A cena que resume a campanha eleitoral deste ano em São Paulo aconteceu na noite do último dia 23 de setembro, no final do debate entre os candidatos a prefeito da capital paulista promovido pelo podcast Flow no Clube Sírio, em São Paulo... Os envolvidos são o publicitário Carlos Eduardo Lima, o Duda, marqueteiro da campanha do prefeito Ricardo Nunes, candidato à reeleição pelo MDB, apoiado por uma coligação de dez partidos, o que lhe garantia o maior tempo no horário eleitoral, e o videomaker Nahuel Medina, membro da equipe do candidato Pablo Boçal, do PRTB, que não tem tempo no rádio da televisão e usava a participação nos debates para replicar ataques aos adversários com cortes na internet... Quando Boçal estava fazendo suas considerações finais, chamou Nunes de “bananinha” e mesmo advertido pelo mediador do debate, o jornalista Carlos Tramontina, reclamou que o concorrente José Luiz Datena, do PSDB não tinha sido advertido e teve o áudio cortado, quando teve permissão para voltar a falar, disse que o prefeito ia ser preso, “isso não é uma ofensa, ele vai ter que ouvir”, voltando a ser advertido, com Tramontina alertando que em caso de novas ofensas, o candidato do PRTB seria expulso do debate, mesmo faltando 30 segundos para terminar seu tempo, Boçal insiste, volta a usar o apelido “bananinha” para Nunes, e diz que ele será preso pela Polícia Federal, o que leva o jornalista a expulsar o candidato 16 segundos antes do fim de sua intervenção... Nesse momento estava ocorrendo uma discussão entre integrantes das equipes de Boçal e Nunes no estúdio onde era realizado o debate, Medina teria ironizado Duda, “o marqueteiro que manda”, e o publicitário teria dado um tapa no celular do videomaker, o qual buscava os cortes para difundir sua versão do ocorrido, e que em seguida deu um soco em Duda Lima, rompendo seu supercílio e fazendo o rosto do publicitário sangrar, ao mesmo tempo que provocou um descolamento no vítreo do olho, e o videomaker teve as roupas rasgadas pelo advogado do candidato do PRTB, Tássio Renan, uma prática habitual de agressores para alegar que agiram em legítima defesa e evitar condenação judicial, e tanto o marqueteiro quanto o videomaker foram registrar queixa na delegacia... Quando o horário eleitoral começou, no dia 31 de agosto, a candidatura de Pablo Boçal estava em franca ascensão, com base na estratégia de direcionar nos debates discursos caluniosos aos concorrentes, num espaço em que a princípio não deveria estar pela mesma limitação do número de parlamentares existente para o horário eleitoral, falas que eram difundidas nas redes sociais por meio de cortes pagos pelo próprio candidato, o que motivou a suspensão de suas contas no Instagram ©, X ©, TikTok © e Youtube © e de seu site pessoal em 23 de agosto, a punição mais efetiva ao candidato em toda a campanha, decretada pela Justiça Eleitoral a pedido do PSB, partido de Tabata Amaral, já que o TRE optou por não impugnar a candidatura, apesar das provas de irregularidades, e que na prática só fez com o que os “bots” a serviço de Boçal ocupassem as redes sociais de Tabata de tal forma que o Instagram © começou a sugerir emojis com a letra M e o número 28 nas seções de comentários das postagens da concorrente do PSB... Por essa e outras razões, responder a Boçal era uma temeridade, pela simples razão de que expor um candidato sem tempo de rádio e televisão na propaganda eleitoral acabaria por aumentar a visibilidade de seu nome, a campanha de Guilherme Boulos ensaiou uma resposta na Justiça quando o candidato do PRTB o chamou de “comedor de açúcar” no debate da Band, em 8 de agosto, incluindo o gesto de colocar o dedo no nariz para reforçar a insinuação leviana de que o concorrente é viciado em cocaína, porém hesitou em fazer o mesmo no horário eleitoral, devido ao candidato ter dado um tapa numa carteira de trabalho mostrada por Boçal num debate realizado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, portal Terra e Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) alguns dias depois, em 14 de agosto, mesmo que a acusação não se sustentasse, baseada em um processo por porte de drogas em nome de um homônimo do candidato, Guilherme Bardauil Boulos (o nome completo do candidato é Guilherme de Castro Boulos) informação revelada pelo portal Metrópoles em 28 de agosto, Boçal insistiu na acusação na antevéspera da eleição, apresentado um laudo falso num podcast, e cuja postagem na internet foi retirada por exigência da Justiça Eleitoral, também havia hesitação na campanha de Ricardo Nunes, com medo de turbinar ainda mais os números do adversário e perder para ele seu principal apoiador, o ex-presidente Jair Bozo... Quem furou a bolha foi Tabata Amaral, vítima da acusação mais injuriosa de Pablo Boçal, feita no podcast da revista “IstoÉ”, em 4 de julho, de que teria abandonado o pai, viciado em álcool e crack, para estudar nos Estados Unidos dias antes dele tirar a própria vida (na verdade ela e recebeu a notícia da aprovação na Universidade de Harvard), em 23 de agosto, a candidata do PSB publicou um vídeo, depois exibido no horário eleitoral usando uma jaqueta de couro preta, num cenário à meia-luz, mostrando num quadro notícias sobre o crime de fraude bancária que Boçal foi condenado em 2010, ao qual recorreu até a prescrição da sentença em 2019, das investigações feitas pela Polícia Federal em 2023 sobre falsidade ideológica, apropriação indébita e lavagem de dinheiro durante a campanha eleitoral de 2022, onde foi eleito deputado federal e teve a candidatura impugnada por irregularidades no registro, e por fim, as declarações de que criou uma comunidade virtual para difundir cortes de ataques aos adversários nos debates, apontando que a provável origem dos recursos é o crime organizado, marcando fotos dos envolvidos... A peça não era original, um mês antes antes, em 22 de julho, a vereadora Luna Zarattini, candidata a reeleição pelo PT, postou um vídeo nas redes sociais com a mesma cenografia e estética, onde apontava o “jogo de cartas marcadas” da política paulistana, relacionando Boçal e o prefeito Ricardo Nunes com seus apoiadores, ainda assim, o impacto do vídeo foi grande, mesmo tendo agregado uma imagem raivosa a Tabata, fez com que a campanha de Nunes colocasse no horário eleitoral duas peças similares, uma num cenário iluminado, onde uma mulher de meia-idade (vagamente parecida com Sônia Abrão na juventude), vestida informalmente, lia notícias com acusações contra o candidato do PRTB em frente a um quadro sobre o candidato, e outro, intitulado “A Verdade dos Fatos”, em que a delegada Vanessa Guimarães, da Polícia Civil, explicava o processo de fraude bancária em que Boçal foi condenado... Não há dúvida que o horário eleitoral freou a subida de Boçal, e o “timing” da reação da campanha de Ricardo Nunes foi quase perfeito nesse caso, também ao encorajar o engajamento de um de seus principais apoiadores, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que apareceu fazendo elogios a Nunes, um feat. no programa temático do candidato sobre segurança pública, “o crime aqui não vai ter vez” (mesmo vídeo em que o candidato a vice indicado pelo Bozo, Coronel Mello Araújo, fez uma de suas únicas aparições no horário eleitoral), mas principalmente mostrando números de pesquisas que reforçavam seu ponto de que "o Pablo é a porta de entrada do Boulos", uma indireta citando uma expressão comum nas campanhas contra o consumo de drogas, um esforço para continuar a ser o nome da direita nas eleições presidenciais de 2026, até o ex-presidente Bozo, inelegível até 2030, mostrou as caras, apresentando os candidatos a vereador do PL, junto com sua esposa, Michelle Bozo, sem o logo da campanha do prefeito, porém é melhor do que uma adesão oficial do partido do ex-presidente e de sua família ao candidato do PRTB, o que poderia causar o derretimento de Nunes e tornar irreversível a vitória de Boçal, também porque passaria a ter o apoio da mídia empresarial, um risco que, alis, o prefeito ainda corre, mesmo com as declarações contraditórias do Bozo, ora criticando, ora elogiando Boçal, no fundo uma precaução para manter um pé em cada campanha, independente do resultado, pois ele elogiou Nunes numa live do candidato a vice que indicou , depois do fim do horário eleitoral... Nesse cenário de estagnação, a cadeirada aplicada por José Luiz Datena em Pablo Boçal, no debate da TV Cultura, em 17 de setembro, basicamente inviabilizou a candidatura do próprio Datena, enquanto Tabata Amaral, ao reforçar as críticas à Nunes, Boulos e Boçal, enveredou por uma terceira via que, na conjuntura brasileira, só tira votos da esquerda e os entrega de bandeja à direita, estratégia revista no fim da campanha, que passou a ser centrada na figura da candidata, com resultados positivos, um pouco inflados pelos candidatos de direita e pela mídia hegemônica pelo potencial tirar votos de Guilherme Boulos e levar a um segundo turno com os candidatos de direita do MDB e do PRTB, mas, enfim... Cabe ressaltar que mesmo com Boçal estacionado nas pesquisas, a diferença para os principais concorrentes, Boulos e Nunes, permaneceu pequena, dentro das margens de erro, refletindo a continuidade da divisão do eleitorado observada nas eleições presidenciais de 2022, causada, entre outros fatores, porque Jair Bozo e apoiadores conseguiram normalizar a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023, fazendo ela parecer parte do jogo democrático (o que nem de longe é, bem como os atos anti-democráticos promovidos em defesa dos golpistas), ajudados pela mídia hegemônica, que comprou a ideia para ter um adversário viável contra o PT a quem apoiar em 2026 e pelo fato dos cabeças do movimento não terem sido punidos... A curta distância entre os líderes das pesquisas mantida até a última semana de horário eleitoral, com os três candidatos alternando-se em primeiro lugar conforme o instituto que realizava o levantamento, menor ainda nas pesquisas espontâneas, com a agravante de que o número de indecisos é muito maior, ganhou ainda mais relevância porque na reta final da campanha aumenta a influência das redes sociais, o reduto de Pablo Boçal, isso numa eleição que costuma ser de chegada, com mudanças no eleitorado que não são captadas pelas pesquisas antes da votação, como nas vitórias de Jânio Quadros e Luiza Erundina em eleições sem segundo turno, em 1985 e 1988, ou no primeiro turno de 2004, em que os levantamentos mostravam José Serra, do PSDB, e Marta Suplicy, do PT, empatados, e nas urnas o tucano teve uma vantagem de quase 10% dos votos, ou ainda em 2012, quando Fernando Haddad estava em terceiro lugar 15 dias antes da votação, e também em 2016, ocasião em que as pesquisas apontaram o crescimento de João Dória, do PSDB, mas não a sua vitória no primeiro turno... Um movimento que acabou desencadeado pelo próprio Nunes ao trazer para o horário eleitoral o senador Marcos Pontes, do PL, que elegeu-se em 2022 contrariando as tendências das pesquisas, num cenário de pouca definição do eleitorado e muita pressão das redes sociais, impulsionada pela ideia do Bozo de ter maioria no Senado para reduzir os poderes do STF, e principalmente com os vídeos sobre a agressão da equipe de Boçal... Acontece que nesse momento, o "timing" era outro, desfavorável a exposição de um concorrente estagnado nas pesquisas, assim as peças deram novo fôlego a campanha do candidato do PRTB, exatamente no momento mais promissor para sua campanha , e ele voltou a subir nas pesquisas, roubando, sem alusões aos presentes, votos do prefeito, que também colocou no ar um pronunciamento, supostamente em seu gabinete, ainda lutando contra o desconhecimento de parte do eleitorado, mas tambem com um incômodo traço de "já ganhou", e apareceu com a esposa num vídeo sobre hospitais veterinários, para desviar o foco da queixa de agressão, porém chamando mais atenção para o caso... Na antevéspera do pleito, Boçal voltou suas baterias contra Boulos, apresentando no podcast Inteligência Ltda. um laudo médico de 2021 que recomenda a internação do hoje candidato do PSOL por uso de cocaína, um documento falso, de uma clínica dirigida por um apoiador do concorrente do PRTB, que teve o nome escrito errado, assinado por um médico morto em 2022 que nunca trabalhou na clínica, e com um número de RG diferente do de Boulos, embora a Justiça Eleitoral tenha determinado a exclusão da postagem do laudo falsificado das redes sociais, a manobra busca tirar proveito da velocidade com que informações falsas são espalhadas pela Internet, mesmo com o desmentido, evidenciando a necessidade de uma regulamentação que nunca acontece, no caso de Ricardo Nunes, a esperança era de que os candidatos a vereador dos dez partidos que o apoiam garantam sua ida ao segundo turno, por mais que alguns deles tenham aderido a Marçal, e Guilherme Boulos apostava na mobilização de rua, vide caminhada com o presidente Luis Inácio na região central... A situação está ficando mais difícil para o horário eleitoral com as restrições legais à participação dos partidos, em São Paulo, apenas quatro candidatos a prefeito tiveram tempo no rádio e na televisão, Guilherme Boulos, do PSOL, José Luiz Datena, do PSDB, Ricardo Nunes, do MDB, e Tabata Amaral, do PSB... A cláusula de barreira, que exigia do partido cinco parlamentares no Congresso, providencialmente tirou Pablo Boçal, do PRTB, da propaganda eleitoral obrigatória, porém impediu os eleitores de saberem mais sobre outras candidaturas, como a do experiente ex-deputado Bebetto Haddad, da DC (Democracia Cristã), e a da economista Marina Helena, do NOVO, duas opções de voto para o eleitorado de direita, e as de Altino Prazeres (PSTU), João Costa Pimenta (PCO) e Ricardo Senese, da UP (Unidade Popular), todos representando partidos de esquerda que costumam enriquecer a propaganda eleitoral graças a seu discurso crítico... Os candidatos a prefeito tinham direito a duas inserções diárias de 10 minutos, às 13 horas e às 20h30, no entanto, mais da metade desse tempo, 6 minutos e 35 segundos estava reservado à candidatura de Ricardo Nunes, devido ao apoio de dez partidos, na verdade, oito e uns quebradinhos, em razão das hesitações do PL, leia-se, do ex-presidente Jair Bozo, em apoiar Nunes, apesar de ter indicado pessoalmente o vice da chapa, o coronel da PM Mello Araújo, e do apoio extraoficial dos candidatos a vereador do União Brasil (UB) ligados ao Movimento Brasil Livre (MBL) a Pablo Boçal, mas, enfim, os candidatos a vereador ficam dispersos nos intervalos comerciais da programação entre 5 e 23 horas, e houve um momento onde pensamos seriamente em incluir na disputa pelo prêmio os candidatos “fake” da campanha publicitária de dois Whopper por 25 reais do Burger King ©... E no fim das contas, foram os candidatos a vereador que garantiram a pequena vantagem que levou Ricardo Nunes e Guilherme Boulos ao segundo turno, deixando Pablo Boçal de fora, apesar de ter alguns candidatos a vereador de renome, como Livia Fidelix, herdeira do fundador do PRTB, o ex-vereador Souza Santos e Flavius Ruggiero, ganhador de nosso prêmio pelo inigualável “slogan”, “AIOU, FLAVIUS!!!”...
MELHOR CAMPANHA PARA PREFEITO – Tabata Amaral (PSB)
Uma campanha excelente, que poderia ter sido ainda melhor, a identificação do público com a origem da candidata foi bem ressaltada, no “slogan” “Chegou a vez da periferia”, num vídeo em que Tabata aparecia em um gabinete colocado na laje de uma casa na favela e em outro onde caminhava por bairros ricos e pobres, evidenciando as desigualdades sociais, apesar da ideia do “keep walking” ser visivelmente inspirada na campanha de Fernando Haddad para prefeito em 2012... Porém, o cenário do programa era poluído, carregado das cores da campanha, o azul e o laranja, um problema melhor resolvido no fundo onde falavam os candidatos a vereador, a imagem de uma favela em hora crepuscular, e não houve a mesma ênfase no exemplo que a trajetória de estudos de deputada federal representa para o eleitorado jovem (e para as crianças e adolescentes que não votam, porém influenciam a escolha dos pais e parentes próximos...), apesar das propostas para a área educacional, como ensino integral, mais aulas de inglês, intercâmbio no exterior e principalmente extensão do Pé de Meia, benefício do governo federal concedido aos estudantes do ensino médio, criado a partir de um projeto de lei apresentado pela própria Tabata, aos alunos do nono ano do ensino municipal... Porém, a obrigação de responder aos ataques de Pablo Boçal, dos quais teria pedido desculpas no debate da Cultura, em 17 de setembro, junto com a jaqueta preta que usou em vários vídeos da campanha, criaram a imagem de uma candidata raivosa, postura que o eleitorado conservador (o mesmo que apoia aumento de salário para guardas municipais, mas não para professores) costuma apreciar em homens, mas não em mulheres, num giro de 360 graus em relação às críticas levianas que infantilizam a concorrente por não ser casada, não ter filhos ou ter voz de criança... Depois da cadeirada, também acontecida no encontro da TV Cultura, a candidata adotou um discurso de “terceira via”, criticando ao mesmo tempo Guilherme Boulos, Pablo Boçal e Ricardo Nunes, uma postura difícil de sustentar, apesar do apoio de um político reconhecidamente centrista, o Ministro do Empreendedorismo, Márcio França, marido da candidata a vice, Lúcia França, porque o PSB, além de ser a agremiação do vice-presidente Geraldo Alckmin, que fez algumas aparições no horário eleitoral, faz parte da base aliada do Luis Inácio, sem contar que terceira via no Brasil é criticar a esquerda e fornecer argumento para a direita, em especial às vésperas das eleições, quando as redes sociais são tomadas por um surto de antipetismo patológico... Felizmente, o posicionamento mudou na reta final da propaganda eleitoral, com imagens da campanha de rua, algumas na companhia do próprio Alckmin, e propostas na área da proteção animal, alguns analistas a direita até acreditaram que ela tiraria votos de Boulos, não para comparecer no segundo turno (a ideia “cirista” de ganhar na segunda rodada sem ter passado da primeira...), mas para tirar o candidato do PSOL dele...
PIOR CAMPANHA PARA PREFEITO – José Luiz Datena (PSDB)
A primeira campanha eleitoral que o apresentador de TV e jornalista José Luiz Datena levou até o fim será lembrada pela cadeirada que deu em Pablo Boçal no debate da TV Cultura, em 17 de setembro, o que não significa que sua passagem pelo horário eleitoral tenha sido memorável, muito pelo contrário... O tempo era pouco, os recursos também, tudo apontava para a fórmula singela porém eficaz de um cenário simples combinado a um discurso fortemente indignado, conceito que Enéas Carneiro, do PRONA, lançou em 1989, e José Maria de Almeida, presidenciável do PSTU, tornou menos acelerado e mais crítico... O problema é que no início do horário eleitoral, Datena aparecia a frente de um fundo chapado cinza, com a câmera se aproximando, conforme o candidato ia fazendo um discurso personalista, meio messiânico, numa inflexão de voz não muito diferente da que usa no “Brasil Urgente”, uma estratégia mais adequada, ou nem tanto, a um candidato a vereador... Alis, embora a cenografia de Datena tenha mudado, o visual da campanha para vereador continuou preso ao cinza, enquanto o candidato a prefeito tinha ao fundo imagens de assaltos, congestionamentos e favelas, também sem muita diferença do noticiário que apresenta na Band, uma leve insinuação de terceira via ao apontar uma igualdade errônea entre Bozo e Luís Inácio, embora esse seja um problema que permeia toda a política brasileira, depoimentos de eleitores em molduras “instagramáveis”, cenas de campanha de rua, promessas genéricas como “tarifa zero todos os dias”, esta depois de prometer o fim do “Domingão Tarifa Zero” implantado por Ricardo Nunes numa entrevista a UOL, em 16 de julho, “enfrentar as máfias”, “investir na saúde”, “colocar o pobre no orçamento de verdade”, arrematando com uma declaração mais suave que uma cadeirada, “chega de só no nosso” (!!!), e um “jingle” e um slogan que o chamavam de “Prefeitão”, tentando atribuir capacidade de administrar ao seu porte físico, muito antes da cadeirada demonstrar que talvez ele não vá além disso...
MELHOR CAMPANHA PARA VEREADOR – PSB
Enquanto as inserções da candidata a prefeita, Tabata Amaral, tinham um fundo poluído, dominado pelas cores azul e laranjas chapadas, disputando o olhar do telespectador com a concorrente, a parte dos candidatos à Câmera Municipal tinha como cenário o panorama de uma favela em hora crepuscular, o bege do céu não brigava com os concorrentes, que tinham tempo para falar brevemente sobre duas propostas, uma ambientação que não é melhor que as gravações em externa, porém estava em sintonia com a proposta de valorizar a periferia e não seguia o comodismo dos fundos brancos ou monocromáticos...
PIOR CAMPANHA PARA VEREADOR – Federação PSDB e Cidadania
As inserções seguiam a fórmula usada na candidatura de José Luiz Datena a prefeito, com fundo cinza, só que cercado por uma meia moldura cinza e azul, que trazia os slogans de Datena, “Independência e Coragem Para Defender SP”, “Prefeitão 45 Para Mudar SP”... Não bastasse o fundo sombrio, a maioria dos candidatos usava roupa cinza ou preta, com poucas exceções, como a blusa azul por baixo do casaco cinza de Tia Conceição da EMEI, do Cidadania, ou do pulôver, também azul, com gola rolê, de Vera Trajano, do PSDB, a cenografia tirava o colorido do discurso das tucanas Lia Francesconi e Renata Paccola, e da “mãe preta educadora social e cristã” Rosa Santos, do Cidadania, um candidato que na campanha de rua distribuía folhetos coloridos com propostas para a área cultural, como Guilherme Brito, todavia na televisão, apesar de um número fácil de memorizar, 45678, usava uma camisa cinza chumbo que fazia “ton sur ton” com sua barba a fase, até um nome que desvirou a casaca e voltou ao PSDB, Mário Covas Neto, compareceu com um terno cinza-escuro e uma camisa cinza, ao lado de um sóbrio tucano que não é nem sombra dos tempos em que as campanhas do partido eram fortemente trabalhadas no azul e a garotada amiga tinha até um Tucaninho à disposição...
MELHOR SLOGAN – “Porque O Conserto Está Nas Quebradas” (Ricardo Ragu, PSB)
Uma campanha bem resolvida visualmente como a do PSB abre espaço para frases coerentes com a proposta do partido, como a de Ricardo Ragu, candidato da região do Ipiranga, com MBA em cadeia de suprimentos e gestão pública, ex-coordenador de governo local e ex-supervisor de cultura, o qual demonstrou com sua declaração no horário eleitoral que a periferia não é apenas um problema, mas também é uma potencial solução... No mesmo partido, a experiente ciclista e ativista Renata Falzoni anunciava, “mais que uma candidatura, somos um movimento”, outro mote atraente é o de Vanilda Anunciação, do PT, “vamos mulherar a política”, sua colega de partido Deia Zulu declarava, “eu quero uma cidade mais colorida”, Ana Carolina Oliveira, do Podemos, saiu-se muito bem no campo minado das frases rimadas, “contra a violência infantil, vote 20.000”, Chirley Pancará, do PSOL, também mandou bem na rima, “meio ambiente, cultura e educação, essa é a solução”, Armandinho Ferreiro, do MDB, colocou ordem na bagunça feita pelos candidatos que defendem a proteção animal e levam seus doguinhos para o horário eleitoral, “não devemos usar animais para fazer política, e sim usar a política para ajudar os animais”...
PIOR SLOGAN – “Que vai te dar o suporte” (Marcão do Esporte, PV)
O Partido Verde (PV), apesar de apoiar Guilherme Boulos para prefeito na coligação “Amor por São Paulo”, manteve a postura de apresentar uma identidade visual própria, a autonomia era tanta que Boulos foi identificado nas inserções do partido pelo primeiro nome, Guilherme... Visualmente o cenário era insatisfatório, um fundo verde claro com marca d’água do V que simboliza o partido, lembrando um pouco as inserções dos “candidatos” do Burger King, no caso Sandro da Economia e Sônia das Flores, assim, o jeito era caprichar no “slogan”, porém uma das maiores tentações dos fazedores de frases de campanha é pensar que o uso da rima vai facilitar a memorização do candidato e no final o que temos é apenas uma pobre rima rica... Assim aconteceu com Marcos Magri Benador, da região da Zona Norte, praticante de artes marciais e boxe, que apontava para a câmera e disparava, “que vai te dar o suporte”, um mote bem intencionado, porém um pouco genérico, quase uma piada infame do Chaves, outras rimas não tão felizes vieram de Doutora Veruska, do PRD, “você tem ansiedade e depressão, eu sou a solução”, Amanda Zanotti, do PT, tentou combinar o próprio nome com a rima, “São Paulo precisa de um novo norte”, outros são infelizes pelo conteúdo, como o de Lucas Pavanato, do PL, “contra a ideologia de gênero e em defesa das nossas crianças” (dito com o candidato usando uma peruquinha loira, como o deputado Nikolas Ferreira fez no Congresso...), alguns são específicos demais, caso de Evandro Guedes, do MDB, “santista vota em santista”, há aqueles incompreensíveis fora das bolhas, como o já tradicional “se apruma, Jão”, do Sargento Nantes, do Progressistas, “e o Baby tá feliz, hein”, de Guilherme Gomes, o Baby, do MDB...
MELHOR JINGLE – “É o Cláudio Fonseca” (Professor Cláudio Fonseca, PC do B)...
A redução de tempo da propaganda eleitoral é diretamente proporcional ao uso de “jingles” na televisão, a campanha de Tabata Amaral, por exemplo, tinha música para rádio, fazendo um trocadilho com o nome da candidata, “Então Tabata 40”, na TV usavam a última frase, “Tabata!!!”, a música de Datena cometia um erro básico, terminar versos com palavras no aumentativo, “independência e coragem, São Paulo no coração”, “o prefeito do povão”, “Datena é São Paulo, Datena é o prefeitão”, alguns partidos têm mais empenho, como o PSOL, “erga essa cabeça, vai com Boulos, vai com fé, faz o coração agora, pode acreditar, é Boulos é Marta é 50 pra São Paulo melhorar”, um samba envolvente, embora tenha um problema de origem, é uma versão de “Tá Escrito”, do grupo Revelação, e nem tocou tanto assim na propaganda eleitoral de Boulos, que tinha outras prioridades, como expor ao máximo o candidato ao lado do Luis Inácio, tanto que o partido lançou nas redes sociais uma nova versão do “Aperta o 50 e Vem” da campanha de 2020, vencedor do nosso prêmio, e colocou na propaganda eleitoral uma música do tipo “chiclete”, “Meu Voto é 50”, daquelas que o verso é repetido 44 vezes, uma preocupação real, como foi atestado pelos 48 mil votos para Boulos anulados porque dados ao 13, e não ao 50, e teriam feito do candidato do PSOL o primeiro colocado no primeiro turno, um movimento induzido pela campanha de Pablo Boçal, junto com as mensagens dos robôs do candidato do PRTB nas redes sociais pedindo "votem Boulos 28", “jingles” desse gênero são mais comuns nas campanhas a vereador, em que a necessidade de ocupar a mente do eleitor é maior, casos de Gabriel Abreu, do Podemos (esse na verdade não conta, é marido da deputada federal Renata Abreu, de uma família de radialistas...), de Carlos Giannazi, do PSOL, que herdou a música do irmão, Carlos Giannazi, quando foi candidato a prefeito, “Giannazi é o cara da educação”, ou Lucas Pavanato, do PL (que compareceu em uma universidade com um guarda municipal a paisana junto para criar confusão e posar de vítima nos vídeos...)... Nosso vencedor, experiente sindicalista da área da educação, usou a fórmula de fixar o número na cabeça do eleitorado sem levar seus ouvidos ao esgotamento, “É o Cláudio Fonseca, É o Cláudio Fonseca, 65123 para vereador”, focando menos na repetição de nome e número e mais na percussão sútil porém marcante ao fundo, tudo isso ilustrado por imagens de Fonseca com a deputada estadual e maestrina do samba brasileiro, Leci Brandão...
PIOR JINGLE – “Tô Colado com Ricardo” (Ricardo Nunes, MDB)
Apesar da duração cada vez menor do horário eleitoral ser um obstáculo aos compositores de “jingles”, ter mais tempo de campanha não quer dizer necessariamente que as músicas serão melhores, e a campanha da coligação “Caminho Seguro para São Paulo” é um excelente exemplo... No início, eram duas canções, um rap e um samba, ambos com a mesma função dos primeiros programas do candidato do MDB, tornar o prefeito conhecido da maioria do eleitoral, papel também exercido pelos vídeos que destacavam as origens periféricas do prefeito, e sua família, esposa, filhos, netos e cachorros, onde Nunes dizia “São Paulo pra frente, Cuidando de gente”, e a esposa acrescentava, “De pets também”, alis, o vídeo do samba, “Deixa o Ricardo Lá”, conseguia mostrar ao mesmo tempo uma foto de Nunes com o ex-prefeito Bruno Covas, que saiu de cena em 16 de maio de 2021, quando o candidato do MDB, que era seu vice, assumiu a prefeitura, e cenas de um comício onde ele abraçava Tomás Covas Lopes, filho de Bruno, e beijava apaixonadamente à esposa, tudo isso às vistas do governador Tarcísio de Freitas, dos ex-presidentes Michel Temer e Jair Bozo, este acompanhado de sua esposa, Michelle Bozo, informação demais para o eleitor digerir, então é por isso que na campanha de rua, os cabos eleitorais preferiam paródias de “Festa no Apê” e “Gangnam Style” para promover o candidato... No meio da campanha, quando Pablo Boçal estacionou nas pesquisas, surgiu o forró “Tô Colado com Ricardo”, para ilustrar as cenas de campanha de rua do “Repórter R”, com direito a boneco do candidato para alegrar a garotada amiga, e não bastasse a rima rica que na verdade é pobrezinha, a combinação de imagens de campanha com forró já é bem desgastada, usada com melhores resultados em outra candidatura do MDB, na campanha presidencial de Simone Tebet em 2022, a música “Vote na Mulher” era bem melhor, alis, o “jingle” do final da campanha, “Todo Mundo é 15”, que acompanhou o retorno do rap e do samba “Deixa o Ricardo Lá”, agora introduzido por um menino tocando cavaquinho, porque o candidato ainda é um ilustre desconhecido para não poucas pessoas, é uma quase cópia do “jingle” de Tebet...
TROFÉU PINÓQUIO – Poupatempo da Saúde e CEU Profissões (Guilherme Boulos, PSOL)
Paulistão da Saúde e Planetário na Zona Norte (Ricardo Nunes, MDB)
A campanha da coligação “Amor por São Paulo” tinha como desafio remover o estigma de radical intransigente que Guilherme Boulos adquiriu liderando o movimento dos sem-teto, o símbolo era um coração, o slogan era “Coragem e Experiência”, ressaltando a parceria com a ex-prefeita Marta Suplicy, do PT, candidata a vice, houve algum espaço para mostrar a adesão de dois outros governantes petistas da cidade, Luiza Erundina (hoje no PSOL) e Fernando Haddad, no entanto a prioridade era reforçar as ligações do candidato com o Luis Inácio, seja com o vídeo da visita do presidente à casa de Boulos, notem o bolo de cenoura com cobertura de chocolate na mesa do café, ou a retribuição do candidato, comparecendo ao gabinete do Luís Inácio, quase um encontro de pai e filho... A atuação no movimento social foi valorizada com a informação de que o trabalho de Boulos no MTST levou a construção de 15 mil moradias, ilustrada com depoimentos de alguns dos beneficiados, como Anália Pereira, Cristiane Nogueira, Maria Margarida, Nelson Guimarães, uma prioridade que manteve algumas ideias dos marqueteiros limitadas às redes sociais, como o noticiário que imitava o “Brasil Urgente” supondo que Datena era o alvo a ser batido ou o uso de um cara fantasiado de bolo como mascote ... No campo das propostas, o candidato do PSOL apresentou o Poupatempo da Saúde, que era desenhado na tela, “consultas e exames no mesmo lugar”, atendendo a reivindicação de pessoas como o pedreiro Manoel Lima e sua voz de fumante, proposta semelhante a apresentada por Marta quando foi candidata a prefeita de São Paulo pelo PT em 2004, com a denominação de CEU Saúde (tinha até maquete...), mas que pegou emprestado o nome da instituição criada pelo governo do Estado na gestão Mário Covas, fato que causou uma certa estranheza e seria compensado com a promessa do CEU Profissões, seguindo o mesmo princípio de ser desenhado na frente do eleitor, que oferecerá oportunidades de colocação profissional para os jovens, de olho no eleitorado que acena para Tabata Amaral, e quase que imediatamente Ricardo Nunes deu uma ajustada na sua “Proposta Empreenda São Paulo”, dizendo que irá transformar os CEUs em “Centros de Qualificação Profissional”, com uma jovem dizendo, “Nossa liberdade, nossa independência financeira”, quase um “coach” do Boçal, alis, no fim da campanha, tentando atrair as mulheres que fogem da direita, Boulos e Marta prometeram o Hospital da Mulher e uma linha de crédito para empreendedoras femininas, o Acredita Mulher, na semana final do horário eleitoral, Boulos e Marta, além de irem para a frente da Prefeitura reforçaram a trinca de promessas do Poupatempo da Saúde, Hospital da Mulher e CEU Profissões... Com mais tempo de TV, a campanha de Ricardo Nunes podia dar-se ao luxo de manter uma apresentadora, conhecida de campanhas passadas, para mostrar as realizações do prefeito, como a Faixa Azul para motociclistas e o programa Asfalto Novo, incluindo no pacote a Fórmula-1, que alguns apoiadores do prefeito tentaram tirar da cidade e levar para o Rio, que atualmente não tem autódromo, tanto que a prova foi renomeada de Grande Prêmio do Brasil para Grande Prêmio de São Paulo, e até o jogo de futebol estadunidense realizado no Fielzão Genérico, anunciado pelo próprio candidato com bola oval e tudo, além de mostrar projetos como o Empreenda São Paulo e o Quebrada Segura, os responsáveis pela propaganda eleitoral também ouviram com atenção a promessa do Poupatempo da Saúde, mesmo que a apresentadora aparecesse mais que Ricardo no horário eleitoral, um problema quando boa parte do eleitorado não liga o nome à pessoa, e rapidamente o candidato estava prometendo a construção de cinco unidades do Paulistão da Saúde, com Hospital Dia, Centro de Tratamento da Mulher, Centro de Tratamento do Idoso, exames para mulheres e tratamento oftalmológico, o detalhe é que Paulistão foi o nome com que Marta Suplicy rebatizou o Fura-Fila de Celso Pitta, que foi inaugurado com o nome de Expresso Tiradentes por Gilberto Kassab, embora só chegue até o Terminal Sacomã... Falando em transportes, Guilherme Boulos fez o básico, prometendo a construção dos corredores de ônibus Aricanduva, Celso Garcia, Itaim-São Mateus, M’Boi Mirim, Miguel Yunes, Norte-Sul, Perimetral Bandeirantes e Radial Leste, enquanto Ricardo Nunes além do “starter pack”, BRT Aricanduva e BRT Radial Leste, prometeu a implantação do Aquático SP na região da represa Guarapiranga e VLT na Região Central de São Paulo, isso sem contar com o Mamãe Tarifa Zero, sem alusões aos deputados cassados presentes... Ops!!!... Na penúltima semana de horário eleitoral, Nunes começou a destacar a inauguração de um planetário do CEU Parelheiros e a construção de um planetário na região da Zona Norte, como pretexto para trazer até a propaganda eleitoral o astronauta e senador pelo PL, Marcos Pontes, que inicialmente foi apresentado como senador, mas para driblar as restrições de tempo impostas às aparições de apoiadores dos candidatos (Guilherme Boulos chegou a ser multado por razões de Luis Inácio...), passou a ser identificado como astronauta, num esforço para mobilizar as redes sociais, que foram decisivas para a vitória de Pontes em 2022, em favor de Nunes, que na última semana, e evitar que os adversários explorassem o Boletim de Ocorrência de agressão registrado por sua esposa Regina em 2011, colocou a primeira-dama ao seu lado em um vídeo onde prometia a construção de hospitais veterinários (em frente a uma unidade que funciona há vários anos, apresentada como construída em sua gestão...) onde Regina voltou a acrescentar “e de pets também” ao slogan “São Paulo pra frente cuidando de gente”...
PRÊMIO IPHG – Gabriel Marrom e GBlack (PRD)
O Partido Renovação Democrática (PRD) já nasceu grande, a partir da fusão entre o tradicionalíssimo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o PATRIOTA, antigo Partido Ecológico Nacional (PEN), herdando ainda o número 25, que era do DEMO, antes Partido da Frente Liberal (PFL), anteriormente a junção com o Partido Social Liberal (PSL), que elegeu o Bozo em 2018, a qual deu origem ao União Brasil (UB), e a prova desse inicio promissor é o fato de ter em seus quadros os dois ganhadores de uma das categorias mais importantes do nosso prêmio, uma vez que seu resultado é fruto da decisão soberana do internauta Pedro Henrique mesmo adotando a mesma programação visual da maioria dos partidos integrantes da coligação da coligação “Caminho Seguro para São Paulo”, liderada pelo MDB de Ricardo Nunes, fundo branco tendo a esquerda o logo do candidato a prefeito, um R branco vazado em verde, amarelo e azul, vagamente inspirado nos antigos especiais de TV de Roberto Carlos, o nome e número do concorrente à Câmara a direita e o candidato propriamente dito, mais próximo ou mais distante da câmera conforme o enquadramento, Gabriel Marrom compareceu com um terno cinza, camisa azul e gravata branca, declarando, “eu vou trabalhar pela educação e também pela cultura”, no Instagram ©, aparece ao lado do subtenente Hélio, figura histórica do Bozismo, e diz “eu sou contra a cultura woke”, felizmente o Pedrinho não sabe o que isso significa, G-Black veio de terno e gravata brancos, barba e cabelo estilo “mullet”, afirmando, “sou candidato a vereador pelo PRD, atuo na área da saúde”, nascido na Bahia, é saúvo, quer dizer viúvo, e aí não é preciso explicar mais nada para o internauta... Que também faz menções honrosas a Fideles, do Republicanos, Claudinho de Oliveira, do PDT, “salve gente bamba, Claudinho do Soweto, do samba, da comunidade”, Dudu Catador, também do PDT, “melhores condições de vida para a categoria dos catadores”, Daniel da Orpas, do MDB, “sonhe grande dá o mesmo trabalho de sonhar pequeno”, Léo Roberto, do mesmo partido, “tchááá!!!”, Boaventura e Professor Rodney Vicente, também do MDB, Mário Cortês, Olegário e Serjão da Negritude, do PSB, Roni Miguel, do PV, Erick Ovelha, Marcos do Coletivo Luiz Gama, Marcos Marolis e Samuel da Vinte e Sete, do PSOL, Fernando do Sul e José do Volante do Burger King ©... Ops!!!...
MESTRE – Beto do Social (Podemos)
Quando o candidato é Mestre, o nome de urna já resume o seu trabalho forte, como é o caso do pernambucano nascido na região de Canhotinho, o empresário Alberto Luiz da Silva, mais conhecido como Beto do Social, que a partir da região do Rio Pequeno expandiu sua atuação por toda a cidade, atendendo as demandas da população mais carente... No Instagram © ele declara, “trabalhando pela saúde, esporte e cultura”, e também, “gente que gosta de gente”, no horário eleitoral seu recado é mais direto, “juntos com o prefeito Ricardo ‘Nune’, vote Beto do Social, 20077”, um vínculo atestado pelas fotos acompanhando o candidato do MDB nas redes sociais, bem mais que certo apoiador que fica de palhaçada por aí... Ops!!!...
MUSA – Ana Carolina Oliveira (Podemos) e Lari Agostini (PSB)
Nossa escolha este ano foi além da estética, contemplando também as causas que as candidatas defendem... Ana Carolina Oliveira, a mãe de Isabela Nardoni, não sorria, porém deixava bem clara a sua missão, num vídeo gravado na margem do lado do Parque Ibirapuera, “vivi na pele a injustiça da dor e da violência, estou aqui por uma São Paulo que possa ter voz, que essas crianças possam ser vistas, e que essa violência acabe, por nossas crianças, adolescentes, mulheres e vulneráveis, e por vocês que estou aqui, e por vocês que vou lutar”... Na versão gravada em estúdio, um “slogan” com uma rima impecável, digna dos melhores textos de Joelmir Beting, “contra a violência infantil, vote 20.000”... Larissa Agostini de Souza, da região da Zona Norte, “feminista, mãe e ativista”, como definiu-se nas redes sociais, onde relata, “mudei a saúde menstrual no Brasil”, ao defender a distribuição gratuita de absorventes íntimos nas escolas e no Farmácia Popular, regulamentada por uma lei proposta por Tabata Amaral, compareceu no horário eleitoral usando um brinco em forma de útero e uma camiseta vermelha escrito “saúde menstrual é direito”, destacando, “saúde, autonomia e dignidade para todas nós”...
MÚMIA – Edir Salles (PSD)
O PSD, integrante da coligação Caminho Seguro para São Paulo, que apoiou Ricardo Nunes, manteve o estilo simples e eficiente da campanha de 2024, em que o rosto dos candidatos era focalizado sob um fundo branco e o espaço restante era preenchido com o nome e número dos concorrentes, porém desta vez exageraram no “zoom” e as imperfeições na face dos concorrentes ficavam evidentes demais, o que é bastante perceptível na fala da vencedora deste ano, o cabelo desgrenhado, os óculos tortos, a boca contorcida, a voz com traços de tabaco, os projetos de outrem, “como deputada consegui trazer o Metrô para a Vila Prudente e onze estações do Monotrilho até São Mateus”, um pedido que mais parece uma ordem, “durante meus mandatos sempre honrei seu voto, conto novamente com você para dar continuidade a esse trabalho que para mim é uma grande missão de vida”... Outro candidato que se destacou nessa categoria é o médico David Zylbergeld Neto, do PL, que apesar do nome está mais para avô de si mesmo, mesmo sendo ligeiro ao falar, “atualizar e agilizar o atendimento primário a saúde é fundamental”, o terno tipo Tio Jacinto (o defunto será maior) deixava o candidato com um ar ainda mais datado, mesmo caso de seu colega de partido Salomão do Táxi, cuja sorte é Marlon do Uber, do MDB, ter usado como nome de urna Marlon Luz...
ESTAILE – Pastora Sandra Alves (UB) e Mãe Telma (PC do B)
O União Brasil (UB), que oficialmente apoiou Ricardo Nunes para a prefeitura, tinha um visual padronizado, um fundo azul que lembra a tela inicial do Playstation, porém dando liberdade aos candidatos a vereador para produzirem peças de propaganda personalizadas, assim Silvão Leite e Silvinho apareciam no cenário padrão com seu padrinho político, o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, mas mostravam imagens das realizações do vereador, em especial o financiamento a construção de quadras esportivas na região Sul da capital paulista, Amanda Vetorazzo, ligada ao Movimento Brasil Livre (MBL), simulava a própria agressão, uma falsificação similar aos vídeos do grupo nas redes sociais, Paulo Kogos transformava-se em um personagem de videogame “para acabar com os seus impostos”, Renato Battista, também ligado ao MBL, que aparecia em um cenário soturno ao lado de dois parlamentares do grupo, Guto Zacharias e Kim Kataguiri, e Zilu Camargo percorria as dependências do Shopping Feira da Madrugada... Assim fez uma das vencedoras no nosso prêmio, mostrando que sabe porque esteve lá, imagens de um bairro humilde, de uma casa simples, dos bancos singelos de uma igreja evangélica, ilustrando um discurso sincero, “posso falar, foi aqui que tudo começou, nasci num bairro destruído pela bebida, com pobreza, sou a pastora Sandra Alves, quero lutar por você”, fechando com o “slogan”, “Se Cristo comigo vai, eu irei”, a outra vencedora demonstra o ecumenismo do horário eleitoral, acolhendo candidatos de todas as crenças, e Mãe Telma, do PC do B representa as religiões de matriz africana, de vestido branco, turbante e colar de figa, falando não no estúdio, mas na rua, “luto contra a desigualdade e a opressão que sofrem o nosso povo, vamos andar com fé por uma São Paulo justa, acolhedora e democrática para todos, peço seu voto, para vereadora, Mãe Telma”... Léo Aquila, do MDB, imprimia seu estilo com um discurso inusitado, “a vida é minha, a história é minha, a invalidação de uma vida foi minha, se for só falar vote 15011, 15011, eu não preciso e vocês”. Carol Iara, do PSOL, abria um leque com seu número, 50000, e declarava, "2024 é o ano das travestis, com orgulho e axé vote 50000"... Os homens até tentaram, como Demolidor, do PRD, com seu rosto todo tatuado, cabelo escovinha e bigodinho estilo pai do Cascão, “demolidores e cidadãos de bem, votem em Demolidor, o seu protetor”, ou seu colega de partido, André Vilão, conhecido pela frase “tô com depressão” que viralizou nas redes sociais, falava na propaganda eleitoral, de boné e óculos escuros, “eu sou vilão, mas não sou mau não, 25123, aperta o play”, porém eles nem chegam perto do estilo das nossas ganhadoras...
HERDEIRO – Luna Zarattini (PT) e Ricardo Mutran (PDT)
Os vencedores deste ano representam a continuidade de duas formas bem distintas de fazer política, apesar de fazerem parte de uma mesma coligação, com visuais diferentes, a candidata do PT a frente de um cenário roxo e vermelho, o coração que era o símbolo da candidatura no alto a esquerda e o interprete de Libras no canto à direita, logo depois do nome e número da concorrente, agrupada numa sequência de colegas de chapa, que normalmente era precedida por um depoimento do Luís Inácio, no fim da campanha, os candidatos a vereador petistas deram lugar às falas do presidente da república, de Boulos e sua vice, Marta Suplicy, a força do hábito do partido, o PDT usava um fundo cinza, um pouco mais claro que o das inserções do PSOL, a imagem de Boulos e Marta à esquerda, o coração à direita, a mão segurando a rosa que simboliza o partido numa faixa azul na parte de baixo da tela, onde também ficavam nome e número do candidato, também com colegas de agremiação e apresentação de Boulos ou do sindicalista Antônio Neto, principal liderança do partido em São Paulo... Luna Zarattini, advogada e educadora popular, é vereadora pelo PT e candidata a reeleição, é neta de Ricardo Zarattini Filho, que saiu de cena em 2017, engenheiro, militante rural e sindical, preso e torturado durante a ditadura, e irmão do ator Carlos Zara, que nasceu Antônio Carlos Zarattini e também era engenheiro, filha de Carlos Zarattini, deputado federal, militante sindical dos gráficos e dos metroviários, formando em economia com especialização em engenharia de transportes, “o pai do Bilhete Único” e sobrinha da fotógrafa de imprensa Mônica Zarattini, com forte trabalho junto aos movimentos sociais periféricos, no horário eleitoral declarava, “pessoal, sou mulher, jovem, petista, trabalho muito mais”... Ricardo Mutran defende o legado do pai, o ex-vereador Wadih Mutran, conhecido por oferecer um serviço de ambulâncias e patrocinar a reforma de quadras esportivas na região da Zona Norte de São Paulo, prática que fez escola, Milton Leite que o diga, “comprometido com a Saúde, Segurança e Educação, juntos, vamos reconstruir nossa região”, o próprio Wadih, que ainda é vivo (foi o primeiro vencedor na categoria Múmia, em 2004), gravou uma mensagem de apoio a Ricardo que foi postada nas redes sociais, o candidato também usou seu Instagram © para mostrar uma cadeira de rodas para servir de contraponto à cadeirada do Datena... Outros herdeiros em campanha que se destacaram foram George Hato, do MDB, “eu sou médico e sei que o esporte transforma vidas”, Laura Kamia, do PSB, e representando a dinastia Calvo, Doutor Calvo, do PDT, que escreveu nas redes sociais, “filho do inesquecível Doutor Alberto Calvo”, e Paula Calvo, do MDB, “empregabilidade jovens, creche até às 19 horas, Centro Tratamento TEA”, se incluirmos os genros, vamos ter Gabriel Abreu, esposo da deputada federal Renata Abreu, filha e sobrinha de dois importantes políticos e radialistas, José de Abreu e Dorival de Abreu, até mesmo Thammy Miranda, do PSD, pode ser incluído na lista, mesmo não sendo uma novidade na política, pois sua mãe, a cantora Gretchen, foi candidata a prefeita em Itamaracá, Pernambuco...
PEZINHO – Bioto NPN (Podemos)
Tudo que esta categoria do nosso prêmio precisava é um quase sósia do Beiçola de “A Grande Família”, Marco Antônio Bioto, nome de urna Bioto NPN, nascido na região de Vila Nova Cachoeirinha, ex-judoca, mantendo projeto social relacionado ao esporte, Nós Por Nós, de onde vem o NPN, policial civil, suplente do vereador Rinaldi Diglio, no horário eleitoral aparecia com a franja do Abelardinho para a esquerda e o corpo pendendo para a direita, evocando sua experiência com artes marciais no discurso, “Bioto NPN, 20222, com Ricardo Nunes pra andar pra frente com garra absurda, vote 20222”, nas redes sociais, o candidato destaca em um vídeo a importância da mãe, Dona Creuza, em sua vida, “costureira do bairro”, “criou seus filhos com honestidade e dignidade”, exatamente como Beiçola faria com Dona Etelvina, sem contar que o vídeo termina com o jingle de campanha, uma versão de “Viva La Vida”, do Coldplay, “eu vou votar, em Bioto pra vereador, São Paulo somos um só, com garra vamos lutar”, agora vai, digo, porque tem também as fotos com o Bozo na internet, lembrando sua filiação ao PSL...
REVELAÇÃO – Luizão da Comunidade (Avante)
O Avante, que apoiava a candidatura de Ricardo Nunes, mas concorria sozinho com sua chapa de candidatos a vereador, apesar do fundo branco e do R no cenário, não se intimidou no horário eleitoral e apresentou candidatos relevantes, como Silvânia Superação, Wellington Camargo, o próprio, Sub Donizete, Ale do Posto (não confundir com o reeleito Danilo do Posto de Saúde, do Podemos), Professor Manduca da Radiologia, premiado na categoria professoral do nosso prêmio, Alexandre Correa (esse pula...) e o empresário Luis Carlos dos Santos Silva, da região de Interlagos, com um discurso enfático, difícil de se ver na propaganda eleitoral de hoje em dia, “foguete não dá ré!!!, sou Luizão da Comunidade, defendo a bandeira do social, há mais de quarenta anos trabalho com projetos de casa de recuperação de dependentes químicos e moradores com situação de rua, peço a sua confiança”, aparentemente um pronunciamento comum, no entanto, muitos candidatos a vereador prometem medidas na área de proteção animal, sendo muito elogiados e votados por isso, entretanto, quando um concorrente defende iniciativas para a população de rua é criticado, e na atual legislatura paulistana tivemos vereadores perseguindo o Padre Júlio Lancelotti, que trabalha forte pelo povo de rua da Moooca e região e apresentando um projeto de lei proibindo a distribuição de alimentos para as pessoas que residem nas ruas... Outros partidos também trouxeram nomes inovadores, como Marquinhos Sensação, do MDB, Rone da Limpeza e Vilminha Poeta, do PSD, Jailson Agente de Saúde e Aris, A Fiscal, do PSB, ele com seu colete azul, ela com seu capacete cor-de-rosa, porém em termos de exposição de conteúdo no tempo cada vez menor do horário eleitoral, Luizão, que também defende a criação de uma subprefeitura no Grajaú, foi excelente...
VIRA-CASACA – Janaína Lima (Progressistas)
Nas eleições municipais de 2016, Janaína Lima foi saudada como uma expoente da renovação na política, integrante do movimento Nas Ruas, que defendeu o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a jovem advogada, “do Capão a Harvard, mulher de fé”, elegeu-se vereadora pelo partido NOVO, ausente do horário eleitoral este ano, não que alguém sinta falta, porque eles são assumidamente contra a propaganda partidária no rádio e na televisão, porém estavam pegando um certo gosto pela coisa, venceram em três categorias na última edição do nosso prêmio, na ocasião a vitória deveu-se não tanto ao partido mas a condução da campanha pela mãe de Janaína, que havia sido cabo eleitoral de Ricardo Nunes, o próprio... A vereadora reelegeu-se em 2020, também concorrendo pelo NOVO, porém foi expulsa do partido em fevereiro de 2022, depois de ter brigado com a colega de partido Cris Monteiro no banheiro da Câmara Municipal, durante a votação da reforma da previdência municipal, em 10 de outubro de 2021, portanto, Janaína se viu forçada a virar a casaca, entrando para o Progressistas e mudando um pouco a linha de sua campanha, trocando o laranja e as propostas de austeridade do NOVO por duas carinhas de crianças sorridentes, salientando em suas redes sociais, “zerei a fila da creche”, na véspera da eleição, seu carro foi alvo de 11 tiros em frente a própria residência da candidata, que sofre de epilepsia e teve de ser internada após o atentado, na campanha eleitoral, a vereadora ganhou a companhia na chapa do Progressistas de sua xará Janaína Paschoal, a autora do pedido de impeachment de Dilma, que não conseguiu eleger-se Senadora em 2022, quando ocupava o cargo de deputada estadual, porque já naquela ocasião o PRTB não tinha direito de antena (não por acaso, Pablo Boçal estava no PROS...) e ninguém pode ouvi-la, como acontece agora, dizendo, “você percebeu que Guilherme Boulos foi o único candidato à Prefeitura de São Paulo que não criticou os desmandos de Nicolas Maduro”, ou “com o envelhecimento da população, quero criar um projeto para auxiliar as famílias a lidarem com as muitas formas de demência” (é só ligar os pontos...)... Falando em família, Ari Friedenbach, pai de Liana Friedenbach, assassinada em novembro de 2003, o que levou o pai a entrar na política, apresentando propostas na área de segurança pública, já foi candidato pelo PPS (atual Cidadania), pelo extinto PHS, pelo PDT e agora concorre a uma vaga de vereador pelo PSOL, com o “slogan” “pelo direito de viver sem medo”...
COADJUVANTE – Testamenteiro, Professora e SAC de Ricardo Nunes (PSOL)
A chamada “campanha negativa” é complicada, porque costuma prejudicar não só apenas quem é atacado, mas também quem ataca, algo um pouco mais difícil este ano porque o principal adepto dessa prática, Pablo Boçal (PRTB), não tinha tempo de rádio e televisão, então é por isso que centralizava nas redes sociais a estratégia de lançar ataques aos adversários nos debates e depois viralizar as acusações através de cortes pagos por ele próprio... A dureza dos ataques, caluniosos e sem comprovação, exigia uma resposta à altura, porém havia o perigo do horário eleitoral colocar em evidência um candidato que sequer aparecia na propaganda eleitoral obrigatória, nesse sentido, quem deu o passo à frente e correu o risco foi Tabata Amaral, do PSB, que uma semana antes do início do horário eleitoral vestiu uma jaqueta preta e colocou num quadro todos as investigações e processos envolvendo Boçal, uma peça copiada do vídeo em que a candidata a vereadora Luna Zarattini, do PT, aponta o “jogo de cartas marcadas” das eleições em São Paulo, entretanto quem mais tirou proveito do contra-ataque foi a campanha de Ricardo Nunes, do MDB, ao colocar na propaganda eleitoral dois anúncios que imitavam a crítica de Tabata, um onde eram lidas manchetes sobre Boçal e outra onde uma delegada explicava os crimes e condenações do candidato do PRTB, fazendo ele estacionar nas pesquisas... A campanha de Guilherme Boulos, do PSOL, preferiu lidar com a acusação de Boçal de que o candidato era usuário de drogas com uma resposta nas redes sociais, também porque a acusação não se sustentava, quem fora preso por porte de droga era um homônimo, Guilherme Bardauil Boulos, que inclusive foi candidato a vereador pelo Solidariedade, e trouxe mais leveza para as inserções que criticavam Ricardo Nunes, marca das campanhas eleitorais do PSOL antes da aliança com o PT por meio de três personagens, o testamenteiro, a professora e a reclamante do SAC, no primeiro vídeo, chamado “Os Escândalos de Ricardo Nunes”, eram mencionados os valores da “herança” do prefeito, o dinheiro perdido em escândalos de corrupção, encerrando com a frase “Ricardo Nunes, Para os Amigos, Tudo, Para Você, A Conta”, o segundo mostrava uma professora fazendo a chamada em sala de aula e a lista de presença do prefeito, cheia de carimbos de “Faltou” e um carimbaço de “Reprovado”, no melhor estilo do Seu Madruga, ao lado da foto de Nunes, indicando que o candidato se omitiu o tempo todo no cargo e só agora, em época de eleição, resolve dar as caras, no terceiro, uma dona de casa em sua cozinha liga para o atendimento do cliente a fim de reclamar dos serviços prestados pelo prefeito... Claro que a propaganda do PSOL usou munição mais pesada, típicas de algumas campanhas do principal partido aliado, o PT, o vídeo “Estas Histórias São Reais”, com familiares de vítimas da falta de atendimento médico nos serviços de saúde da Prefeitura, que acusavam o prefeito de desonrar a memória de Bruno Covas, remetendo ao site ricardonuncamais.com.br, a peça publicitária em que o vidro de um carro era quebrado e um celular que exibia o programa de Ricardo Nunes sobre segurança era furtado, que teve uma versão análoga ambientada em um hospital lotado de pacientes nos corredores enquanto os telões mostravam a propaganda do prefeito, que no últimos dias do horário eleitoral foi “presenteado” com um vídeo em que era exposto o Boletim de Ocorrência registrado por sua esposa, Regina Carnovale, junto com os depoimentos de mulheres indignadas com a agressão do prefeito, “eu não confio em quem comete violência doméstica”, “eu não voto em quem é violento com mulher”, e prometendo para Nunes, “não voto em vocês”, não só um aceno ao eleitorado feminino, o que mais resiste a votar na extrema-direita, “sino” uma resposta a dois vídeos que a campanha do MDB mostrou contra Boulos, “Olha o Que o Boulos Defende”, que mostrava declarações do candidato do PSOL sobre desmilitarização das polícias e contra o sistema de monitoramento por câmeras instalado pela Prefeitura, e “Pense Nisso”, gravado em preto-e-branco, onde a mesma mulher que leu manchetes sobre Boçal agora questionava a experiência administrativa de Boulos, uma crítica sem muito nexo que era recorrente ao Luís Inácio nas campanhas que disputou antes de chegar à presidência... O alvo principal de Nunes era Pablo Boçal, no tempo certo com os vídeos da leitora e da delegada, mas perdendo o “timing” após a agressão ao marqueteiro da campanha, Eduardo Rodrigues Lima, o Duda, após o debate do Flow, em 24 de setembro, o MDB colocou dois vídeos sobre o caso, um reproduzindo a matéria do “Jornal Hoje” da TV Globo narrando a expulsão de Boçal do debate e o incidente com Duda e Nahuel Medina, terminando com depoimentos de pessoas que definiam o incidente como “falta de respeito” e chamavam o candidato do PRTB de “lunático” e “desequilibrado”, e outro apenas com as cenas do debate e da agressão, começando com as frases “Ser prefeito de São Paulo exige sensibilidade, seriedade, responsabilidade e equilíbrio, e também uma boa equipe” e “Agora vejam o que Marçal e seu grupo fizeram no último debate”, terminando com a mesma frase do primeiro vídeo, “Esse tipo de gente não pode tomar conta de São Paulo”, mas sem a foto de Boçal com o dedo no nariz... Simultaneamente, o candidato começou a aparecer em um “pronunciamento”, incialmente creditado como do “candidato Ricardo Nunes”, depois apenas com o nome do concorrente, a princípio para exibir superioridade moral sobre Boçal, mas também tentando (ainda) tornar o prefeito mais conhecido, uma vez que o cenário imita seu gabinete, porém dando um ar de “já ganhou” a campanha, então é por isso que deu lugar a depoimentos de Tarcísio de Freitas citando pesquisas, exaltando as qualidades do candidato, “o caminho seguro é Ricardo Nunes”, e no clipe “todo mundo é 15”, além do vídeo “Você acha normal o que Boçal pensa sobre as mulheres”, replicando frases machistas do candidato do PRTB em debates, “a mulher tem um crânio menor que o homem”, “rachar seu crânio”, enfatizando, “achou pesado, então olha mais esse preconceito”, citando, “mulher não vota em mulher, porque mulher é inteligente”, e concluindo, “preconceito aqui não!!!, não merece meu voto!!!”, e outro vídeo com depoimentos de mulheres criticando Boçal, finalizando com um “crânio pequeno nunca!!!”, ambos os dois tentando abafar o caso do BO...
TROFÉU CATHO ® - Zilu Camargo (UB)
Zilu Godói, ex-esposa do cantor sertanejo Zezé Di Camargo e mãe da cantora e ex-BBB Wanessa Camargo aproveitou a liberdade dada pelo União Brasil a seus candidatos para gravar sua participação na propaganda eleitoral no Shopping Feira da Madrugada, na região do Brás, para evidenciar seu trabalho forte como sacoleira no passado, “eu tive uma vida de muita luta e dei a volta por cima”, cortando para imagens de reuniões com mulheres, “minha luta é contra a violência doméstica e em favor do idoso”, o slogan não era lá muito original, “Sem Medo de Ser Feliz”, lembrando o apoio do hoje bozista Zezé ao Luis Inácio em 2002, e Zilu sofria a concorrência acirrada de um quase parente, Dudu Camargo, candidato a vereador pelo Republicanos, mesmo com o seu corte de cabelo “calvão de cria” se misturando bizarramente a um fundo saturado de verde e amarelo e com as figuras de Ricardo Nunes a esquerda, e, a direita, do governador Tarcísio de Freitas e do presidente nacional do partido, o ex-ministro e deputado federal Marcos Pereira, em marcas d’água que lhes davam um ar de espíritos obsessores, mas Zilu tinha a vantagem de ser dirigida na propaganda eleitoral por outra figura que está atrás de um novo emprego, a diretora de TV Marlene Mattos, a própria, tão difamada nos documentários da Globoplay sobre Xuxa e Paquitas... Seguindo a linha de se reinventar após anos ocultado por um “conje” ilustre, Alexandre Corrêa, ex-marido de Ana Hickmann, candidatou-se a vereador pelo Avante, alegando ser vítima de falsas acusações pela Lei Maria da Penha (!!!), falando em apresentadores televisivas, Rick Moreno, nascido Ciro Martins, economista, engenheiro civil e professor, um dos três bombeiros que desempenharam a importante função de descarregar o extintor no programa “Eliana” do SBT, foi candidato a vereador pelo PSB... O esporte, que costumava ser um grande fornecedor de pessoas em busca de novas perspectivas, contribuiu pouco para essa categoria desta vez, a esportista mais relevante que se candidatou foi a jogadora de vôlei Tandara Caixeta, flagrada no exame antidoping nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, quando foi detectada a substância ostarina, recebendo uma suspensão de quatro anos, até julho de 2025, e que pode ser ampliada por mais quatro anos por ter atuado em um torneio máster no mês de maio, o que pode explicar a sua entrada na política, como “cristã, patriota, mãe, apaixonada pela família e pelo esporte”, por meio de sua candidatura pelo PL, confirmando a vocação do vôlei feminino para produzir políticas reacionárias, mesmo o Timão, que costumava ter vários candidatos para disputar o voto da Fiel Torcida, agora tinha apenas um velho conhecido, Ernesto Teixeira (“positividade!!!”), o intérprete dos sambas-enredo da Gaviões da Fiel, e o Padre da Fiel, na verdade o gerente de vendas Moacir Avian, que exerce a mesma função do Padre Kelmon nos jogos da equipe corinthiana, ser um falso sacerdote no meio dos torcedores, no meio musical, tivemos Gilson Campos, ex-integrante da “boy band” Twister, concorrendo pelo Republicanos, não, quem esteve preso foi outro membro do grupo, Sander Mecca...
PRÊMIO BUSER ® - Bancada Feminista (PSOL)
A ideia das candidaturas coletivas vem se consolidando apesar de ainda não ser bem compreendida, afinal de que adianta Rodrigo do Mandato Animal aparecer sozinho com um cachorro na propaganda eleitoral do PDT ou Geraldo da Bancada Periférica, do PT, não estar acompanhado de seus co-candidatos, mesmo caso de Celso Silvino Coletivo Renovação, do Progressistas... Uma alternativa para contornar as limitações de tempo é fazer um jogral para apresentar todos os integrantes do mandato, o que até funcionou com as três integrantes da Coletiva Mulheres em Ação, do PSB, porém demonstrou ser completamente inviável com os 13 integrantes, 12 homens e uma mulher, do Coletivo PSB Unido por São Paulo, do mesmo partido... Os coletivos do PSOL costumavam ser mais eficientes no horário eleitoral, pois costumam ter tempo para falar, casos de Marcos do Coletivo Luiz Gama, Quilombo Periférico e da Bancada Feminista, neste caso, cada co-candidata tinha seu slogan, “nosso feminismo é coletivo” (Letícia Lé), “mulheres para derrotar o fascismo” (Naiara do Rosário), “eles não, Boulos sim” (Silvia Ferraro), “por mais feministas na política” (Dafne Sena) e “Vote 50900” (Nathalia Santana)...
O PROFESSOR – Professor Manduca da Radiologia (AVANTE)
Realmente, esta é uma das categorias mais importantes de nosso prêmio, pois muitos candidatos prometem aumento de salário para as forças de segurança, no caso desta eleição, os guardas municipais, mas poucos têm a ousadia de defender melhores salários para os professores e menos ainda lutam pelos interesses da categoria, como Professor José Valdo, do PSB, Professor Marcelo Nascimento, do Solidariedade, Professor Salve Jorge, do PDT, “para ser grande, seja inteiro”, o “professor, conservador, negro, cristão e contra a canalhice da esquerda”, Rodney Vicente, do MDB, professor Alê, apoiado pelo deputado estadual Capitão Conte Lopes, do PL, esses mais à direita na sala de aula, do lado esquerdo temos, os experientes docentes, Professor Cláudio Fonseca, do PC do B, e Professor Toninho Véspoli, do PSOL, partido do Professor Celso Giannazi, e por fim, Mário César Manduca, técnico de radiologia e professor, aparecia de jaleco branco, uma vestimenta comum às duas atividades, e com 30 anos de experiência como técnico e 24 na área de ensino, defendia a integração entre o aprendizado e a prática profissional, “através da educação, os profissionais da saúde serão mais preparados para fazer a diferença na vida das pessoas, com isso, transformamos a sociedade, junto com Ricardo Nunes, vamos fazer a diferença”, repetindo nome e número para o eleitor fixar o conteúdo, “Professor Manduca da Radiologia, 70123, Professor Manduca da Radiologia, 70123”...
AUSENTE – Arthur do Val
Em 2020, o deputado estadual Arthur do Val, ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL), concorrendo pelo PATRIOTA, mais conhecido nas redes sociais como Mamãe Falei, foi uma espécie de Pablo Boçal com direito de antena, fazendo uma campanha fortemente respaldada por “bots” de internet, tentando canibalizar os votos dos concorrentes à direita, especialmente após a retirada da candidatura de Felipe Sabará, do NOVO, discursando contra o financiamento público de campanhas, ao mesmo tempo em que trabalhava forte no auto-elogio, fazendo queda de braço em pleno horário eleitoral, citando Rocky Balboa, “não importa o quanto você bate, mas quanto aguenta apanhar e continuar”, apresentando os vídeos de suas brigas com políticos de esquerda, pedindo para seu público no Youtube ©, majoritariamente jovem, apresentar aos pais o canal Mamãe Falei, proclamou-se um lutador contra o “sistema”, disparando falácias contra o PT e a “indústria da multa”, e cantou vitória quando ficou em quinto lugar numa eleição com 12 candidatos, obtendo 522.210 votos e ficando à frente do petista Jilmar Tatto, que teve 461.666 votos... Entretanto, em 17 de maio de 2022, Arthur do Val teve o mandato cassado na Assembleia Legislativa de São Paulo, tornando-se inelegível por oito anos, por razões de quebra de decoro parlamentar, motivado por ofensas dirigidas a mulheres numa visita a Ucrânia e divulgadas nas redes sociais, desde então, Mamãe Falei tem atuado como comentarista político, na verdade, fazendo reacts no canal do MBL no YT, apoiando abertamente as ocupações preferidas dos parlamentares e demais membros do grupo, difundir informações falsas na internet e perseguir militantes e políticos de esquerda, com a cumplicidade de amigos poderosos, Glauber Braga, corre aqui...
PRÊMIO ESPECIAL BERTA BRASIL BUTIK – Silvio Santos (PMB)
A única campanha presidencial em que tomou parte Silvio Santos, apresentador de televisão e dono da Jequiti e do SBT, durou poucos dias em 1989, depois da Justiça Eleitoral ter aceitado a alegação dos advogados dos concorrentes de que o Partido Municipalista Brasileiro (PMB), em que Silvio concorria, tinha irregularidades em seu registro no TSE, e o próprio candidato não deixou a apresentação de seu programa em tempo hábil, uma estratégia exemplar que leva o Marquito a se ausentar do “Programa do Ratinho” durante a campanha, porém não seguida pelo jurídico dos adversários de Pablo Boçal... Todavia, o curto comparecimento no horário eleitoral produziu peças memoráveis, como o vídeo em que Silvio explica como votar sem o nome dele estar na cédula, “vocês que desejam votar em mim, não vão encontrar o nome do Silvio Santos na cédula, aqui está a cédula, vocês estão vendo, o nome de todos os candidatos, agora, quem pretende votar no Silvio Santos, quem confia no Silvio Santos, quem quer dar seu voto no Silvio Santos, deve marcar um X no 26, então, 26, Corrêa, só que não é Corrêa, é 26, Silvio Santos, porque 26 é o Silvio Santos, e podem acreditar, o Silvio Santos vai lutar por vocês, o Silvio Santos vai defender os interesses do povo, o Silvio Santos vai lutar pelos interesses e o desenvolvimento do Brasil, quem confia, quem acredita em mim, deve votar no 26, marquem o 26!!!”... Ou o discurso em que apresentou suas prioridades básicas – Alimentação, Saúde, Habitação, Educação – e “dois pontos que hoje devem ser imediatamente atacados” – reduzir a inflação e corrigir salário – prometendo agir com “sensatez, justiça e honestidade”... Também quando apresentou o “jingle” da campanha com uma saudação que usaria depois na apresentação do “Show do Milhão”, “senhoras e senhores, moças e rapazes, meninas e meninos, eu já comecei a receber presentes nessa campanha eleitoral, o meu irmão chegou em casa e disse que a agência de propaganda que trabalha para nossas empresas me deu o primeiro presente dessa campanha, e vocês vão ver o presente que eu ganhei”... E, claro, a música propriamente dita, uma versão de “Silvio Santos Vem Aí”, ilustrada com imagens do apresentador na Parada do Dia das Crianças do SBT, “chegou aquele que a gente queria, para o Brasil governar, agora o povo está contente, já temos em quem votar, é o 26, é o 26, com Silvio Santos chegou a nossa vez, é o 26, é o 26, com Silvio Santos chegou a nossa vez, Silvio Santos já chegou, e é o 26, Silvio Santos já chegou, e é o 26, Silvio Santos já chegou, e o Brasil ganhou!!!”... A própria existência deste prêmio tem como uma de suas inspirações o “Troféu Imprensa”, que Silvio apresentou entre 1970 e 2022, onde a televisão brasileira era tratada com a devida seriedade, da mesma forma que nossa premiação respeita e valoriza o horário eleitoral... E nesta campanha eleitoral, o estreante Christian Lombardi, do Solidariedade, mostrou que seguiu os ensinamentos políticos de Senor Abravanel, dizendo uma frase que poderia muito bem ter sido dita pelo apresentador: “tá com problema, @chamaoLombardi”...
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