Doutor Amaury fez questão de colocar um boné para combinar com o articulado da Metra que roda no ABC... |
“Eu não sou adepto do hobby, só tiro foto de ônibus”... Essa é uma frase muito citada por aficionados de ônibus na internet... Com o propósito de distanciar-se das controvérsias existentes no meio... Mas o fato é que na festa do ônibus do Brasil, realizada no último domingo no Pacaembu, havia muita gente fotografando e filmando... Seja com câmeras amadoras, profissionais ou telefones celulares... Uma exposição como essa é a chance de fazer registros sem os percalços de quem clica os ônibus pelas ruas... Entretanto, o comparecimento de tantos fotógrafos não é uma garantia de que essas fotos serão divulgadas... Antigamente, quando as câmeras usavam filme de rolo e o número de poses era limitado inclusive pelas condições financeiras dos fotógrafos, isso era até compreensível... Hoje, no entanto, estão aí a internet e as redes sociais para difundirem as imagens... Mas o que menos se vê são os registros de mostras como a realizada na Praça Charles Miller, na região do Pacaembu... É comum nesse tipo de exposição ver pessoas fazendo malabarismos e se arriscando para fazer imagens que ninguém vê... Os chamados “bozós”, nada a ver com o funcionário da Globo, e nem com o palhaço Bozo, embora adorem fazer a maior “Bozolândia” por onde passam... E quando vão para a web, as fotos são publicadas em fóruns ou grupos fechados, o que restringe muito a sua visualização... Aqui entra uma questão que provoca muitas discussões entre os aficionados... O roubo de fotos... Imagens que são “kibadas” mesmo que o fotógrafo tenha colocado uma marca d’água para deixar claro quem é o autor... A foto corre o risco de ter a marca apagada e ser republicada como sendo de outra pessoa... O receio acaba impedindo as pessoas que não tiveram condições de comparecer pessoalmente de conhecer os ônibus que estavam expostos na festa... Entre esses que fotografam para si e não socializam, está a turma das selfies... Cuja maior preocupação é satisfazer o próprio ego fazendo fotos com os ônibus – seja na frente deles ou sentados no banco do motorista... No máximo, elas são enviadas na surdina pelo Whatsapp ©, como se fossem “nudes”... Doutor Amaury colocou um boné só para fazer isso... Uma foto com o articulado da Metra, digo... E olha que em alguns casos são pessoas que ficam inibidas de fazer fotos de rua, receosos das broncas dos condutores... Ou então fazem registros muito distantes, com o ônibus perdido na paisagem... Ficam envergonhados até de dar um corte na foto... Algo que os “smartphones” permitem, além de contarem com editores de imagem que dão aquele talento no seu ônibus preferido...
Como bom "miguelito", Teixeirinha é um profundo conhecedor da arte de "cebolar" fotos de ônibus... |
Quem fotografa ônibus tem de lidar constantemente com os “cebolas”... Que são aquelas pessoas que “cebolam”, ou seja, se introduzem nas imagens... A presença de um “cebola” pode ser a diferença entre você conseguir fotografar o Svelto da Benfica de Barueri ou o Apache Vip II da Del Rey de Carapicuíba e a câmera de seu “smarphone” desligar por motivos de superaquecimento, o que é comum em dias de sol forte como o domingo em que aconteceu a festa... Maldito chip, digo... Teixerinha, por exemplo, é o típico “miguelito”... Que é um “cebola” instintivo... Sem perceber, ele já está enquadrado pela câmera bem em frente ao Comil Condottiere da Auto Viação Cambuí ou do Busscar ElBuss 320 da Ralip... A solução para não comprometer a foto, evitando o trabalho de apagar a imagem – no tempo da câmera de filme, o prejuízo é bem maior – basta chamá-lo... “Miguelito!!!”... Um tipo crônico de “miguelito” é o “barata tonta”... Que fica zanzando de um lado para o outro, mas sempre na frente do ônibus... Problema que é mais sério no caso dos articulados da Metra ou da Santa Brígida... Complicado também é o “cebola consciente”... Aquele que percebe que a pessoa está fotografando o BYD a bateria da Gato Preto ou o trólebus Millenium BRT da Ambiental e não sai da frente do ônibus... O jeito é ser paciente ou pedir com educação para o “cebola “ sair... Ainda que numa exposição como a do Pacaembu alguns veículos reúnam dezenas de pessoas ao seu redor, como os “double-decker” da Eucatur, Garcia e Planalto... Que por permitirem a visitação em seu interior, eram muito concorridos... Nem um avião despertaria tanto interesse... Uma variação do “cebola consciente” são os “alisadores”... Em geral, condutores de ônibus, com a grande responsabilidade de trazerem os ônibus das empresas e cuidarem deles durante o evento... Seu excesso de zelo em certos momentos faz com que fiquem ajeitando o retrovisor ou abrindo a tampa do motor na hora que os visitantes da mostra vão fazer fotos... Talvez seja um reflexo do receio que alguns motoristas tem de fotos de rua, imaginando que aquilo possa ser um tipo de fiscalização ou reportagem investigativa... Nesse caso, um pedido para ele deixar que o carro seja fotografado – ou uma foto dele com o veículo, com os “smartphones” dá para mandar pelo Facebook © ou Whatsapp © – resolvem a questão... Afinal, se eles estão na exposição é porque têm orgulho do que fazem e dos veículos que conduzem...
No volante de um Caio Gabriela, um revival do filme "Chico Melancia a 300 Quilômetros por Hora"... |
Nem todos os visitantes da exposição fazem fotos dos ônibus... Alguns são o que se pode chamar de “tateadores”... O importante para eles é sentir os veículos, passar a mão em sua carroceria, entrarem, percorrerem o salão, sentarem nos bancos, no assento do cobrador e no banco do motorista, imaginarem-se conduzindo os carros... Enfim, uma experiência sensorial para ficar gravada na memória... Sim, eles também “cebolam” as fotos, mas não de forma ostensiva como os “miguelitos” e os “cebolas conscientes”... A categoria dos “tateadores” inclui os “sábios”... Que são os guardiões da “história oral” dos ônibus... Eles explicam como funcionava o câmbio do Caio Gabriela II da Santapaula ou as qualidades da suspensão dos “Flecha Azul” que pertenciam à Cometa... O internauta Chico Melancia, embora tenha uma predileção em fotografar detalhes dos veículos – então é por isso que ele investiu numa câmera na “Black Fraude” – também é um “tateador sábio”... Sem contar a social que ele faz dentro dos ônibus da exposição com seus velhos companheiros de “hobby”... Nesses momentos em que passado, presente e futuro dos transportes públicos são assuntos para longos bate-papos, Melancia tem a inseparável companhia do Doutor Kenji... Que sempre faz muitos registros nas exposições e nas viagens que faz, mas na festa teve seu momento “tateador”, conferindo as saídas de ar-condicionado do BYD da Gato Preto ou posicionando-se como se fosse o cobrador do Millenium BRT articulado da Santa Brígida... Que ele não saiba que uma mulher dirigia o ônibus... Ops!!!... Encontrar essa variedade de tipos não seria possível sem os esforços da organização... Que ia de lá para cá, com “walkie-talkie” na mão, cuidado para que os ônibus ficassem posicionados da melhor forma possível para serem registrados na região da Praça Charles Miller... Também colocaram no vidro frontal dos veículos cartazes com informações sobre ano, modelo, motor, empresa e curiosidades a respeito de cada carro exposto... Não faltou nem o famoso “SoNoL” dos ônibus articulados... Isso sem contar a supervisão do tour realizado no percurso entre o Terminal Rodoviário Tietê e o Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho e os passeios com alguns dos ônibus expostos... Só não conseguiram evitar que carros de passeio passassem no meio da exposição, tornando a visita arriscada para os pedestres, mas isso era questão para outro departamento... O que era da alçada deles foi excelente...
Todos os aspectos do ônibus chinês interessam ao Doutor Kenji, inclusive a saída de ar-condicionado... |
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