segunda-feira, 20 de maio de 2024

RC Especial Modelo 1989: Brinco de Peninha Faz Pedir Música na Amazônia...

Sentado em um enorme galho, Roberto lamenta a devastação da Amazônia - ou espera pela Cunhã-Poranga???...

 















Inédito no Viva, o "Roberto Carlos Especial" de 1989, que a Globo mostrou naquele ano em 27 de dezembro, marcou o apogeu da ecologia no repertório das canções do Rei, com "Amazônia", e consagrou o brinco de peninha como acessório indispensável no figurino do cantor, anos depois da dinastia do cachimbo e do medalhão, falando em consagração,  o especial, sem Myriam Rios, apresentando as músicas do novo disco que faziam doer o cotovelo e o joelho, como definiu um de seus compositores, Erasmo Carlos, foi do profano ao sagrado, começando com Luiza Brunet pedindo música na selva amazônica em sua terceira participação no especial e terminando  com uma missa campal na região da Quinta da Boa Vista, rezada pelo cardeal do Rio, onde Roberto cantou "Noite Feliz", falando em ir a campo,  quase todo o especial foi gravado em externas, fora de estúdios e palcos, antecipando uma tendência que a concorrente Manchete adotaria com sucesso na novela "Pantanal", lançada em março de 1990... O começo do especial, com imagens aéreas da floresta amazônica, vide tucano na árvore, tem a fala do Rei, que surge no leito do rio, “daqui de uma dessas artérias desse mesmo coração, eu repito meu amor pelo Brasil”, Roberto Carlos aparece sob um fundo vermelho, a peninha na orelha, os pássaros cantam, “um amor antigo e apaixonado, diante do índio, testemunha de tanta devastação, eu ainda grito a minha fé pelo nosso país” – nesse caso, sem cantar “Verde e Amarelo”, um "Viva a natureza" sem a Flora Própolis, digo... Corta para a onça atravessando o rio, sem alusões aos presentes, Eduardo Lages rege sua orquestra na areia, sob um céu azul com algumas nuvens, azul é a cor mais quente, quer dizer, da roupa do maestro e dos músicos, close nos beija-flores, na ararinha azul, Lages e orquestra executam “O Guarani”, as motosserras trabalham forte, as árvores caem, a queimada avança pela mata, close no indígena, voa o tuiuiú, a orquestra vai de “Além do Horizonte”, a jaguatirica só observa, a onça continua atravessando o rio, e a novela “Pantanal” nem tinha estreado (!!!),  close nos violinos e no teclado no meio das dunas, qualquer semelhança com o musical “A Taste of Honey” de Herb Albert e sua banda, além de vários clipes do "Fantástico", "Medo de Avião", por exemplo, é mera coincidência, mais árvores são serradas e derrubadas, foca nas clareiras na mata e na estrada que aparece na mata devastada, Roberto Carlos atravessa o rio no melhor estilo “bom selvagem”, as toras na beira do rio, o fogo na floresta, o maestro batuta (!!!), mais fogo, mais cinza, a arara apressada, a onça e o sagui só observando a devastação, então é por isso que o Brasa está em seu barco, medalhão no peito e brinco de peninha, a águia dourada da música cruza o céu, foca nos violinos, nos trompetes, no sax, na guitarra e no pandeiro da orquestra, estariam apenas dublando???, indígenas na beira do rio, close no violinista, nas nuvens no céu, a tribo reunida, voa o tuiuiú, Roberto retorna sob um fundo preto, “essa sinfonia orquestrada por Deus é nossa, quanto mais a natureza é agredida pelo homem, mais ela responde com a paz da beleza” – Chico Mendes, corre aqui antes que os fazendeiros te executem, digo... Um voo de pássaro sobre o rio traz os créditos do programa, “Rede Globo apresenta Roberto Carlos Especial”, close na ave, “Um Programa Augusto César Vannucci”, revoada na água, a preguiça na árvore, “Edição Sérgio Bastos Alexandre Boury”, mata desmatada, “Redação Ronaldo Bôscoli”, o rio Amazonas, “Direção de Imagens Alexandre Braz Mário Meirelles Direção de Fotografia Jorge Luiz Queiroz”, a ave abre as asas, “Assistente de Direção Álvaro Osório”, mais uma clareira na mata, “Direção Musical Eduardo Lages Produção Executiva Anthony Ferreira”, a jaguatirica atravessa o rio, “Direção de Produção Marcelo Paranhos”, a ave voa pelo terreno arrasado pela queimada, “Direção Geral Augusto César Vannuci José Mario” – o que explica o fato do especial parecer uma coletânea de clipes do “Fantástico”, no comando estavam um dos primeiros diretores do programa e um dos responsáveis pelos musicais exibidos na atração durante a década de 1980... A onça está de volta, Roberto Carlos, do alto de seu veleiro que cruza o rio Amazonas, no comando da embarcação tal e qual um Jacques Costeau à brasileira, canta a principal música do disco do ano, “Amazônia”, lá vem a jaguatirica na água, o miquinho na árvore, a oncinha só observa, o pau torando no rio (!!!), os buracos das queimadas na floresta, o Rei segura no timão, quase uma versão fluvial do projeto "Emoções em Alto Mar", a onça só vem para dar o bote, Roberto sai do comando do veleiro, só observando o miquinho ir catar coquinho (!!!) e o tucano de bico aberto, “como dormir e sonhar, quando a fumaça no ar, arde nos olhos de quem pode ver, terríveis sinais de alerta, desperta pra selva viver, Amazônia, insônia do mundo, Amazônia, insônia do mundo”, o Rei encontra um imenso galho para sentar (!!!), os rios amazônicos vistos do alto, a arara vermelha e o sagui comparecem, olha o jacaré aí, Roberto achou melhor ficar em pé, o veado catingueiro só vem, chegou a capivara, troncos caídos, a ave volta a sobrevoar a mata, o Rei só observa, mais um mico, vitórias-régias vistas do alto, Roberto atrás do tronco, close na águia, outros troncos, a luz do sol reflete na superfície da água do rio, o rei está preocupado no barco, tá quase uma onça, literalmente, com esse pessoal que faz “dia do fogo” e garimpo ilegal, perdendo o sono com a “insônia do mundo” e esse mico que pagam, restando sentar no ganhar e chorar (!!!), ou sair voando – as aliterações da música lembram "Panorama Ecológico", composição de Roberto e Erasmo gravada pelo Tremendão, alis, falando em coisas tremendas, Yasmin Brunet só não sentiu a falta da Cunhã Poranga Isabelle Nogueira disparando suas flechas porque o ambiente amazônico lhe é, como podemos dizer, familiar, como veremos a seguir... Intervalo com "break", o sol se põe, o cavalo galopa, uma mulher corre pela praia, não é a Garota do Fantástico, “sino” Luiza Brunet, visivelmente preocupada porque sua filha Yasmin foi chamada de “inútil” por Davi Brito no BBB, num certo ponto ela começa a caminhar, deve ter tomado conhecimento da eliminação de Yasmin, o tempo está nublado, porém Luiza tira o lenço que cobria os ombros, já é noite, uma chuvinha no alpendre de uma fazenda, onde Roberto Carlos canta “O Tempo e o Vento”, faixa do disco de 1989, Luiza Brunet vira a menina da porteira, depois dirige uma Belina numa estrada de terra, lembrem que o Rei era então revendedor da Ford na região de Mogi das Cruzes, a chuva não para, close nos olhos negros de Luiza no momento em que se prepara para beijar Roberto, foi só um selinho, porém a aleatoriedade do rolê lembra a filha Yasmin namorando Sérgio Hondjakoff pensando que era o Eminem (!!!), depois do abraço, ela volta para a praia e corre pela estrada, a imagem do Rei se funde com a de Luiza baixando a cabeça, pensando também nas condições da pista de terra e se o Rei dá condição, ela comparece na fazenda, porém solta a mão de Roberto, preferindo fazer pose ao lado de um cavalo (!!!), descabelada, só no carão, mexendo nas contas do colar, mais um close, olho por olho, a imagem de seu retorno a praia se funde com a do Rei afagando seus cabelos, ela volta a correr, mesmo descalça, porque precisa comparecer em Curicica para pegar Yasmin nos Estúdios Globo, e o Rei ficou avulso na fazenda, que não é da Record – alis, deve ter sido aqui onde Benedito Ruy Barbosa encontrou a inspiração para criar o casal protagonista da novela “Pantanal”, Joventino e Juma Marruá, a própria Luiza Brunet é nascida no Mato Grosso do Sul, falando nela,  chegando a terceira participação em especiais, já pode pedir música no “Fantástico”, anos antes de Tadeu Schmidt criar a dinâmica, e agora não resta nenhuma dúvida sobre a paternidade de Yasmin Brunet... Ops!!!...













Diante de um irresistível brinco feito de pena de harpia, Luiza Brunet pediu música e recebeu um selinho do Rei... 

















Roberto Carlos comparece no Teatro Fênix, e sem rodeios, chama sua convidada, “há muito tempo, várias vezes nós pensamos em trazê-la ao nosso programa, felizmente hoje é o dia, Simone, maravilha”, a cantora, de branco como o Rei, agradece, “obrigada!!!, muito obrigada, uma delícia”, Roberto beija o rosto, pega na mão e retribui, “que bom ter você aqui” – “delicioso”, diz ela – “maravilha, né” – “você não sabe como que é bom”, insiste Simone – “eu sei sim, tanto sei que estou aqui desfrutando desse momento maravilhoso”, a cantora é grata a Roberto, “muito obrigado por você ter convidado”, o Rei rasga a seda, “obrigado por ter aceito o nosso convite”, Simone sorri, “eu tô aqui de corpo e alma”, Roberto pede, “canta aquele sucesso”, ela topa, “canto”, indo de “Uma Nova Mulher”, de 1989, “que venha essa nova mulher de dentro de mim, com olhos felinos, felizes e mãos de cetim” – música que naquele mesmo ano incluída na trilha sonora nacional da novela “Tieta”, que o canal Viva mostrou em 2017, chegando ao terceiro lugar de audiência entre os canais pagos, perdendo apenas para a Cartoon Network e a Discovery Kids... Roberto volta ao palco muito satisfeito, “que maravilha ter você aqui, que bom ter você”, Simone também está contente, “que bom ter você aqui, muito”, interrompendo o Rei, “hoje você tá realizando um dos meus sonhos” – Roberto fica encabulado, “ah, não me diga isso, são nossos sonhos” – “como mulher e como cantora”, o Rei está impressionado, “tá vendo só que coisa”, perguntando, “me diz uma coisa, vocês já gravou algumas músicas, composições minhas, Maurício Duboc e Carlos Colla” – faltou citar Sullivan e Massadas, Robson Jorge e Lincoln Olivetti, digo -  Simone responde, “Isolda, eu gravei muitas coisas suas, cantei em shows, eu viajo no teu oceano, eu viajo no teu mar, eu gosto desse barco que viaja pelo infinito, eu faço parte dele”, Roberto se derrete e afaga o rosto da cantora, “que bom que a gente está no mesmo barco”, Simone lembra, “eu cantei coisas como eu te proponho, nós nos amarmos”, o Rei completa a letra, “nos entregarmos”, o pot-pourri a dois continua com “As Curvas da Estrada de Santos”, de 1969, no disco da praia, e “Seu Corpo”, de 1975, do disco do cachimbo, concluindo com um dueto altamente intimista, face a face, para cantarem “Outra Vez”, o que explica a citação a Isolda Bourdot, que compôs a música gravada por Roberto em 1977 – o Rei fecha a década com mais uma das estrelas da MPB dos anos 1980, anos antes de Simone gravar o disco natalino “25 de Dezembro”, de 1995, pelo qual é mais conhecida hoje em dia, alis, o Viva poderia resgatar o “Simone Especial”, dirigido por Roberto Talma e exibido pela Globo em 9 de maio de 1989, quem sabe “Corpo e Alma”, de 1982, ou “Simone 20 Anos”, de 1993, ou vão esperar ela ir de Gal Costa... Ops!!!...  Close no sax, Roberto Carlos está avulso na mesa de uma gafieira vazia, enquanto pensa na mulher que viu dançando, que não é outra senão a sambista Fátima, a mesma do especial de 1986, aqui creditada como Fatinha, a gafieira se enche de casais dançantes e o Rei canta, só observando, “Só Você Não Sabe”, nada a ver com a Dona Sinésia, lançamento do disco de 1989, “tenho andado triste (mas você não sabe), tenho andado só, (só que você não sabe), e chorado tanto (mas você não sabe), vivo pelos cantos (mas você não sabe)”, ele lamenta na mesa, ela continua a dançar, ele se queixa no salão vazio, ela prossegue com seu “partner”, notem o nó frouxo da gravata do Rei, close no bongô, a mulher na pista, com ela o salão se enche, Roberto só observa num canto, olha o coral RC 3 na outra mesa, ela dança, ele está triste, macambúzio, foca na orquestra e nos dançarinos na pista, a gafieira fica vazia, o coral trabalha forte no refrão, ela só observa e dança, close no sax, a mulher, de amarelo, com saia vermelha, desce as escadas e vai ao encontro do Rei – outra experiência “sambística” do Rei, numa levada que lembra Martinho da Vila, a mesma musa inspiradora de “Nega”, no entanto Roberto continuou a considerar que o romantismo da música sertaneja tem mais a ver com o dele, e Chico Sarney insiste em escalar Belo para substituir o Rei nos especiais, digo... Intervalo com "break",  na volta entram imagens aéreas de São Paulo, o então Banespão, hoje Farol Santander, a pista do Jóquei Clube, a torre da Globo no prédio da Gazeta na região da Avenida Paulista, o maestro Eduardo Lages trabalha forte na regência à noite, mais Banespão, o hotel Maksoud Plaza, fechado em 2021, visto de cima, o trânsito na Paulista, o ônibus passando pela torre da Globo, por um momento Lages vai de “Emoções”, tome torre, agora um pouco de “Detalhes”, Roberto Carlos comparece no terraço do Maksoud Plaza para cantar “Emoções”, com a torre de transmissão global visível ao fundo – o Rei está sozinho, ao contrário de sua apresentação anterior no topo de um prédio paulistano, cantando “Quando” no filme “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura”... Ali mesmo no terraço, possível inspiração para Silvio de Abreu escrever a cena em que Laurinha Albuquerque Figueiroa se joga depois de arrancar o brinco de Maria do Carmo em “Rainha da Sucata’, que a Globo estreou no ano seguinte, gravada num edifício próximo, Roberto Carlos trabalha forte no “stand-up”, “cada vez que estou em São Paulo, me lembro sempre da Jovem Guarda, das jovens tardes de domingo, dos carrões, os amassos, o calhambeque" - com a música respectiva de fundo, em versão instrumental - "que coisa boa, agora o Rei é visto na janela de uma casa ajardinada, “não resisto a vontade de dizer novamente, é uma brasa, mora???” – faz sentido, insistimos, a parte do terraço lembra o primeiro filme de Roberto, lançado no ano em que chegou ao fim “Jovem Guarda”, o programa da TV Record, no caso... Dentro da casa, Roberto Carlos está acompanhado do maestro Eduardo Lages, pilotando o teclado, e por Erasmo Carlos, que o interrompe quando vai começar a cantar uma das músicas do novo disco, “Tolo”, “pode parar, por favor, pode parar, pode parar, eu não posso ouvir essa música que eu choro”, Roberto não entende, “pô, eu sei, bicho, mas pensei que já tivesse passado, afinal já tá tocando no rádio, você já ouviu algumas vezes, não passou não”, o Tremendão parte para a explicação, “você sabe que eu choro, bicho, desde o Café da Manhã, teve o ano de Se Você Disser Que Não Me Ama, então agora é o ano de Tolo, eu choro toda vez que ouço”, emendando uma recordação, então vi você na televisão, né, bicho, e corri pra janela, bicho, e gritava, olha o Robertão, tá em primeiro lugar com Parei na Contramão lá em São Paulo, e a música é minha!!!, eu queria que o mundo inteiro soubesse disso”, mais uma evocação, “e a história da dormidinha, a dormidinha célebre, eu vou explicar aqui” – o Rei nota a empolhgação, “hoje ele chegou pra contar tudo aqui na televisão, parece que ele escolheu a televisão  para contar as coisas que ele não tinha me contado antes” – “é que quando a gente compõe, geralmente vara a madrugada inteira, né, e quando chega 3, 3h30 da madrugada, mais ou menos, ele dá uma dormidinha, olha, vou dar aqui uma dormidinha de 15, 20 minutos, e aí eu acho que ele sonha com a música, então quando a gente tava compondo Sentado a Beira do Caminho, a música tinha empacado no refrão, o refrão  não saía de jeito nenhum, não é, então ele chegou e disse assim, vou dar uma dormidinha, e sonhou com a música, quando ele acordou, ele me olhou e disse assim, preciso acabar logo com isso, preciso lembrar que eu existo, então até hoje, quando a música tá sai não sai, sai não sai, não quer dar uma dormidinha pra ver se não sai a letra”, Roberto ri litros e faz uma observação, “mas de vez em quando eu dou uma dormidinha e quando acordo ele já fez duas, três frases, sabe”, Erasmo pede atenção, “agora eu vou dar uma lembradinha aqui”, close no teclado, foca no jardim, o Tremendão canta “Sentado a Beira do Caminho”, composta em 1969, que outra canção poderia ser, digo, Erasmo comenta, “música grande a gente fica mais tempo na televisão”, o Rei concorda, rindo, “coisas de Erasmo, coisas de Erasmo” – de forma singela, com o clima informal e a presença de  Lages lembrando a "live" que Roberto fez em 2020, durante a pandemia de Covid-19, o especial assinala os 30 anos de carreira de Roberto, iniciada com "João e Maria", música tocada na estreia do "Domingão do Faustão", em março daquele ano, para o público adivinhar quem era o cantor que imitava a voz de João Gilberto naquela gravação... O Tremendão parte para o “larará” no final da música, segundo o Rei, “sem larará não vale”, risos e aplausos, Erasmo Carlos comenta, “agora esse seu novo disco tá, dor de cotovelo perde, agora é dor de joelho também”, Roberto Carlos diz ao maestro, “até parece que ele não fez as letras junto comigo, sabe como é que é, tem a lágrima dele lá”, Erasmo lembra, “além do Tolo tem Pássaro Ferido”, Roberto concorda, sem confundir a canção com a minissérie “Pássaros Feridos”, exibida pelo SBT depois de “Roque Santeiro”, em 1985, “Pássaro Ferido, é”, corta para o Rei embarcando em um jatinho, visualizando um rosto de mulher ao chegar na porta da avioneta, agora a mulher contempla a vista da Baía da Guanabara, cena que lembra “Se Diverte e Já Não Pensa em Mim”, a diferença é que Luiza Brunet estava no canto direito da tela, o jatinho decola (do Santos Dumont), Roberto sozinho na sala de sofás brancos, close nos olhos da morena, o Rei canta “Pássaro Ferido”, que como Erasmo apontou, está no novo LP, a mulher conversa com Roberto naquela mesma sala, acha graça da resenha e deita a cabeça em seu ombro, no jatinho, o Rei olha as nuvens pela janela, ainda não havia celular para fazer foto nem rede social para postar, olha os olhos dela, a viagem na avioneta aborrece Roberto, agora a mulher preferiu ler uma revista, da Editora Globo, naturalmente, ao notar a presença dele, sai da sala, no jatinho o Rei está pensativo, o avião cruza os céus, a mulher vai embora, descendo a escada do prédio, o pássaro da canção voa pelos ares, “pássaro ferido, peito machucado, coração sofrido por amar sem ser amado, pássaro ferido que não te esqueceu, sem o seu carinho esse pássaro sou eu”, Roberto lamenta no sofá, dá um close nela, sem referências aos presentes, agora o Rei lamenta na poltrona do jatinho, a avioneta sobrevoa o Rio de Janeiro, olha ela aí de novo, o jatinho pousa, a mulher faz pose numa cama de casal com duas mesinhas de cabeceira, cada um com seu abajur e seu telefone de teclado, as praias cariocas à noite, Roberto cantando no braço do sofá, a mulher joga a cabeça para trás, o Rei beija a testa da garota num “flashback”, ela olha para a praia, ele está pensativo, tome pássaro voando, mais um close na mulher, as praias cariocas à noite – a letra da música, de um romantismo “sertanejo”, as outras faixas do disco de 1989 tocadas no especial, fazendo doer o cotovelo e o joelho, como disse Erasmo Carlos, que trabalhou forte fazendo todas essas músicas com Roberto, o tri de Luiza Brunet, os “feats” femininos nos clipes, tudo aponta que o casamento do Rei com Myriam Rios chegou ao fim, como de fato aconteceu naquele ano... Ops!!!...

















Após duetos com Maria Bethânia, Gal Costa, Fafá de Belém e Rosana, Roberto pode tirar Simone de letra, digo...



































Eduardo Lages toca no tecladinho “Nem as Paredes Confesso”, Erasmo Carlos dá uma olhadinha discreta no texto e diz, “pois é, bicho, pela segunda  vez você veio de Portugal trazendo uma bela canção, você se amarra em fado, bicho”, Roberto Carlos responde, “eu gosto de tudo de Portugal, tudo, principalmente do carinho que os portugueses tem por nós quanto estamos lá, maravilha, aproveito para desejar aqui aos nossos amigos portugueses um Ano Novo maravilhoso com paz e amor, e vamos ouvir Nem As Paredes Confesso”, uma composição dos patrícios Artur Ribeiro, Francisco Trindade e Maximiano de Souza, de 1953, um fado mais conhecido no Brasil pela gravação de Nelson Gonçalves, em 1969, que o Rei, fã do "Metralha", incluiu em seu novo disco, 20 anos depois, ele começa abrindo um pesado portão dourado e entrando num salão onde está uma mulher toda de preto, uma viúva, talvez, certeza mesmo nós temos que ela é interpretada pela hoje dubladora Andréa Murucci, “não queiras gostar de mim, sem que eu te peça, nem me dês nada que ao fim, eu não mereça”, a mulher vai para o pátio e depois coloca o véu na cabeça para rezar na igreja, foca no rosto, com sobrancelhas grossas, corta para a lua cheia, a imagem de Roberto se funde com a colunata que ele próprio percorre, ela segue rezando, “podes sorrir podes mentir podes chorar também, de quem eu gosto, nem às paredes confesso”, notem o poste de iluminação com vela atrás do Rei, mais um close nos olhos e nos sobrolhos da mulher, Roberto comparece no portão que abriu e volta à colunas,  a reza prossegue no altar barroco, os olhos de novo, hora de “violar o tocão”, digo, de tocar o violão, Roberto só observa a lua cheia, olha a viúva chegando e passando pelo salão, onde o Rei caminha avulso por entre as colunas, agora o altar barroco está vazio e Roberto retorna ao portão, que não é o do cachorro que sorriu latindo  - não chamaram a Manuela D'Além Mar e o resultado certamente não foi tão polêmico quanto o clipe “Like a Prayer”, que Madonna lançou naquele mesmo ano de 1989, prevendo até que a diva pop um diria viria a residir em Portugal, porém o país que serviu de cenário para ilustrar a canção lembra os musicais que Roberto gravou na RTP durante a citada visita anterior a Portugal, em 1966, ainda com o salazarismo no poder,  no YT podemos ver o Rei cantando “História de Um Homem Mau”, “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno”, “Não Quero Ver Você Triste”, “O Calhambeque”, apresentação filmada em plano-sequência, a câmera se distancia do Rei e os calhambeques vão aparecendo, “Parei na Contramão” e “Coimbra”, a música portuguesa que Roberto trouxe em sua bagagem na ocasião quando voltou ao Brasil...  Intervalo com "break", corta para o Teatro Municipal do Reio de Janeiro, Roberto Carlos comparece no palco e comenta em “off”, “olhando para esse gigante e pensando, toda minha vida eu tenho dedicado a música, escolhi o Municipal para celebrar nesse templo maior a maior paixão da minha vida, a música”, e logo após cumprimentar o maestro Lages e a plateia, vai de “Tolo”, lançamento do disco de 1989, “como um tolo fui seguindo seu caminho, me deixando ser levado por suas mãos, na ilusão do amor, sem pensar na dor”, foca na plateia acompanhando a coreografia do Rei com o microfone, “quanta insensatez, quanta estupidez, que eu fiz pra mim” – citando de uma só vez “Insensatez”, de Tom Jobim, e “Sua Estupidez”, que o próprio Roberto gravou no “disco da praia” de 1969... Aplausos da plateia que lota o teatro, a próxima música é precedida por uma apresentação em português e espanhol, “esse programa está sendo exibido em todo o mercado latino, todo o mundo hispânico” – quase um programa “Chespirito”, digo – “então eu quero, melhor falar em espanhol, então, quero dedicar esta canción a todos mis amigos de Latinoamerica y de todo mundo hispânico, gracias”, interpretando “Si Me Vas a Olvidar” em espanhol, composição do xará Roberto Livi, mais uma faixa do novo disco, porém numa gravação em português, traduzida por Carlos Colla, “Se Você Me Esqueceu”,  “si me vas a olvidar, porque asi lo has querido, yo no voy a llorar, cuando tu te hayas ido”,  acompanhado do coral RC3 – Julio Iglesias, corre aqui... A plateia ainda batia palmas quando Roberto Carlos começou a cantar “Ele Está Pra Chegar”, de 1981, mas com uma introdução que lembra "Não Quero Dinheiro", luz azul no palco, indicador ao alto, maestro trabalhando forte na regência e batendo palmas, o coral dançando, close nos bongôs e no sax, Roberto prepara as flores para distribuir ao público presente, mudando de música, “detalhes tão pequenos de nós dois, são coisas muito grandes pra esquecer, e a toda hora vão estar presentes, você vai ver”, emendando com a mensagem de fim de ano aos amigos, clientes e fornecedores, obrigado, obrigado pela presença, Feliz Natal e um Ano Novo maravilhoso, saúde, muita paz e muito amor, que Deus abençoe a todos, obrigado, obrigado!!!”, enquanto algumas mulheres correm até o palco para pegar as flores, entra o intervalo – em termos de Teatro Municipal, o de São Paulo apareceu no especial primeiro, em 1981, agora, “Ele Está Pra Chegar” ficou sem sua parte mais marcante, os aleluias do coral, digo... Na volta, “Jesus Cristo” em versão para coral, a mesma gravação do especial de 1974, closes de crianças ao lado de Roberto Carlos, “que a paz de Deus esteja em todos os lares, mas eles também precisam de paz, os índios, os animais, os pássaros, os peixes, a flora, todos eles acuados pela predação, pelo terror, amemos a todos, principalmente as crianças, a elas pertence o futuro deste país maravilhoso”, mais closes de crianças, corta para a Quinta da Boa Vista, próxima da “Flag Square”, olha o Museu Nacional ali, onde o cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Eugênio Salles, reza uma missa campal, Roberto acompanha de óculos escuros, “e unidos estamos em praça pública, unindo nossas preces, unindo nossos corações, para suplicar a Deus a paz e a concórdia em nosso país, elevando o nosso coração, preparando para a vinda de Jesus”, o gramado da Quinta está lotado, foca nas freiras, também uma evocação da infância do Rei em Cachoeiro do Itapemirim, Roberto comparece ao altar da missa para cantar “Noite Feliz”, sob um céu nublado e um vento que bagunçou seus cabelos – mas o brinco de peninha estava lá, firme, a ligação entre as partes profanas e sagradas do programa... Ops!!!... A imagem de uma onça pintada e de cenas da floresta ao som de “Amazônia” introduzem os créditos finais do programa, “Redação Ronaldo Bôscoli”, olha a ararinha-azul, “Elenco Andrea Murucci Fatinha, Cristiane Cardoso, Participação Especial Luiza Brunet” - não confundir Cristiane com a filha de Edir Macedo - tem também o macaco sagui, “Direção Geral Augusto César Vannucci José Mário, Agradecimentos Centro de Instrução de Guerra na Selva CIG’S Hotel Rio Palace do Rio de Janeiro Hotel Tropical de Manaus Polícia Militar do Rio de Janeiro Detran”, o Rei no galho (!!!), o voo rasante no rio, a bolinha da Globo entra no por do sol, a trilha sonora é sobre a Amazônia, porém o Viva colocou um anúncio pedindo doações para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul - os créditos não citam as músicas tocadas no programa, como de hábito nos especiais dirigidos por Augusto César Vannucci – pois é, não é, a missa na Quinta da Boa Vista deve ter complicado bastante o trânsito na região do Maracanã, Pancada, digo, alis, nosso colega de rede e fornecedor de DVDs, de olho nesse especial por ser inédito no Viva, curtiu, mas não tanto, faz sentido, não vendo com os olhos da zoeira, o programa de 1988 era excelente, só convidados no auge, desta vez, as muitas locações e os clipes que Roberto faz o Cândido Manso deixaram o programa com a maior cara de rolê aleatório... Ops!!!...











































Mas quem diria que o clipe de "Nem As Paredes Confesso" se transformaria no "Like a Prayer" brasileiro???...


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