"Amor Perfeito" foi lançada por Roberto em 1986, mas só entra no especial após Cláudia Leitte gravar em 2002... |
Exibido pelo canal Viva em 2018, o “Roberto Carlos Especial” de 2005, que a Globo apresentou em 21 de dezembro daquele ano, voltou a ser gravado numa casa de espetáculos, desta vez na cidade de São Paulo, o “Memória Globo” informa o comparecimento de 4 mil espectadores, porém com um palco mais modesto em relação aos especiais anteriores, um painel de luzes acendendo e apagando conforme a canção e um telão que mostrou placas de “É proibido fumar”, grafismos variados, cadeiras de balanço, a atriz Priscila Fantin como Serena na novela “Alma Gêmea” e o “Acróstico” de Maria Rita, como o especial foi basicamente o registro de uma apresentação ao vivo, no estilo “gravação de DVD”, os convidados cantando canções do Rei em dueto com ele, Cláudia Leitte, Chitãozinho e Xororó e Jota Quest, “Amor Perfeito”, redescoberta quando gravada pela banda de Cláudia, Babado Novo, o lançamento “Arrasta uma Cadeira” e a clássica “Além do Horizonte”, outro resgate do “BRock”, o diretor Roberto Talma permitiu dois atos que andavam banidos em sua gestão, os “stand-ups” de Roberto antes das músicas e a distribuição de flores no final, ainda que tenha sido bem rapidamente, para fechar o programa com um brinde do Rei a sua saudosa esposa com uma taça de vinho... O programa começa com um resumo das atrações que passarão pelo palco, Roberto Carlos saúda, “que prazer rever vocês”, assegura, “tudo que diz essa canção vem do mais fundo do meu coração”, Cláudia Leitte confessa, “eu sempre sonhei estar ao seu lado e eu nem tô acreditando ainda que não é sonho, é surreal estar aqui com ele, demais”, o Rei ri e agradece, “obrigado, viu, obrigado”, Cláudia faz uma reverência, “meu Rei, meu Rei”, Rogério Flausino do Jota Quest desafia, “e aí, vai encarar o rock and roll aí”, Roberto finge que não ouve, “como é que é”, Flausino repete, “vai encarar o rock and roll aí”, o Rei se limita a um “é”, Chitãozinho e Xororó cantam “De Coração para Coração” na “live”, impressionando Roberto, “eles nem se olham pra ver”, imita o movimento da boca, Xororó explica, “há 40 anos que a gente faz isso”, todo mundo riu, menos o maestro Eduardo Lages e o guitarrista Paulinho Coelho, na tela, “Rede Globo apresenta”, no palco o anúncio, “Senhoras e senhores, com vocês, Roberto Carlos!!!”, entra o logotipo do programa, um RC em alto-relevo, “convidados Cláudia Leitte Jota Quest Chitãozinho e Xororó”, a orquestra trabalha forte no instrumental de “Pra Sempre”, “redação final Rafael Dragaud”, “direção geral Mário Meirelles Roberto Talma”, Roberto Carlos comparece de blazer e calça na cor azul claro, camisa azul bebê e cinto com fivela metálica, aplaude a orquestra, “núcleo Roberto Talma”, cumprimentos ao maestro, o Rei canta o refrão de “Pra Sempre”, de 2003, Por séculos, milênios, Dimensões qualquer lugar, Somos um do outro, E assim sempre será, Nada vai mudar, A gente vai se amar, Pra sempre, Pra sempre, Pra sempre, Pra sempre, Pra sempre”, Roberto começa a cantar “Emoções”, de 1981, eletrocardiograma azul no telão, a citação de “Detalhes” na flauta, o maestro Lages passando por trás do Rei, aplauso para a orquestra na parte instrumental, Roberto abre os braços, o inigualável gemidinho no final, “ééééé”, a reverência para a plateia aplaudindo, começa o “stand-up”, “que prazer rever vocês” – a frase clássica, “mais uma vez, neste especial de final de ano, aqui na Globo, aqui em São Paulo, obrigado por esse carinho, por esse amor, por todas essas coisas lindas que eu tenho recebido de vocês, obrigado, obrigado por terem vindo, e eu gostaria de dizer muitas outras coisas no início do show, mas sou eu mesmo, só troquei de roupa hoje”, tenta abotoar o blazer para esconder a fivela do cinto, mas desiste, aplausos, o Rei ri, “ou melhor, de tom de azul, hehehe”, ouve-se o “tá lindo” de uma mulher na plateia, “gostaria de dizer muitas outras coisas a vocês no início deste show, mas acho que vou dizer cantando”, um solo de flauta introduz “Café da Manhã”, de 1978, luzes do palco acessas, rabiscos coloridos no telão, o Rei pede o jantar e recebe o solo de violão de Paulinho Coelho, o público também faz o seu pedido, porém a parte dos “lençóis macios” fica de fora outra vez, Roberto bate palmas para a introdução de “Ilegal, Imoral ou Engorda”, do disco de 1976, luzes apagadas no fundo do palco, placas de proibido no telão, saxes, trombones e trompetes na parte instrumental, o coral RC3 acompanha, “Então o que fazer? Já não quero mais saber, Se como alguma coisa que não devo comer, Será que tudo que eu gosto e ilegal, é imoral, Ou engorda???”, a bateria arremata, a levada “rock and roll” da música, um pouco menos no arranjo, um pouco mais na letra, é a deixa para Roberto cantar “É Proibido Fumar”, de 1964, o pontapé inicial para o resgate do Rei pelo pop rock brasileiro dos anos 1990, as luzes se acendem e o telão é invadido por avisos e placas de “É Proibido Fumar”, "Pois o fogo pode pegar, Mas nem adianta o aviso olhar, Pois a brasa que agora eu vou mandar, Nem bombeiro pode apagar, Nem bombeiro pode apagar", guitarras no instrumental, solo de bateria no final – um “pout-pourri” filmado no melhor estilo “gravação de DVD”, focado no palco e no cantor, quando muito nos músicos da orquestra, os closes em globais dos especais da virada no milênio não deixaram saudades, digo... Falando em pegar fogo, Cláudia Leitte comparece no palco usando um vestido cor-de-rosa, e canta “Amor Perfeito” com Roberto Carlos, que recebe um abraço e palavras calorosas, “obrigada, eu não sei o que dizer, só que Deus abençoe essa pessoa linda e maravilhosa que encanta o Brasil, o mundo inteiro, o meu coração, desde que eu sou criança, eu sempre sonhei estar ao seu lado, e eu nem tô acreditando ainda que isso não é sonho, é surreal estar aqui com ele, gente” – o Rei ri litros – “demais, obrigada, meu Rei, ô meu, Rei” – mais um abraço – “vamos tomar água de coco lá em casa, você é demais, pirou minha cabeça” – Roberto dá um beijo na bochecha – “e o pior nem é isso, ele é simples pra dedéu, aí encanta mais ainda, um beijo, fiquem com Deus, boa noite”, o Rei agradece, “obrigado, Claudinha” – “Amor Perfeito” foi lançada no disco de 1986, mas apesar de ter sido música de trabalho do LP, só entrou na “playlist” dos especiais em 2002, talvez por não ser uma composição do próprio Roberto (ela foi escrita por Michael Sullivan, Paulo Massadas, Robson Jorge e Lincoln Olivetti, quatro dos maiores fazedores de sucessos da música pop brasileira na década de 1980...), as músicas dele e Erasmo costumam ser prioridades na lista da atração, incluída somente após a gravação de Cláudia Leitte, ainda quando integrava o grupo Babado Novo, o disco de 2002 foi quase todo gravado ao vivo, e a canção foi identificada por Roberto como representativa do romance com Maria Rita depois da saída de cena da esposa, em 1999, sem contar que ele deu o nome para a música que Sullivan, Jorge e Olivetti, que criaram a melodia e parte da letra, e Massadas, que complementou o “lyrics”, chamaram de “A Dança das Horas”... Roberto Carlos mal tem tempo de se despedir de Cláudia Leitte e já começa a cantar “A Volta”, que compôs com Erasmo Carlos e foi gravada pela dupla Os Vips, os irmãos Márcio Vip e Ronald Antonucci, “Estou guardando o que há de bom em mim, Para lhe dar quando você chegar, Toda ternura, E todo meu amor, Estou guardando pra lhe dar”, guitarra acompanhando, o andamento do Rei é um pouco mais lento que a versão dos Vips, as luzes do palco se acendem e o manuscrito da letra aparece no telão, o foco no cantor e na orquestra dão aquele ar de “show de DVD” a apresentação, palmas para a guitarra solo de Paulinho Coelho, “Grande demais foi sempre o nosso amor, Mas o destino quis nos separar, E agora que está perto o dia de você chegar, O que há de bom vou lhe entregar” – a canção foi incluída na trilha sonora da novela “América”, de Glória Perez, que se não chegou a superar o sucesso de sua antecessora no horário das oito, “Senhora do Destino”, de Aguinaldo Silva, pelo menos não foi um fiasco como “Bang Bang”, de Mário Prata, no horário das sete, dentro da trama, o filho de Roberto, Dudu Braga apresentava um programa de televisão chamado “É Preciso Saber Viver”, onde entrevistava portadores de deficiências, inclusive a música que o pai compôs é o tema musical da confraternização do elenco da novela no final do último capítulo, como mostrou a reapresentação do Canal Viva em 2024...
"Arrasta Uma Cadeira" demorou 14 anos para ser feita, porém comprova o amor antigo do Rei pelo sertanejo... |
Roberto Carlos trabalha forte no “stand-up”, “há muito tempo, sei lá, será, faz tanto tempo que eu nem me lembro, eu fui ver um filme do Elvis Presley chamado Loving You, a tradução do filme, o nome do filme em português era A Mulher Que Eu Amo, mas o original é Loving You, e essa canção, tema do filme, é, eu sempre gostei dela, eu sempre quis gravá-la, pensei muitas vezes em fazer uma versão dessa canção, mas, muito difícil, muito difícil combinar o som, o sentido, sei lá, tudo das palavras, aí tive o atrevimento de gravá-la em inglês mesmo, sei lá, vamos nessa”, interpretando então “Loving You”, na tela os compositores Jerry Leiber e Mike Stoller, lançada em disco em 1957, parte da trilha do filme lançado no mesmo, ano, em seu idioma original, com legendas mostrando a tradução em português, “Loving You” virou “Amando Você”, o próprio maestro Eduardo Lages, de óculos, cuida do piano, buscando fidelidade com a versão original, enquanto são projetadas no palco silhuetas de estrelas e do próprio Elvis Presley – em 2005 eram relembrados os seus 70 anos de nascimento, e o filme “Loving You” é considerado uma espécie de “cinebiografia” do cantor estadunidense, Dona Gladys até faz figuração, agora, já houve uma música “intraduzível" no repertório de Roberto antes de “Loving You”, incluída no álbum de 2005, foi “Imagine”, de John Lennon, que entrou no disco ao vivo de 1987, em dueto com a cantora mirim Gabriela... O próximo “stand-up” começa com uma lembrança, “num show que nós fizemos juntos, num desses especiais, e comecei a cantarolar uma canção e falei, olha, essa música vou fazer pra gente gravar juntos, e tudo bem, o tempo passou, de vez em quando eu fazia uma frase, fazia outra, encontrava com o Erasmo, alguma coisa acontecia, fazíamos mais uma frase, e a coisa foi levando, né, e com tudo isso, acho que foi a canção que eu mais demorei pra fazer, 14 anos, cara”, risos na plateia, “aí outro dia eu liguei pra eles e disse, a música tá pronta, vamos gravar”, mais risos, “e aí eu acho que eles não acreditaram, não, poxa, tá brincando, gente, sei lá, mas aí gravamos, foi uma experiência maravilhosa que eu tive, que eu tenho, porque essas coisas não passam, de gravar essa canção com meus dois grandes amigos, caras que eu respeito profundamente, os meninos do Brasil pra sempre, Chitãozinho e Xororó!!!”, o Rei aplaude a dupla sertaneja, Chitão de branco e de chapéu, Xororó com um paletó prateado e jeans, ambos os dois abraçam Roberto, a plateia faz silêncio, Chitão diz “obrigado”, o Rei avisa, “eu já contei tudo, dos 14 anos de espera pra gente gravar essa canção, só não falei da emoção realmente, professor, de gravar essa canção, o momento que foi gravar essa canção, que realmente foi, professor, maravilhosa”, Xororó comenta, “E a gente ouvindo lá atrás, as pernas velhas começaram a bambear”, Roberto ri, “foi difícil chegar aqui, hehehehe, foi difícil chegar aqui, bicho”, Xororó segura o braço do Rei, “vai ser um problema, bicho, mas vamos lá”, Roberto o encoraja, “mas vamos nessa, a música se chama Arrasta Uma Cadeira e está no disco novo”, compositores na tela, “Roberto Carlos / Erasmo Carlos”, uma introdução fortemente trabalhada no sertanejo, cadeiras de balanço em negativo projetadas no telão, “Se a conversa é boa o tempo logo passa, Quando se ama a gente não disfarça, E sempre fala da mulher amada, E a prosa tem mais graça, E nessa conversa vai passando a hora, Se alguém espera a gente não demora, E o coração no peito bate forte. E a gente vai embora”, a dupla só achando graça da parte de Roberto, mais cadeiras de balanço, agora em positivo, o Rei diz na parte instrumental, “é, bicho, quando o coração bate, a gente corre pra ela, não tem jeito, ê, beleza”, um abraço caloroso da dupla para o Rei no final – é a quarta participação de Chitãozinho e Xororó no especial, um recorde entre os parceiros de palco de Roberto na atração, com exceção, obviamente, de Erasmo Carlos, o tempo que a música levou para ser feita, coincide inclusive com uma das participações dos pais de Sandy e Junior, em 1991, e ao levar-se em conta o resgate de “Caminhoneiro” no especial de 2004 com direito a Pedro e Bino de “Carga Pesada”, a menção no começo a “De Coração Para Coração”, que a dupla sertaneja cantou em sua primeira aparição nos especiais, em 1986, e que “Arrasta Uma Cadeira” é um raro dueto registrado em álbum do Rei, dá para dizer que Roberto tem um amor antigo pelo sertanejo, bem mais do que pelo pagode e o samba, o que seria comprovado cinco anos depois com “Emoções Sertanejas”... Roberto Carlos revisita o próprio repertório com “Cavalgada”, de 1977, apesar da música falar em “estrelas mudam de lugar” (melo do astrônomo...), o palco permanece na penumbra a maior parte do tempo, exceto durante o famoso solo de guitarra na parte instrumental, com luzes em profusão e o Rei trabalhando forte no refrão, “Estrelas mudam de lugar, Chegam mais perto só pra ver, E ainda brilham de manhã, Depois do nosso adormecer, E na grandeza desse instante, O amor cavalga sem saber, Que na beleza dessa hora, O sol espera pra nascer”, a próxima canção é outro clássico, “Detalhes”, de 1971, na versão banquinho e violão que termina com um sussurrado “não adianta nem tentar, não, não” – e que se tornou obrigatória dos especiais depois do “Acústico” genérico de 2001, embora já tenha aparecido anteriormente...
Versão de "Índia" feita para novela "Alma Gêmea" não supera as gravadas por Paulo Sérgio e Tiririca... Ops!!!... |
A personagem Serena, a indígena interpretada pela atriz Priscila Fantin na novela “Alma Gêmea” surge nadando sob as águas de um rio, com seu rosto marcado por pinturas tribais emergindo a superfície, o que lembra vagamente a abertura do “Fantástico” de 1987 com Isadora Ribeiro, Serena sorri e aparece no telão do palco, a música é creditada na tela, “Índia, MG Cordero / A Flores”, e Roberto Carlos canta a música que gravou para a trilha da novela escrita por Walcyr Carrasco, com um acompanhamento e uma entonação parecidos com a versão interpretada pela dupla sertaneja Cascatinha e Inhana em 1955, nesse ponto, Paulo César de Araújo está certo, a gravação de Paulo Sérgio, feita em 1973, graças a voz e os arranjos eletrônicos potentes, é muito mais vibrante, até a versão que Gal Costa lançou nesse mesmo ano, no disco “Índia” é melhor, embora nenhuma delas supere a que Tiririca fez em 1996, toda ela fortemente trabalhada na repetição de “Índia Teus Cabelos” – a versão do Rei não escaparia do “revisionismo” em torno da novela “Alma Gêmea” empreendido por alguns “haters” nas redes sociais durante sua reapresentação no “Vale a Pena Ver de Novo” em 2024, baseado em três pontos, (I) o fato da indígena Serena, interpretada por uma branca de olhos verdes, ser a reencarnação de Luna, personagem de Liliana Castro, uma branca de olhos negros, (II) a absolvição da principal vilã da história, Cristina, interpretada por Flávia Alessandra, de todas as maldades que cometeu na trama, (III) e a elevação do grande amor de Serena, Rafael, papel de Du Moscovis, a condição de vilão da novela, isso depois dos críticos desavisados errarem a conta na acusação de que o plantador de rosas envolveu-se com a indígena quando ela era menor de idade, se bem que a própria Priscila não leva mais sua personagem a sério desde pelo menos a exibição da novela no próprio Canal Viva, quando retrabalhou um dos bordões de Serena no Instagram ©, e o “Serena quer ir pra São Paulo” virou “Serena quer ir pra Beto Carreiro”... Após os aplausos, Roberto Carlos apresenta os próximos convidados, “sem dúvida alguma, eles formam a grande banda de rock do Brasil, eu tenho maior respeito por esses caras, e a maior admiração, sou fã de J.Quest”, então é por isso que o Rei ganha um abraço do vocalista Rogério Flausino, que bota banca de seu conjunto de calça e paletó, “gostou, só faltou o cinto, não tinha, tentei roubar de seu camarim, mas não deixaram entrar, é o tipo de roupa de Roberto Carlos”, enquanto a banda busca lugar no palco em meio aos risos, caso do baterista Paulinho Fonseca, melhor cantar “Além do Horizonte”, a composição de Erasmo Carlos e Roberto de 1975 – revisões da letra à parte... Roberto Carlos coloca a mão no peito e afirma categoricamente, “tudo que diz a letra dessa canção vem do mais fundo do meu coração”, a rima se justifica pois irá cantar, “Pra Sempre”, canção que emprestava seu nome ao álbum lançado em 2003 e a turnê do cantor em 2004, o show do Pacaembu, muito antes da apresentação cancelada que iria reinaugurar um estádio ainda em obras, em abril de 2024, foi gravado e lançado em DVD – uma das homenagens musicais a esposa Maria Rita Simões Braga, que saiu de cena em 1999, o que inclui um solo dos saxofonistas na parte instrumental, fosse “Acróstico” o Rei em pessoa pilotaria o piano, digo... Roberto Carlos explica, “esta canção está no meu disco novo, música antiga, mas é a primeira vez que eu canto”, e interpreta “Promessa”, que compôs com Erasmo, mas foi gravada originalmente por Wanderley Cardoso em 1966, “Amanhã estarei tão distante de ti, Mas prometo sincero serei, Pois mesmo a distância consegue fazer, Eu de ti meu amor, esquecer”, tome tela azul e guitarra em close – também uma forma de homenagear os 30 anos da Jovem Guarda evocando um de seus cantores mais representativos, que levou Wilton Franco a criar um programa na TV Excelsior para concorrer com a atração de Roberto na Record, um pouco menos musical e um pouco mais cômico, com o cantor Ivon Curi e suas “chansons” românticas, o lutador argentino Ted Boy Marino e o comediante Renato Aragão, assim surgindo o programa “Adoráveis Trapalhões”, em 1966, depois Wanderley pegou fama de brega, mas essa é outra história... Roberto Carlos começa com caco a cantar “É Preciso Saber Viver”, composição sua e de Erasmo, “quem espera que a vida, seja feita de ilusão – tá ferrado!!!”sem esquecer da alteração na letra feita pelo próprio Rei que se tornou canônica, “se o bem e o bem existem, você pode escolher, é preciso saber viver”, a bateria trabalha forte – a única música de Roberto cantada numa cerimônia de abertura olímpica, no caso, dos Jogos Paralímpicos do Rio, em setembro de 2016, na voz de Seu Jorge, compensando as vaias para “Emoções” no Maracanã antes da cerimônia inicial dos Jogos Olímpicos, um mês antes, embora no caso do Brasil ter direito de sediar a competição, por exemplo, em 2000 em Brasília, ou em 2004 no Rio de Janeiro, lá estaria o Rei em pessoa, talvez cantando “Amigo”, “Verde e Amarelo” ou mesmo “É Preciso Saber Viver”, aqui na companhia dos Titãs, que regravaram a música em 1998... Os convidados comparecem novamente ao palco para acompanhar Roberto Carlos em “Jesus Cristo”, composição com Erasmo lançada no disco de 1970, luzes piscando no palco, Big Bang na tela, a explosão, não a série, que só foi lançada em 2007, olha o coral, câmeras amadoras fotografando na plateia, Roberto pede aos parceiros que cantem, “vocês”, os trompetes dão uma forcinha, e o Rei começa a oferta de flores para o público presente na casa de espetáculos, não sem antes Dedé pegar o buquê extra e Cláudia Leitte receber a primeira rosa, seguida por Xororó e Paulinho Fonseca, depressa que as fãs estão esperando – surpreendentemente, Roberto Talma deixou a distribuição de flores, que vinha omitindo dos especiais, mesmo os gravados em casas de shows, há alguns anos, porém mostrou o mínimo necessário e já passou para outro “stand-up” do cantor... Roberto Carlos, de azul com fundo azul, segura uma taça de vinho e diz, “dizem que o brinde, o tim-tim, o som do bater das taças, nasceu de uma linda história de amor, que há muito tempo, há muitos anos, um homem e uma mulher se amavam muito, muito, se amavam com um amor infinito e ele, em suas longas viagens, sentia muita falta, muita saudade dela, e a noite ele tomava um vinho, pensando nela, sempre, numa dessas noites, ele chama um dos amigos que estava a sua volta e diz, esse vinho, ele sempre me traz um pouco da minha amada, ele tem a cor que me traz um pouco a cor das maças do rosto da minha amada, ele tem o bouquet, o aroma, que traz um pouco do perfume da minha amada, ele tem o sabor que me traz um pouco o sabor dos beijos da minha amada, mas falta algo que represente o som da voz da minha amada, amigo, levante a sua taça, tim-tim, agora eu tenho o som cristalino que representa um pouco a voz da minha amada, mas pra mim, nenhuma cor, nenhum bouquet, nenhum aroma, nenhum perfume, nenhum sabor, nenhum som se comparam ao som das maçãs do rosto, ao perfume, ao sabor dos beijos e a som da voz da minha amada, esse show, eu dedico com todo meu amor, a minha amada, Maria Rita, tim-tim!!!, Feliz Natal, Feliz Ano Novo, pra todos, pra todos nós”, ainda há tempo do Rei aparecer no palco ao piano com os versos de “Acróstico”, do álbum “Pra Sempre”, de 2003, onde a primeira letra de cada verso forma a frase “Maria Rita Meu Amor”, “Meu coração Eternamente Um dia eu te entreguei Amo você Mais do que tudo eu sei O sol Raiou pra mim quando eu te encontrei”, aplausos, sobem os créditos, “Músicos Roberto Carlos”, “Teclados Tutuca Borba”, “Piano Antonio Wanderley”, “Equipe Roberto Carlos Dody Sirena, Carminha Silva, Guto Romano, Genival Barros, Neyde de Paula, Edu de Oliveira, André Colling, Vicente Ruggiero”, “Efeitos Visuais Claudia Souto, Jodele Larcher Spetto”, “Abertura Hans Donner Alexandre Pit Ribeiro” – ao lembrarmos que Luiz Carlos Miele foi, por muitos anos, o produtor dos shows de Roberto Carlos, o tim-tim imediatamente remete às garotas do programa “Cocktail”, que apresentou no SBT... Ops!!!...
Desta vez mostraram a oferta de flores, porém rapidamente, antes do brinde de Roberto Carlos para Maria Rita... |
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