segunda-feira, 11 de março de 2024

RC Especial Modelo 1979: Vestígios dos Gigantes na Festa de 15 Anos da Globo...

Diretor de "Os Gigantes" disse que Roberto Carlos gostava da novela, e infelizmente só restaram dois capítulos...

 



















O “Roberto Carlos Especial”de 1979, exibido em 21 dezembro daquele ano, mostrado pela primeira vez no Viva em 9 de março de 2022, abriu as comemorações dos 15 anos da entrada no ar da TV Globo, comemorados em 1980, ou seja, entre uma canção e outra, tome tautismo, embora a presença em peso do elenco da emissora tenha gerado um atrativo especial devido a fatos recentes, uma das novelas que teve suas gravações visitadas por Roberto e a participação de seus atores na atração é a trama que estava em cartaz no horário das oito, “Os Gigantes”, aquela do “Chico Coco aperta muito a Paloma, e adispois vai ‘palomar” ocê também”, no final de janeiro a Globoplay anunciou que a novela de Lauro César Muniz entraria no Projeto Fragmentos, destinada pelo serviço de “streaming” do Grupo Globo para as produções que estão incompletas no acervo da emissora... No caso de “Os Gigantes”, teriam sobrevivido apenas dois capítulos, o primeiro e o último, menos até do que o estipulado pela famosa “regra dos seis”, uma norma interna que era citada em algumas reportagens e muito comentada entre foristas de televisão, enquanto a Globo usou fitas Quadruplex para gravar novelas, uma parte das tramas, por vários motivos, gravação em preto-e-branco, insucesso de público e crítica, economia de isopor, entre outros, tinham arquivados apenas dois capítulos do começo, dois do meio e dois do final, procedimento admitido oficialmente apenas no anúncio do Projeto Fragmentos, antes jogavam na conta dos incêndios, embora muita novela tenha rodado até 1984, sim, não sobrou nenhum capítulo completo de “O Amor é Nosso”, cujos rumores de apagamento total corriam soltos há anos, nesse ano, “Voltei Pra Você” teria sido a última vítima da “regra dos seis”, embora algumas produções desse período, como “Vereda Tropical”, que está na Globoplay e “Ti Ti Ti” contém apenas com a versão internacional, menor que a original, risco que existe com mais força pelo menos até 1987, quando a emissora dispensou de vez as Quadruplex... A propósito, o próprio especial de Roberto Carlos de 1979 não foi exibido por completo no Viva, isso pode ser comprovado porque no YT há uma versão do programa oriunda de um vídeo onde foi copiada a fita máster da atração, no canal da Globosat, Roberto Carlos aparece maquiado como palhaço, fazendo o regente de orquestra, o vídeo do YT começa, depois das legendas informando a data de exibição e a contagem regressiva, com imagens das torres de televisão no alto do Sumaré, no Rio de Janeiro e o tema de abertura do “Jornal Nacional” na época, usado na vinheta do mapa-múndi, a primeira aparição de Roberto é colocando a sobrancelha da maquiagem de palhaço, entra a imagem do alto do Pão de Açúcar e a música usada na abertura de 1979 do Fantástico - que não está completa no YT - seguida por diálogos de “Os Gigantes”, “Paloma, sou eu”, Roberto termina de por as sobrancelhas, soa um “plim-plim”, imagens da praias cariocas são musicadas pela trilha da série “Plantão de Polícia”, o Rei coloca a boca do palhaço enquanto se ouve uma fala de Didi Mocó em “Os Trapalhões”, “essa mulher tem o chorador frouxo”, o Pão de Açúçar é sonorizado por Renato Teixeira cantando o tema de “Carga Pesada”, o cantor coloca o nariz de palhaço e um rasante pela praia de Copacabana tem como fundo musical a abertura do Festival Internacional da Canção, Roberto Carlos coloca a peruquinha de careca, o locutor Dirceu Rabelo anuncia, “no ar, mais um campeão de audiência”, áudio das vinhetas interprograma usadas na ocasião... Foca nas nuvens no céu, na terra, em plena Pedra da Gávea, Roberto canta “Força Estranha”, composição de Caetano Veloso, a frente de uma vista panorâmica do Rio, terno branco, camisa preta e o medalhão, ah, o medalhão, a cidade e o cantor captados em imagens aéreas, muito antes dos drones... Voltamos às antenas, o Rei começa a bater palmas e reger uma orquestra imaginária,  a maquiagem lhe dá um aspecto de um Bozo de baixo orçamento, a música circense toca, Roberto Carlos diz, “e só assim, com cara de palhaço, eu descobri que os homens, antes de poluírem os ares e os mares, começaram poluindo as próprias palavras, seu palhaço!!!, nada disso, vocês sabem o que é um palhaço, cadê grandeza bastante para tudo isso, crises de palhaço todo mundo tem, de repente, no Natal, a gente rouba uma verdade, veste de palhaço e acabou, até eu já fui palhaço no meu ofício, vista a roupa meu bem, vista a roupa meu bem, vista a roupa meu bem, que coisa engraçada”, Roberto mostra uma tela com imagens de patinadores e ginastas, 1980 era ano de Jogos Olímpicos, “eles sim são os grandes e heroicos palhaços atirando suas cores contra o preto-e-branco do cotidianos” – entram cenas de Jô Soares e Paulo Silvino, Dina Sfat e Francisco Cuoco, Tarcísio Meira  - “nós todos somos personagens desse grande circo, o nosso circo eletrônico” – vinheta de “Plantão de Polícia”, Louise Cardoso, vinheta de “Alerta Geral”, “Malu Mulher” e Globinho – “o espelho maravilhoso e fiel desse espetáculo” – vinhetas do “Jornal das Sete”, “Aplauso” e o globo de vidro do “plim-plim”... Sobe a música de circo, “Um Programa Augusto César Vannucci”, Salomé telefonando para João Batista, “cenografia Abel Gomes”, o regente Roberto, a central técnica da emissora, “supervisão de cenografia Federico Padilla”, ilha de edição, vinheta do “Globo Cor Especial”, “Figurinos Juan Carlos Berardi”, um desenho é exibido nos monitores da técnica, “produção musical Danilo Granato”, o palhaço bate palmas, na tela da técnica os bastidores das gravações, “Produção Nalygia Santos”, a traseira do caminhão de “Carga Pesada”, os botões da ilha de edição, “Supervisão de Produção Ruy Mattos, Jelson Alvim”, o equipamento da técnica, o logo de “Marron Glacé”, “Direção Alexandre Brás Eid Walesko”, close no botão “Record”, sem alusões aos concorrentes, a vinheta do “Campeões de Bilheteria” se sobrepõe ao palhaço, “Edição Antônio Vilela”, mais botões, “Co-Direção Ricardo Leitão”, agora o maestro se mistura com a vinheta do “Telecurso 2º Grau”, close na botoeira do áudio, volta pro palhaço, “Criação Ronaldo Bôscoli, Eloy Santos, Marcos César, Luiz Carlos Maciel, Paulo Netto”, olha a antena de novo, maestro misturado com as bailarinas da abertura do “Fantástico”, “Arranjos Eduardo Lage”, erraram o nome do maestro do Rei, mais vista áerea das torres de televisão do Sumaré, palhaço fundido com a vinheta da Globo, “Direção Geral Augusto César Vanucci”, sete minutos de programa que não estão no Viva... A versão do canal da Globosat mostra o esquálido “cosplay” de Bozo fazendo o maestro do circo com as bolinhas de uma vinheta interprprograma voando pela tela, Roberto chega a revirar os olhos, aplausos, a bolinha da Globo, corta para o palco, dominado por um arco-íris, o Rei proclama, de branco e flor vermelha na lapela, “eis o circo eletrônico, luzes, câmeras, ação”, mais imagens da técnica e dos equipamentos no palco, “e nesse espetáculo interminável teremos palhaços, girafas, gruas amestradas, caixas de surpresa, é a rede de notícias”, fita saindo do videocassete da ilha de edição, o botão “Record” de novo, um carretel de Quadruplex, “os saltos na rede, os gigantes, a fantasia”, uma geral nos botões da técnica, voltamos ao cantor de cara limpa, “e tudo isso com muita alegria, com o maior elenco de todo o Brasil, afinal, são 15 anos de vida, não é, venham conhecer o nosso circo eletrônico, ele é feito por gente como você, num mundo onde toda a fantasia é possível” – modéstia a parte... Depois do maestro aprendiz, um regente de verdade, Eduardo Lages, trompetistas tocando “Jesus Cristo”, Emília abre a porta da casa de Dona Benta para o Rei ser recebido pelo elenco do “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, inclusive o Seu Lobato, Garnisé e Zé Carneiro, os saxofonistas acompanham, Lages vai de “O Calhambeque” com os trombonistas, close nas mãos do maestro, Roberto entra no buffet “Marrom Glacé”, “olha o Roberto Carlos aí”, a dona, de costas para o cantor, não acredita até se virar e ver o rei de perto, levado a cozinha, o chef vai a loucura, a novela “Marrom Glacé” fez sucesso no Brasil e no exterior, o que levou a trama de Cassiano Gabus Mendes a ser preservada e agora incluída no Projeto Resgate da Globoplay, foca nos violinos e no maestro, Roberto entra no cenário de “Os Trapalhões” quando Didi resolve fazer um telefonema, dá um tapinha no ombro de Mussum, violinos em primeiro plano, Doutor Renato se vira para ver o cantor, dá um salve rapidinho e se assusta com a visita antes de derrubar os companheiros para cumprimenta-los, olha a harpa da abertura do “Fantástico”, a orquestra de Eduardo Lages toca “Quero Que Vá Tudo por Inferno”, Roberto chega de surpresa na casa de Coalhada, e o personagem de Chico Anysio tenta enganá-lo dizendo que está tomando “Caca-Cola”, e o Rei acredita, aceitando um golinho, agora os músicos da orquestra tocam “Se Você Pensa”, o cantor comparece no “set” de gravações de “Os Gigantes”, interrompendo uma resenha sobre o roteiro de Lauro Corona, Lídia Brondi e... Tarcísio Meira, volta para a orquestra, em outro cenário da mesma novela, que reproduz um bar, Roberto encontra Dina Sfat, Francisco Cuoco e o diretor Régis Cardoso, Dina comenta sobre as câmeras, “todo mundo engordando”, o diretor pega no braço de Roberto, “eu soube que você gosta muito da nossa novela, né, eu queria te mostrar os cenários”, hoje não é mais possível a Roberto rever a novela que tanto apreciava na íntegra, mas, enfim... Lages na regência, Roberto Carlos chega na festa do “Planeta dos Homens”, dizendo entre Agildo Ribeiro e Jô Soares, observado, entre outros, por Alvaro Aguiar, Arnaud Rodrigues, Berta Loran e Marlene Silva, “bicho, mas fala baixo”, Agildo se empolga, “mas olha só o Robertinho, que surpresa agradável”, vem a foca com a bola da Globo no nariz, aplausos, Ricardo Lages rege a orquestra que acompanha Roberto em um dos lançamentos do disco de 1979, “Na Paz do Seu Sorriso”, tendo ao seu lado Voltaire no violão e Hélio Marinho no saxofone, “tudo isso que você meu bem me dá”  - quem ouviu BMW (!!!), aplausos, hora do intervalo, a técnica, o palhaço, “Estamos Apresentando Espetáculos Minister” – a marca de cigarros que patrocinava as atrações da linha de shows da Globo – close na Quadruplex, o palhaço bate palmas, “Hoje em Cartaz”, monitores e o Bozo “cover”, “Roberto Carlos Especial”, o mesmo “R” estrelado dos especiais de 1976 e 1977, sem o “C”, numa das versões do especial no YT, o vídeo começa com a contagem regressiva do patrocinador e o "Rede Globo Apresenta Espetáculos Minister Hoje em Cartaz Roberto Carlos Especial",  porém não dá para dizer que essa é a razão do corte do Viva, primeiro porque a qualidade de imagem do início da edição do canal da Globosat é ligeiramente ruim e depois porque o Viva manteve o “Espetáculos Minister” da vinheta de intervalo, lado a lado com o cachimbo do Roberto, digo... 


















Doutor Renato fez um "cover" perfeito de Roberto e transformou "Café da Manhã" em "A Mamãe de Mamãe"...

































A vinheta de “Voltamos a Apresentar” também tem Espetáculos Minister a zapeada do Rei continua em um gabinete no programa “O Planeta dos Homens”, onde o Professor Sardinha, termina um telefonema e ordena a secretária, “dona Margarida, mande esta carta imediatamente, não pode atrasar que o João vai se queixar!!!”, o personagem de Jô Soares era, como o próprio humorista definiria, uma caricatura do Ministro do Planejamento do general João Baptista Figueiredo, Antônio Delfim Netto, que começou o mandato do militar, o último que governou o Brasil no período da ditadura, como Ministro da Agricultura, e logo mostraremos porquê, mas em poucos meses substituiu o principal ministro da área econômica, Mario Henrique Simonsen, o cantor chega, o ministro pergunta, “o que meu jovem deseja???”, Roberto quer falar da música popular brasileira, Sardinha responde, “a música popular brasileira está musicapopularbrasileirando, mas comigo ela vai musicapopularibrasileirar, qual o problema, o Jorge Ben  não jorgebenzeia, a Elis Regina não regineia, o Caetano Veloso não veloseia, a música popular brasileira vai musicapopularbrasileirar, meu negócio é números, mas eu sou Sardinha, mas ninguém me pesca!!!”, o Rei argumenta que os músicos estão parados, o ministro responde, “não, vão ter que andar, comigo eles vão ter que andar, ficar parado coisa nenhuma, o músico brasileiro não tem que ficar parado, ele tem que ficar na parada, e depois uma coisa, a banda não bandeia, a sinfônica não sinfoniqueia, o Isaac Karabichevsky não isaackarabichevskeia???” – “karabichevskeia” – diz Roberto, com alguma dificuldade – “então, comigo vai dar certo, meu negócio é números, é números”, o Rei aponta, “o meu também, música e letra”, Sardinha concorda, “então faz o seguinte, fica com a música e me manda as letras todas, por favor, meu amigo, letra imobiliária, letra de câmbio, porque meu negócio é números, inclusive, eu tive uma ideia pra você que é um jovem compositor, uma coisa realmente extraordinária, um tema maravilhoso pra se fazer uma música que é otimismo”, o cantor pergunta qual é a letra, o ministro é ligeiro, “aí você desenvolve, eu só tenho a ideia, o desenvolvimento é por sua conta”, Roberto observa que “o músico brasileiro não tem trabalho”, Sardinha rebate, “isso já é outro departamento, aqui não é trabalho, é planejamento, aqui é planejamento”, o Rei insiste, “mas o músico não tem onde trabalhar, doutor Sardinha”, que responde no ato, “mas é só exportar os músicos, a gente exporta músicos para todos os lugares do mundo e vem dólares, dólares, meu negócio é números”, o cantor dá um tapinha no ombro do ministro e se manda, “já vi que aqui eu não arranjo nada”, mas o ministro não se deixa abater, “Roberto, Roberto, continua cantando, Roberto, e divisas, canta lá fora e divisas pra cá, divisas pra cá, por favor, Roberto, cante que o João garante”, a parte final do diálogo é explicitamente baseada em fatos reais, em 1979 o Brasil não era autossuficiente em petróleo, e exatamente nesse ano a revolução islâmica do Irã motivou um aumento brutal do preço do produto, o que aumentava os custos de toda a cadeia produtiva e mais ainda os preços aos consumidores e também gerava um déficit na balança comercial, a solução proposta para esse problema era estimular as exportações, principalmente de produtos agrícolas, isso explica porque Sardinha, ou melhor, Delfim, começou o governo do João como Ministro da Agricultura, nas gestões Costa e Silva e Médici, como principal ministro da área econômica, a prioridade era desenvolver as grandes indústrias de modo que as sobras desse ganho chegassem ao conjunto da população, o que não aconteceu, porque uma das bases do chamado “Milagre Brasileiro” foi o arrocho salarial no período que o avô do Roberto Campos Neto controlava a economia, logo após o golpe de 1964, mais para a frente, em 1973, houve a primeira grande escalada do preço do petróleo, numa represália dos países árabes a vitória de Israel na guerra do Yom Kippur, e a dependência do produto importado fez com que no governo Geisel, com Mario Henrique Simonsen no Planejamento, fosse dada prioridade a obras de infraestrutura públicas para manter o crescimento da indústria privada, às custas de mais arrocho salarial no país e de um pesado endividamento em dólares no exterior, o que explica a compulsão que nosso ministro manifestou ao Rei, até as telenovelas globais viraram produto de exportação, o que garantiu inclusive a preservação de algumas delas,  a opção pela agricultura também era política,  investir no chamado agronegócio era atrair os caciques do interior frente ao avanço da oposição entre o eleitorado urbano, e os militares faziam contas para se manter no poder até o fim da década de 1980 desde o antecessor de Figueiredo, o general Ernesto Geisel, claro que os efeitos colaterais da industrialização, como o inchaço das cidades motivado pelo êxodo rural, e o contínuo achatamento dos salários, só faziam aumentar as críticas ao regime, manifestadas em greves que estouraram em quase todas as categorias em 1979, não por acaso o principal líder sindical da época, o Luís Inácio, era citado na novela “Marron Glacé” e em “Os Trapalhões”... Roberto encontra o professor Aquiles Aquelau em sua biblioteca, reclamando da ausência da Múmia Paralítica, que deveria trazer o tema da aula do dia, o Rei aproveita para sugerir uma explanação sobre a música popular brasileira, “que não é tocada” e a respeito do músico brasileiro, “que não tem onde tocar”, o personagem de Agildo Ribeiro em “O Planeta dos Homens” diz, “eu conheço esse menino de algum lugar”, pedindo para que substitua a Múmia no trabalho forte de tocar “aquela campainha horrorosa”, o “dá uma subidinha” apareceu somente no “Zorra Total”, lá pelo ano 2000,  e o professor inicia a palestrinha, “hoje eu vou falar da música popular brasileira, a música brasileira é igual a Bruna Lombardi, é linda, tem violão, tem balanço, mas não se pode tocar ela” – Roberto toca a campainha – “bem, eu pelo menos não toquei nela, mas tocar mais a música brasileira, tem que fazer igualzinho a esse menino Maluf, porque a Petrobrás era intocável e ele tocou ela pra frente” – mais um toque da campainha, o Rei ri, Agildo nem pensava que o então governador de São Paulo, Paulo Salim Maluf, serviria de inspiração, já no “Zorra Total” para a criação do personagem Babaluf, “eu não estou nem aqui” – “eu sei, eu sei que Maluf tocando piano é uma coisa horrorosa, quem tem que tocar música é músico popular brasileiro que tá parado, ora, músico brasileiro parado vai morrer de fome porque não consegue tirar uma nota, tem músico que tá trabalhando no mercado por falta de mercado de trabalho” – mais um toque na campainha – “do jeito que as coisas vão, qualquer dia os músicos vão entrar em greve, não pra aumentar salário, mas pra aumentar trabalho” – novo toque na campainha – “para com essa campainha, calhambeque de múmia!!!, fica aí com esse troço, béin, béin, béin, esse menino, eu já vi ele em alguma capa, pra você a minha gargalhada de desprezo” – que sai com a melodia de “Detalhes” – “na próxima semana, eu falarei desse fenômeno brasileiro, o campeoníssimo Roberto Carlos, cadê o ovo???”, e o Rei constata que ali também não vai conseguir grande coisa – outro esquete baseadíssimo em fatos reais, Maluf era governador, tinha conseguido a indicação do governo federal, que na época nomeava todos os governadores, vencendo a convenção do partido da situação, de olho na presidência da república, com projetos grandiosamente dispendiosos, como tentar encontrar petróleo no interior de São Paulo, por meio da empresa estatal Paulipetro, num tempo onde essa atividade era monopólio da Petrobras, a megalomania de Maluf já era satirizada em “O Planeta dos Homens”, o governador era interpretado pelo comediante Martim Francisco, depois da derrota na eleição presidencial indireta, em 1985, Maluf ficou ainda mais conhecido pelos casos de corrupção, que levaram a criação do Babaluf, vivido por Agildo Ribeiro... Quanto a Roberto Carlos, o négocio é ver Didi Mocó usando seu terno bege, seu lenço branco, sua flor na lapela, óculos escuros, peruquinha grisalha, fortemente trabalhado no “cover” para cantar, “os botão da carça que o Mussum usava, era tão pequeno, não abotoava, quando as carça abriu, foi uma festança, todo mundo viu, a sua poupança”, Didi ainda pergunta, “ô da poltrona, gostaram da imitação???”, Roberto nem tanto, “mais ou menos, né, bicho, não foi essas coisas assim não”, Doutor Renato reage, “pera aí, aqui tem mais gente parecida com o Roberto Carlos do que eu, é coisa da produção, mas pra me tirar daqui, nem morrrta, filha, como é o nome do jovem mancebo” – “Roberto Carlos Braga”, diz o Rei – “então você deve imitar o Ricardo Braga” – citando um “cover” de verdadinha de Roberto – “e não o Roberto Carlos”, paciente, o cantor diz que não está imitando ninguém, “eu sou o Roberto mesmo”, Didi pede, “dacumentos, dacumentos, dacumento na mão, não vai dizer que deixou em casa”, o Rei revira os bolsos e o Doutor traz o “plot twist”, “ah, não, tá no meu bolso desde o ensaio”, Roberto ri litros, Renato vê o documento e chama os companheiros, “olha aí, gente, o filho da Dona Lady Laura!!!”, Dedé, Mussum e Zacarias comparecem no palco, Dedé dá um abraço, “Roberto, meu amigo, tudo bem???”,  Zacarias cumprimenta e dá sua famosa risadinha, Didi aponta, “apresento meus sobrinhos, Reco-Reco, Bolão e Azeitona”, Mussum alerta, “tem muito dubris, tem muito sósis, vê se não é grupis, tem que examinar”, Zacarias concorda, “eu só acredito se ele cantar ‘Os Botões da Blusa’”,  Didi alfineta, “você tá muito Creusa, Zacarias, o homem veio dar um recado aqui”, Roberto explica que “a barra tá ruça pros músicos brasileiros, e vim ver se você dá uma força, tocar só música brasileira no seu programa”, Mussum, que também era músico, intervém, “se a maré tá brabis, de botar sutiã em cobris, dá pra gente ajudar, arruma uma vaga pra ele na bateria da Mangueiris, só de tamborim, tamborim, tamborim lá na Mangueira é foguis, é uma repinicada aqui dentris, cascadá, cascada, cascada, e lá fora toma um mé”, fazendo o gesto de sugar a bebida com a boca, o Doutor explica, “não é exagero não, tudo nele é mé, até a lua de mel dele é lua de mé”, risos, “falando em lua de mel, na lua de mel do Zacarias aconteceu uma coisa horrível”, o Rei fica curioso, “o que aconteceu, bicho”, o Doutor responde, “nada”, e muda o rumo da resenha, “mas já papeamos muito aqui, Roberto, cê quer dar um recado, cê já deu seu recado, nós quer dar um recado aqui”, Didi cochicha, “será que pode”, o Rei autoriza, “pode, mas vai com jeito”, Doutor Renato garante, “pode deixar que não camprometemos”, e anuncia, “Ô da poltrona, com vocês, Roberto Carlos e os Trapa Trapa em ‘Café da Manhã’, som na caixa, Empadinha!!!”, mas quem canta, com cachimbo e tudo, é o “cover” do comediante, mudando a letra da música, “a mamãe de mamãe, quis fazer um programa a dois, provocou o vovô e depois, puxou pelos braços”, enquanto um casal da melhor idade, ele o Doutor Renato e ela o Zacarias, fazem aquilo tudo SEM PARAR MEU AMOR num quarto de hotel, “quis lembrar sua lua de mel, e vovô se apagou, a mamãe de mamãe, olha a chama das velas acesas, o vovô esfriando na mesa, sem se importar, que não era nem tempo e nem hora, quis viver o aqui e agora, só pensou mesmo em si” – depois do velório de Didi,  Zacarias volta ao hotel – “pensando bem, a vovó ninguém pode culpar, porque é que o vovô foi topar” – retornamos ao velório e de novo ao hotel – “a mamãe de mamãe, quis viver o seu último ouriço, e o vovô sem idade pra isso, sempre foi cabeçudo, agora é tarde, já é noite e o dia termina, o vovô já bateu com a botina, é melhor enterrar” – Didi bate as botas e mostra a língua, graças a peruquinha e o bigode, ficou a cara de Albert Einstein – “agora é tarde, já é noite e o dia termina, o vovô já bateu com a botina, é melhor enterrar” – Didi levanta da mesa onde era velado, para perplexidade de Zacarias, dos presentes, Dedé e Mussum, levando para o hotel uma mulher que compareceu ao velório, sua amante, ninguém menos que Cristiane Torloni – “a vovó e os tios, olham pro velhão, choram choro solto, se jogam pelo chão, parentes se abraçam, é tudo frescura, enquanto o vovô faz outra loucura” – Roberto Carlos comparece no quarto de hotel e acaba com o vuco-vuco de Didi, resgatando Torloni com um gesto típico do Doutor, passar o indicador e o dedo médio nos lábios e estalar os dedos, “coisa horrorosa, ô bicho bom é mulher”, enquanto o vovô apanha da mamãe de mamãe, resumindo, os Trapalhões no auge da forma, em seu elemento, um estilo próprio, a paródia “nonsense”, o pastelão e a piada visual, o graça natural e o tipo cômico, os cacos, e como o Rei queria, a música brasileira predominava nos “trapaclipes”, a própria “Café da Manhã”, que pela primeira vez aparecia nos especiais de Roberto, ganhou um clipe onde o casal era vivido por Didi e Mussum, que fazia a mulher... A essa altura, o cantor já está em Passo Fundo, trazido pela empregada  para ver a dona da casa, “Roberto, vai firme que ela te atende” – favor inserir aqui a voz esganiçada da intérprete da personagem, a comediante Sônia Mamed – o cantor cria coragem, “vamos ver se eu tenho uma chance, afinal, com esse telefone ela fala a hora que quer com o João Batista”, e vai sentar-se ao lado da senhora que está perto do aparelho telefônico, Salomé de Passo Fundo, personagem que Chico Anysio lançou no programa “Chico City”, a partir de uma ideia de Maurício Sherman, aproveitaram a coincidência do nome de Figueiredo com o do profeta bíblico que foi decapitado para colocarem uma professora primária do presidente, a gaúcha Salomé,  telefonando a todo tempo,  pedindo a cabeça do João Batista, a empregada fala para a patroa, “ô Dona Salomé...”, a patroa interrompe, “já sei que tem visita, Linda, só quero descobrir quem é, já pode ser do Geisel, pedindo arrego, ou Carlos Curt querendo vaga, pero, quem é vejamos, barbaridade, mas pelas brilhantinas do Francelino, pelo pintinho do Petrônio Portela, pelas orelhas do César Cals, pelas papadas do Delfim, és tu, Bebeto”, que responde, “sou eu mesmo, e eu, sei lá vim aqui para ver se a gente pode bater um papo”, Salomé se apressa em responder, “mas que dúvida, guri, claro que vai dar”, o Rei beija a mão de Salomé, “bah, guri, mas tu me arrepiou toda, Linda, se o João ligar, fala que eu não estou, saiba de ti que eu sei tudo de tua vida, sei de ti mais do que o Erasmo Carlos, tu és trilegal, alis, tu não és tri, tu és tetra”, Roberto prossegue, “muito obrigado, Salomé, mas eu vim aqui porque eu tenho um problema aí, sabe”, Salomé responde, “mas, tu tem ido a feira, tu tem precisado no Inamps, tu comprou casa pelo BNH, tens filho em escola pública” – o Rei diz que não – “mas então, o que tu tens feito de interessante???”, ele explica, “nada, mas sabe que a barra tá pesada para o músico brasileiro”, Salomé pede, “mas fala o que tu queres, somos íntimos, nós dois vivemos do disco, todos os dias do que tu vendes e eu desse disquinho” – ela aponta para o telefone – Roberto diz, “é justamente isso que eu queria falar pra você, cê sabe que o Brasil inteiro se liga nessa sua ligação do João Batista, e quem sabe você poderia dar um toque, sei lá, pedir para ele fazer alguma coisa pelo músico brasileiro”, Salomé fala, “mas é só isso que tu queres, mas é tão pouco, então tu consideres como conseguido, se tu quiseres eu ligo agora mesmo pro estádio e falo pro João”, o Rei pondera, “não precisa ser agora”, Salomé concorda, “nós temos mais tempo, pode ser, né, escuta, Bebeto, porque tu não me chama de Lady Laura”, Salomé faz um gesto com a mão e a luz da sala se apaga, “tu não me leve a mal, mas desde que o japonesinho do Geisel comprou a Light, eu gasto um mínimo de luz”, a empregada aparece, “Dona Salomé, quer que eu sirva um café”, a patroa responde, “bah, Linda, mas tu acha que eu vou perder essa chance, mas não agora, amanhã de manhã, mas se eu não perco a cabeça com o Betinho eu não me chamo Salomé” – alguns anos depois, Sherman convenceu Renato Aragão a fazer uma personagem que tinha sido empregada de Salomé e vivia ligando pra ela, Severina Passo Raso, sem contar que a professora de Passo Fundo ligou até para Dilma Rousseff, no especial “Chico e Amigos”, de 2001, sobre o especial, ele conseguiu reunir, com sucesso, uma amostra significativa do humor da Globo, depois de anos de censura, o governo militar tentava se esforçar para mostrar que levava as críticas e as ironias de boa, Chico e Jô chegaram a ser recebidos como Salomé e Sardinha pelo presidente Figueiredo e pelo ministro Delfim, o registro é ainda mais importante porque já se sabe que poucos programas do “Chico City” foram preservados, e embora haja muita coisa de “Os Trapalhões” nos arquivos, o humorístico não é mais reprisado, até do Canal Viva ele saiu da programação... Roberto Carlos anuncia, “dois músicos notáveis, João Carlos Martins e Arthur Moreira Lima”, ilustres torcedores da Lusa e do Pó-de-Arroz, o professor falou do piano de Maluf, Martins era amigo pessoal e chegou a ser secretário na gestão do doutor Paulo, Lima, num piano branco e Martins, num piano preto, tocam um arranjo de “Detalhes”, em seguida, a música é dedilhada na harpa da orquestra de Lages, e todos acompanham a canção na voz de Roberto, até ele voltar com a palhaçada para chamar o intervalo... Ops!!!... Em seguida ao “Voltamos a Apresentar” do “Espetáculos Minister”, Roberto Carlos diz, “a música e o verso são irmãos inseparáveis, a música e a poesia pra mim são como a própria vida, juntos ou separados, são uma coisa só, como as asas de um pássaro, para um voo mais alto, a arte maior, de Paulo Gracindo, Vera Fischer, Maria Bethânia, Francisco Cuoco e Dina Sfat”, palmas para os convidados, Roberto começa a recitar um poema de Fernando Pessoa, ou melhor, de seu heterônimo Álvaro de Campos,  “Detalhes” no piano ao fundo,  “os poetas são os caras que definem coisas que a gente pode sentir, mas quase nunca sabe dizer, por exemplo, as cartas de amor, todas as cartas de amor são ridículas, e não seriam cartas de amor se não fossem ridículas, é, mas eu também escrevi no meu tempo, cartas de amor como as outras, ridículas, mas afinal, as cartas de amor tem que ser ridículas, não é, não, tsc tsc tsc tsc tsc, pensando bem, só mesmo as pessoas que nunca escreveram cartas de amor é que são verdadeiramente ridículas, quem me dera o tempo que eu escrevia sem me dar por isso, cartas de amor como as outras, ridículas, mas na verdade, só mesmo as minhas memórias, as minhas memórias, várias dessas cartas de amor são verdadeiramente ridículas”, close no piano, e Roberto canta “Outra Vez”, agora o terno é preto, mas a flor na lapela é sempre vermelha... Francisco Cuoco comparece para recitar “Nu”, de Manoel Bandeira, “quando estás vestida, ninguém imagina os mundos que escondes, sob as tuas roupas, assim, quando é dia, não temos noção dos astros que luzem no profundo céu, mas a noite é nua, e, nua na noite, palpitam teus mundos, e os mundos da noite, brilham teus joelhos, brilha o teu umbigo, brilha toda a tua, lira abdominal, teus exíguos, como na rijeza, do tronco robusto, dois frutos pequenos, brilham, ah, teus seios!!!, teus duros mamilos!!!, teu dorso! teus flancos!!!, ah, tuas espáduas!!!, se nua, teus olhos ficam nus também, teu olhar, mais longe, mais lento, mais líquido, então, dentro deles, bóio, nado, salto, baixo num mergulho perpendicular, baixo até o mais fundo, de teu ser, lá onde, me sorri tu’alma, nua, nua, nua” – lembrando que Francisco Cuoco na novela “Os Gigantes”, era o médico Francisco Rubião, que disputava o amor de Paloma Gurgel, personagem de Dina Sfat, com o fazendeiro Fernando Lucas, vivido por Tarcísio Meira, dois gigantes que faziam jus ao título da novela, digo... Maria Bethânia, de vestido branco, canta “Grito de Alerta”, composição de Luiz Gonzaga Júnior, mais conhecido como Gonzaguinha, Vera Fischer, com a imagem duplicada na tela, parte para a declamação de “Ternura”, de Vinícius de Moraes, escrita no Rio de Janeiro em 1938, eu te peço perdão por te amar de repente, embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos, das horas que passei à sombra dos teus gestos, bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos, das noites que vivi acalentado, pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo, trago a doçura dos que aceitam melancolicamente, e posso te dizer que o grande afeto que te deixo, não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas, nem as misteriosas palavras dos véus da alma, é um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias, e só te pede que te repouses quieta, muito quieta, e deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora”, tendo como fundo musical uma canção do disco de 1979, “Desabafo”, que Bethânia acompanha quando Roberto canta “por que é que eu rolo na cama e você finge dormir???” - em “Os Gigantes”, Vera interpretava Helena, não confundir com a do Maneco, digo... Francisco Cuoco e Paulo Gracindo, de barba, cabelos curtos e óculos, bem diferente do visual do especial de 1974, dividem a recitação de “Cavalgada”, que Ronaldo Bôscoli escreveu com base na canção que Roberto compôs com Erasmo Carlos, supostamente inspirada numa música de Chico Buarque, Paulo César de Araújo, corre aqui, e lançou no disco de 1977, “ e tuas tranças serão as minhas rédeas, e meus beijos o teu açoite, galopa, fera, galopa, vamos rasgar esta noite, galope comigo, até que exausta, até que a manhã vista de estrelas, perseguidor e perseguida, a grande cavalgada noite adentro, é comprida, cansada cessa, acorda o dia”, close no oboé porque lá vai Roberto cantar, “vou cavalgar por toda a noite, numa estrada colorida”, e ainda bancar o astrônomo, “estrelas mudam de lugar”, repetindo empolgado os versos que falam em "perseguidor e perseguida"... Ops!!!... Dina Sfat, usando um vestido preto, com os ombros à mostra, declama “Soneto de Amor Total”, de Vinícius de Moraes, escrito em 1951 para a então “sócia” do poeta, Lila Bôscoli, “amo-te tanto, meu amor, não cante, o humano coração com mais verdade, amo-te como amigo e como amante, numa sempre diversa realidade, amo-te enfim, de um calmo amor prestante, e te amo além, presente na saudade, amo-te, enfim, com grande liberdade, dentro da eternidade e a cada instante, amo-te como um bicho, simplesmente, de um amor sem mistério e sem virtude, com um desejo maciço e permanente, e de te amar assim muito e amiúde, é que um dia em teu corpo de repente, hei de morrer de amar mais do que pude”, e após o close no violino, Roberto responde cantando “Seu Corpo”, do disco de 1975, o do cachimbo na capa, “no seu corpo é que eu encontro, depois do corpo o descanso, e essa paz infinita”, em seguida, o Rei canta “Olha”, também do álbum de 1975, e “Proposta”, de 1973, aqui sugerindo amar de madrugada, primeiro a patroa depois a empregada, não, pera – faz sentido, Dina era a protagonista de “Os Gigantes”, e precisava mesmo de um pouco de paz, pois como cantava o Doutor Renato na primeira versão de “O Casamento da Filha do Facêta” executada em “Os Trapalhões”, em 1979, o “Chico Coco” apertava muito a Paloma, digo... 






















Falando em Gigantes e em Trapalhões, Paloma cansou de ser apertada pelo Chico Coco e foi declamar Vinícius...













































O especial vai e volta do intervalo com a vinheta do palhaço patrocinada, eis então que o telefone toca numa sala com as luzes apagadas que não é a da Salomé, uma mulher que acaba de chegar, carregando um embrulho e vários livros, corre para atender a ligação que não é do Big Fone, porém não encontra ninguém na linha, a mulher é Cristiane Torloni, tirada do Doutor Renato pelo Rei no quarto de hotel do clipe “A Mamãe de Mamãe”, calça e blazer brancos, camisa vermelha, óculos, no musical dos Trapalhões ela usava bandana e vestido verdes, o embrulho era uma garrafa de champanhe que foi para o gelo conforme recomenda o tema de abertura de “Marrom Glacé”, ela acende as velas do jantar e sobe as escadas para chamar seu amado no quarto, porém encontra apenas um envelope e uma rosa vermelha, e a mulher precisa ler o bilhete, pois neste caso em particular as cartas não falam na Globo, “meu amor, infelizmente aconteceu mais um daqueles imprevistos” – ela sai do quarto e desce a escada – “fui resolver um negócio urgente, não me espere pra jantar, como é que foi seu dia no colégio, seus alunos estavam muito arteiros, beijos” – a leitura termina na mesa de trabalho da sala, bem na frente de uma parede repleta de fotos de Roberto Carlos, a mulher amassa o papel, joga fora, e como boa professora, vai corrigir as provas dos alunos, com um livro didático de Históris, de Borges e Hermida, embaixo das avaliações, taça de champanhe ao lado, a maior maré do Brasil acontece em São Luís, e a maré dela está baixa, só bebendo, Pero Vaz de Caminha, presente a expedição de Cabral, escreveu uma carta com as primeiras impressões do Brasil, resposta certa, ainda bem que era uma carta e não um bilhete, digo, o relógio toca, ela liga a televisão, close no trompetista, Roberto começa a cantar “Esta Tarde Vi Llover”, de Armando Manzanero, o telefone toca de novo, a mulher corre para atender, ninguém fala nada do outro lado da linha, ela desliga e fica pistola, “não vai falar nada não, é, bem, se você tá querendo saber, ele ainda não chegou, tá bom, não chegou, não chegou não!!!, tá legal”, despedindo-se da televisão ligada, “e já que a gente não se vê, buenas noches!!!”, dando meia volta para mandar um beijo e acrescentar, “qualquer dia a gente se encontra, tá???”, desligando o aparelho, pois ela também se preocupa com a conta da Light, Roberto enfim comparece de cachimbo na mão, perguntando onde seu bem estaria, o relógio toca novamente, o Rei observa a mesa posta para um jantar a luz de velas, percebendo que moscou, no meio da sala, um piano branco, close nas velas, ele vai encontrar ela no quarto, pensativa na cama, ele pergunta se ela está dormindo, ela responde à maneira do Saraiva, “agora não estou mais, você já me acordou”, levanta-se e vai sentar na frente da penteadeira, Roberto pede desculpas, foi sem querer, Cristiane responde, “te esperei até agora já pouco, depois fui dormir”, ela sai em disparada pelo quarto, de camisola preta, reclamando, “será que você tem que chegar tarde todas as noites???”, ele diz, “não é porque eu quero”, ela rebate, “decerto é porque eu quero”, oferecendo champanhe, ele não quer, “tô muito cansado”, ela quer, pois está muito nervosa, ele pergunta o que aconteceu, ela faz o Saraiva de novo, “acho que eu devia perguntar o que aconteceu”, o homem argumenta que está trabalhando, ela rebate, “eu também estou trabalhando, todos os dias, mas eu sempre acho um tempo pra você, um tempo pra gente, sabe, na minha mente tem um lugarzinho na minha cabeça, uma reserva, pras nossas coisas, pra gente”, Roberto responde, “eu sei”, Cristiane continua, “não, você não sabe não senhor, eu nunca deixei que o meu trabalho, interferisse na nossa vida, ah, tá legal que você acredita, e aqui tem outro negócio, não aguento ficar noites e noites esperando, essa pomba de telefone não para de tocar”, deixando o aparelho cair no chão, ele a segura pelos braços pedindo calma, ela se solta, “como eu posso ter calma???, como eu posso ter calma se eu tô te perdendo”, Roberto segura o rosto de Cristiane com as mãos, ela se afasta de novo, “não, eu tô te perdendo, você tá cada vez mais longe de mim, qual é, hein, os homens também gostam de mim, tá legal, eles dizem um monte de coisas bonitas”, ele corta, “eu sei disso, e eu digo também, você é linda”, ela retruca, “eu sou gente, gente é isso que você não tá entendendo, porque gente precisa de companhia, tá, mas nada, você não me entende, porque você só entende de show, de gravação, de fã, então você aproveita e fica com todos eles que eu enchi, eu enchi, pra mim chega, tá legal, não piora as coisas”, ele a abraça mais uma vez, “há uma coisa que você não tá entendendo, um detalhe importante que muda tudo, eu amo você”, ela faz o Chaves olhando para a Chiquinha depois de tirar a máscara, “pois não parece”, Roberto remexe o bolso do paletó, “eu tenho até uma surpresa pra você”, Cristiane não se convence, “uma passagem, pode guardar, eu já entendi tudo”, ele insiste, “uma passagem marcada para Londres”, ela não quer, “mas pra que eu quero ir pra Londres, eu já entendi, são compromisso, gravações, eu vou ficar jogada lá no canto numa gravadora, sozinha, eu fico aqui mesmo, obrigada”, o cantor confessa, “não, meu bem, dessa vez eu vou ter só três dias de gravações, nós vamos ter dez dias livres pra nós”, ela não acredita, “mentira, mentira, chega na hora muda tudo”, Roberto garante, “não, dessa vez vai ser diferente, arrumei dez dias pra nós, a gente pode ficar junto”, Cristiane continua sem acreditar, Roberto reafirma, “mas eu quero ficar com você”, ela pergunta por que, ele responde na lata, “é porque eu amo você”, ela pede, “repete”, ele diz outra vez, “é porque eu amo você”, ela quer mais, “de novo”, ele fala de novo, “é porque eu amo você”, ela desconversa, “não, eu não tô acreditando”, e agora a resposta é um beijo, daqueles de novela, beijo técnico, mas, enfim , depois de todo o drama, Roberto canta “Às Vezes Penso”, lançamento do álbum do ano – se toda essa novelinha parece familiar, Roberto Carlos separou-se da primeira esposa, Nice Rossi, exatamente em 1979, e não só apenas isso, se você tirar o diálogo novelesco do cantor com Cristiane Torloni, é a mesma situação retratada no clipe de “A Atriz” no especial de 1985, a diferença é que os papeis se invertem, quem fica em casa esperando é Roberto e quem está muito ocupada por razões de compromissos profissionais é a segunda mulher do Rei, a atriz Myriam Rios, pois é, não é... O palhaço vai e vem, Roberto Carlos ouve “Lobo Mau” no camarim, aproximando os fones de um dos ouvidos, mas desiste de escutar, close no quadro do cantor e seu cachimbo, Roberto vai até o espelho do camarim, “atenção, Roberto, cinco minutos pra você entrar em cena”, ele senta e acende um cachimbo, ouvindo a voz do filho, “pai, esse ano eu quero um kart de Natal”, sua pergunda, “cê sabe dirigir, Segundinho”, e a resposta de Dudu Braga, “é isso aí, bicho”, depois de uma tragada, o Rei reflete, “olha só, ontem mesmo era um garotinho” – se bem que na época do especial ele havia acabado de completar 11 anos de vida... O comentário é uma deixa para começarem uma retrospectiva dos especiais de Roberto, vide Segundinho encontrando-se com Garibaldo e Gugu da “Vila Sésamo” em 1974, Gugu chamando Garibaldo de “bicudo” e “denunciando” que Dudu pediu eles de presente, um registro raro, talvez o único vídeo ainda existente comprovando que nosso “Big Bird” era azul, pois a versão brasileira de “Vila Sésamo” foi toda gravada em preto e branco... Roberto sorri, pensando em outro momento do primeiro especial da Globo, o “videowall” rústico que apareceu quando cantou “Calhambeque”, suas divagações são interrompidas por Segundinho em pessoa, “que foi, paí, tá sonhando???”, ele confirma, “é isso aí, filho, são muitas lembranças”, e pegando uma taça reaproveitada do quadro com Cristiane Torloni, “um brinde a todos os que fazem a música popular brasileira”, assim voltamos a ceia de Natal do especial de 1976, “que tempo maravilhoso viveu essa gente cheia de adjetivos, Aracy de Almeida, o samba em pessoa, Carlos Galhardo, o cantor que dispensa adjetivos, Linda Batista, a rainha dos Carnavais, Moreira da Silva, o tal, Isaurinha Garcia, a dor de cotovelo, Orlando Silva, o cantor das multidões, essa gente importante, às vezes tão esquecida, mas que ajudou a obter, com lutas e sacrifícios, todas as nossas conquistas de hoje”, vitórias para que os nossos artistas, cantores e compositores não fossem simplesmente eternos poetas”, o Rei confessa que sentiu sua primeira saudade ouvindo “Fascinação”, de Carlos Galhardo, que ao seu lado canta a versão da música composta pelo italiano Dante Marchetti em 1904, a melodia também é atribuída a Maurice Ravel, o próprio, e que recebeu letra de Maurice de Feraudy no ano seguinte, sendo traduzida para o português por Armando Louzada e gravada por Galhardo em 1943 e novamente em 1957, depois da versão em inglês, “Fascination”, adaptada por Dick Manning, ter feito sucesso com Nat King Cole em 1954, Elis Regina gravou a música em 1976 e o SBT lançou a novela estrelada por Regiane Alves em 1998, um ano depois de ser gravada, ou como canta o Louco da turma da Mônica, “os sonhos mais lindos, sonhei, os mais doces, comi”... Depois do brinde da ceia, Roberto fuma mais um pouco o cachimbo e comenta, “me lembro como se fosse hoje, meu primeiro show num circo, nada eletrônico, só lona, lona e saudade”, ouvindo uma voz do passado, “bicho, consegui, os homens do circo toparam o show”, e seu próprio questionamento de então, “Dedé, e a grana”, além da resposta, “olha, cara, como eles acharam demais, eu deixei pela metade”, Roberto ri no camarim, em seguida aparece cantando “O Portão”, também no especial de 1976, fazendo o pingente enquanto passa o trem Budd Mafersa da Série 100 da antiga Santos-Jundiaí, hoje linhas 7 e 10 da CPTM, parte de uma frota adquirida entre 1956 e 1959 e que teve trens operando até 2018, já como Série 1100, “eu volto sempre com eles, pro meu portão, pra minha casa, pras pessoas que eu amo para os meus amigos” – cortaram a menção a banda RC7, que o acompanhava nos shows e também embarcou no vagão de luxo da antiga São Paulo Railway... Irmã Cecília, a primeira professora de Roberto, aparece no especial de 1978, que não foi exatamente um especial, para dizer que ele não tinha voz, ficando de fora dos teatrinhos da escola, mas não chateado, pois achava que era coisa de mulher (!!!), admitindo que ele gostou mais da irmã que lhe deu o medalhão e não se lembra dela, no camarim, Roberto sorri, “minha primeira professora, desconhecer você seria desconhecer minha própria infância”, que coisa, não... O Rei fica pensativo enquanto é mostrada sua viagem na barca que liga Niterói ao Rio, feita no especial de 1977, espécie de precursor do projeto "Emoções em Alto Mar", “eu queria ser como o João, cantar como o João, mas era uma barra, bicho, uma cidade grande paca, às vezes eu tinha medo, medo ou saudade, não me lembro bem, talvez os dois”, Roberto fuma o cachimbo e ouve a si mesmo anunciando, “e com vocês o meu amigo Erasmo Carlos”, corta para o abraço do Rei e do Tremendão na primeira apresentação de “Amigo”, em 1977, “esse foi um dia de grande emoção pra mim, emoção no silêncio desse abraço aí, muitas lágrima do meu amigo, meu amigo de fé, meu irmão, o camarada”  – momento mostrado pela terceira vez seguida nos especiais, “Amigo” quase desbancando “Eu Quero Apenas”... Roberto fala para o espelho do camarim, “o Ano Internacional da Criança foi a maior campanha que eu já realizei em toda a minha vida, jamais esquecerei da jornada tão maravilhosa” – entram imagens de Roberto desembarcando do jatinho da Líder, sob chuva, dando entrevista a um repórter posicionado na pista do aeroporto – “o programa do Ano 1 da Criança Brasileira, entre shows, doações, leilões, feira e gincana, conseguiu arrecadar cerca de 50 milhões” – na tela, imagens dos quadros leiloados e da gincana – “naturalmente isso é uma gota d’água num mar de problemas” – bebês recém nascidos e crianças carentes na tela – “ao findar aquela jornada, um momento difícil, a direção do programa me deu uma grande alegria”, Roberto pensa no show do Ibirapuera, quando recebeu os filhos no palco, depois de cantar “Fé” – comparando com a declaração dada pelo cantor, mostrada no final do especial de 1978, dá para notar que parte das doações prometidas não se concretizaram, Funabem, corre aqui... O Rei é avisado, “Um minuto para entrar no palco!!!”, ele levanta-se meio resignado, corta para o parque de diversões à noite, “A Montanha” na gaita, “a esperança tem vários significados, o mais próprio é Papai Noel”, que é como Roberto está vestido, ao lado de Segundinho, “os Natais mudarão, mas Papai Noel será sempre o mesmo, gordo, vermelho, barbudo para os puros, para nós que batalhamos pela infância, ele pintou em forma de esperança e música, Segundinho, música foi o maior presente que seu pai ganhou de Papai Noel, o meu Papai Noel é o seu avô” – essa cena é do final do especial de 1976, aquele que a bolinha da Globo, já na versão Hans Donner, encobriu pai e filho... Aparece a imagem do pai de Roberto, o relojoeiro Robertino Braga, o filho fala no palco, “meu querido, meu velho, meu amigo”, o cantor aparece apertando a mão do pai no palco, antes de começar a cantar exatamente “Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo”, lançada no álbum de 1979, “esses seus cabelos brancos, bonitos., esse olhar cansado, profundo, me dizendo coisas, num grito, me ensinando tanto, do mundo”, Robertino recebe beijos do filho e do neto, entram cenas em sépia de Cachoeiro do Itapemirim, do especial de 1974, “não se esqueça de Cachoeiro, meu filho, lembre-se sempre da tua cidade, nós te queremos muito, quando você for para a cidade grande, você será o maior cantor do Brasil”, mais Cachoeiro em sépia, “quando você deixar seu Cachoeiro, não se esqueça de escrever, já arrumou a mala, filho???”, mais um beijo de Roberto e Roberto Segundo em Robertino, as fotos da infância e da adolescência do Rei, do especial de 1977, “Casa Onde Nasceu Roberto Carlos”, hoje museu na cidade capixaba – Robertino Braga saiu de cena poucos dias depois da exibição do especial, em 26 de janeiro de 1980... Depois da emoção e do intervalo, tautismo, câmeras, ônibus de externa, caminhões com geradores, peruas Kombi e as Veraneio usadas como Unidades Portáteis de Jornalismo (UPJ) da Globo, quase todos pintados de prateado, desfilam pela tela, narra Roberto Carlos, “em televisão, a Globo ganhou para o Brasil mais um campeonato mundial, aos 15 anos de idade e jogando no campo do adversário, ela ganhou três grandes prêmio” – uma câmera é montada para a transmissão de um show enquanto o público comparece na arquibancada tubular – “o Sítio do Pica Pau Amarelo de Monteiro Lobato foi o primeiro programa a ser recomendado internacionalmente, pela Unesco” – uma faixa de saudação em inglês abre o desfile de uma escola de samba, “Globo TV Network of Brasil Presents” – na Espanha, “Malu Mulher” ganhou o prêmio de melhor série dramática do ano” – o desfile continua, “Salute to Brasil” – “e em Nova Iorque, a Academia de Artes e Ciências de Televisão considerou a Globo como a melhor emissora de televisão do mundo” – o prêmio Salute, concedido pela mesma instituição que organiza o Emmy, foi entregue a Roberto Marinho em 5 de março de 1979 nos Estados Unidos, três anos depois do diretor da Globo ganhar o prêmio honorário de Personalidade Mundial da Televisão, o primeiro Emmy da Globo, que Roberto voltaria a receber em 1983 e o filho Roberto Irineu Marinho, seu sucessor no comando da emissora, conquistaria em 2014, o primeiro programa global a conquistar o Emmy foi o especial “Vinícius para Crianças: A Arca de Noé”, na categoria “Popular Arts”, em 1981, o filme “Salute to Brazil” tomou emprestado o nome do prêmio para apresentar a Globo na premiação em Nova Iorque, hoje a produção na íntegra, pode ser considerada uma “lost media”, no site “Memória Globo” consta apenas a matéria do “Jornal Nacional” com a reportagem de Hélio Costa, correspondente nova-iorquino do canal, sobre a entrega do prêmio, falando em mídias perdidas, o corte no começo deixou o especial com menos cara de propaganda da Globo para o público do Viva que não conhecia o programa... Close no piano de Eduardo Lages, Roberto Carlos canta “For Once In My Life”, a mesma canção do dueto com Freddy Cole no especial anterior e que gravou em 1979,  mais uma reflexão do Rei enquanto são mostradas imagens aéreas das praias cariocas, “quantas árvores foram assassinadas em nome do progresso, as flores foram esmagadas pelos tratores, seu fiiho já viu um passarinho colorido fora da gaiola, um peixe de prata saltando no meio do mar azul, tudo isso em nome do progresso, não, positivamente eu não me convenço, sou contra, e vou continuar sendo e combatendo, minha arma é meu canto”, e Roberto vai para as pedras na beira-mar interpretar “O Ano Passado”, do álbum de 1979, “o mar quase morre de sede no ano passado, os rios ficaram doentes com tanto veneno, diante da economia, quem pensa em ecologia, se o dólar é verde é mais forte que o verde que havia, o que será o futuro que hoje se faz, a natureza as crianças e os animais???, quantas baleias queriam nadar como antes, quem inventou o fuzil de matar elefantes???, quem padeceu de insônia, com a sorte da Amazônia, na lei do machado o mais forte do ano passado” –  Ricardo Salles, corre aqui... O palhaço chama mais um intervalo, na volta, Roberto Carlos vai de terno cinza no cenário do arco-íris, o mesmo onde brincou de ser maestro imitando o Bozo, a flor é sempre vermelha, para cantar mais um lançamento do disco ano, a romântica “Me Conte a Sua História”, de Carlos Colla e Maurício Duboc, os próprios - no final o especial ficou bem parecido com as edições mais recentes, que praticamente se resumem a um show onde, entre grandes sucessos, Roberto canta as músicas do novo disco... Corta para a Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro, close na cruz, o Rei se pronuncia, “nosso Pai tem muitos nomes, e em uma das minhas composições eu o chamei de O Homem, meu guia, minha luz, minha luta e meu caminho, e desde meu começo sigo minha trilha” – foca no medalhão – “e peço a ele, o Homem que esteja sempre com todos nós, no nosso peito, em nosso coração, em todos os lugares”, e  vai cantar “O Homem” no altar, em meio aos vitrais da nave cônica da igreja carioca, projetada em estilo moderno pelo arquiteto Edgar de Oliveira da Fonseca, inaugurada em 18 de julho de 1979, muito familiar para quem acompanhava o programa “Santa Missa em seu Lar” - desta vez, a flor na lapela é branca...  A música termina, imagens de fogos de artifício no céu fundindo-se com a vinheta dos 15 anos da Globo, corta para o helicóptero da Vortec, o piloto pousa a aeronave, conversa na rua com um padre, cigarro e revista na mão, não consegue fazer seu truque com cartas, a mulher acha graça, um cigarro antes de colocar a gravata-borboleta, risos no bar, um dardo é arremessado, um casal se beija em imagens granuladas, “só Minister tem o sabor justo, exato, completo, resultado exclusivo dos fumos Souza Cruz” – o piloto volta ao helicóptero e não se importa em acender um cigarro na cabine (!!!), quem sabe o que quer, quer Minister”, só então entram os créditos de encerramento do especial –  a Souza Cruz era a maior anunciante na mídia brasileira da época, a trilha do comercial é a mesma das vinhetas de “Estamos Apresentando” e “Voltamos a Apresentar” do programa, deu até para esquecer que a propaganda de cigarros na televisão é proibida no Brasil desde o ano 2000, que coisa, não... No encerramento, estão de volta as imagens de torres de transmissão, centrais técnicas e de Roberto Carlos fazendo palhaçada, ao som do tema de abertura arranjado por Eduardo Lages, e a realização do programa é creditada ao Sistema Globo de Shows, agora vai, digo...












































No momento "Festa da Firma", Roberto cita prêmios da Globo no exterior, mas onde está "Salute to Brazil"???...


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