segunda-feira, 23 de setembro de 2024

RC Especial Modelo 2008 (off): Rei e Rita Cheios de Bossa com a Beija-Flor...

Faltava Rita Lee na lista de convidados reais dos especiais e ela compareceu na base do "Splish Splash"... Ops!!!...

 
















O “Roberto Carlos Especial” de 2008, exibido pela TV Globo no dia de Natal, em 25 de dezembro, e pelo canal Viva em 2019, voltou a Arena Multiuso na região de Jacarepaguá, dobrando a aposta na suntuosidade, com um cenário em forma de semicírculo, cobrindo toda a extensão do palco, com uns tipos de "fatias de pizza" iluminadas nas pontas e um telão de alta definição no meio, desta vez Roberto Talma fez apenas a direção de núcleo do programa, deixando a direção geral a cargo de seu auxiliar direto, Mário Meirelles, que seguiu o estilo do chefe, mantendo o bate-papo estilo “live” e cortando a oferta de flores no final, porém com algumas inovações, aproveitando o novo telão para criar um cenário com uma janela onde Roberto cantou “Jesus Salvador”, além da preocupação em variar as músicas da “playlist” da atração, com canções das décadas de 1980 e 1990, alis,  em 2009 o Rei ia completar 50 anos de carreira,  o que levou a produção de um especial eclético musicalmente,  com espaço para a bossa Nova e o rock, leia-se Rita Lee, ritmos de Roberto no início de sua trajetória,  além do samba e do sertanejo, gêneros que se aventurou já consagrado na música brasileira, atento aos êxitos emergentes, mais o sertanejo que o samba,  mas, enfim...O especial começa com bolinha na tela, sob um céu estrelado, “Rede Globo apresenta”, som de aplausos, o logotipo da Globo transforma-se no planeta Terra, um zoom vai do espaço sideral até o local do show, num efeito parecido com o da vinheta da Copa do Mundo de 1982, assim como a abertura do especial, uma criação de Hans Donner e equipe, ouve-se o som de um helicóptero aproximando-se da entrada da Arena  Multiuso, toca o instrumental de “Fé”, entra o logotipo do programa, o RC ganhou cores, o R é vermelho e o C é azul, a plateia está vazia, uma menina fala ao lado do irmão, “eu tô muito feliz de estar neste show lindo do Roberto Carlos, porque é a segunda vez que eu venho, e fico no mesmo lugar que eu tava antes”, foca no palco, “convidados Rita Lee, Roberto de Carvalho Beto Lee”, as cadeiras são colocadas na pista, uma senhora loira declara, “sou fã do Roberto Carlos, já estive no navio, a primeira apresentação dele num navio, eu fui, que foi uma maravilha”, excelente lembrança do projeto “Emoções em Alto Mar”, iniciado em 2005, a orquestra toca “Além do Horizonte”, com as cadeiras colocadas, o público começa a comparecer, “convidados Caetano Veloso Nelson Motta Jacques Morelenbaum (violoncelo) Daniel Jobim”, uma mulher de óculos garante, “igual a ele, não nasceu e acho que não vai nascer”, teste da iluminação do palco, “convidados Zezé Di Camargo & Luciano Neguinho da Beija Flor Mestre Paulinho Bateria da Beija Flor”, o ator George Sauma, o Tatalo da Série “Toma Lá Dá Cá”, e que interpretaria o próprio Rei no filme “Tim Maia”, de 2014, aponta, “Roberto Carlos é o Rei, e eu sou um súdito dele”, o público continua comparecendo, “roteiro Rafael Dragaud”, uma mulher negra afirma, “Roberto Carlos é amor”, mais gente chegando, a loira baixinha ao lado do marido alto anuncia, “a gente vai cantar um pedacinho de uma música”, os dois cantam, “como é grande o meu amor por você”, e se beijam em plena boca, a orquestra vai de “Café da Manhã”, casa quase cheia, Roberto e Erasmo homenageiam Elvis Presley no especial de 1977, lembrando que o Tremendão não compareceu este ano, um dueto com Tom Jobim, em 1978, Wanderléa em 1990, Fafá de Belém em 1991, um abraço dos ternos azuis do Rei e de Chico Buarque em 1993, em Daniela Mercury, o memorável encontro com os Trapalhões em 1979, com Rogério Flausino, de mãos dadas com Luciano Pavarotti em 1998, um beijo no rosto de Cláudia Leitte em 2005, o dueto com Jorge Benjor que foi um autêntico rolê aleatório em 2007, abraço em Alcione, Paulo Miklos encantando com Roberto, mais um abraço, agora de Gilberto Gil, palmas para Regina Casé em 1993, uma dança com Camila Pitanga em 2007, de blazer amarelo, abraçando Caetano Veloso e seu blazer branco em 1992, um abraço caloroso em Camila Pitanga, foca no palco, “direção geral Mário Meirelles” – primeiro ano em que ocupa sozinho o posto, dividido nos anos anteriores com Roberto Talma, cujo núcleo é citado em sequência, vem o anúncio, ao som de “Emoções”, “senhoras e senhores, com vocês, Roberto Carlos!!!”, luzes no maestro, Roberto Carlos comparece todo de branco, fazendo uma reverência à plateia, um cumprimento para Eduardo Lages antes de pegar o microfone, close no trombone, o Rei sorri e ajeita o microfone, foca no saxofone, a orquestra para, Roberto respira fundo, põe a mão no peito e após os aplausos, diante de um telão estrelado, abrindo os braços,  “quandoeuestouaquievivoestemomentolindolhandopravocêeasmesmasemoçõessentindo”,...close do flautista o Rei dá a deixa para a citação de “Detalhes” no teclado, “amigos eu ganhei, saudades eu senti partindo”, coração azul no telão, apresentando a orquestra na parte instrumental, uma panorâmica da Arena, não esqueçam do trombone, pulsa o coração do telão, Roberto abre os braços mais do que sua camisa está aberta, “e as emoções se repetindo”, a bateria antes do inigualável gemidinho e o trombone depois, aplausos vistos de cima e do gargarejo, onde está a atriz Juliana Didone, de “Palhação” e “Paraíso Tropical”, Pancada, o público vibra só de ouvir a tradicional frase de abertura do Rei, “que prazer... rever vocês, mais uma vez no nosso especial de fim de ano, obrigado mais uma vez por esse carinho, por esse amor, por todas essas coisas que eu tenho recebido de vocês desde que eu nasci” – na plateia, o ator Carmo Della Vecchia, que fez o Zé Bob na novela “A Favorita”, sorri e olha para a pessoa a seu lado, a atriz Leona Cavalli – “e olha que isso faz tempo, viu, hahahahaha, obrigado por tudo, obrigado por terem vindo, gostaria de dizer muitas outras coisas no início desse show, mas eu sempre acabo dizendo tudo isso, cantando, nesse caso, “Como É Grande o Meu Amor por Você”, de 1967, o público acompanhando, um sol vermelho no meio do telão que se transforma em um coração, Roberto do ponto de vista do pianista, “quero ouvir!!!”, a audiência sabe a letra de cor, “Tutuca nas cordas solo”, sem alusões aos presentes no “Zorra Total”, tecladista trabalhando forte no instrumental, “A Diarista” acabou, porém Dira Paes não deixa de comparecer, a Norminha de “Caminho das Índias” só entraria em cena em janeiro do ano seguinte, falando em atrizes, Eliane Giardini sorri satisfeita com o “bate-bola” de “por você” entre o cantor e seu público, palmas, olha o coração no telão, Luiza Brunet só observa, com o desassombro de quem compareceu a três especiais do Rei na década de 1980, o celular do senhor sentado ao lado tem câmera e ele tem permissão para filmar, nuvens tomam o lugar do coração no telão, Roberto canta “Além do Horizonte”, ...de 1975, sendo que o horizonte com nuvens comparece no telão, num círculo, as luzes ao redor forma um tipo de “olho” a plateia canta junto, flores e aves passam pelo telão, necessários para “se amar na relva escutando o canto dos pássaros”, olha a Leona Cavalli no gargarejo, o Rei aponta, “só vale o paraíso com amor”, a mudança básica na letra, uma árvore cresce no telão na hora do “lalalalalará”, Roberto pede, “quero ouvir”, foco no saxofone, apontando de novo, “só vale o paraíso com amor”, a árvore cresceu bem, panorâmica da plateia, um pouco mais de “lalalalalará”, mais um pedido, “comigo, comigo!!!”, “agora”, por um instante pensamos que Maria Gladys, a avó da atriz Mia Goth, estava na plateia, olha a guitarra e o coral, um sinal com as mãos para parar a orquestra, o Rei tem um importante anúncio para fazer, “e agora eu tô falando de uma família, há muito tempo, há muitos anos, unida pelo amor e pelo rock and roll, é, ela é uma grande artista, uma grande estrela, a rainha do rock no Brasil, e eles são guitarristas maravilhosos, quero trazer com muita alegria e muito orgulho, Rita Lee, Roberto de Carvalho e Beto Lee!!!”, ela de chapéu verde, camisa colorida e jeans, Rita poderia ter comparecido no primeiro especial do xará do marido, em 1974, dessa forma, tira o atraso com “Papai Me Empresta o Carro”, lançada em 1979 após ser censurada no ano anterior, dela e de Roberto de Carvalho, “Parei na Contramão”, de 1963, dele e de Erasmo Carlos, que insistimos, não compareceu ao especial, “Flagra”, outra de Rita e Roberto, de 1982, que virou tema de abertura da novela “Final Feliz”, “no escurinho do cinema, chupando drops de anis, bem longe de qualquer problema, perto de um final feliz”, “Splish Splash”, de 1963, versão para música de Bobby Darin e Jean Murray feita por Erasmo Carlos, o qual, voltamos a dizer, ah, deixa pra lá, “Mania de Você”, de 1979  outra música feita por Rita e seu marido, que virou nome e tema de novela, agora em 2024, “meu bem você me dá, água na boca, vestindo fantasias, tirando a roupa”, “Cama e Mesa”, feita por Roberto e Erasmo e lançada em 1981, Myriam Rios, corre aqui, e “Baila Comigo”, que Rita compôs, incluiu no seu disco de 1980, a Globo aproveitou para batizar mais uma novela e a Turma da Mônica parodiou em um comercial de maionese, antes do intervalo, um “teaser” com Roberto Carlos cantando “Rosa Morena”, de Dorival Caymmi, acompanhado pelo piano de Eduardo Lages, a guitarra de Paulinho Coelho e o violoncelo de Jacques Morelenbaum,  “rosa, morena, onde vai morena rosa, com essa rosa no cabelo e esse andar de moça prosa, morena, morena rosa, rosa morena o samba está esperando, esperando, pra te ver, deixa de lado essa coisa de dengosa, anda rosa, vem me ver, deixa de lado essa pose e vem pro samba, vem sambar, que o pessoal tá cansado de esperar, ô, Rosa, o pessoal tá cansado de esperar, rosa morena, o pessoal tá cansado de esperar”, o jornalista Nelson Motta acreditou no que viu e ouviu, “isso é totalmente bossa nova”, o cantor e compositor Caetano Veloso confirma, “isso é um cara que canta bossa nova, as notas lisas, aquela nota sem vibrato, perfeita” – será que Caetano e Nelsinho adivinhariam que Roberto Carlos estava cantando “João e Maria”, na gravação de 1959, o primeiro compacto lançado pelo cantor, música tocada na estreia do “Domingão do Faustão”, em março de 1989, porque na ocasião só o câmera Gaúcho sabia, digo...













Bem que Roberto e Caetano poderiam ter cantado "Chega de Saudade"  na abertura dos Jogos do Rio em 2016...




































Roberto Carlos vai de “Outra Vez”, do disco de 1977, depois do intervalo, estrelas no telão, mesmo pouco focalizada, a plateia acompanha, inclusive a repórter do “Fantástico”, Renata Ceribelli, no meio da penumbra, ali mesmo onde um casal dança de rosto colado, Luiza Brunet reaparece no especial duas décadas depois dos clipes de “Se Diverte e Já Não Pensa em Mim” e “O Tempo e o Vento”, agora o Rei só ouve o público, “só assim, sinto você bem perto de mim outra vez”, Juliana Paes inclusive, repetindo, “sinto você bem perto de mim, vamos juntos, outra vez”, close em Juliana, sorridente, Amin Khader à sua esquerda – a novela “Caminho das Índias”, de Glória Perez, onde a atriz fazia a protagonista Maya, iria estrear dentro de pouco menos de um mês, em 19 de janeiro de 2009... Roberto Carlos ajusta o fio do microfone e começa a cantar “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos”, de 1971, acompanhado pela plateia, faixas azuis percorrem o telão, lembrando algumas vinhetas da Globo, mesmo focalizado o tempo todo, o rei pede, “quero ouvir”, o público canta o refrão, a Arena Multiuso vista do alto, na parte instrumental, “Paulinho no violão solo”, uma apertadinha no microfone, Carmo Della Vecchia no gargarejo, ao lado de Leona Cavalli, focalizada exatamente quando Roberto canta “um dia vou ver você chegando num sorriso”, volta o refrão e o pedido, “quero ouvir, quero ouvir”, o Rei pega a deixa, “é com esse coral maravilhoso que vocês estão fazendo é que eu quero chamar aqui o meu amigo, o meu irmãozinho, esse cara que eu admiro e respeito, e essa canção Erasmo e eu fizemos para ele, Caetano Veloso!!!”, aplausos vistos do alto do ginásio, Caetano comparece de terno preto, camisa branca, de óculos, mais palmas em “bird’s eye view”, aquele abraço, sem alusões a outros tropicalistas, Veloso acrescenta um beijo na bochecha, corta para a plateia, o Rei bate palmas, o músico baiano abre os braços em agradecimento ao público que não para de aplaudir, o irmão de Maria Bethânia manda um beijo para a audiência, adivinhem o que Roberto fala, “que maravilha, bicho, que bom estar com você aqui, no CD e DVD que fizemos, no show que fizemos juntos, de bossa nova” – no caso, “Roberto Carlos e Caetano Veloso e a música de Antônio Carlos Jobim”, um dos dois álbuns lançados pelo Rei em 2008, o outro foi “Roberto Carlos en Vivo”, gravado em espanhol, disco de ouro e de platina no México -  “ele disse, desse cara não vou dizer nada, agora eu vou dizer, desse cara não vou dizer nada”, até porque eles cantam em dueto “Força Estranha”, escrita por Caetano e gravada por Roberto em 1978, o acompanhamento da plateia faz Veloso rir, não na vez dele, mas, enfim, mar azul no telão, Roberto começa o refrão, “por isso uma força me leva a cantar, por isso essa força estranha no ar”, revelando, “ele me passou essa música por telefone”, antes da parte de Caetano, “por isso é que eu canto, não posso parar, por isso essa voz tamanha”, o Rei aponta para o músico baiano ao cantar, “eu vi muitos cabelos brancos, na fronte do artista”, Caetano sorri, Roberto acrescenta depois de “o tempo não para e no entanto ele nunca envelhece”, “jamais!!!”, close no violão do Paulinho, Veloso ergue os braços no refrão, o Rei aplaude, na vez dele, foca na guitarra e no placo, os dois, “por isso essa voz, essa voz, tamanha”, mais um abraço –  “Se Eu Quiser Falar com Deus”, de Gilberto Gil,  não teve a mesma sorte, embora a presença do conterrâneo de Caetano tenha mostrado que a questão, a princípio, foi superada... Nelsinho Motta, o próprio, pergunta a Roberto Carlos, num daqueles bate-papos tão ao gosto de Roberto Talma (anos antes ele realizou um programa musical com Caetano, só que o parceiro era Chico Buarque, no caso, "Chico e Caetano", de 1986...), que Mario Meirelles manteve no especial, “Roberto, quando você foi chamado pra fazer um show em homenagem ao Tom Jobim com o Caetano, qual foi a sua primeira reação”, o Rei, usando camiseta e colete, responde, “bom, eu fiquei primeiro muito preocupado, porque a responsabilidade é mesmo muito grande” – Eduardo Lages no piano só observa – “a responsabilidade de fazer um show cantando bossa nova, cantando as músicas de Tom Jobim, mas depois eu fui me acalmando, hehehehe”, Nelson comenta, “é a primeira vez que tem um disco em dupla com outro artista, em homenagem a um compositor só, uma mudança muito grande assim na sua trajetória, como foi isso”, Roberto explica, “depois que fizemos o primeiro dia, no Teatro Municipal do Rio, não houve mais dúvida”, Lages começa a tocar o piano, “aí eu decidi, esse ano vai ser com Caetano esse disco, e ele topou”, Motta diz, “é, as vozes se combinaram tão bem no estúdio, logo que vocês começaram a cantar juntos”, o Rei fala, “isso foi muito bom”, Caetano aponta, “isso foi pra me dar mais orgulho da minha vida porque eu participar de uma coisa que representa uma mudança considerável no ritmo do Roberto através dos anos”, Roberto confessa, “eu nunca tinha pensado em fazer um disco de fim de ano, que eu considero meu disco oficial, assim em dupla” – “e deu tudo certo”, quer saber Nelsinho – “foi maravilhoso, e tudo aconteceu de uma forma muito, muito legal, parece até aquele papo”, o jornalista ia falar, “eu acompanhei os shows”, porém o Rei e Veloso partem para o dueto com a música “Tereza da Praia”, feita por Billy Blanco e Tom Jobim em 1954 e gravada originalmente por dois expoentes da bossa nova, Dick Farney e Lúcio Alves, que travavam na canção o diálogo que quase trava Caetano quando Roberto vem com um “fala, bicho!!!”, close no violoncelo de Jacques Morelenbaum, citado no pé da tela junto com Eduardo Lages e Paulinho Coelho, os próprios, que acompanham a dupla, “Tereza da praia não é de ninguém”, ambos os dois riem, Nelson Motta constata, “quando não ensaia é melhor ainda” – faz sentido a colocação do jornalista e crítico musical, que deixou a Globo no final de 2023, encerrando a coluna que mantinha desde 2008 no “Jornal da Globo”, parte de uma longa história na emissora, a princípio pela limitação de uso de música por questões de direitos autorais, Roberto gravou poucos duetos nos álbuns de estúdio, assim como as parcerias em shows eram escassas, eles ficavam para os especiais de fim de ano, como forma de agregar prestígio do Rei, a situação começou a mudar depois do show com Luciano Pavarotti, em 1998, e do primeiro CD de duetos, em 2006, o que culminou no álbum com Caetano e nos trabalhos “Elas Cantam Roberto”, de 2009, e “Emoções Sertanejas”, em 2010... Prossiga, Nelsinho, “Caetano, você chegou a cantar na Jovem Guarda???”, o músico baiano confirma, “cheguei, cheguei a cantar, tive a glória de subir no queijinho que só subiram o Roberto, o Erasmo e a Wanderléa no final” – um registo que provavelmente a Record perdeu, digo – “ele eu acho que por gratidão, porque nós tínhamos feito aquela onda de recuperar criticamente a Jovem Guarda, que era adorada pelo povo, mas criticamente não tinha o prestígio”, Roberto concorda, “é verdade, é verdade”, Nelson questiona o Rei, “isso foi importante pra você???”, Roberto assegura, “muito importante, quando Caetano falou bem da Jovem Guarda, coisas bonitas, isso realmente mudou muito, porque a gente passou inclusive a ser mais respeitado”, isso e os shows e roteiros de especiais de Miele e Bôscoli, digo, Motta continua, “Caetano, a amizade de vocês se aprofundou quando você tava exilado em Londres, você e o Gil, que eu me lembro, o Gil reagiu bem ao exílio, ele participava daqueles festivais todos e eu me lembro de você mais, sofrendo mais, mais triste no exílio, como que recebeu Roberto Carlos na sua vida lá no exílio”, Veloso sorri, “Roberto Carlos foi uma aparição” – o Rei ri litros – “evidentemente eu tava mal, eu tava triste, isso foi um negócio horroroso, aí o Roberto”, Nelson corta, “aí tocou o telefone”, o músico baiano vai em frente, “aí a Rosa Maria Dias, que hoje é mulher do Julinho Bressane, ela que atendeu o telefone, ela que morava em minha casa, ela me falou, nós nos organizamos, eles vieram de noite, ele e Nice, Roberto cantou “As Curvas da Estrada de Santos”, que era uma música inédita ainda, ele cantou só de violão na sala da minha casa”, o piano toca os acordes iniciais, “Se você pretende”, Caetano completa, “saber quem eu sou, entre no meu carro, na estrada de Santos, você vai conhecer”, revelando, “mas eu chorei, chorei” – “eu chorava muito”, fala Roberto – “fiquei horas chorando”, Motta opina, “mas é pra isso mesmo, e conheceu o Roberto Carlos ali, o Brasil profundo”, Caetano diz, “foi aquela presença, aquela mensagem do fundo do Brasil, eu fiquei, todos ficamos emocionados, eu chorei demais”, o Rei repete, “todos nós choramos muito, mas todo mundo chorou”, o jornalista opina, “Roberto, eu acho que o seu primeiro emprego, com alguma graninha, era na boate Plaza, você cantando aí nas boates em Copacabana no final dos anos, virada dos 1960, e aí era o início da bossa nova, o sucesso era João Gilberto, o primeiro disco, o que você cantava na boate Plaza???”, Roberto relata, “eu cantava os sambas do disco do João Gilberto, “Chega de Saudade”, era um sucesso espetacular, então eu cantava todas aquelas músicas, Rosa Morena, Blim Blom, o Chega de Saudade” - para quem não dá muita importância aos momentos dos especiais fora da parte musical, cabe lembrar que Nelson Motta estava envolvido na produção de uma série de televisão sobre a vida do Rio, e numa das entrevistas preparatórias, o jornalista conseguiu que o cantor falasse sobre o acidente que sofreu aos 6 anos de idade em Cachoeiro do Itapemirim, assunto que entraria na série, que não foi produzida devido à saída de cena de seu produtor, Breno Silveira, o diretor de “Dois Filhos de Francisco”... De volta ao palco, Roberto Carlos fala para Caetano, “agora a gente vai cantar uma canção que gravamos juntos nesse projeto, Bossa Nova 50 Anos, cantando canções de Tom Jobim, e vamos chamar aqui Daniel Jobim”, o neto do compositor comparece com o chapéu característico do avô, abraça Roberto e Caetano, assumindo o piano porque os dois cantores vão de “Chega de Saudade”, a música de Tom Jobim, melodia, e Vinícius de Moraes, letra, feita em 1956, gravada por Elizeth Cardoso em 1958 e que se tornaria o nome do primeiro disco de João Gilberto, lançado em março de 1959, partituras no telão e a plateia acompanhando, o ponto de vista do pianista, uma vocalizada em dupla na parte instrumental, Jobim só tocando o piano, Roberto canta, Caetano dança, a fã segura a almofada de coração numa mão e a Tekpix na outra, “não quero mais esse negócio de você viver longe de mim, não quero mais esse negócio de você viver sem mim”, caiu um cisco no olho do Carmo Della Vecchia – os compositores de “Chega de Saudade”, Vinícius e Tom, teriam seus nomes usados nos mascotes dos Jogos do Rio, em 2016, Daniel Jobim compareceria com seu piano para tocar “Garota de Ipanema” enquanto Gisele Bundchen desfilava num calçadão de praia estilizado no campo do Maracanã, na abertura olímpica, que não incluiu o dueto de Roberto e Caetano, que coisa, não...























Zezé Di Camargo lembrou que cantou com Luciano na parte do especial de 1991  não mostrada pelo canal Viva... 































No palco visto de longe, após os comerciais, Roberto Carlos interpreta “O Côncavo e o Convexo”, de 1983, percebe-se que os programadores do telão não faltaram às aulas de geometria, a mulher do colar de pérolas está quase adormecendo na plateia, foca no flautista, o Rei quase some com a luz alta  dos refletores, o público acompanha, “cada parte de nós tem a forma ideal, quando juntas estão, coincidência total, do côncavo e o convexo, assim é nosso amor no sexo”, o baterista e o trompetista cuidam da parte instrumental, e esses retângulos no telão, hein - ...perto do jubileu de ouro, e passada a onda das regravações da Jovem Guarda, Roberto revisa o repertório de forma mais ampla, também como forma de não repetir os "pout-pourris" dos dois especiais anteriores,  sendo a primeira vez que a musica "O Côncavo e o Convexo", que tanto sucesso fez em Cuba, Marcelo Tas,  é tocada depois de ser citada em um polêmico depoimento de fim de capítulo na novela "Páginas da Vida", de 2006... Que venha o “stand-up” do Rei, “esses caras tem um lugar cativo no coração do povo brasileiro, sem dúvida alguma, tanto pelas canções, pelo que fazem, pelo sucesso, pelo carisma, enfim, são dois caras muito especiais, eu vou chamar, eu não sei se vocês conhecem, Mirosmar e Welson David, vocês sabem quem são eles???, eu até pouco tempo eu não sabia não, eu só fiquei sabendo depois do filme, né, Zezé Di Camargo e Luciano!!!”, Zezé de blazer cinza e camisa branca, Luciano de blazer branco e camisa cinza, logo na sequência do abraço real, o pai de Wanessa Camargo já sai cantando, “eu nunca mais você ouviu falar de mim”, o Rei comenta, “eu tive a honra de ter uma canção minha gravada por vocês”, o irmão de Luciele Camargo continua a interpretar “À Distáncia”, que Roberto incluiu em seu álbum de 1971, Roberto dá uma saidinha para trocar uma ideia com o maestro, enquanto Luciano, irmão de Wellington Camargo, espera a vez de fazer a segunda voz, “quantas vezes eu pensei voltar, e dizer que o meu amor nada mudou, mas o meu silêncio foi maior, e na distância morro todo dia sem você saber”, selos postais no telão, emitidos na União Soviética e estampando navios a vela, o Rei voltando na parte de Luciano, fazendo uma pergunta a Zezé durante o solo de teclado do trecho instrumental, Roberto afirma, “eles deixaram”, e canta a música que compôs com Erasmo Carlos, ausente do especial deste ano, a dupla sertaneja bate palmas, a plateia vibra, o Rei se reveza no refrão com Zezé e Luciano, rindo litros e abraçando os dois no final, Carmo Della Vecchia no gargarejo aplaude, hipnotizado com o que viu, o ginásio inteiro também, Roberto diz, vejam, “que maravilha, que prazer que eu tenho em ter o Zezé e o Luciano aqui, comigo, nesse nosso programa de fim de ano”, eis o logotipo no telão confirmando o cantor, Zezé pede a palavra, “deixa eu contar uma historinha rapidinho pra você, quando nós estrouramos em 1991, começamos a fazer sucesso, a gente conseguiu fazer o especial do Roberto, eram dois especiais, era um durante o dia e um durante a noite”,  de fato, em 1990 e 1991 o especial foi metade “telethon”, metade show, e as reapresentações do Canal Viva levaram em conta apenas a segunda parte, deixando de fora a primeira participação de Leandro e Leonardo no especial, em 1990, cantando “Talismã”, e o citado comparecimento de Zezé Di Camargo e Luciano, também acontecido na parte inicial do especial, “durante o dia era ao vivo, porque tinha um negócio beneficente, arrecadação”, em benefício das crianças e dos idosos, “e a gente ensaiou uma música pra cantar com o Roberto, juntamente com o nosso sucesso, que era a música É o Amor, que era o sucesso da época, o que aconteceu, no final do programa, não deu pra cantar as duas músicas, cantamos só É o Amor, eu fui pra casa frustrado, porque meu sonho era cantar essa música com o Roberto, aí depois de um certo tempo, acho que um ano, dois anos depois, eu fui no show dele, aqui no Rio de Janeiro, e ele cantou a música, e a gente tava assim, igual a vocês, na primeira fila, aí ele chegou na beiradinha do palco, jogou uma flor pra mim, tirou o microfone da boca e falou, nós ainda vamos cantar ela juntos, chegou a hora”, e a dívida é paga com o Rei e a dupla sertaneja cantando “O Portão”, de 1974, com “meu cachorro me sorriu latindo e tudo” – em 2024, o Viva parou de passar os especiais de Roberto no de 1990, ou seja, não deu para comprovar a ausência de Zezé Di Camargo e Luciano no show de 1991 e tampouco a primeira participação reprisada pelo Viva, no programa de 1994, quando cantaram “Você Vai Ver” e “Sentado a Beira do Caminho”, quanto a “O Portão”, é o avesso de “No Dia Em Que Saí de Casa”, que Joel Mendes compôs em 1992, a dupla gravou em 1995, porém virou “hit” ao entrar na trilha do filme “Dois Filhos de Francisco”, de 2005, marcando uma fase de grande sucesso dos sertanejos, tempos depois de Zezé ter apoiado a candidatura do Luís Inácio em 2002, então é por isso que o diretor Breno Silveira ia fazer uma série sobre o Rei, encomendada pelo próprio Roberto, que foi para a gaveta quando ele saiu de cena em 2022... Na volta do intervalo, Roberto Carlos canta “É Preciso Saber Viver” na versão “se o bem e o mal existem, você pode escolher”, bússola, nós dissemos bússola, no telão 3D, “Paulinho no violão solo”, olha o navio do projeto “Emoções em Alto Mar”, “é preciso saber viver”, um pedido a plateia, “quero ouvir”, “é preciso saber viver”, “comigo!!!”, “é preciso saber viver, saber viver, saber viver”, na sequência, o Rei surpreende com uma das “músicas de mulher temáticas” da década de 1990, “Mulher Pequena”, de 1992, luzes no telão lembrando o final dos capítulos de “Avenida Brasil”, quatro anos antes da novela ser produzida, mais um solo de violão do Paulinho, uma olhadinha de lado para lembrar da letra, o “backing vocal” do coral só vem, “o meu coração dispara por você mulher pequena”, passo para trás para ouvir os aplausos – quem viu o especial de 1992 com certeza sentiu falta da coreografia caribenha que retratava a música com a atriz Patrícia França, 1,58 metro de altura, na ocasião, contratada da Record, fosse um Daniel ou um Leonardo, teríamos dançarinas no palco, quem sabe até a Helen Ganzarolli, não que ela seja pequena, 1,76 metro de altura, o que para mulher é muito, mas, enfim... O pessoal comparece nos shows e assiste os especiais para ver o Roberto fazer “stand-up”, “esse cara que eu vou trazer aqui, agora, é o maior sorriso do samba brasileiro, com esse jeito ele conquistou o Brasil inteiro, Neguinho da Beija-Flor”, que canta “Angela”, música que lançou em 1999, “Eu e Ela”, de Mauro Motta, Robson Jorge e Lincoln Olivetti,  que o Rei gravou em 1984, alis, ele quer mais, “e agora eu queria pedir um negócio, cê sabe que quando a gente tá vendo a Beija-Flor na passarela, tem certas coisas que a gente não sabe que acontecem ali, só quando a gente vê o show de uma parte da Beija-Flor fazendo, num compacto de todas aquelas viradas, aquelas paradas, aquelas evoluções, aquelas coisas todas, é que a gente fica sabendo, então eu vou chamar aqui uma parte da bateria da Beija-Flor, do Mestre Paulinho, o grande Mestre Paulinho vai mostrar tudo isso pra gente, e a Raíssa, a Rainha da Bateria”, um beijo do cantor, no telão, a silhueta de um beija-flor, o Mestre explica, “esta batuta vai reger a bateria, é a batuta bicampeã do Carnaval do Rio de Janeiro”, Roberto se impressiona com o tamanho da batuta, “ô rapaz!!!”, mas fica em dúvida quando o Mestre a entrega, “mas o que é que eu faço???”, antes que lhe deem alguma sugestão (!!!), a bateria começa a tocar, o cantor devolve a batuta ao Mestre, só observando o trabalho forte dos ritmistas e a coreografia da Rainha (!!!), quem também faz o gato do meme é o maestro Eduardo Lages, com as mãos entrelaçadas, o Rei nem pensa em fazer o Príncipe Charles com Raíssa, Neguinho da Beija-Flor exclama, “Olha a Beija-Flor aí, gente!!!”, Roberto complementa, “chora cavaco”, o instrumento trabalha forte e o intérprete canta o samba-exaltação “A Deusa da Passarela”, uma homenagem a Beija-Flor, que ele próprio compôs em 1981, a pedido do carnavalesco Joãozinho Trinta, o próprio, agora até o maestro arrisca uma sambadinha (!!!), o Rei faz a segunda voz, “Beija-Flor minha escola, minha vida meu amor”, acompanhando o “lalalaía” abraçado ao sambista, passistas reforçam a coreografia, Mestre Paulinho de quatro, quer dizer, mostrando quatro dedos (!!!), “Beija-Flor minha escola, minha vida meu amor” – nessa ocasião, Neguinho da Beija-Flor tinha ido várias vezes ao BBB, fruto das boas relações do pai do Bofinho com as famílias que comandam as escolas de samba cariocas, porém apenas debutava nos especiais do Rei, que por sua vez já conhecia o “metier” dos desfiles, pois fora homenageado pela Unidos de Cabuçu em 1987, e os ensaios na quadra no ano anterior renderam a resenha com o futuro Anderson do Molejão, e parceria com os sambistas caricaturados, e o samba “Nega”, vide Fatinha, que também apareceu no clipe de “Só Você Não Sabe”, outro composição bissexta do gênero feita pelo cantor, no especial de 1989, no final, a apresentação da escola de Nilópolis foi um “esquenta” sem Regina Casé para o samba-enredo “A Simplicidade de Um Rei”, nova homenagem a Roberto que deu o título do Carnaval de 2011 à Beija-Flor, após as vitórias do Salgueiro em 2009 e da Unidos da Tijuca em 2010... Entram imagens de retirantes nordestinos, Sebastião Salgado, corre aqui, no telão, paredes e uma janela branca aberta, com o vento balançando as cortinas também brancas, Juarez Machado, corre aqui, Roberto Carlos canta “Jesus Salvador”, de 1994, nada a ver com o “Mister” do Menguinho, Pancada,  sente a referência a “Chão de Estrelas”, “Senhor, quem sou eu pra que entreis, em minha morada, mais um fio de sua luz, numa telha quebrada, ilumina uma vida pra sempre Jesus”, “cantem comigo”, “Jesus Salvador, Jesus Salvador”, “onde você estiver, continue cantando, continue, continue”, “Jesus Salvador, Jesus Salvador”, também não confunda com a musa do SBT na época, Patrícia Salvador, viu, Pancada  - um cenário “conceitual” que há muito tempo não se via nos especiais, que coisa, não, tudo projetado no telão, o que é a tecnologia... Com a palavra, Roberto Carlos, “é sempre um prazer muito grande estar com vocês, a gente se encontra sempre no Natal, há muito tempo, que a paz, o amor, Jesus, estejam sempre no coração de vocês, de todos nós”, coloca a mão no peito, Roberto deixa o microfone de lado e vai pegar uma taça de vinho, brindando, “Feliz Natal, e um Ano Novo maravilhoso para todos nós”, a orquestra toca “Jesus Cristo”, “tim-tim”, e toma um golezinho da bebida, passando a língua nos lábios para sentir o sabor (!!!), o Rei canta “Jesus Cristo” enquanto sobem os créditos, começando pelas músicas tocadas no especial, “percussão Dedé Marquez”, o papel prateado cai sobre a plateia, Roberto ergue os braços e agradece, “obrigado, obrigado, obrigado por esse amor, por esse carinho que eu sempre recebo de vocês, obrigado a todas as celebridades presentes aqui, eu sei que são muitas, obrigado, obrigado, de coração!!!”, afora a faixa na plateia, “Roberto, eu te amo!!!”, “obrigado, obrigado, obrigado, obrigado!!!”, foca na panorâmica e na vista aérea do palco, bolinha na tela “Realização Central Globo de Produção © 2008 TV Globo” – fiel ao estilo de Roberto Talma, a primeira direção geral solo de Mário Meirelles podou a parte da oferta de flores, às custas de transformar a despedida do cantor como uma espécie de “cena pós-créditos”, e pela primeira vez em quase uma década, não colocaram no ar a dedicatória a Maria Rita, que coisa, não...

















































Nem mesmo o maestro Eduardo Lages resistiu aos ritmistas da Beija-Flor e até arriscou uma sambadinha, digo... 


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