sábado, 17 de agosto de 2024

Saudades de Silvio Santos (1930-2024)...

Últimos quadros gravados por Silvio Santos foram exibidos em 26 de fevereiro de 2023, um "Não Erre a Letra"...





















(Sábado Sem Senor...) O apresentador e empresário Silvio Santos saiu de cena na manhã deste sábado devido a uma broncopneumonia após infecção pelo vírus da influenza H1N1, Silvio, que nasceu Senor Abravanel no Rio de Janeiro em 12 de dezembro de 1930, sete pontos no Bolão Pé-na-Cova, estava internado no Hospital Albert Einstein desde 1º de agosto, em observação depois de ter passado pelo mesmo hospital entre 18 e 20 de julho para se recuperar de uma infecção por H1N1, o risco de ser vitima de infecções respiratórias foi determinante para ele abandonar em definitivo a apresentação do “Programa Silvio Santos” em  2022, ainda durante a pandemia de Covid-19, que já havia suspendido as gravações da atração em 2020, substituídas por reprises, até Silvio retornar com gravações esporádicas, a partir de agosto de 2021, o que incluiu uma edição do Troféu Imprensa, com Patrícia Abravanel preenchendo as ausências do pai,  os últimos quadros gravados nessa fase, gravados em um novo cenário que cujos ajustes também serviram de justificativa para seu afastamento, foram ao ar em 26 de fevereiro de 2023, um “Não Erre a Letra” com a trupe do “Programa do Ratinho” e um “Jogo das Três Pistas” com Christina Rocha, ex-cunhada de Silvio, demitida da emissora em maio de 2024... Para lembrar a trajetória de Silvio, resgatamos as resenhas de três livros sobre o apresentador, empresário e proprietário do SBT,  as biografias “Silvio Santos, A Trajetória do Mito”, de Fernando Morgado, “Silvio Santos, A Biografia”, de Márcia Batista e Anna Medeiros, ambos lançados em 2017, este servindo como base para um musical e um filme (o estrelado por Rodrigo Faro), e “Topa Tudo por Dinheiro –  As Muitas Faces do Empresário Silvio Santos”, de Maurício Stycer, que chegou às livrarias em 2018, ou seja, todos merecedores de novas edições, por exemplo, no texto sobre o livro de Morgado é mencionada a negociação de SBT, Record e Rede TV!, reunidas na empresa SIMBA Content, com as operadoras de TV paga, de modo a aumentar o valor da remuneração dos três canais por ocasião do desligamento do sinal analógico de televisão em São Paulo, acontecido em 2017, um processo demorado e gradativo, em que os canais deixaram de ser oferecidos pelas operadoras, que terminou com os acordos fechados entre a SIMBA e a Vivo, em 1º de agosto, com a Vivo, em 30 de agosto, e o acerto mais difícil de todos, com a Claro, em 8 de setembro, todos esses acordos foram renovados em 15 de setembro de 2021, e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) autorizou que a SIMBA prossiga suas atividades, rejeitando uma demanda das operadoras de pequeno porte, em 21 de junho de 2023, apesar da promessa não cumprida de oferecer um maior número de canais, ocasião em que se cogitou a criação de um “Viva do SBT”, o que hoje não faz tanto sentido com a expansão dos “streamings”, com investimentos incluive da própria emissora, que tinha previsto o lançamento do SBT+ para 18 de agosto, véspera do aniversário de 43 anos do início das transmissões do canal, assim como não se concretizou a venda da Globo, cinco anos depois da saída de cena de Paulo Henrique Amorim... A resenha da biografia de Márcia Batista e Anna Medeiros cita a demissão de Carlinhos Aguiar do SBT, acontecida em 13 de novembro de 2017, supostamente por gestões junto a Silvio de Mara Maravilha, que assumiu a vaga do humorista no “Jogo dos Pontinhos”, quadro que voltou a fazer no seu retorno a emissora, em  janeiro2018, depois de ter procurado Silvio Santos, que pediu sua readmissão, porém Carlinhos não escapou de uma rodada de demissões no SBT motivadas pela pandemia, em 7 de outubro de 2020, deixando outra vez o canal na companhia de Leão Lobo, Lívia Andrade e Mamma Bruschetta, embora continuasse a aparecer nas reprises das “Câmeras Escondidas” gravadas na década de 1990, Silvio chegou a dizer que o SBT estava de portas abertas para receber o humorista de volta, numa entrevista ao repórter Roger Tuchetti, do portal Terra, publicada em 28 de abril de 2022, porém o retorno aconteceu somente em fevereiro de 2024, no “Programa do Ratinho”, Mara Maravilha manteve-se na bancada do “Jogo dos Pontinhos”, inclusive nos programas gravados durante a pandemia, como na ocasião em que Silvio a expulsou do palco por ter chamado Danilo Gentili de “pedante”, em 8 de maio de 2022, porém já na interinidade de Patrícia, o elenco do quadro foi totalmente renovado com humoristas do programa “A Praça é Nossa”, a partir de 7 de agosto, a própria Mara seria mandada embora do SBT em fevereiro de 2023, e o “Jogo dos Pontinhos” saiu do ar com a volta do “Show de Calouros”, comandado por Patrícia, em 3 de março de 2024, faz sentido, não era segredo para ninguém que as filhas do apresentador detestavam esse quadro, apesar de uma delas ter feito parte da bancada, muito pelas interações de Silvio com Helen Ganzarolli, que reapareceu no programa nas últimas semanas, apresentando o quadro “Tá Na Rua” e substituindo Márcia Fu no júri do “Show de Calouros”, obviamente para tirar proveito do “recall” que o público tem dela com Silvio, pois é, não é, e o SBT deixou a sede histórica de São Cristóvão em 19 de agosto de 2021, quando inaugurou novas instalações no Rio de Janeiro, com 829,12 metros quadrados, no Centro Empresarial Charles De Gaulle, situado na Avenida Marechal Câmara, na região do Castelo,  com vista para a Marina da Glória e a  Urca, que se tornou o cenário em que Isabele Benito apresenta o “SBT Rio” a partir de 20 de setembro...  O livro de Stycer, além de revisar outras obras escritas sobre o apresentador, também analisa as inciativas empresariais e movimentações políticas de Silvio Santos, defendendo inclusive que o empreendedor precede o comunicador, alis, a resenha da obra foi publicada aqui em 29 de maio de 2020, seis dias depois de Silvio ter determinado que a exibição do noticiário “SBT Brasil” fosse substituída pela íntegra de uma reunião ministerial do presidente Jair Biroliro, realizada em 22 de abril, que era mantida em sigilo pelo governo, devido a declarações contrárias as ações de combate à pandemia de Covid-19, tendo sua liberação determinada pelo STF, e duas semanas antes de Biroliro nomear para o Ministério das Comunicações o próprio genro de Silvio Santos, o deputado federal Fábio Faria, participante de ações que visavam contestar o resultado das eleições presidenciais de 2022, primeiro criticando os resultados das pesquisas de opinião antes do primeiro turno e depois denunciando que emissoras de rádio deixaram de transmitir inserções de propaganda do Bozo, sem provas conclusivas, às vésperas do segundo turno, isso apesar de ter supostamente escrito um discurso onde o presidente reconhecia a derrota nas urnas e aceitava a vitória do Luís Inácio, pedindo exoneração do Ministério em 21 de dezembro de 2022, e depois da posse do novo presidente e principalmente dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, tem sido evitado o comparecimento dele no programa apresentado por sua esposa, Patrícia Abravanel, até em especiais de Natal e Dia dos Pais, pensa no seguinte, o período em que Patrícia assumiu o comando do programa, primeiro substituindo o pai quando tentava retornar às gravações, depois em definitivo, coincide com o período em que Faria foi ministro do Bozo, isso não deve soar muito bem, inclusive nos círculos familiares, digo...



(Publicado em 15 de maio de 2017) Nos últimos tempos,  o conceito de “mito” vem sendo atribuído a pessoas que nem de longe são merecedoras desse título... Claro que este não é o caso de Silvio Santos... Então é por isso que o titulo da biografia escrita por Fernando Morgado, “Silvio Santos A Trajetória do Mito” é totalmente adequada à personalidade retratada em suas páginas... Morgado não conseguiu entrevistar Silvio durante a elaboração do livro, no entanto, ao chegar às mãos do apresentador do SBT, a obra conseguiu repetir a façanha de “A Fantástica História de Silvio Santos”, de Arlindo Silva... Se tornar uma biografia não-autorizada anunciada na emissora de televisão do próprio biografado... Não que os livros publicados sobre Silvio sejam extremamente críticos, exceto “Adelaide Carraro no Mundo Cão do Silvio Santos”, de Shirley Queiroz, em que a famosa escritora relata sua experiência como produtora do “Programa Silvio Santos” na década de 1970, porém o foco aqui são suas divergências com a equipe da atração, em especial com a jornalista Silvia Donato, que apresentou alguns dos primeiros noticiários policiais do SBT, e revelações sobre a vida pessoal de Silvio... Há também os estudos acadêmicos, tais como “Linguagem Autoritária”, de Maria Thereza Fraga Rocco – que depois se tornou jurada do “Troféu Imprensa” – e “Circo Eletrônico”, de Maria Celeste Mira... A revista “Contigo”, que já teve Iris Abravanel como colunista, lançou “Silvio Santos, A História de Um Vencedor”, um relato altamente elogioso... Em termos de mitomania, no entanto, nada se compara às três edições de “A Fantástica História de Silvio Santos”, lançadas em 1972, 2000 e 2002 – esta, um “upgrade” menos conhecido da edição anterior, acrescida de capítulos sobre o desfile na Tradição no Carnaval, os sequestros de Patrícia Abravanel e do próprio Silvio, e a primeira edição da “Casa dos Artistas”, fatos acontecidos em 2001...  O livro de Morgado é dividido em capítulos temáticos... “Negócios”, “Artista”, ‘Dono de Televisão”, “Política” e “Vida Pessoal”... Além de um capitulo introdutório chamado “O homem por trás do sorriso” no começo da obra e uma cronologia no final... Em cada capítulo temático há uma coletânea de frases de Silvio Santos, pesquisadas pelo autor em livros, periódicos e sites da internet... Em “Negócios”, é relatada toda a trajetória empresarial de Silvio, desde a venda de carteiras para título de eleitor na região da Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro, em 1945, até a venda do Banco Panamericano para o BTG Pactual em 2011... Na realidade, quase toda.... Apesar do texto e das frases apontarem diversos altos e baixos dos empreendimentos de Silvio, a maior parte deles surgidos para dar apoio à atribuição de prêmios no programas televisivos e do Baú da Felicidade, faltou mencionar, coisa pouca, a pressão que Silvio fez para vender o Banco Panamericano... Inclusive declarando textualmente que se a instituição financeira quebrasse, aconteceria um efeito dominó e vários grandes bancos também iriam à bancarrota... Na verdade, depois da crise financeira internacional de 2008, Silvio já tinha vendido 37% das ações do banco para a Caixa Econômica Federal (apoiado em uma Medida Provisória que autorizava a Caixa e o Banco do Brasil a adquirir participações acionárias de bancos pequenos e médios...), já que o principal negócio do Panamericano , o microcrédito, estava em baixa devido à falta de dinheiro para oferecer empréstimos, a inadimplência dos tomadores... BV Financeira começou assim... Ele falou grosso porque não queria uma intervenção federal – risco surgido devido às operações fraudulentas de Luiz Paulo Rosenberg – e muito menos vender o restante do banco para a Caixa, que já ocupava metade das vagas do Conselho de Administração do Panamericano... Seria o fim da fama de empresário que prosperou sem depender das benesses de governos... O que de forma alguma obscurece o brilhantismo de Silvio na área empresarial, vide Jequiti... O capítulo “Artista” tem a sagacidade de situar o “Programa Silvio Santos”, que começou em 2 de junho de 1963, dentro de uma tendência da televisão latino-americana de “programas de longuíssima duração, que tudo cabe”... “Esse formato, chamado de ônibus ou contêiner, tem segmentos que funcionam como vagões de um trem conduzido pelo animador”... Entre os quais se inclui o “Siempre En Domingo”, de Raul Velasco, aquele do “C” com a mão para indicar o comercial, na Televisa mexicana, que os cômicos do programa “Los Polivoces” rebatizaram de “Siempre Lo Mismo”... O Troféu Imprensa é citado em seu aspecto mais essencial... “Foi Silvio quem decidiu entregar aos premiados uma estatueta idêntica à do Oscar ©, feita na Vila das Mercês pela Piazza”... Quanto ao Miss Brasil, faltou dizer que a Suzy Rego, Miss Pernambuco, perdeu por pouco em 1984, digo...  E a obra não esconde as  inspirações das atrações de seu programa... “Para Silvio, as viagens serviam como fonte inesgotável de ideias para novas atrações... Não foram poucos os jogos que ele apresentou após vê-los em uma feira de negócios ou no quarto de um hotel”... Uma lista que inclui até o “Show do Milhão”... Que era “Jogo do Milhão”, até Silvio se desentender com o empresário Jacques Glaz, que criou o formato, baseado no game-show estadunidense “Millionaire”... O fato é que Silvio e sua equipe trabalham tão forte na tropicalização de formatos que quando Luciano Huck lançou “Quem Quer Ser Um Milionário”, com direitos adquiridos e tudo, muitos o acusaram de plagiar Silvio... Que muito modestamente disse em 2001 que seu game “é o único no mundo que tem as opções de arrisca tudo, cartas, placas e universitários”...  Está certo disso???... Sem contar a “Casa dos Artistas”, Endemol...  Antes, em 1987, confessou que por volta de 1974 pedia cartas de recomendação para Manoel... De Nóbrega a fim de assistir os programas de jogos das grandes redes estadunidenses do estúdio... Em 1969, atribuiu ao radialista Almirante uma frase que vive repetindo em seu programa atualmente... “Rádio só é diversão pra quem ouve... Pra quem faz é profissão como outra qualquer”... Claro que hoje ele troca “rádio” por “televisão”... Ah, sim... “O Preço Certo”, no original “The Price Is Right”, foi pensado para ser feito por J.Silvestre na TV Excelsior, em 1963 pelo diretor-geral Edson Leite, apesar dos protestos de seu braço-direito, o Boni...  “Ninguém sabe o preço de coisa alguma e aqui programas de perguntas e respostas só funcionam quanto têm um conteúdo humano e emocional”... Vide “O Livro do Boni”... Que a despeito do aproveitamento quase total no livro de um depoimento  concedido por Silvio a coletânea “50/50”, organizada por Boni em 2000, nas comemorações dos 50 anos de televisão no Brasil, o diretor-geral da Globo entre 1967 e 1997 é uma figura muito prestigiada em uma declaração de 1988, reproduzida no capítulo “Dono de Televisão”... “O Boni é o melhor profissional da televisão brasileira, mas nunca vai ser dono porque não tem estrutura moral para isso... Não tem ética, é passional”... E pensar que no começo deste século, Boni era sempre apontado como possível comprador do SBT, que preferiu contratar o Ratinho... Isso antes da Rede Vanguarda, é claro...  Alis, esqueceram de colocar a declaração que Silvio fez para o repórter Thiago Rocha, da Rede TV!, em uma entrevista exibida em 30 de março de 2015... “A Globo está em crise? Ah, eu compro. Eu compro a Rede Globo, não tem problema. Eu pago para os Marinhos. Pago à prestação, mas pago”... Se for verdade, é melhor que Silvio corra, pois segundo Paulo Henrique Amorim, o magnata mexicano das telecomunicações, Carlos Slim, deve levar a Globo e os Marinhos vão se dedicar às fazendas de café dos Panamá Papers, digo...  Nesse capítulo também está a famosa comparação entre Globo e SBT, feita em 1987... “A Globo é um supermercado, eu sou uma quitanda”... Trinta anos depois, quem tem alma de quitandeiro é o Bofinho, diretor de núcleo do BBB, pautando “twists” em seu “reality-show”  apenas para enfrentar estreias na concorrência... Morgado localizou a frase na extinta revista “Afinal”, no entanto ela foi feita na célebre entrevista concedida a Marcos Wilson e Luiz Fernando Emediato, do “Estadão”... Que levou ao convite para os dois reestruturarem o jornalismo do SBT, Boris Casoy...  O autor ressalta o fato de que Silvio é avesso a entrevistas, mas nesse caso, os entrevistadores o agradaram tanto que acabaram indo trabalhar na emissora... As muitas frases de Silvio para a revista “A Crítica”, em 1969, vieram de uma entrevista feita por Décio Piccinini... Que depois escreveu as colunas de Silvio em jornais e revistas na década de 1970 e se tornou jurado do “Show de Calouros”...  O próprio Arlindo Silva, antes de se tornar assessor de imprensa e biógrafo do apresentador, escreveu um perfil publicado pela revista “O Cruzeiro”, em 1971... E também quando Ricardo Valladares escreveu o perfil que foi matéria de capa da revista “Veja” em 2000, uma das principais fontes do livro... Seis anos depois, o setorista de televisão da publicação da Abril se tornaria diretor artístico do SBT, por um breve período, sendo sucedido pela filha número três, Daniela Beyruti...  Alis, por falar em programação, um parágrafo só sobre “Chaves” é muito pouco... Pelo menos não repetiram a informação fantasiosa da biografia de Arlindo Silva, de que “Chaves” e “Chapolin” teriam sido adquiridos em um único lote de 500 episódios, em 1982... Hoje já se sabe que os episódios vieram em quatro lotes, em 1983 (vide vídeo em que o diretor de dublagem do SBT, José Salathiel Lage, diz que a emissora se preparava para dublar “comédia em videotape”...), 1986, 1989 e 1992... Em janeiro de 1981, a emissora paulista de Silvio Santos ainda era a Record – metade das ações adquiridas por meio de um testa-de-ferro (o livro não menciona que Joaquim Cintra Gordinho, indicado por Demerval Gonçalves, diretor do Grupo Silvio Santos, chegou a ser procurado pelos donos da Fábrica de Móveis Brasil, que tinha um carnê similar ao do Baú da Felicidade, para vender sua participação na emissora...) e 10%, que garantiram o controle da Record, obtidos em troca de um empréstimo a Paulinho Machado de Carvalho, membro da família proprietária da emissora... Silvio só pode assumir o controle da Record em 1976, depois que saiu da Globo – Morgado cita que o contrato de aluguel de horário só foi renovado em 1972 por intervenção direta de Roberto Marinho (Boni, em sua autobiografia, lembra que Silvio emprestou dinheiro a Marinho, depois que o jornalista adquiriu a TV Paulista, onde Silvio apresentava seus programas)... No mesmo ano, entrou no ar a TVS Rio, canal 11, vide exibição do filme “O Homem Cobra” bombando na “Sessão das Nove” em 1979... Antes do SBT ser inaugurado, em agosto de 1981, e principalmente depois do fechamento da TV Tupi, em julho de 1980 – o livro relata todas as influências no processo de licitação das concessões obtidas por Silvio, vide “O Figueiredo... É coisa nossa”  – a emissora carioca e a Record exibiam o “Programa Silvio Santos” e outras atrações produzidas nos estúdios da Rua Dona Santa Veloso, na região da Vila Guilherme... Assim, a mesma vinheta “Todo Dia Toda Hora Tudo Bem”, feita em “scanimate” que seria mostrada no SBT a partir de sua entrada no ar, em 19 de agosto de 1981, aparecia no intervalo comercial da “Sessão Oscar” da Record, exatamente sete meses antes, em 19 de janeiro... A diferença é que a vinheta terminava com o logotipo da Record... Também estavam presentes nos intervalos do filme “A Marca da Forca” os anúncios das empresas do Grupo Silvio Santos... “Sabe, quem procura acha... Mas quem procura o melhor mesmo só vai encontrar no listão de ofertas da Tamakavy Móveis”, diz o ator Mário Alimari, de terno, usando óculos e com a voz do dublador Felipe Di Nardo, que era para a Elenco o mesmo que Marcelo Gastaldi era na MAGA nos estúdios da TVS na Vila Guilherme... Vide dormitório Imperador por 39.900 cruzeiros à vista ou 74.985 cruzeiros à prazo – em 15 vezes...  “Taí, quem procura acha, no listão de ofertas da Tamakavy Móveis... Mais barato, meu... Hum, hum, hum”, diz o garoto-propaganda rindo, abaixando os óculos e olhando para a câmera... Muito antes de Silvio vender a rede de lojas para as Casas Bahia... O comercial seguinte é de outra empresa de Silvio, com jingle e tudo... “Seja sócio do CLAM!!! Seja sócio do CLAM!!!”... O plano de saúde que também era título de capitalização, como relata Morgado no livro, demonstrava suas vantagens...  “Com uma pequena parcela mensal você recebe consultas com hora marcada, exames laboratoriais e radiológicos, hospitalização para tratamento e cirurgias e pronto-socorro aberto 24 horas por dia, inclusive sábados, domingos e feriados”... Essa seria uma das empresas que mais daria dores da cabeça a Silvio ao lado da Aposentec, um plano de previdência privada que pagou valores irrisórios a seus associados ao se aposentarem... E pensar que hoje o apresentador apoia a reforma da Previdência de Michel Temer, convencido de que qualquer um pode chegar aos 86 anos trabalhando como ele, digo... Já a Liderança Capitalização fazia a festa daquela mulher que em pleno salão de beleza, fazendo os cabelos e as unhas, recebia de um carteiro a notificação de que tinha sido premiada... “Os títulos da Liderança Capitalização são assim... Além da poupança capitalizada, você pode ganhar prêmios em dinheiro nos sorteios semanais”... Telesena começou assim, digo... Mas as empresas de Silvio não se esquecem de quem não tem a sorte de ganhar uma fortuna com um título de capitalização... “Tenha as férias que você deseja com o crédito pessoal da Baú Financeira”... Vide os dois ônibus “Dinossauro” da Cometa estacionados lado a lado na plataforma do antigo terminal rodoviário de São Paulo, na região da Praça Júlio Prestes... O comercial, com trilha sonora em ritmo de samba, e mostrando imagens das praias de Acapulco, quer dizer, do Guarujá, enfatizava... “Por tudo que você fez, você merece... Viagens, praias, descanso e muita alegria...  Escolha o programa, e boa viagem... A Baú Financeira financia!!!”... Basta comparecer à Rua São Bento, 272... Quer dizer, em 1981... Hoje, o jeito é recorrer ao Banco Pan, que já não pertence mais a Silvio... Ops!!!... O livro fecha com capítulos sobre “Política” – o diretor editorial da obra, Paulo Tadeu, era redator dos programas do PMB, partido pelo qual Silvio se candidatou à presidência em 1989 – vide o apresentador gravando sete programas em duas horas e pensando em contratar marqueteiro só no segundo turno – e “Vida Pessoal”... Que esclarece sobre a adoção da filha número dois, Silvinha, primeiramente oferecida a Manoel... De Nóbrega... Faltou falar um pouco mais como a filha número quatro, Patrícia, da figura transtornada pelo sequestro,  se tornou a provável herdeira artística de Silvio... Isso depois da saída de Gugu Liberato do SBT, em 2009, a princípio no “Jogo dos Pontinhos”,  em um esquema claramente inspirado em Carlos Imperial e sua filha Maria Luiza, Denilson Monteiro, depois na apresentação de programas e... A gente ia, digo...  A declaração de que “A Patrícia vai muito bem na televisão” não basta...  O que nos lembra a frase dita na Record em 3 de abril de 2016 para Edir Macedo, no Templo de Salomão, que Morgado considera o início da SIMBA Content... “Todos deveríamos nos unir para que pudéssemos alcançar melhores resultados... Seria melhor que um ficar digladiando com o outro... É besteira isso”... Vale mencionar a declaração pois as negociações com a NET para veicular o sinal digital de SBT, Record e Rede TV andam tão emperradas que o próprio Silvio Santos publicou nas redes sociais um vídeo em que ensina como posicionar a antena interna para poder sintonizar os canais digitais abertos... Para encerrar, a profissão de fé de Silvio, extraída do início do depoimento no livro “50/50”... “A minha família é de origem judaica e a minha religião é israelita, sou judeu”... Então é por isso que ele queria ser Salomão no templo de Edir Macedo, digo...






















E também apresentaram um "Jogo das Três Pistas" com a Christina Rocha, demitida do SBT em maio de 2024...






































(Publicado em 21 de novembro de 2017) Neste domingo, Mara Maravilha substituiu Carlinhos Aguiar no “Jogo dos Pontinhos”, do “Programa Silvio Santos”... A mudança, que já acontecera em outras ocasiões, desta vez era definitiva... Na segunda-feira, 13 de novembro, o ator, que trabalhava no SBT antes mesmo da sua inauguração oficial, em 1981, foi chamado aos estúdios da Anhanguera pensando que iria tratar da gravação do próximo quadro... No entanto, a diretoria da emissora comunicou que Aguiar estava demitido... O humorista imediatamente acreditou que a decisão tinha influência de sua substituta no “Jogo dos Pontinhos”... Mara Maravilha teria começado a comparecer frequentemente no salão do cabelereiro Jassa para convencer Silvio, que sempre cuida dos cabelos no local, a colocá-la como participante fixa do quadro, no lugar dele... Aguiar lançou mão do mesmo recurso e, na tentativa de recuperar o emprego, foi até o Jassa na manhã de terça-feira, acompanhado do filho, Caíque Aguiar...  Encontrou com Silvio saindo de seu carro... O apresentador ficou surpreso com a comparecimento do ator, no entanto, disse que não tinha nada a ver com a demissão, despediu-se rapidamente e entrou no salão sem dar mais esclarecimentos... Apesar de ter se sentido desprezado, Aguiar assegura que apenas queria agradecer a Silvio pelos anos de trabalho juntos e pedir a manutenção do convênio médico oferecido pela emissora, pois sua esposa está doente... Também minimizou a influência de Mara Maravilha na decisão, embora tenha ficado desconfiado quando a direção do programa propôs um revezamento entre os dois no “Jogo dos Pontinhos”... Quem sabe já suspeitou que queriam a cabeça dele quando não foi escalado para fazer o Seu Madruga nos especiais “Chaves Brasil”, gravados em 2011 – o papel ficou com Felipe Levotto... A crise que estourou no SBT com a demissão de Carlinhos Aguiar acontece justamente quando chega às livrarias “Silvio Santos, A Biografia”, escrita por Márcia Batista e Anna Medeiros e lançada pela editora Universo dos Livros... Especializa em biografias de personalidades do meio artístico... Entre outras, publicou no Brasil “Chaves – A História Oficial Ilustrada”, versão nacional de “Chespirito – Vida Y magia del comediante mas popular de América”, publicado no México pela editora Aguilar, a mesma da autobiografia de Roberto Gómez Bolaños, “Sin Querer Queriendo”, ainda inexplicavelmente inédita no país... Biografias de Silvio Santos chamam a atenção não só apenas pelo apresentador em si, mas principalmente pela sua conhecida relutância em conceder entrevistas – e para desfilar no Carnaval, pois alegou estar com viagem marcada para declinar do convite de ser o samba-enredo da Acadêmicos do Tatuapé, atual campeã do desfile paulistano, em 2018... Mesmo dois experientes jornalistas especializados em televisão, presenças constantes no Troféu Imprensa, como Flávio Ricco e José Armando Vannucci, quando tentaram conversar com Silvio para o livro “Biografia da Televisão Brasileira”, receberam um email da assessoria do SBT dizendo que uma cartomante o alertara que sua vida correria sério risco se ele consentisse em dar um depoimento para um livro de memórias... Não que as autoras – Márcia inclusive é editora-chefe da Universo dos Livros, envolvida em vários outros projetos similares – tenham conseguido falar com o apresentador, e elas até dissimulam no prólogo do livro... “Escrever uma biografia é quase como entrar na casa se alguém sem pedir licença, sabe???... Como aquela visita que chega para o café sem ser convidada, mas que acaba ficando a tarde inteira porque a conversa rende... E quando percebem, visita e anfitrião vão se conectando, pois a intimidade do café gera novas descobertas... Quando chegamos à casa de Silvio Santos e nos convidamos para o café, sabíamos o superficial dos acontecimentos”... E foram mais a fundo graças a pesquisa em livros (entre os quais não está “Silvio Santos – A trajetória do mito”, de Fernando Morgado, lançado neste ano pela Editora Matrix...)  e textos jornalísticos na internet – a obra tem como revisor técnico Levy Fioriti, o criador da “Página do Silvio Santos”, um grande repositório de informações sobre Silvio – além de entrevistas com pessoas que conviveram com Silvio... Uma delas, a própria Mara Maravilha... “Eu orei para voltar a trabalhar ao lado do Silvio... É incrível estar ao lado dele no palco... Parece sempre a primeira vez, pois é muita luz... Você fica maravilhada...  Todo mundo aqui é família para ele (...) O Silvio é um escolhido de Deus... Assim como Davi e Moisés... O Silvio veio para essa Terra fazer a diferença... Para mim, ele só perde para Jesus e não tem para mais ninguém”, disse em depoimento destacado no final do livro... Carlinhos Aguiar tinha razão... Quanto ao programa exibido domingo, ainda havia um vestígio da presença do humorista que não foi apagado... Sua versão virtual continuava dançando com o Silvinho a cada início de bloco, junto com as telemoças, ao som dos artistas exclusivos da gravadora Cometa... Ops!!!... Em 1972, o jornalista Arlindo Silva lançou o livro “A Vida Espetacular de Silvio Santos”, pela editora T.Oren... Três anos antes, a vida do apresentador já havia sido contada, mas em quadrinhos, em “Silvio Santos – Vida, Luta e Glória”, com roteiro de Rubens Francisco Luchetti – elaborado a partir de conversas com Silvio na antiga Rádio Nacional de São Paulo – e desenhos de Sérgio M. Lima... A base do livro de Arlindo foi uma série de reportagens sobre o apresentador publicadas na extinta revista “O Cruzeiro”, onde era editor-chefe... A repercussão agradou tanto que Silva depois se tornaria o primeiro diretor de jornalismo do SBT e assessor de imprensa de Silvio... Em 2000, quando o apresentador completou 70 anos, o livro foi relançado com o título “A Fantástica História de Silvio Santos” pela Editora do Brasil... Recentemente, a obra de Arlindo (que rendeu 13 pontos no Bolão Pé-na-Cova em 25 de julho de 2011...) ganhou uma nova edição, a cargo da editora Seoman... Alis, a foto de Silvio na capa, um plano americano em preto-e-branco, imediatamente lembra a capa da biografia da Universo dos Livros – só que neste caso é um close do rosto do apresentador... Ops!!!... Na “fanbase” de Silvio, o trabalho de Arlindo Silva – que ganhou uma pouco conhecida versão compacta em 2002, abordando o Carnaval de 2001, os sequestros de Patrícia Abravanel e do próprio Silvio e a primeira Casa dos Artistas – é considerada um relato, digamos, fantasioso... Pancada lembra que os episódios de “Chaves” e “Chapolin” chegaram ao Brasil aos poucos, em vários lotes, e não todos de uma vez como é dito em “A Fantástica História de Silvio Santos”... O fato da campanha publicitária do livro em 2000 ter dito que era uma “biografia não autorizada” não contribuiu muito para sua acreditação junto aos leitores... A poprósito, Fernando Morgado não conseguiu falar com Silvio para “A trajetória do mito”, entretanto, quando Silvio recebeu um exemplar do livro pronto, se apeteceu tanto  que mandou anunciarem a obra no SBT, prática corriqueira em se tratando de revistas que o colocam como matéria de capa... O “Lado B” do apresentador aparece em “Adelaide Carraro no Mundo Cão do Silvio Santos”,  escrito por Shirley Queiroz, de 1980, um relato da experiência da escritora como produtora do programa de Silvio, no começo dos anos 1970... Desavenças à parte com Silvia Donato, que comandava a produção de reportagens para o “Programa Silvio Santos” na época, o livro traz revelações sobre a intimidade de Silvio... Hoje, no entanto, diante das lorotas que o apresentador fala sobre Helen Ganzarolli no “Jogo dos Pontinhos” – calculadamente incrementadas para servir de deixa às reações intempestivas da filha Patrícia, um esquema copiado de Carlos Imperial e sua filha Maria Luisa – as menções explosivas a relacionamentos extra-conjugais e a performance de Silvio Santos como amante não impressionam mais ninguém... Tanto que eles passam bem longe do livro de Marcia e Anna... Como canta o samba-enredo da Tradição, que elas reproduzem na íntegra, Silvio “nasceu na Lapa, no Rio de Janeiro”...  Cidade onde estão localizados muitos lugares fundamentais na trajetória do apresentador... Um deles é a antiga estação das barcas na região da Praça XV, no centro da capital fluminense... No caso a estação antiga, que testemunhou a revolta dos usuários contra os atrasos na outra ponta da travessia, em Niterói, onde a estação seria completamente depredada em maio de 1959... Alguns anos antes, quando trabalhava como locutor da Rádio Continental, Silvio também se incomodou com o trajeto da barca, que fazia para trabalhar nos estúdios em Niterói, vide “Mambo da Cantareira”, Gordurinha, porém teve uma reação diferente... Resolveu colocar alto-falantes para tocar música durante a viagem... Pediu demissão da rádio e conseguiu o equipamento em troca de anúncios da loja de eletrodomésticos que vendia o mesmo...  Rapidamente começou a chamar outros locutores e a vender anúncios de outras empresas... Na barca para a Ilha de Paquetá, os passageiros que faziam a viagem aos domingos dançavam com as músicas que eram tocadas na longa travessia... No que ficavam cansados e com sede, Silvio enxergou outra excelente oportunidade de negócios...  Obteve com a Antárctica uma estrutura metálica para montar um bar onde venderia guaraná e, principalmente, cerveja... E quem comprava bebida ainda ganhava uma cartela para participar de um bingo conduzido pelo próprio Silvio... Logo ele se tornou o maior vendedor de cervejas da marca em todo o Rio de Janeiro... No entanto, uma das barcas parou para ser reparada... Silvio, para não perder os ganhos, aceitou a proposta de um diretor da Antárctica e compareceu a São Paulo, onde graças a orientação de um amigo, conseguiu uma colocação de locutor na Rádio Nacional... O bar das barcas também faria a mudança e seria instalado na região da Rua da Palmeiras, onde ficava a emissora  - hoje Rádio Globo  - e recebeu o nome de “Nosso Cantinho”... Em que teve a colaboração do cunhado de Hebe Camargo,  Ângelo Pessuti...No entanto, em busca de maiores ganhou, passou o ponto do bar e começou a publicar uma revista de palavras cruzadas, “Brincadeiras para Você”... Distribuída nas lojas que anunciavam a publicação, novamente atuando como corretor de publicidade...  Quanto às barcas, hoje, apesar de serem geridas pela poderosa CCR, elas não possuem música ambiente... Os alto-falantes servem apenas para dar avisos de segurança e o comandante da embarcação informar sobre o início e o final da viagem... Daria para Silvio começar tudo de novo, digo... Silvio Santos já era um consagrado animador de programas de auditório, com todo um grupo empresarial girando em torno de suas atrações, quando começou a buscar a concessão de canais de televisão... A biografia relata as tentativas de adquirir as concessões das emissoras da TV Excelsior, fechadas pelo governo militar em 1970, e as movimentações para adquirir o controle da TV Record, no final dividido com seus fundadores, a família Machado de Carvalho... A renovação do contrato com a Globo, em 1971, garantiu sua presença na telinha até 1976, embora o impedisse de ser sócio de qualquer emissora... Mesmo assim, quando o governo de Ernesto Geisel abriu concorrência para o canal 11 do Rio de Janeiro, que havia pertencido à TV Continental, surgida em 1959 e extinta em 1972, Silvio trabalhou forte para obter a concessão... Que veio por um decreto de 16 de outubro de 1975, com a assinatura do documento outorgando o canal em 22 de dezembro... A ideia de que as empresas do grupo de Silvio garantissem a sustentabilidade financeira do canal seduziu as autoridades federais, Golbery do Couto e Silva... As autoras do livro assistiram o vídeo postado pelo SBT no Youtube © em que o apresentador conta sobre a implantação de sua primeira emissora de televisão, a TVS Rio... “Um dos desejos do senhor Ministro das Comunicações era que o canal 11 fosse instalado rapidamente... E esse desejo era uma necessidade minha e de toda uma classe... Eu parti para os Estados Unidos e fiz um investimento de 60 milhões de cruzeiros que vou pagar em 5 anos... Disse que queria todo o material pronto em 60 dias e os diretores das duas empresas deram risada, não acreditaram”... Tanto que já preparam as multas caso o equipamento não fosse retirado no prazo combinado, o que não aconteceu, pois foram os fabricantes estadunidenses que atrasaram a entrega... Ao mesmo tempo, Silvio adquiriu os equipamentos da massa falida da TV Continental, interessado no transmissor da região do Morro do Sumaré... Comprou a preço de sucata, no entanto, o equipamento estava funcionando e transmitia a cores... “Silvio era a pessoa mais apressada do mundo e um sujeito de muita sorte”, diz Silvio no vídeo...  A emissora iniciou suas transmissões em 14 de maio de 1976... O próprio apresentador anunciava as atrações – seu programa começaria a ser exibido em agosto, ao final do vínculo com a Globo – garantindo ser “uma programação muito boa, eu estou fazendo propaganda, porque realmente vale a pena ver”... No caso, era a sessão corrida da série “As Crianças e o Mordomo” (“Family Affair”, produzida entre 1966 e 1971, e que teve um remake, entre 2002 e 2003, que o SBT exibiu com o nome de “Encrencas e, Família”...), o programa “Um Instante Maestro”, com Flávio Cavalcanti, exibido às terças-feiras e reprisado nos sábados, e a mais uma sessão corrida de série, com “O Império de Charles Bronson” – na verdade, a série “Empire” (“Império do Oeste”...), produzida em 1962, e que contava com Bronson “quando estava começando sua carreira artística, toda a semana ele faz um excelente papel no filme”... Em 1976, quando o ator era a maior bilheteria dos Estados Unidos, valia até mostrar que contracenou na série com Telly Savallas, protagonista de “Kojak”, que era exibida aqui pela Globo... O vídeo do Youtube © encerra com outros programas exibidos pela TVS Rio, como “Cidade Conta Cidade” – onde Gugu Liberato começou como produtor, vide aparição no vídeo sobre a implantação do SBT – “Fofocas com Nelson Rubens”, “Os Maiores Espetáculos da Terra”, “Horóscopo com Zora Yonara”, “Sessão das Nove” – da memorável exibição do filme “O Homem Cobra”, de 1979, a novela “Solar Paraíso”... Sem contar as vinhetas em “scanimation” importadas dos Estados Unidos, com o Cristo Redentor ao lado do 11 da TVS Rio e tudo... Embora Silvio já possuísse os estúdios na região da Vila Guilherme, em São Paulo (que eram da TV Excelsior...) e gravasse seu programa na capital paulista, a nova emissora instalou-se na região de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, bem em frente ao pavilhão que hoje abriga o Centro de Tradições Nordestinas da cidade – inaugurado em 1962 pelo empresário Joaquim Rolla com uma exposição sobre a União Soviética...  Hoje, a principal atração produzida no local, é o noticiário “SBT Rio”, conduzido pela bela e explosiva Isabele Benito, aquela do “dedo na cara!!!”... Onde o comentarista reclama da falta de segurança nas proximidades, apesar da presença de uma guarnição do Exército... De fato, chegar a emissora pela Rua Figueira de Melo, com a Linha Vermelha – o elevado que não se importa em ser chamado de Presidente João Goulart – lhe fazendo sombra não é exatamente um trajeto muito confiável...














Na pandemia, de 2021 a  2022, Silvio gravou eventualmente e apresentou pela última vez o "Troféu Imprensa"... 


































(Publicado em 29 de maio de 2020) No último dia 23 de maio, o SBT não exibiu a edição de sábado do noticiário “SBT Brasil”... O noticiário foi substituído às pressas pelo programa “Triturando”, que até o dia 8 de maio se chamava "Fofocalizando”... Na verdade, entrou no ar a reprise do programa do dia anterior... No qual, entre outros assuntos, a jornalista e ex-competidora do BBB Ana Paula Renault, mineira de nascimento, comentou a música de Alvarenga e Ranchinho sobre São Paulo...  O motivo alegado para a mudança seria o interesse do proprietário da emissora, Silvio Santos, de não divulgar o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, liberado no dia anterior pelo STF... Ao menos não de forma a prejudicar o presidente Jair Biroliro... Então é por isso que no domingo, entre uma reapresentação do programa “Eliana” e uma reprise do “Roda a Roda Jequiti”, o canal exibiu um trecho da reunão em que Biroliro estava fulo da vida com porque impediram seu próprio irmão de entrar em um açougue para comprar carne na região de Registro, exigindo o armamento da população para legalizar a ação das milícias, que dizer, para reagir às supostas arbitrariedades de governadores e prefeitos na pandemia de Covid-19... Ou seja, para fazer uma abordagem jornalística da reunião, associando as declarações do presidente às interferências na Polícia Federal para abafar o caso de seu filho Flávio Biroliro, não valia a pena passar o “SBT Brasil”... Mas aproveitar a fala de Biroliro e reviver o “A Semana do Presidente” , exibido no “Programa Silvio Santos” entre 1981, pela Record e TVS Rio, e 1997, no SBT,  era totalmente pertinente...  Alis, o quadro é tema de um dos capítulos do livro “Topa Tudo por Dinheiro – As Muitas Faces do Empresário Silvio Santos”, escrito pelo jornalista e colunista da UOL, Maurício Stycer, e lançado em 2018... A obra é uma espécie de “revisão crítica” da bibliografia sobre o apresentador... A leitura do livro mostra que Stycer seguramente deparou com a mesma dificuldade de outros autores que se dispuseram a escrever a respeito do dono do SBT... A dificuldade de obter o depoimento do biografado... Então é por isso que o autor registra a justificativa-padrão que Silvio apresenta para não falar a nenhum candidato a biógrafo – a história da cartomante, também registrada em “Biografia da Televisâo Brasileira”, de Flavio Ricco e José Armando Vannucci... Para ele, a assessoria de Silvio não colocou nenhuma vidente no meio, mas, enfim... Também é sagaz em constatar que a relutância do apresentador em ser entrevistado segue em paralelo à convocação de entrevistadores cujas matérias o agradaram para trabalhar com ele... Praticamente uma tradição, Mojica, que vem desde Décio Piccinini até Ricardo Valadares, passando por Arlindo Silva e Marcos Wilson... A questão da negativa a entrevistas foi bem resolvida pelos autores de dois dos trabalhos mais recentes sobre Silvio – Fernando Morgado e a dupla Márcia Batista e Anna Medeiros – lançando mão de fontes secundárias, no caso, outros livros e matérias jornalísticas... Algo que o colunista da UOL também fez, vide agradecimento ao Banco de Dados da “Folha de S.Paulo” pelo levantamento de reportagens sobre o apresentador nos arquivos do jornal... Também usou vídeos do Youtube © para, por exemplo, em um mesmo capítulo – “Sou um office-boy de luxo do governo”, que aborda as relações de Silvio com o governo federal e como isso influenciou a supervisão exercida sobre o jornalismo do SBT – resgatar os textos lidos pelo locutor Luiz Lombardi Neto em “A Semana do Presidente” (inclusive o vídeo da visita de João Figueiredo ao Peru, em 1981, está no canal do próprio Stycer...) e descrever o programa “O Homem do Sapato Branco”, apresentado por Jacinto Figueira Júnior nas emissoras do empresário entre 1979 e 1982... Só faltou um alerta do postador do vídeo de que a descrição -  “Um programa para resolver os problemas do povo... Um programa humano, romântico, civilizado, emocionante, honesto, e acima de tudo, VERDADEIRO!!!” – faz parte de uma brincadeira de final de ano dos funcionários do SBT, exibida dentro da emissora no final de 1982... Quem mandou postarem a abertura separada do vídeo, digo... No aspecto biográfico da obra, Stycer optou pela comparação das diferentes versões sobre a trajetória de Silvio Santos, em especial a biografia em quadrinhos roteirizada pelo escritor Rubens Francisco Luchetti em 1969 (e relançada em 2017...) e os vários livros escritos pelo jornalista Arlindo Silva – cuja base foi a série de reportagens que publicou na revista “O Cruzeiro” entre agosto e outubro de 1972... Nesse ponto, foi igualmente sagaz ao apontar algo que o “fandom” de televisão sabe há muito tempo... Há muito de fantasia sobre o começo da vida de Silvio nas biografias feitas por Silva – “A Vida Espetacular de Silvio Santos”, de 1972, e as três edições (2000, 2002 e 2017...) de “A Fantástica História de Silvio Santos”... Alguma coisa foi esclarecida pelo próprio apresentador na montagem da exposição  “Silvio Santos vem aí”, no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo, em 2016... Além de pedir para não levarem ao pé da letra as histórias de infância contadas no livro, ainda esclareceu que seu filme predileto quando pequeno era “Always in My Heart” e não a série “O Vale dos Desaparecido”... Porém, o problema permaneceu depois que Silvio cresceu, como demonstra o relato da edição de 2000 sobre a chegada de “Chaves” e “Chapolin” ao Brasil em um único lote de 500 episódios – hoje, graças a pesquisas feitas por fãs, sabe-se que as duas séries mexicanas vieram em quatro lotes, embora o número total de capítulos adquiridos ainda seja um mistério por falta de transparência do SBT... Apesar de fazer ressalvas aos relatos de Luchetti e Silva, o jornalista opta por não abordar em detalhes a vida privada de Silvio, por não ser o foco da obra... Assim, o papel das filhas na construção da rede de relacionamentos no mundo político e empresarial não é mencionado... O que deixou de fora a “sociedade” de uma das filhas com o herdeiro de Edemar Cid Ferreira, dono do Banco Santos, que sinalizava para uma possível fusão da instituição financeira com o Banco Panamericano, pertencente a Silvio (até o Banco Santos quebrar, em 2004...), e de outras duas com políticos que votaram a favor do impeachment de Dilma Rousseff, votação não transmitida pelo SBT... Um deles mantém a sociedade até hoje, e deu alguns netos ao apresentador...  Igualmente explica a ausência de menções a uma publicação que destoa de tudo o que já foi escrito sobre ele:  “Adelaide Carraro no Mundo Cão do Silvio Santos”... Faz sentido... As revelações sobre a vida amorosa e sexual do apresentador podiam ser impactantes no tempo em que escondia a idade ou omitia sua “sociedade”, dois pontos bem ressaltados pelo colunista da UOL em seu livro... Hoje, quando o discurso permeado por um “humor autodepreciativo, de cunho sexual” predomina em seus programas, a obra de Shirley Queiroz sobre a passagem da escritora Adelaide Carraro pela produção do “Programa Silvio Santos” na década de 1970 não causa nenhum escândalo... Fazendo uma análise que é própria do crítico de televisão  - não à toa é repetido o chiste que diz que SBT quer dizer "Silvio Brincando de Televisão" - Stycer relaciona o Silvio comunicador com o empresário, e como a interligação dessas duas vertentes define suas relações com políticos, governos, concorrentes – cordialidade com Roberto Marinho, admiração pelo religioso Edir Macedo, disputa de audiência à parte - e imprensa... A argumentação do autor é bem fundamentada pela leitura atenta de diversos livros sobre mídia e política... Quem leu quase todos os 42 livros pesquisados pelo jornalista – inclusive “Verás que um filho teu não foge à luta”, sobre a história do MMA no Brasil, onde estão informações sobre Carlos Renato, primo da “sócia” do presidente Figueiredo, o jurado que ajudou no “lobby” para obter a concessão  do SBT, em 1981 – pode atestar que o trabalho de compilação e comparação foi forte...  Há menos espaço para fatos novos, que não deixam de estar presentes, resultado de entrevistas feitas para elaboração do livro... O mais relevante são os detalhes sobre as negociações para a contratação de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, pai do Bofinho, para trabalhar no SBT,  em 2001, intermediada pelo vice-presidente da emissora na época, José Roberto Maluf... Boni conta ao autor que assinou o contrato, porém Silvio desistiu do negócio... “Ele não poderia mexer na programação sem me consultar e eu teria 50% de participação nos lucros que excedessem o lucro dele naquele momento... Ele se arrependeu e pediu para fazermos um distrato... Eu jamais poderia contrariar o Silvio e nunca exigiria o cumprimento do contrato assinado... Não daria certo... Em respeito ao Silvio, fiz o distrato com muito prazer... Melhor do que brigar depois”... A relação de Silvio como locatário de horários da Globo na gestão de Boni e Walter Clark, entre 1967 e 1976, também deve ter pesado, mas, enfim...  A obra também revela que Silvio desistiu de assinar contrato com a produtora holandesa Endemol para produzir o “Big Brother” porque “além do valor do investimento, Silvio se incomodou também  com o fato de que o contrato com a Endemol deixava o SBT com poua margem de manobra para mexer no contrato ou improvisar”...  A informação, dada ao autor em caráter confidencial, complementa o que foi descrito por Ricco e Vannucci, que abriram a caixa preta da “Casa dos Artistas” ao lançarem “Biografia da Televisão Brasileira” em 2017... Produzir por conta própria uma versão do “reality-show” da Endemol  gerou um fenômeno de audiência – a final da primeira temporada, em 2001, ainda é a maior audiência da história do SBT... Todavia, o orgulho ferido da Globo aumentou a disposição de reagir ao êxito da concorrência e fez com que o “Big Brother Brasil” se tornasse um êxito mais duradouro... Certo, o colunista fala em “razoável sucesso” do BBB, mas entendedores entenderão que anualmente  ele é importunado nas caixas de comentários de seus artigos sobre o “reality” por “fanbases” de competidores do “reality” – em 2018, só para citar um exemplo, os de Paula Amorim Barbosa eram os mais barulhentos – e “haters” do programa como um todo... Que coisa, não...  Stycer buscou desconstruir as mistificações que cercam a figura de Silvio Santos, embora ele próprio esteja envolvido em uma “lenda urbana” – a de que ele e seus colegas colunistas da UOL, Chico Sarney e Flávio Ricco, não gostam de “Chaves”... No entanto, ele teve se curvar às evidências e relatar que na organização da exposição sobre Silvio no MIS em 2016 – aquela que supostamente será levada em caráter permanente para o antigo teatro do SBT na região da Ataliba Leonel – o apresentador pediu que três programas de sua emissora fossem destacados na mostra – “Bozo”, “Casa dos Artistas” e “Chaves”... Sim, ele aceita que Silvio pessoalmente decidiu pela exibição das três atrações...  Que teve a palavra final, não há dúvida... Porém, nesses três casos, ele sempre foi convencido por algum de seus funcionários... A compra dos direitos de “Bozo” foi sugerida por Ricky Medeiros, como aponta “Biografia da Televisão Brasileira”, porque Silvio preferia o “Clube do Mickey” – que Medeiros, como responsável pela compra de filmes e séries no exterior, sabia que sairia mais caro... Quando a “Casa dos Artistas”, o próprio livro relata a sugestão feita ao mesmo tempo por dois diretores  do SBT, Alfonso Aurin e José Roberto Maluf, que viram as versões do “Big Brother” exibidas na Holanda e na Espanha... No que diz respeito a “Chaves”, a opinião do diretor de dublagem da emissora, José Salathiel Lage, teve bastante influência, uma vez que ajudaria a aprimorar a tecnologia de dublagem em videoteipe e proporcionaria mais trabalho para o pessoal dos estúdios da TVS...  O próprio Stycer reconhece esse mérito, de forma indireta, ao dizer que o fato de adultos interpretarem os principais papéis de crianças funciona muito bem em “Chaves” e “no Brasil, esse efeito foi amplificado pelos excelentes dubladores que trabalharam na adaptação”... Uma afirmação que vai surpreender os fãs, que ele afirma serem “articulados em fóruns bem organizados” – alguns até já trabalharam no portal do grupo Folha...  Outros acreditam que a saga dos espíritos zombeteiros de “Chaves” saiu do ar devido a um veto de Ricky Medeiros, que é espírita, mas, enfim... A prioridade do colunista da UOL é o retrato do “empresário habilidoso e imprevisível”,  o que inclui um pequeno e bem-elaborado perfil dos proprietários de emissoras de televisão no Brasil desde seu início, em 1950, nem que para isso seja preciso usar uma obra acadêmica, no caso “Circo Eletrônico, Silvio Santos e o SBT”, Maria Celeste Mira... É dali que ele extrai a explicação para o esforço de qualificação da programação da emissora a partir de 1983, a procura de anunciantes com maiores verbas para publicidade...  Faltou apenas citar dois fatores externos que estimularam essa busca, a unificação da programação nacional, seguindo o exemplo de Globo e Band, e o surgimento da TV Manchete, cuja concessão foi outorgada na mesma época que o SBT... A quebra do Banco Panamericano é descrita em detalhes e o que faltou escrever é o mesmo da biografia de Morgado... Um pouco de “background”, mostrando o quando a crise financeira de 2008 comprometeu o principal negócio do banco, o crédito pessoal (e isso está na raiz da fraude que levou a sua venda, Luis Paulo Rosenberg...) e a pressão que fez junto aos banqueiros para que adquirissem o Panamericano, dizendo textualmente que o sistema financeiro do Brasil iria a bancarrota... Silvio não necessariamente trabalhou forte para “fingir demência”, como observa o autor, o que ele não queria era ver seu banco liquidado ou adquirido pelo governo (que já era acionista minoritário desde a crise, por meio da Caixa...), o que destruiria toda a meritocracia em torno de sua história de vida... Felizmente, o desfecho foi favorável e o Panamericano foi vendido ao banco BTG Pactual, fundado por Paulo Guedes, atual ministro da Economia... Alis, a parte sobre política do livro, lançado em 2018, já precisaria de uma atualização a respeito do governo Biroliro... A análise feita pelo jornalista demonstra que, assim como o governo de José Sarney é considerado o auge da influência de Roberto Marinho junto a presidência da república, o ápice da proximidade de Silvio Santos com o poder aconteceu com o último presidente da ditadura militar, João Figueiredo... E com a volta de um militar ao cargo, a impressão é que a meta de Silvio é resgatar esse vínculo, diretamente ou por meio de familiares, Alexandre Patolino... Isso apesar da pandemia impedir as gravações do programa, obrigando a reapresentação de quadros antigos, como o que o apresentador conversa com Maísa Silva aos seis anos – hoje, aos 18, Stycer a considera subaproveitada no “Programa da Maísa”... Ou o concurso de mágica que Pyong Lee diz ter sido fundamental para sua carreira – que segue hoje sem a ajudante que o acompanhou em 2010... Ou ainda uma disputa no “Não Erre a Letra” de 2014, com dois possíveis sucessores de Silvio na parte artística – Celso Portiolli e Patrícia Abravanel – a ocupante atual do horário que comandou nos domingos à tarde – Eliana Michaelichen – um recém-contratado que cerrou fileiras pelo impeachment de Dilma e em seguida se aproximou de Olavo de Carvalho, o guru do atual presidente – Danilo Gentili – e um jovem ator que o dono da emissora fez questão na época, de impedir a ida para a Record – Jean Paulo Campos, o Cirilo de “Carrossel”, que deixou o SBT em 2018...




















Na última premiação apresentada por Silvio, a atração que apresentou por 59 anos não deixou de ser lembrada...


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