Bahia, mesmo Estado da bandeira que é agitada na nossa frente no Planalto, em meio a cartazes que lembram Marielle Franco e pedem a apuração dos crimes de Bozo e sua família… O primeiro-secretário da Câmara, o deputado pernambucano Luciano Bivar, que uniu o antigo partido do ex-presidente Bozo, o PSL, com o Democratas, formando o União Brasil, um dos principais expoentes do Centrão, é chamado para ler o termo de posse, que cita o horário da sessão, 15 horas – ou seja, estamos em pé na praça há seis horas – e ao mencionar Augusto Aras, leva a novos apupos da multidão… Luis Inácio vai assinar o termo, olha para os presidentes do Senado e da Câmara, Arthur Lira, e pede permissão, também ao ex-governador do Piauí, Wellington Dias, para contar que vai usar a caneta que ganhou de um cidadão piauiense depois de um comício em Teresina, durante a campanha presidencial de 1989, quando não venceu a eleição, bem como em 1994 e 1998, e não lembrou de trazer quando ganhou e foi empossado, em 2003, quando usou a caneta do senador Ramiz Tebet, pai da ministra do Planejamento, Simone Tebet, e 2007, e tendo a encontrado agora, faz uma homenagem ao Estado do Piauí, “é, rapaz”… Alckmin e o restante da mesa também assinam o termo, o novo presidente toma um copo de água, troca algumas palavras com Lira, ouve a orientação do cerimonial, recebe um pequeno púlpito, colocado na mesa do plenário, levanta-se e começa a fazer o discurso de posse… Na Praça dos Três Poderes, o corinthiano pede a um adolescente de óculos que estava acompanhado do pai, “eu sei de tudo o que esse homem fez, mas você que é novinho, depois vai no YT e vê o discurso ponto a ponto para saber de tudo o que ele vai fazer”, e no Congresso, Luis Inácio, após saudar as autoridades presentes, declara: 



"Pela terceira vez compareço a este Congresso Nacional para agradecer ao povo brasileiro o voto de confiança que recebemos. Renovo o juramento de fidelidade à Constituição da República, junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros que conosco vão trabalhar pelo Brasil. Se estamos aqui, hoje, é graças à consciência política da sociedade brasileira e à frente democrática que formamos ao longo desta histórica campanha eleitoral. Foi a democracia a grande vitoriosa nesta eleição, superando a maior mobilização de recursos públicos e privados que já se viu; as mais violentas ameaças à liberdade do voto, a mais abjeta campanha de mentiras e de ódio tramada para manipular e constranger o eleitorado. Nunca os recursos do estado foram tão desvirtuados em proveito de um projeto autoritário de poder. Nunca a máquina pública foi tão desencaminhada dos controles republicanos. Nunca os eleitores foram tão constrangidos pelo poder econômico e por mentiras disseminadas em escala industrial. Apesar de tudo, a decisão das urnas prevaleceu, graças a um sistema eleitoral internacionalmente reconhecido por sua eficácia na captação e apuração dos votos. Foi fundamental a atitude corajosa do Poder Judiciário, especialmente do Tribunal Superior Eleitoral, para fazer prevalecer a verdade das urnas sobre a violência de seus detratores. Queridos amigos e amigas, Ao retornar a este plenário da Câmara dos Deputados, onde participei da Assembleia Constituinte de 1988, recordo com emoção os embates que travamos aqui, democraticamente, para inscrever na Constituição o mais amplo conjunto de direitos sociais, individuais e coletivos, em benefício da população e da soberania nacional. Vinte anos atrás, quando fui eleito presidente pela primeira vez, ao lado do companheiro vice-presidente José Alencar, iniciei o discurso de posse com a palavra “mudança”. A mudança que pretendíamos era simplesmente concretizar os preceitos constitucionais. A começar pelo direito à vida digna, sem fome, com acesso ao emprego, saúde e educação. Disse, naquela ocasião, que a missão de minha vida estaria cumprida quando cada brasileiro e brasileira pudesse fazer três refeições por dia. Ter de repetir este compromisso no dia de hoje – diante do avanço da miséria e do regresso da fome, que havíamos superado – é o mais grave sintoma da devastação que se impôs ao país nos anos recentes. Hoje, nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução. O grande edifício de direitos, de soberania e de desenvolvimento que esta Nação levantou, a partir de 1988, vinha sendo sistematicamente demolido nos anos recentes. É para reerguer este edifício de direitos e valores nacionais que vamos dirigir todos os nossos esforços. SENHORAS E SENHORES, Em 2002, dizíamos que a esperança tinha vencido o medo, no sentido de superar os temores diante da inédita eleição de um representante da classe trabalhadora para presidir os destinos do país. Em oito anos de governo deixamos claro que os temores eram infundados. Do contrário, não estaríamos aqui novamente. Ficou demonstrado que um representante da classe trabalhadora podia, sim, dialogar com a sociedade para promover o crescimento econômico de forma sustentável e em benefício de todos, especialmente dos mais necessitados. Ficou demonstrado que era possível, sim, governar este país com a mais ampla participação social, incluindo os trabalhadores e os mais pobres no orçamento e nas decisões de governo. Ao longo desta campanha eleitoral vi a esperança brilhar nos olhos de um povo sofrido, em decorrência da destruição de políticas públicas que promoviam a cidadania, os direitos essenciais, a saúde e a educação. Vi o sonho de uma Pátria generosa, que ofereça oportunidades a seus filhos e filhas, em que a solidariedade ativa seja mais forte que o individualismo cego. O diagnóstico que recebemos do Gabinete de Transição de Governo é estarrecedor. Esvaziaram os recursos da Saúde. Desmontaram a Educação, a Cultura, a Ciência e Tecnologia. Destruíram a proteção ao Meio Ambiente. Não deixaram recursos para a merenda escolar, a vacinação, a segurança pública, a proteção às florestas, a assistência social. Desorganizaram a governança da economia, dos financiamentos públicos, do apoio às empresas, aos empreendedores e ao comércio externo. Dilapidaram as estatais e os bancos públicos; entregaram o patrimônio nacional. Os recursos do país foram rapinados para saciar a estupidez dos rentistas e de acionistas privados das empresas públicas. É sobre estas terríveis ruínas que assumo o compromisso de, junto com o povo brasileiro, reconstruir o país e fazer novamente um Brasil de todos e para todos. SENHORAS E SENHORES, Diante do desastre orçamentário que recebemos, apresentamos ao Congresso Nacional propostas que nos permitam apoiar a imensa camada da população que necessita do Estado para, simplesmente, sobreviver. Agradeço à Câmara e ao Senado pela sensibilidade frente às urgências do povo brasileiro. Registro a atitude extremamente responsável do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal de Contas da União frente às situações que distorciam a harmonia dos poderes. Assim fiz porque não seria justo nem correto pedir paciência a quem tem fome. Nenhuma nação se ergueu nem poderá se erguer sobre a miséria de seu povo. Os direitos e interesses da população, o fortalecimento da democracia e a retomada da soberania nacional serão os pilares de nosso governo. Este compromisso começa pela garantia de um Programa Bolsa Família renovado, mais forte e mais justo, para atender a quem mais necessita. Nossas primeiras ações visam a resgatar da fome 33 milhões de pessoas e resgatar da pobreza mais de 100 milhões de brasileiras e brasileiros, que suportaram a mais dura carga do projeto de destruição nacional que hoje se encerra. SENHORAS E SENHORES, Este processo eleitoral também foi caracterizado pelo contraste entre distintas visões de mundo. A nossa, centrada na solidariedade e na participação política e social para a definição democrática dos destinos do país. A outra, no individualismo, na negação da política, na destruição do Estado em nome de supostas liberdades individuais. A liberdade que sempre defendemos é a de viver com dignidade, com pleno direito de expressão, manifestação e organização. A liberdade que eles pregam é a de oprimir o vulnerável, massacrar o oponente e impor a lei do mais forte acima das leis da civilização. O nome disso é barbárie. Compreendi, desde o início da jornada, que deveria ser candidato por uma frente mais ampla do que o campo político em que me formei, mantendo o firme compromisso com minhas origens. Esta frente se consolidou para impedir o retorno do autoritarismo ao país. A partir de hoje, a Lei de Acesso à Informação voltará a ser cumprida, o Portal da Transparência voltará a cumprir seu papel, os controles republicanos voltarão a ser exercidos para defender o interesse público. Não carregamos nenhum ânimo de revanche contra os que tentaram subjugar a Nação a seus desígnios pessoais e ideológicos, mas vamos garantir o primado da lei. Quem errou responderá por seus erros, com direito amplo de defesa, dentro do devido processo legal. O mandato que recebemos, frente a adversários inspirados no fascismo, será defendido com os poderes que a Constituição confere à democracia. Ao ódio, responderemos com amor. À mentira, com a verdade. Ao terror e à violência, responderemos com a Lei e suas mais duras consequências. Sob os ventos da redemocratização, dizíamos: ditadura nunca mais! Hoje, depois do terrível desafio que superamos, devemos dizer: democracia para sempre! Para confirmar estas palavras, teremos de reconstruir em bases sólidas a democracia em nosso país. A democracia será defendida pelo povo na medida em que garantir a todos e a todas os direitos inscritos na Constituição. SENHORAS E SENHORES, Hoje mesmo estou assinando medidas para reorganizar as estruturas do Poder Executivo, de modo que voltem a permitir o funcionamento do governo de maneira racional, republicana e democrática. Para resgatar o papel das instituições do estado, bancos públicos e empresas estatais no desenvolvimento do país. Para planejar os investimentos públicos e privados na direção de um crescimento econômico sustentável, ambientalmente e socialmente. Em diálogo com os 27 governadores, vamos definir prioridades para retomar obras irresponsavelmente paralisadas, que são mais de 14 mil no país. Vamos retomar o Minha Casa Minha Vida e estruturar um novo PAC para gerar empregos na velocidade que o Brasil requer. Buscaremos financiamento e cooperação – nacional e internacional – para o investimento, para dinamizar e expandir o mercado interno de consumo, desenvolver o comércio, exportações, serviços, agricultura e a indústria. Os bancos públicos, especialmente o BNDES, e as empresas indutoras do crescimento e inovação, como a Petrobras, terão papel fundamental neste novo ciclo. Ao mesmo tempo, vamos impulsionar as pequenas e médias empresas, potencialmente as maiores geradoras de emprego e renda, o empreendedorismo, o cooperativismo e a economia criativa. A roda da economia vai voltar a girar e o consumo popular terá papel central neste processo. Vamos retomar a política de valorização permanente do salário-mínimo. E estejam certos de que vamos acabar, mais uma vez, com a vergonhosa fila do INSS, outra injustiça restabelecida nestes tempos de destruição. Vamos dialogar, de forma tripartite – governo, centrais sindicais e empresariais – sobre uma nova legislação trabalhista. Garantir a liberdade de empreender, ao lado da proteção social, é um grande desafio nos tempos de hoje. SENHORAS E SENHORES, O Brasil é grande demais para renunciar a seu potencial produtivo. Não faz sentido importar combustíveis, fertilizantes, plataformas de petróleo, microprocessadores, aeronaves e satélites. Temos capacidade técnica, capitais e mercado em grau suficiente para retomar a industrialização e a oferta de serviços em nível competitivo. O Brasil pode e deve figurar na primeira linha da economia global. Caberá ao estado articular a transição digital e trazer a indústria brasileira para o Século XXI, com uma política industrial que apoie a inovação, estimule a cooperação público-privada, fortaleça a ciência e a tecnologia e garanta acesso a financiamentos com custos adequados. O futuro pertencerá a quem investir na indústria do conhecimento, que será objeto de uma estratégia nacional, planejada em diálogo com o setor produtivo, centros de pesquisa e universidades, junto com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, os bancos públicos, estatais e agências de fomento à pesquisa. Nenhum outro país tem as condições do Brasil para se tornar uma grande potência ambiental, a partir da criatividade da bioeconomia e dos empreendimentos da socio-biodiversidade. Vamos iniciar a transição energética e ecológica para uma agropecuária e uma mineração sustentáveis, uma agricultura familiar mais forte, uma indústria mais verde. Nossa meta é alcançar desmatamento zero na Amazônia e emissão zero de gases do efeito estufa na matriz elétrica, além de estimular o reaproveitamento de pastagens degradadas. O Brasil não precisa desmatar para manter e ampliar sua estratégica fronteira agrícola. Incentivaremos, sim, a prosperidade na terra. Liberdade e oportunidade de criar, plantar e colher continuará sendo nosso objetivo. O que não podemos admitir é que seja uma terra sem lei. Não vamos tolerar a violência contra os pequenos, o desmatamento e a degradação do ambiente, que tanto mal já fizeram ao país. Esta é uma das razões, não a única, da criação do Ministério dos Povos Indígenas. Ninguém conhece melhor nossas florestas nem é mais capaz de defendê-las do que os que estavam aqui desde tempos imemoriais. Cada terra demarcada é uma nova área de proteção ambiental. A estes brasileiros e brasileiras devemos respeito e com eles temos uma dívida histórica. Vamos revogar todas as injustiças cometidas contra os povos indígenas. Queridos amigos e amigas, Uma nação não se mede apenas por estatísticas, por mais impressionantes que sejam. Assim como um ser humano, uma nação se expressa verdadeiramente pela alma de seu povo. A alma do Brasil reside na diversidade inigualável da nossa gente e das nossas manifestações culturais. Estamos refundando o Ministério da Cultura, com a ambição de retomar mais intensamente as políticas de incentivo e de acesso aos bens culturais, interrompidas pelo obscurantismo nos últimos anos. Uma política cultural democrática não pode temer a crítica nem eleger favoritos. Que brotem todas as flores e sejam colhidos todos os frutos da nossa criatividade. Que todos possam dela usufruir, sem censura nem discriminações. Não é admissível que negros e pardos continuem sendo a maioria pobre e oprimida de um país construído com o suor e o sangue de seus ascendentes africanos. Criamos o Ministério da Promoção da Igualdade Racial para ampliar a política de cotas nas universidades e no serviço público, além de retomar as políticas voltadas para o povo negro e pardo na saúde, educação e cultura. É inadmissível que as mulheres recebam menos que os homens, realizando a mesma função. Que não sejam reconhecidas em um mundo político machista. Que sejam assediadas impunemente nas ruas e no trabalho. Que sejam vítimas da violência dentro e fora de casa. Estamos refundando também o Ministério das Mulheres para demolir este castelo secular de desigualdade e preconceito. Não existirá verdadeira justiça num país em que um só ser humano seja injustiçado. Caberá ao Ministério dos Direitos Humanos zelar e agir para que cada cidadão e cidadã tenha seus direitos respeitados, no acesso aos serviços públicos e particulares, na proteção frente ao preconceito ou diante da autoridade pública. Cidadania é o outro nome da democracia. O Ministério da Justiça e da Segurança Pública atuará para harmonizar os Poderes e entes federados no objetivo de promover a paz onde ela é mais urgente: nas comunidades pobres, no seio das famílias vulneráveis ao crime organizado, às milícias e à violência, venha ela de onde vier. Estamos revogando os criminosos decretos de ampliação do acesso a armas e munições, que tanta insegurança e tanto mal causaram às famílias brasileiras. O Brasil não quer mais armas; quer paz e segurança para seu povo. Sob a proteção de Deus, inauguro este mandato reafirmando que no Brasil a fé pode estar presente em todas as moradas, nos diversos templos, igrejas e cultos. Neste país todos poderão exercer livremente sua religiosidade. SENHORAS E SENHORES, o período que se encerra foi marcado por uma das maiores tragédias da história: a pandemia de Covid-19. Em nenhum outro país a quantidade de vítimas fatais foi tão alta proporcionalmente à população quanto no Brasil, um dos países mais preparados para enfrentar emergências sanitárias, graças à competência do nosso Sistema Único de Saúde. Este paradoxo só se explica pela atitude criminosa de um governo negacionista, obscurantista e insensível à vida. As responsabilidades por este genocídio hão de ser apuradas e não devem ficar impunes. O que nos cabe, no momento, é prestar solidariedade aos familiares, pais, órfãos, irmãos e irmãs de quase 700 mil vítimas da pandemia. O SUS é provavelmente a mais democrática das instituições criadas pela Constituição de 1988. Certamente por isso foi a mais perseguida desde então, e foi, também, a mais prejudicada por uma estupidez chamada Teto de Gastos, que haveremos de revogar. Vamos recompor os orçamentos da Saúde para garantir a assistência básica, a Farmácia Popular, promover o acesso à medicina especializada. Vamos recompor os orçamentos da Educação, investir em mais universidades, no ensino técnico, na universalização do acesso à internet, na ampliação das creches e no ensino público em tempo integral. Este é o investimento que verdadeiramente levará ao desenvolvimento do país. O modelo que propomos, aprovado nas urnas, exige, sim, compromisso com a responsabilidade, a credibilidade e a previsibilidade; e disso não vamos abrir mão. Foi com realismo orçamentário, fiscal e monetário, buscando a estabilidade, controlando a inflação e respeitando contratos que governamos este país. Não podemos fazer diferente. Teremos de fazer melhor. SENHORAS E SENHORES, os olhos do mundo estiveram voltados para o Brasil nestas eleições. O mundo espera que o Brasil volte a ser um líder no enfrentamento à crise climática e um exemplo de país social e ambientalmente responsável, capaz de promover o crescimento econômico com distribuição de renda, combater a fome e a pobreza, dentro do processo democrático. Nosso protagonismo se concretizará pela retomada da integração sul-americana, a partir do Mercosul, da revitalização da Unasul e demais instâncias de articulação soberana da região. Sobre esta base poderemos reconstruir o diálogo altivo e ativo com os Estados Unidos, a Comunidade Europeia, a China, os países do Oriente e outros atores globais; fortalecendo os BRICS, a cooperação com os países da África e rompendo o isolamento a que o país foi relegado. O Brasil tem de ser dono de si mesmo, dono de seu destino. Tem de voltar a ser um país soberano. Somos responsáveis pela maior parte da Amazônia e por vastos biomas, grandes aquíferos, jazidas de minérios, petróleo e fontes de energia limpa. Com soberania e responsabilidade seremos respeitados para compartilhar essa grandeza com a humanidade – solidariamente, jamais com subordinação. A relevância da eleição no Brasil refere-se, por fim, às ameaças que o modelo democrático vem enfrentando. Ao redor do planeta, articula-se uma onda de extremismo autoritário que dissemina o ódio e a mentira por meios tecnológicos que não se submetem a controles transparentes. Defendemos a plena liberdade de expressão, cientes de que é urgente criarmos instâncias democráticas de acesso à informação confiável e de responsabilização dos meios pelos quais o veneno do ódio e da mentira são inoculados. Este é um desafio civilizatório, da mesma forma que a superação das guerras, da crise climática, da fome e da desigualdade no planeta. Reafirmo, para o Brasil e para o mundo, a convicção de que a Política, em seu mais elevado sentido – e apesar de todas as suas limitações – é o melhor caminho para o diálogo entre interesses divergentes, para a construção pacífica de consensos. Negar a política, desvalorizá-la e criminalizá-la é o caminho das tiranias. Minha mais importante missão, a partir de hoje, será honrar a confiança recebida e corresponder às esperanças de um povo sofrido, que jamais perdeu a fé no futuro nem em sua capacidade de superar os desafios. Com a força do povo e as bênçãos de Deus, haveremos der reconstruir este país. Viva a democracia! Viva o povo brasileiro! Muito obrigado."


Luis Inácio estava empossado, sem que nenhuma das caraminholas colocadas pelos bozistas tenham se concretizado, Bozo voou numa aeronave da FAB para os Estados Unidos no último dia útil de mandato, na sexta, fazendo com que toda vez que alguém cantava, “tá na hora do Jair, tá na hora do Jair, já ir embora”, as pessoas do lado respondessem de pronto, “já foi, já foi”, o vice Mourão saiu de cena com um pronunciamento em rede nacional no sábado, antes do sorteio da Mega da Virada, soltando indiretas sobre o titular, no domingo pela manhã, o general Heleno observava a multidão na Praça dos Três Poderes de uma das janelas do Palácio do Planalto, porém a maior ousadia tentada contra a posse do Luis Inácio foram algumas passadas provocativas de motociclistas da Polícia Rodoviária Federal na via em frente ao palácio... No entanto, a cerimônia no Congresso iria impor mais um sacrifício aos que estavam em pé desde a manhã, um interminável discurso do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, fazendo mesuras ao novo presidente e saudando o presidente de Portugal, que estava nas galerias, para tentar disfarçar o colaboracionismo com o presidente anterior, pois muito do descalabro que Luis Inácio expos ao falar sobre a transição de governo deve-se ao Orçamento Secreto com que os parlamentares desviaram recursos de áreas prioritárias para financiar a campanha de reeleição do Bozo, um absurdo por fim proibido pelo STF... O novo presidente falou por meia hora no plenário da Câmara e depois por mais meia hora no Parlatório, recebida a faixa no alto da rampa do Planalto, porém tinha o lugar de fala conferido pelas eleições de outubro, Pacheco não, e no que diz respeito ao ex-presidente, o recado da multidão é claro, “sem anistia”, e  para um de seus maiores apoiadores, Neymar (OG), "vai ter que declarar"... Terminado o tormento, aumenta a expectativa, a cada comitiva estrangeira que passa com seus carros, quando é que o homem chega, vem de ônibus, não, apesar de um veículo laranja ter passado bem na frente do palácio, é de Rolls Royce mesmo... Primeiro estaciona o caminhão dos fotógrafos -  e do caça-drones - que acompanharam o desfile do presidente pela Esplanada dos Ministérios, da Catedral de Brasília até o Congresso Nacional, alguns deles antes de descerem fizeram fotos da multidão, que repetiu o “Fora Jovem Pan”, enquanto outros posicionavam-se na calçada em frente ao cercadinho para acompanhar a subida da rampa... Na qualidade de comandante-em-chefe das forças armadas, Luis Inácio passou em revista às tropas (mais tarde, a falta de continência dos militares seria tomada por alguns bozistas como gesto de insubordinação, em outra demonstração de falta de contato com a realidade...), embarcou no Rolls-Royce com Janja, Alckmin e Lu, desceu a ladeira que separa a Esplanada da Praça dos Três Poderes, a orquestra Músicos pela Democracia, posicionada no palácio, tocou “Anunciação”, o TromPetista posicionou-se ao pé da rampa, enquanto dois Dragões da Independência e um soldado do Exército abriam o cercadinho e um grupo, onde destacava-se o cacique Raoni, aproximava-se de onde estava o músico... O carro com o presidente passou bem perto da multidão, Luis Inácio acenou, Janja sorriu, quem estava no gargarejo registrava tudo com seus celulares e câmeras, quem estava mais atrás pedia, “baixa o braço que o pessoal do fundo não tá vendo!!!”, “no YT vai ter a imagem com maior qualidade”... O Rolls-Royce foi até a torre dos fotógrafos e cinegrafistas em frente ao Parlatório, deu a volta, parou na frente da rampa do Planalto, olha o Stuquinha na correria, Luis Inácio e Janja desceram, e o TromPetista tocou o já consagrado “Olê, olê olê olá, Luis Inácio, Luis Inácio”... Geraldo e Lu colocam-se atrás do presidente e da primeira dama quando chegam os acompanhantes da subida na rampa... A catadora Aline Sousa, de uma cooperativa da região de Cidade Estrutural, no Distrito Federal, o artesão Flávio Pereira, paranaense de Pinhalão, trabalhou forte na vigília Luis Inácio Livre, em Curitiba, subiu a rampa apoiado numa muleta, o pequeno Francisco, de 10 anos, da região de Itaquera, em São Paulo, nadador no Timão, o “influenciador da inclusão” Ivan Baron, da região de Natal, representando as pessoas com deficiências - e que ganhou notoriedade nacional quando fez um reparo a uma declaração de Juliette no BBB e os ADMs dela viralizaram a declaração - Jucimara Fausto dos Santos, da região de Maringá, cozinheira da vigília de Curitiba, Murilo de Quadros Jesus, da região de Curitiba, professor de Letras que fez toda sua formação em escolas públicas, o cacique Raoni Metuktire, da terra dos caiapós no Mato Grosso, Sting, corre aqui, e Weslley Viesba Rodrigues Rocha, da região de Diadema, metalúrgico da Delga e DJ do grupo de rap Falange, todos eles representando o povo brasileiro, Arnaud Rodrigues, corre aqui... Ah, sim, Janja recebeu a cachorra Resistência, que frequentava a vigília de Curitiba, que a acompanhou na subida da rampa, e de tanto querer ficar perto do Luis Inácio, ela passou a coleira para ele... A orquestra do Planalto toca “O Trenzinho do Caipira”, de Villa-Lobos, nossa emoção aumenta, e o presidente faz a subida ao lado dos representantes do povo, nas fotos em que eles aparecem de frente, tiradas pelos fotógrafos na porta do palácio, aquela que a soleira estava cheia de “flashs”, a gente está ali no fundo, no meio da multidão na Praça dos Três Poderes... O grupo chega ao alto da rampa e a faixa colocada por Aline no peito do Luis Inácio, que abraça um por um dos populares e ergue os braços para a multidão, suprindo com sobras a lacuna do gesto antidemocrático do Bozo de não passar a faixa, então é por isso que a trilha sonora executada pela orquestra é “Amanhã”, de Guilherme Arantes... O Hino Nacional é tocado e somos encobertos, como as milhares de pessoas na Praça dos Três Poderes, pelo bandeirão do Brasil trazido pelo MST, e voltamos a sentir uma emoção forte no momento de cantar “verás que um filho teu não foge a luta”, bem que esse trecho poderia ser cantado nos jogos da Seleção Brasileira, a Argentina tocava a introdução instrumental do hino, mas depois que as torcidas do Chile e do México popularizaram as capelas, na Copa do Catar os jogadores passaram a cantar a parte com letra, transmitindo muito mais vibração... A multidão grita, “aha, uhu, a bandeira é nossa!!!”, a orquestra toca de novo “O Trenzinho do Caipira”, no caminho do alto da rampa até o Parlatório, nossa emoção tem outro pico, sobe a bandeira com o brasão da República, indicando que o presidente está no palácio, seis anos depois, digo, e Luis Inácio, ao comparecer para fazer o discurso ao povo, lembra mais uma vez da vigília, tantas vezes ameaçada e zombada, respondendo ao “Boa tarde, presidente Luis Inácio” da multidão: “Quero começar fazendo uma saudação especial a cada um e a cada uma de vocês. Uma forma de lembrar e retribuir o carinho e a força que recebia todos os dias do povo brasileiro – representado pela Vigília Lula Livre –, num dos momentos mais difíceis da minha vida. Hoje, neste que é um dos dias mais felizes da minha vida, a saudação que eu faço a vocês não poderia ser outra, tão singela e ao mesmo tempo tão cheia de significado: Boa tarde, povo brasileiro!!!"...


O presidente prossegue com o discurso: "Minha gratidão a vocês, que enfrentaram a violência política antes, durante e depois da campanha eleitoral. Que ocuparam as redes sociais, e que tomaram as ruas, debaixo de sol e chuva, nem que fosse para conquistar um único e precioso voto. Que tiveram a coragem de vestir a nossa camisa e, ao mesmo tempo, agitar a bandeira do Brasil – quando uma minoria violenta e antidemocrática tentava censurar nossas cores e se apropriar do verde- amarelo, que pertence a todo o povo brasileiro. A vocês, que vieram de todos os cantos deste país – de perto ou de muito longe, de avião, de ônibus, de carro ou na boleia de caminhão. De moto, bicicleta e até mesmo a pé, numa verdadeira caravana da esperança, para esta festa da democracia. Mas quero me dirigir também aos que optaram por outros candidatos. Vou governar para os 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para quem votou em mim. Vou governar para todas e todos, olhando para o nosso luminoso futuro em comum, e não pelo retrovisor de um passado de divisão e intolerância. A ninguém interessa um país em permanente pé de guerra, ou uma família vivendo em desarmonia. É hora de reatarmos os laços com amigos e familiares, rompidos pelo discurso de ódio e pela disseminação de tantas mentiras. O povo brasileiro rejeita a violência de uma pequena minoria radicalizada que se recusa a viver num regime democrático. Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz. A disputa eleitoral acabou. Repito o que disse no meu pronunciamento após a vitória em 30 de outubro, sobre a necessidade de unir o nosso país. ‘Não existem dois brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação’. Somos todos brasileiros e brasileiras, e compartilhamos uma mesma virtude: nós não desistimos nunca. Ainda que nos arranquem todas as flores, uma por uma, pétala por pétala, nós sabemos que é sempre tempo de replantio, e que a primavera há de chegar. E a primavera chegou. Hoje, a alegria toma posse do Brasil, de braços dados com a esperança. Minhas queridas amigas e meus amigos. Recentemente, reli o discurso da minha primeira posse na Presidência, em 2003. E o que li tornou ainda mais evidente o quanto o Brasil andou para trás. Naquele 1º de janeiro de 2003, aqui nesta mesma praça, eu e meu querido vice José Alencar assumimos o compromisso de recuperar a dignidade e a autoestima do povo brasileiro – e recuperamos. De investir para melhorar as condições de vida de quem mais necessita – e investimos. De cuidar com muito carinho da saúde e da educação – e cuidamos. Mas o principal compromisso que assumimos em 2003 foi o de lutar contra a desigualdade e a extrema pobreza, e garantir a cada pessoa deste país o direito de tomar café da manhã, almoçar e jantar todo santo dia – e nós cumprimos esse compromisso: acabamos com a fome e a miséria, e reduzimos fortemente a desigualdade. Infelizmente hoje, 20 anos depois, voltamos a um passado que julgávamos enterrado. Muito do que fizemos foi desfeito de forma irresponsável e criminosa. A desigualdade e a extrema pobreza voltaram a crescer. A fome está de volta – e não por força do destino, não por obra da natureza, nem por vontade divina. A volta da fome é um crime, o mais grave de todos, cometido contra o povo brasileiro. A fome é filha da desigualdade, que é mãe dos grandes males que atrasam o desenvolvimento do Brasil. A desigualdade apequena este nosso país de dimensões continentais, ao dividi-lo em partes que não se reconhecem. De um lado, uma pequena parcela da população que tudo tem. Do outro lado, uma multidão a quem tudo falta, e uma classe média que vem empobrecendo ano após ano. Juntos, somos fortes. Divididos, seremos sempre o país do futuro que nunca chega, e que vive em dívida permanente com o seu povo. Se queremos construir hoje o nosso futuro, se queremos viver num país plenamente desenvolvido para todos e todas, não pode haver lugar para tanta desigualdade. O Brasil é grande, mas a real grandeza de um país reside na felicidade de seu povo. E ninguém é feliz de fato em meio a tanta desigualdade. Minhas amigas e meus amigos, Quando digo “governar”, eu quero dizer “cuidar”. Mais do que governar, vou cuidar com muito carinho deste país e do povo brasileiro. Nestes últimos anos, o Brasil voltou a ser um dos países mais desiguais do mundo. Há muito tempo não víamos tamanho abandono e desalento nas ruas. Mães garimpando lixo, em busca do alimento para seus filhos. Famílias inteiras dormindo ao relento, enfrentando o frio, a chuva e o medo. Crianças vendendo bala ou pedindo esmola, quando deveriam estar na escola, vivendo plenamente a infância a que têm direito. Trabalhadoras e trabalhadores desempregados exibindo, nos semáforos, cartazes de papelão com a frase que nos envergonha a todos: ‘Por favor, me ajuda’. Fila na porta dos açougues, em busca de ossos para aliviar a fome. E, ao mesmo tempo, filas de espera para a compra de automóveis importados e jatinhos particulares. Tamanho abismo social é um obstáculo à construção de uma sociedade verdadeiramente justa e democrática, e de uma economia próspera e moderna. Por isso, eu e meu vice Geraldo Alckmin assumimos hoje, diante de vocês e de todo o povo brasileiro, o compromisso de combater dia e noite todas as formas de desigualdade. Desigualdade de renda, de gênero e de raça. Desigualdade no mercado de trabalho, na representação política, nas carreiras do Estado. Desigualdade no acesso a saúde, educação e demais serviços públicos. Desigualdade entre a criança que frequenta a melhor escola particular, e a criança que engraxa sapato na rodoviária, sem escola e sem futuro. Entre a criança feliz com o brinquedo que acabou de ganhar de presente, e a criança que chora de fome na noite de Natal. Desigualdade entre quem joga comida fora, e quem só se alimenta das sobras. É inadmissível que os 5% mais ricos deste país detenham a mesma fatia de renda que os demais 95%. Que seis bilionários brasileiros tenham uma riqueza equivalente ao patrimônio dos 100 milhões mais pobres do país. Que um trabalhador ou trabalhadora que ganha um salário mínimo mensal leve 19 anos para receber o equivalente ao que um super rico recebe em um único mês. E não adianta subir o vidro do automóvel de luxo, para não ver nossos irmãos que se amontoam debaixo dos viadutos, carentes de tudo – a realidade salta aos olhos em cada esquina. Minhas amigas e meus amigos. É inaceitável que continuemos a conviver com o preconceito, a discriminação e o racismo. Somos um povo de muitas cores, e todas devem ter os mesmos direitos e oportunidades. Ninguém será cidadão ou cidadã de segunda classe, ninguém terá mais ou menos amparo do Estado, ninguém será obrigado a enfrentar mais ou menos obstáculos apenas pela cor de sua pele. Por isso estamos recriando o Ministério da Igualdade Racial, para enterrar a trágica herança do nosso passado escravista. Os povos indígenas precisam ter suas terras demarcadas e livres das ameaças das atividades econômicas ilegais e predatórias. Precisam ter sua cultura preservada, sua dignidade respeitada e sua sustentabilidade garantida. Eles não são obstáculos ao desenvolvimento – são guardiões de nossos rios e florestas, e parte fundamental da nossa grandeza enquanto nação. Por isso estamos criando o Ministério dos Povos Indígenas, para combater 500 anos de desigualdade. Não podemos continuar a conviver com a odiosa opressão imposta às mulheres, submetidas diariamente à violência nas ruas e dentro de suas próprias casas. É inadmissível que continuem a receber salários inferiores ao dos homens, quando no exercício de uma mesma função. Elas precisam conquistar cada vez mais espaço nas instâncias decisórias deste país – na política, na economia, em todas as áreas estratégicas. As mulheres devem ser o que elas quiserem ser, devem estar onde quiserem estar. Por isso, estamos trazendo de volta o Ministério das Mulheres. Foi para combater a desigualdade e suas sequelas que nós vencemos a eleição. E esta será a grande marca do nosso governo. Dessa luta fundamental surgirá um país transformado. Um país grande, próspero, forte e justo. Um país de todos, por todos e para todos. Um país generoso e solidário, que não deixará ninguém para trás. Minhas queridas companheiras e meus queridos companheiros. Reassumo o compromisso de cuidar de todos os brasileiros e brasileiras, sobretudo daqueles que mais necessitam. De acabar outra vez com a fome neste país. De tirar o pobre da fila do osso para colocá-lo novamente no Orçamento. Temos um imenso legado, ainda vivo na memória de cada brasileiro e cada brasileira, beneficiário ou não das políticas públicas que fizeram uma revolução neste país. Mas não nos interessa viver do passado. Por isso, longe de qualquer saudosismo, nosso legado será sempre o espelho do futuro que vamos construir para este país. Em nossos governos, o Brasil conciliou crescimento econômico recorde com a maior inclusão social da história. E se tornou a sexta maior economia do mundo, ao mesmo tempo em que 36 milhões de brasileiras e brasileiros saíram da extrema pobreza. Geramos mais de 20 milhões de empregos com carteira assinada e todos os direitos assegurados. Reajustamos o salário mínimo sempre acima de inflação. Batemos recorde de investimentos em educação – da creche à universidade –, para fazer do Brasil um exportador também de inteligência e conhecimento, e não apenas de commodities e matéria-prima. Nós mais que dobramos o número de estudantes no ensino superior, e abrimos as portas das universidades para a juventude pobre deste país. Jovens brancos, negros e indígenas, para quem o diploma universitário era um sonho inalcançável, tornaram-se doutores. Combatemos um dos grandes focos de desigualdade – o acesso à saúde. Porque o direito à vida não pode ser refém da quantidade de dinheiro que se tem no banco. Fizermos o Farmácia Popular, que forneceu medicamentos a quem mais precisava, e o Mais Médicos, que levou atendimento a cerca de 60 milhões de brasileiros e brasileiras, nas periferias das grandes cidades e nos pontos mais remotos do Brasil. Criamos o Brasil Sorridente, para cuidar da saúde bucal de todos os brasileiros e brasileiras. Fortalecemos o nosso Sistema Único de Saúde. E quero aproveitar para fazer um agradecimento especial aos profissionais do SUS, pela grandiosidade do trabalho durante a pandemia. Enfrentaram bravamente, ao mesmo tempo, um vírus letal e um governo irresponsável e desumano. Nos nossos governos, investimos na agricultura familiar e nos pequenos e médios agricultores, responsáveis por 70% dos alimentos que chegam à nossa mesa. E fizemos isso sem descuidar do agronegócio, que obteve investimentos e safras recordes, ano após ano. Tomamos medidas concretas para conter as mudanças climáticas, e reduzimos o desmatamento da Amazônia em mais de 80%. O Brasil consolidou-se como referência mundial no combate à desigualdade e à fome, e passou a ser internacionalmente respeitado, pela sua política externa ativa e altiva. Fomos capazes de realizar tudo isso cuidando com total responsabilidade das finanças do país. Nunca fomos irresponsáveis com o dinheiro público. Fizemos superávit fiscal todos os anos, eliminamos a dívida externa, acumulamos reservas de cerca de 370 bilhões de dólares e reduzimos a dívida interna a quase metade do que era anteriormente. Nos nossos governos, nunca houve nem haverá gastança alguma. Sempre investimos, e voltaremos a investir, em nosso bem mais precioso: o povo brasileiro. Infelizmente, muito do que construímos em 13 anos foi destruído em menos da metade desse tempo. Primeiro, pelo golpe de 2016 contra a presidenta Dilma. E na sequência, pelos quatro anos de um governo de destruição nacional cujo legado a História jamais perdoará: 700 mil brasileiros e brasileiras mortos pela Covid. 125 milhões sofrendo algum grau de insegurança alimentar, de moderada a muito grave. 33 milhões passando fome. Estes são apenas alguns números. Que na verdade não são apenas números, estatísticas, indicadores – são pessoas. Homens, mulheres e crianças, vítimas de um desgoverno afinal derrotado pelo povo, no histórico 30 de outubro de 2022. Os Grupos Técnicos do Gabinete de Transição, que por dois meses mergulharam nas entranhas do governo anterior, trouxeram a público a real dimensão da tragédia. O que o povo brasileiro sofreu nestes últimos anos foi a lenta e progressiva construção de um genocídio. Quero citar, a título de exemplo, um pequeno trecho das 100 páginas desse verdadeiro relatório do caos produzido pelo Gabinete de Transição. Diz o relatório: ‘O Brasil bateu recordes de feminicídios, as políticas de igualdade racial sofreram severos retrocessos, produziu-se um desmonte das políticas de juventude, e os direitos indígenas nunca foram tão ultrajados na história recente do país. Os livros didáticos que deverão ser usados no ano letivo de 2023 ainda não começaram a ser editados; faltam remédios no Farmácia Popular; não há estoques de vacinas para o enfrentamento das novas variantes da Covid-19. Faltam recursos para a compra de merenda escolar; as universidades corriam o risco de não concluir o ano letivo; não existem recursos para a Defesa Civil e a prevenção de acidentes e desastres. Quem está pagando a conta deste apagão é o povo brasileiro.’ Meus amigos e minhas amigas. Nesses últimos anos, vivemos, sem dúvida, um dos piores períodos da nossa história. Uma era de sombras, de incertezas e de muito sofrimento. Mas esse pesadelo chegou ao fim, pelo voto soberano, na eleição mais importante desde a redemocratização do país. Uma eleição que demonstrou o compromisso do povo brasileiro com a democracia e suas instituições. Essa extraordinária vitória da democracia nos obriga a olhar para a frente e a esquecer nossas diferenças, que são muito menores que aquilo que nos une para sempre: o amor pelo Brasil e a fé inquebrantável em nosso povo. Agora, é hora de reacendermos a chama da esperança, da solidariedade e do amor ao próximo. Agora é hora de voltar a cuidar do Brasil e do povo brasileiro. Gerar empregos, reajustar o salário mínimo acima da inflação, baratear o preço dos alimentos. Criar ainda mais vagas nas universidades, investir fortemente na saúde, na educação, na ciência e na cultura. Retomar as obras de infraestrutura e do Minha Casa Minha Vida, abandonadas pelo descaso do governo que se foi. É hora de trazer investimentos e reindustrializar o Brasil. Combater outra vez as mudanças climáticas e acabar de uma vez por todas com a devastação de nossos biomas, sobretudo a Amazônia. Romper com o isolamento internacional e voltar a se relacionar com todos os países do mundo. Não é hora para ressentimentos estéreis. Agora é hora de o Brasil olhar para a frente e voltar a sorrir. Vamos virar essa página e escrever, em conjunto, um novo e decisivo capítulo da nossa história. Nosso desafio comum é o da criação de um país justo, inclusivo, sustentável, criativo, democrático e soberano, para todos os brasileiros e brasileiras. Fiz questão de dizer ao longo de toda a campanha: o Brasil tem jeito. E volto a dizer com toda convicção, mesmo diante do quadro de destruição revelado pelo Gabinete de Transição: o Brasil tem jeito. Depende de nós, de todos nós. Em meus quatro anos de mandato, vamos trabalhar todos os dias para o Brasil vencer o atraso de mais de 350 anos de escravidão. Para recuperar o tempo e as oportunidades perdidas nesses últimos anos. Para reconquistar seu lugar de destaque no mundo. E para que cada brasileiro e cada brasileira tenha o direito de voltar a sonhar, e as oportunidades para realizar aquilo que sonha. Precisamos, todos juntos, reconstruir e transformar o Brasil. Mas só reconstruiremos e transformaremos de fato este país se lutarmos com todas as forças contra tudo aquilo que o torna tão desigual. Essa tarefa não pode ser de apenas um presidente ou mesmo de um governo. É urgente e necessária a formação de uma frente ampla contra a desigualdade, que envolva a sociedade como um todo: trabalhadores, empresários, artistas, intelectuais, governadores, prefeitos, deputados, senadores, sindicatos, movimentos sociais, associações de classe, servidores públicos, profissionais liberais, líderes religiosos, cidadãos e cidadãs comuns. É tempo de união e reconstrução. Por isso, faço este chamamento a todos os brasileiros e brasileiras que desejam um Brasil mais justo, solidário e democrático: juntem-se a nós num grande mutirão contra a desigualdade. Quero terminar pedindo a cada um e a cada uma de vocês: que a alegria de hoje seja a matéria-prima da luta de amanhã e de todos os dias que virão. Que a esperança de hoje fermente o pão que há de ser repartido entre todos. E que estejamos sempre prontos a reagir, em paz e em ordem, a quaisquer ataques de extremistas que queiram sabotar e destruir a nossa democracia. Na luta pelo bem do Brasil, usaremos as armas que nossos adversários mais temem: a verdade, que se sobrepôs à mentira; a esperança, que venceu o medo; e o amor, que derrotou o ódio. Viva o Brasil. E viva o povo brasileiro”.


Luis Inácio deu boa tarde ao povo brasileiro e choramos, iniciamos o caminho de volta passando pela multidão e dizendo, com voz lacrimosa, “obrigado”, recebendo daqueles, que assim como nós, contribuíram para aquele momento acontecer, recebendo de volta um abraço, um aperto de mão, uma palavra de estímulo... Quando estávamos no monumento da fundação de Brasília, vimos em um telão o momento em que o Luis Inácio também chorou, ao falar na “fila na porta dos açougues, em busca de ossos para aliviar a fome”... Naquele instante, também tínhamos sede, e na saída da praça, ao ver de novo o homem vestido de Che Guevara da fila na Esplanada com uma garrafa de água nas mãos, pedidos, e fomos saciados pelo bom samaritano vermelho... Quando passamos pelo ponto de ônibus do Palácio do Planato, depois de passar pela cineasta Petra Costa, que filmava a multidão sem dar sinais de vertigem, vimos que um dos bancos estava vazio, sentamos, escolhemos no celular uma foto do Luis Inácio acenando e de Janja sorrindo, e postamos no Instagram ©, com a legenda, resumindo nossa passagem pela posse, “a chuva não veio e o sol chegou”...
































Siga o Helicóptero...

Em Siga-me, Ivo Holanda perguntava para que lado era a posse do Luis Inácio, não, pera...




































Ivo também comandou um Bombardeio Aéreo ao som do tema da série "Águia de Fogo"...


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