Pancada só deixou o Sambódromo enquanto o último colocado da maratona cruzou... A linha de chegada!!!... |
A maratona é a prova olímpica por excelência... Criada pelos gregos para os primeiros Jogos da era moderna, em 1896, a disputa serviu de cenário para grandes proezas em seus 42 quilômetros e 195 metros de extensão... Inspirado em feitos como o de Geoffrey Butler em 1976, retratado na série “Um Maluco no Pedaço” – a façanha de Michael Kyle em “Eu, A Patroa e As Crianças” não conta, não foi nos Jogos Olímpicos – Pancada decidiu comparecer ao Sambódromo, na região da Rua Marquês de Sapucaí, para assistir a largada e a chegada da maratona masculina dos Jogos do Rio... A primeira pergunta que se fez ao adquirir o ingresso para a competição foi... “Tem que andar???”... Não exatamente... Saindo da Casa dos Lunáticos, bastava caminhar até a estação Afonso Pena do Metrô Rio e descer na Praça Onze, a poucos metros da entrada do Sambódromo... Como o domingo no Rio de Janeiro amanheceu nublado e chuvoso, Pancada optou por levar um guarda-chuva, herança de família... Ao desembarcar na estação Praça Onze, não notou que no alto da escada que subiu para deixar a estação havia uma placa... “SEM SAÍDA”... Nosso colega de rede pensou que fosse a propaganda de alguma série da Netflix... Minutos depois, após passar pela única saída disponível, vide busto de Marcílio Dias no mezanino, Pancada constatou que o acesso fechado era bem mais perto do Sambódromo... Nem seria preciso atravessar a rua... Sem pressa, nosso humorista andou até a entrada, sendo ultrapassado por uma dupla de australianos que corriam acompanhados de um canguru inflável... Do que um canguru perneta é capaz, Caco Antibes, pensou... Posicionado na fila da revista, tinha a sua frente duas pessoas... Uma delas, um estadunidense que foi barrado assim que o detector de metais apitou... O policial da Força Nacional que supervisionava a operação do aparelho diz... “Telefone celular??? Cinto???”... O estrangeiro não entende... A pessoa atrás dele fala em inglês... “Mobile phone??? Belt???”... O estadunidense coloca as mãos nos quadris e o policial entende que o homem possui próteses metálicas no corpo... Liberada a entrada, uma funcionária do Ministério da Justiça, que observava a revista, afirmou a pessoa que falou em inglês... “Você devia ficar aqui para orientar o pessoal”... E quanto o Alexandre de Moraes paga???... “Ele vai ter de vender muito livro para pagar”... Quando Pancada ia passar pelo detector de metais, recebeu a informação de que não poderia levar o guarda-chuva, devido ao tamanho... Apenas guarda-chuvas pequenos estavam autorizados a adentrar o recinto da competição... Resignado, o internauta se viu obrigado a deixar sua joia de família no cesto de lixo, onde já repousavam vários guarda-chuvas... “É por sua conta e risco”, avisou um funcionário da organização... Depois de tirar e colocar o cinto, já que a fivela seria detectada, nosso companheiro de web apresentou o ingresso e recebeu orientação para comparecer ao Setor 6... Ao chegar na Passarela do Samba, seguiu até perto da Praça da Apoteose, de onde os corredores largariam para a maratona... Depois de fazer foto com Ricardo Teixeira... Um homem com a miniatura de um ônibus da empresa Útil na cabeça... O lugar já estava cheio, centenas de pessoas buscavam o melhor lugar para fazer uma “selfie” com os corredores que se aqueciam perto da largada ao fundo... Outro funcionário da organização explicou que o setor 6 era no meio do caminho que as escolas de samba fazem durante os desfiles, junto a uma fileira de mastros – Ops!!! – de parte dos países representados na competição... O ingresso não tinha lugar marcado... Logo Pancada poderia sentar em qualquer lugar da arquibancada do setor 6... Mas não o fez por um simples motivo... Uma chuvinha no Sambódromo... O jeito era usufruir da arquitetura de Oscar Niemeyer, sonhada por Darcy Ribeiro e construída por Leonel Brizola e abrigar-se debaixo da arquibancada... Não, a bandeira para torcer pelos refugiados não é lenço para enxugar o rosto, Pancada... Melhor comparecer na lanchonete... Ao ver que os salgados na estufa eram “regenerados diariamente”, o internauta preferiu adquirir apenas uma garrafinha de água mineral... Que custou 8 reais de seu rico dinheirinho... Enquanto recebia a garrafa sem tampinha – normas da casa, alguém lhe falou – o nosso humorista dizia que ia tomar uma “água de ouro”... Ficar abrigado da chuva era excelente, porém faltavam assentos... Como estava sozinho, Pancada não pode seguir o exemplo de alguns torcedores, que simplesmente arrastaram algumas mesas e bancos da Coca-Cola © para a frente da Passarela... Uma justa compensação diante dos 10 reais cobrados pelo refrigerante de 600 mililitros... Com esse dinheiro, dá para comprar um pacote com meia dúizia de garrafinhas no Mundial... E a Porcaria não tem Mundial...
Da próxima vez que comparecer em São Paulo, Pancada seguirá um conselho de amigo e virá de Útil... |
A hora da largada se aproxima e os carros de transmissão, além de um caminhão com uma bancada de fotógrafos que irão registrar a maratona, preparam-se para trabalhar forte... Quanto ao nosso fornecedor de DVDs, se quiser ver a largada, vai ficar molhadinho, pois a chuva não parou... O jeito é encontrar um lugar junto ao gradil que separa o público da Passarela do Samba... Ali perto daquela bandeira do Bacalhau está excelente... Ops!!!... Ao lado daquele cano com registro de água, porque nada melhor que assistir a prova segurando no cano... Ops!!!... É preciso apenas pedir para aquela policial amazonense da Força Nacional para se afastar um pouco, senão ela vai “cebolar” as fotos que Pancada prometeu fazer para um amigo e... Foi dada a largada!!!... Pontualmente, às 9h30 da manhã, 155 corredores passaram diante dos óculos que hão de se espatifar do nosso companheiro de web... Formavam um bloco compacto, o que tornava quase impossível determinar quem era o líder... Porém o internauta viu muito bem que os últimos colocados eram os corredores argentinos... E ficou rindo que nem bocó, digo... Os maratonistas deixam o Sambódromo e Pancada começa a procurar um telão para acompanhar a prova... Havia um perto da Apoteose, visível apenas para os ocupantes da arquibancada daquele setor... Mais dois estavam posicionados frente a frente em um ponto distante da Passarela do Samba... Todos da Panasonic ©, vide um grande grupo de japoneses usando camisetas com o logotipo da marca, e nada de convidarem a empregada da Fernanda Lima... Se soubesse japonês em um nível superior ao carateca do Chapolin, nosso humorista perguntaria se eles teriam uma máquina de lavar para vender... Ao contrário da prova do mountain bike, realizada em um parque na região de Deodoro, não havia um locutor para explicar sobre a prova e tampouco informar sobre o posicionamento do atletas – o que ocorreu somente depois da metade da prova... Os corredores ganham as ruas do Centro do Rio e para entreter o público do mundo todo que compareceu ao Sambódromo, a escola de samba União da Região da Ilha do Governador começa a desfilar na passarela... Com ritmistas, passistas, destaques, madrinhas de bateria, ala das baianas, mestre-sala e porta-bandeira, velha guarda e até um puxador de samba que do alto do caminhão de som cantava e filmava tudo com seu celular... Todos eles devidamente munidos de crachás da organização... Desse modo é que Pancada descobriu o nome da madrinha de bateria que pedia passagem, digo... Será que Andréia Machado tem Facebook ©???... Só faltaram os carros alegóricos e a Susana Vieira... A galera empolgou-se com dois samba-enredo clássicos da escola da Zona Norte do Rio... “O Amanhã”, de 1978... “Como será o amanhã, responda quem puder”... “É hoje o dia”, de 1982... “A minha alegria atravessou o mar, e ancorou na passarela”... O melhor de tudo é que a chuva parou... O desfile mereceu... “DEZ!!!... NOTA DEZ!!!” do Pancada, embora ele prefira a apuração... Também pensou se nos Jogos de 2020, na região de Tóquio, vai ter esse desfile... Ou pelo menos a “Corrida Naruto” será um esporte olímpico... Depois de dar... Sua nota dez, nosso colega de rede lembrou que o Menguinho ia jogar às 11 horas – em Porto Alegre – e tratou de ligar o rádio FM de seu telefone celular para ouvir a partida com o Grêmio, narrada por José Carlos Araújo, “O Verdadeiro Garotinho”... Voltou-se a sentar no chão debaixo da arquibancada e foi ouvindo... Nem se importou com a passagem de inúmeras pessoas, de inúmeros países... Argentinos, uruguaios, estadunidenses, canadenses, australianos, ingleses, chineses, japoneses, russos, franceses, torcedores do Paysandu... Ops!!!... De repente, Pancada se levanta... Leandro Damião marcou um gol de bicicleta!!!... Só que o juiz anulou... Mas marcou pênalti!!!... O próprio Damião converte... 1 a 0 Menguinho!!!... Nosso fornecedor de DVDs comemora discretamente, já que há muitos torcedores com camisas do Pó-de-Arroz, do Bacalhau e... Cadê os cachorreiros???... A maratona se aproxima das duas horas de duração e funcionários da organização colocam uma placa indicativa de 42 quilômetros junto à Passarela perto do lugar onde Pancada está posicionado, segurando no cano... Ops de novo!!!... É ali mesmo que nosso humorista vai apreciar a travessia dos últimos 195 metros da corrida... Será que alguém tomou um táxi, como o Geoffrey ou o Michael???... O primeiro colocado entra sozinho no Sambódromo... O internauta não sabe, mas quem passa bem na sua frente – e da amazonense da Força Nacional – é um velho conhecido do internauta Pedro Henrique, o queniano Eliud Kipchoge... O único dos três maratonistas do Quênia que completou a prova, fato que nosso colega de rede não sabia... Como também não é de seu conhecimento que há um limite de três competidores por país em cada disputa... Cem metros depois, Kipchoge cruza a linha de chegada com um tempo de 2 horas 8 minutos e 44 segundos... Acima do recorde olímpico, estabelecido em 2008, outra coisa que nosso companheiro de web não foi informado... O que não vai tirar do corredor a medalha de ouro, óbvio... Um minuto depois do queniano completar a maratona, aparece o segundo colocado... Que ao se aproximar da chegada, ergue os braços e cruza os punhos... Pancada, claro, não entende, porém o Pedrinho sabe que o etíope Feyisa Lilesa protesta contra a opressão do governo da Etiópia contra sua etnia... Com manifestação e tudo, seu tempo final é de 2 horas 9 minutos e 54 segundos... Dez segundos depois, comparece o dono do bronze, o estadunidense Galen Rupp, que consegue um tempo de 2 horas 10 minutos e 5 segundos... Acabou???... Que nada... Pelo preço que pagou no ingresso que ganhou de presente – 40 reais – Pancada só solta o cano, quer dizer, só deixa o Sambódromo depois que o último colocado passar, enquanto acompanha a estreia de Diego Ribas (OG) no Menguinho...
Internauta pode conversar muito sobre as séries de Chespirito com os colegas de rede colombianos e mexicanos... |
Entre os 155 atletas que iniciaram a maratona, apenas 140 completaram o percurso... Quando conseguia reconhecer o país ao qual pertencia o corredor, Pancada incentivava o maratonista... Mais ainda quando Paulo Roberto de Paula, o melhor brasileiro na prova, compareceu ligeiro para conquistar a 15ª colocação, com 2 horas 13 minutos e 56 segundos... Um segundo à frente do 16º colocado, o japonês Satoru Sasaki, saudado por uma grande torcida japonesa na arquibancada do Sambódromo... Também vibraram muito com Suehiro Ishikawa, 36º colocado... Quem agitou o casal de uruguaios ao lado de Pancada foi o uruguaio Nicolas Cuestas, 40º colocado... O curioso é que eles não ficaram para ver a chegada do irmão de Nicolas, Martin Cuestas, que terminou na 110ª posição... O cubano Richer Perez, 46º colocado, terminou a prova erguendo os braços para exibir uma faixa escrito “Viva Jesus”... Será que o COI vai implicar com essa mensagem, assim como fez com a bandana na testa de Neymar (OG)???... Os torcedores brasileiros deixaram por Marilson Gomes dos Santos, 59º colocado (2 horas 19 minutos e 9 segundos) e Solonei da Silva, que ficou em 78º lugar (2 horas 22 minutos e 5 segundos), mas com uma chegada de campeão, levando a bandeira do Brasil nas costas... Pancada entusiasma-se mesmo com o mexicano Ricardo Ramos, 120º colocado, de bandeira e tudo, e o colombiano Diego Colorado, 125º colocado... Não contavam com sua astúcia, digo... O panamenho Jorge Castelblanco chega no marco de 42 quilômetros e para... Leva a mão às pernas... Como todos os internautas sabem – Pancada não, claro – se o corredor receber ajuda, será desclassificado... Ele abaixa a cabeça, pensa um pouco e volta a correr... Mancando... É assim que consegue comparecer na chegada, alcançando a 135ª colocação, com tempo de 2 horas 39 minutos e 25 segundos... Sem dores, o paraguaio Derlis Ramón Ayala corre com a bandeira de seu país para ser o 136º colocado, marcando 2 horas 39 minutos e quarenta segundos... O próximo a percorrer os últimos metros da maratona é o argentino Federico Bruno... Surpresa, ele vem correndo de lado... Nosso colega de rede pensou que fosse uma provocação aos brasileiros... Na verdade, era a maneira que o maratonista encontrou para superar as dores e se tornar o 137º colocado em 2 horas 40 minutos e 5 segundos... Sem contar o incentivo do corredor paraguaio, como nosso companheiro de web veio a saber depois... Já estamos no Z4 da corrida... Pancada quer saber... Quem será o Bacalhau da maratona???... O coreano Shim Jong Shub é o 138º colocado – 2 horas 42 minutos 42 segundos – mas o nosso fornecedor de DVDs só consegue lembrar do Didi falando “Shim, Shim”... O cambojano Neko Hiroshi comparece três minutos depois, chamando a atenção por sua baixa estatura e pulando e vibrando na chegada, obtendo a 139ª posição, com 2 horas, 45 minutos e 55... O último colocado está chegando!!!... O jordaniano Methkal Abu Drais, com um uniforme azul e uma careca que lembra o cartaz “Se Solicita Mesero” para o nosso chavesmaníaco, é acompanhado pelos últimos batedores de motocicleta que seguiram a prova... Saudado pelo público, Abu Drais responde com acenos, enquanto dirige-se para cruzar... A linha de chegada na 140º colocação, com um tempo de 2 horas 46 minutos e 18 segundos... Passa um pouco de 12h15, horário marcado no ingresso para o fim da sessão... O sistema de som do Sambódromo toca “Beleza Pura”, a trilha sonora perfeita para a despedida da integrante da Força Nacional... Acabou???... Não!!!... Vestido com a camisa da CBF, odiada por alguns conterrâneos, Pancada é requisitado para fotografias com etíopes, japoneses, mexicanos e colombianos – inclusive a garota que se apeteceu com ele, digo... O jogo do Menguinho prosseguia e debaixo das arquibancadas, nosso fornecedor de DVDs ouviu o segundo gol do Menguinho – do estreante Diego Ribas (OG) – e o primeiro do Grêmio... Aí não ouviu mais nada, porque a bateria do celular acabou... O que seria providencial, já que no momento em que nosso humorista ia cruzar... A saída do Sambódromo... Lembrou que seu guarda-chuva ficou na entrada, deu... Meia-volta para sair pelo mesmo lugar onde entrou... A cada passo, a ansiedade aumentava... Será que sua relíquia de família foi levada???... Isso porque um eventual Seu Furtado poderia escolher entre vários modelos... Chegando no detector de metais, o desafio é lembrar em que lixeira ficou o precioso objeto... Entre vários guarda-chuvas na lixeira, Pancada escolhe um preto e o abre ali mesmo, apesar da chuva ter parado há mais de uma hora... É esse mesmo!!!... Nosso colega de rede ficou tão feliz com o reencontro que nem reparou no húngaro e no coreano que faziam fotos da comunidade localizada na saída do Sambódromo... Ou na passagem da Esquadrilha da Fumaça pelos céus da região... Ou no rapaz que chegou com um saco de camisas com o símbolo dos Jogos, que pretendia vender a 20 reais... Ou no ambulante que queria convencer uma francesa a comprar uma réplica da medalha de ouro a 40 reais... Não adiantou mostrar as notas correspondentes ao valor da medalha ou dizerem “Deux-Vingt”... Nem por 30 reais a mulher resolveu adquirir a lembrancinha... O internauta atravessa a rua junto com manifestantes que pedem o retorno de Dilma Rousseff à presidência e ao passar seu Riocard Jogos 2016 pela catraca do metrô, descobre que o bilhete está com defeito... Assim, precisou gastar cinco reais de seu rico dinheirinho – com um cartão unitário do Metrô Rio e auxiliando um pequeno morador de rua com o troco – para ir até a Central, atravessar todo o saguão da estação da Supervia e encontrar uma máquina para comprar outro Riocard Jogos 2016... Que na primeira tentativa não foi aceita na catraca do metrô, obrigando-o a esperar alguns minutos para que o cartão começasse a valer... Assim ficou difícil tomar lanche no Burger King da Rio Branco, mesmo com a avenida aberta para pedestres, o que deixou a tradicional via carioca a cara da Avenida Paulista... O pior eram os rumores de empate e até de virada do Grêmio que ouviu perto da Rua do Ouvidor... A interdição para a maratona, prevista para terminar às 15 horas, foi antecipada em uma hora... Só que a operadora do VLT decidiu mandar o carro estacionado na Praça dos Museus, ali perto do telão no Boulevard Olímpico que exibia a final do vôlei masculino sob os olhares de centenas de pessoas, para o Santos Dumont e não para a Rodoviária... Onde o Bob’s até que não tinha muita fila, já que outra multidão se acotovelava para ver o a decisão do vôlei... Ao chegar na Casa dos Lunáticos, Pancada só teve tempo de saber que o Menguinho venceu o jogo com o Grêmio, mantendo o 2 a 1... Caiu a eletricidade, que só voltou dez minutos antes do início da Cerimônia de Encerramento no Maracanã... É por isso que nosso colega de rede é orgulho de uma nação... Rubro-negra...
Um momento de emoção aconteceu quando nosso colega de rede recuperou seu estimado guarda-chuva... |
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