Reverência das estadunidenses no pódio do solo é sinal da grandiosidade da maior medalhista olímpica do Brasil... |
A ginasta guarulhense Rebeca Andrade, 2.5, ao conquistar a medalha de prata na prova de saltos da ginástica artística dos Jogos Olímpicos de Paris, no sábado, 3 de agosto, passou a ser a atleta brasileira com mais medalhas olímpicas em toda a histórica olímpica, cinco, igualando a marca conseguida, entre os homens, pelos velejadores Torben Grael e Robert Scheidt... A disputa nos saltos foi a quarta entre Rebeca e a estadunidense Simone Biles na Arena Bercy, instalação que recebe as provas de ginástica em Paris, e havia a expectativa de que a brasileira tentasse fazer o salto homologado triplo twist yurshenko, renomeado como “Andrade”, em uma das duas tentativas de salto destinadas a cada competidora, o que seria uma façanha inédita em todo o mundo, o movimento foi descrito pela ex-ginasta Daniele Hypólito ao site do “Lance!”, “ela faz rondada, aplica três piruetas, ela tem o apoio das mãos na pista do salto, chega de costas para o cavalo, apoia de costas no cavalo, faz um mortal esticado e roda três vezes no ar, aplica tripla pirueta”... A enorme dificuldade do movimento, no entanto, fez Rebeca abrir mão do salto inovador e concentrar-se nas manobras a que estava acostumada, fazendo um cheng e um amanar, movimentos mais complexos, na primeira tentativa, na qual conseguiu 15.100 pontos, com dificuldade de 5.600 e execução de 9.500, na segunda, obteve dificuldade de 5.400 e execução e 9.433, obtendo 14.833 pontos e fechando com média de 14.966... Simone partiu para o salto com a estratégia de puxar o ritmo da disputa na primeira tentativa, com o salto homologado Biles II, conseguindo 6.400 de dificuldade e 9.400 de execução, atingindo 15.700 pontos mesmo com uma punição de -0,1, dando um salto de segurança na segunda bateria, com dificuldade 5.600, execução de 9.300, total de 14.900, média geral de 15.300 e a medalha de ouro, com a medalha de bronze ficando para a também estadunidense Jade Carey, que somou 14.466 pontos, superando por pequena diferença An Chang Ok, da Coreia do Norte, que marcou 14.216 pontos...
No sábado, com a prata no salto, Rebeca igualou as cinco medalhas de Grael e Scheidt, que superou na segunda... |
Na sequência do feito individual de Rebeca Andrade, veio a façanha coletiva do judô brasileiro, que conquistou a medalha de bronze por equipes mistas na Arena do Campo de Marte, colocando para lutar no tatame Rafaela Silva, na categoria até 57 quilos, Ketelyn Quadros, na categoria até 70 quilos, Bia Souza, na categoria acima de 70 quilos, Willian Lima, categoria até 66 quilos, Daniel Cargnin, na categoria até 73 quilos, Rafael Macedo, na categoria até 90 quilos, Léo Gonçalves, na categoria até 100 quilos, e Rafael Silva, mais conhecido como “Baby”, na categoria até 100 quilos, em resumo, um time repleto de medalhistas para confrontos com seis combates previstos, onde para o país vencer é preciso ganhar quatro lutas, em caso de empate, a decisão é no “golden score”... No primeiro confronto, contra o Cazaquistão, valendo pelas oitavas-de-final, Rafaela Silva venceu Abibda Abhuzakynova por 11 a 0, com um wazari e um ippon, em 3 minutos e 12 segundos, Daniel Cargnin perdeu para Danyiar Shamshayev por 10 a 1, tomando um ippon e apesar de ter dado um wazari, em 3 minutos e 37 segundos, Ketelyn Quadros ganhou de Esmigul Kuyolova por 10 a 0, dando um ippon com 1 minuto e 32 segundos de luta, Rafael Macedo foi derrotado por Abylaikhan Zhubanazar por 10 a 1, em 3 minutos e 37 segundos, sofrendo um ippon após ter encaixado um wazari -e tomado duas penalidades – Bia Souza derrotou Kamila Berlikash, aos 31 segundos do golden score, depois de quatro minutos de combate, com um wazari de vantagem, e Leonardo Gonçalves precisou de 1 minuto e 46 segundos de luta para vencer Nurlykhan Sharkhan, com um wazari e um ippon... Na disputa das quartas de final, derrota para a Alemanha, Igor Wandtke ganhou de Daniel Cargnin por 10 a 0, apesar de ter duas punições contra uma do brasileiro, aplicando um ippon com 2 minutos e 15 segundos de luta, Miriam Butkereit superou Ketelyn Quadros com um ippon dado com 1 minuto e 22 segundos de luta, fechando com o placar de 10 a 0, Rafael Macedo ganhou de Eduard Trippel por 10 a 1, depois de sofrer um wazari, encaixando um ippon com 3 minutos e 35 segundos de luta, e uma penalidade para cada lado, Bia Souza precisou dos 4 minutos regulamentares de luta para vencer Renee Lucht por 1 a 0, após aplicar um wazari, e ambas com duas punições, Leonardo Gonçalves perdeu para Erik Abramov por 10 a 0, recebendo um ippon com 43 segundos de luta, e Rafaela Silva derrotou Pauline Starke, fazendo 10 a 0, encaixando um ippon com 2 minutos e 55 segundos de luta, com a série empatada em 3 a 3, houve a necessidade de um “golden score” entre Erik Abramov e Leonardo Gonçalves, vencido pelo alemão aos 55 segundos com um wazari... A equipe brasileira foi disputar a repescagem com a Sérvia, Ketelyn Quadros abriu a série com um 11 a 0 sobre Marica Perisic, aplicando um wazari e um ippon com 1 minuto e 41 segundos de luta, Rafael Macedo superou Nemanja Majdov aos 2 minutos e 10 segundos do “golden score”, com um ippon, marcando 10 a 0, enquanto o sérvio recebeu três punições, Milica Zabic derrotou Bia Souza com um ippon aos 23 segundos de combate, fazendo 10 a 0, Rafael Silva, que substituiu Léo Gonçalves, levou a melhor sobre Aleksandar Kurolj, também no “golden score”, com 1 minuto e 54 segundos, depois de um ippon e do terceiro cartão amarelo do adversário, e Rafaela Silva garantiu a classificação brasileira para disputar o bronze derrotando Milica Nikolic por 11 a 0, encaixando um wazari e um ippon com 1 minuto e 48 segundos de luta, com o placar apontando 4 a 1 para o Brasil, não houve necessidade da sexta luta, que seria entre Willian Lima e Strahinja Buncic... A disputa pela medalha aconteceu com a Itália, que abriu mão de sua medalhista de ouro, Alice Bellandi, da categoria até 70 quilos, pensando no confronto com Bia Souza, da categoria acima de 70 quilos, Rafael Macedo ganhou a primeira luta, contra Christian Parlati, por 10 a 0, apesar de ter tomado duas punições, o brasileiro levou o combate para o “golden score”, conseguindo um ippon com 14 segundos, Bia Souza precisou de 36 segundos para encaixar um ippon em Asia Tavano e vencer por 10 a 0, Léo Gonçalves tentou levar Gennaro Pirelli ao chão duas vezes, sem sucesso, o italiano revidou no fim do tempo regulamentar, quando o brasileiro tomou cartão amarelo, a luta foi para o “golden score”, onde Léo, pressionado por mais um cartão, cedeu ao wazari do adversário aos 3 minutos e 22 segundos, Rafaela Silva enfrentou Verônica Toniolo, punida no início do combate e vencida por 11 a 0 com um wazari e um ippon, após 1 minuto e 43 segundos de combate, saindo do tatame com uma lesão no braço, nessa altura o Brasil já tinha 3 a 1 e precisava vencer só mais uma luta para conquistar a medalha, entretanto, Willian Lima perdeu por 10 a 0 para Manuel Lombardo, que mesmo com duas penalizações, encaixou um ippon aos 43 segundos do “golden score”, enquanto Savita Russo derrotou Ketelyn Quadros por 10 a 1, a brasileira conseguiu um wazari após uma imobilização, mas sofreu uma punição e tomou um ippon da italiana com 3 minutos e 34 segundos de combate, e no “golden score” decisivo, Rafaela Silva aplicou um wazari em Veronica Toniolo decorridos apenas 14 segundos de luta e a revisão do VAR, assegurando o bronze, que teve a França como ganhadora do ouro, com Teddy Riner à frente, o Japão recebendo a prata, numa repetição da decisão em Tóquio, e a Coreia do Sul também levando bronze ao superar a Alemanha, e além dos atletas que lutaram no tatame da Arena do Campo de Marte, também receberam medalha Guilherme Schmidt, da categoria até 81 quilos e Larissa Pimenta, da categoria até 53 quilos, onde já havia ganho o bronze na competição individual, uma das quatro medalhas conquistadas pelo Brasil, na melhor participação do judô na competição olímpica, com um ouro, uma prata e dois bronzes, mesmo número de 2012, quando os brasileiros ganharam um ouro – Sarah Menezes, hoje uma das treinadoras da equipe – e três bronzes, com Felipe Kitadai, Mayra Aguiar e Rafael Silva “Baby”, chegando a um total de 28 medalhas obtidas desde 1972... O sábado reservava mais uma medalha para o Brasil num esporte de luta, o bronze de Bia Ferreira no boxe, que veio na semifinal da categoria até 60 quilos, devido a derrota para a irlandesa Kellie Harrington, por pontos, ao final do terceiro round, dos cinco jurados, apenas um atribuiu maior pontuação a brasileira, 29 a 28 (Atarbayar Byambabayar, da Mongólia), os demais deram mais pontos a Kellie, 29 a 28 (Mouhsine Soulimi, do Marrocos), 30 a 27 (Nelka Thampu, do Sri Lanka), 29 a 28 (Emerson Alejandro Pastor Arreaga, da Guatemala) e 30 a 27 (Radoslav Simon, da Rússia), em resumo, vitória por 4 a 1 na decisão dos jurados... Bia perdeu para a mesma boxeadora que lhe tirou o ouro em Tóquio, Kellie venceu o primeiro round com o 10 a 9 dado por quatro jurados, aplicou um jab e um direto no rosto após tomar um direto e um golpe no corpo, perdeu o segundo, onde Bia recebeu 10 a 9 de três jurados, graças aos ganchos no corpo e um cruzado de esquerda, apesar de ter levado um direto de esquerda e um jab e mesmo sendo advertida por um empurrão, porém levou a melhor no terceiro round, ganhando 10 a 9 de quatro jurados, com jabs e diretos, defendendo-se dos golpes e revidando com cruzados, e partindo para o ataque com um golpe de direita, um jab e um direto... Depois de derrotar nas oitavas-de-final, em 29 de julho, a estadunidense Jajara Gonzalez por 5 a 0 na decisão do júri, e vencer nas quartas de final, em 31 de julho, a holandesa Chelsey Heijnen, também por 5 a 0 dos jurados, a brasileira ficou com o bronze porque os perdedores das semifinais não voltam a lutar, e com a medalha ela passa a ser a atleta mais laureada do boxe brasileiro nos Jogos Olímpicos, somada a prata de 2021, um desempenho que levou ao anúncio do fim de sua participação da competição, para dedicar-se exclusivamente à carreira profissional no boxe, na qual é campeã mundial pela FIB...
Também no sábado, um timaço de judocas garantiu o bronze por equipes mistas ao derrotar os atletas da Itália... |
Rebeca Andrade disputou as finais da trave de equilíbrio e do solo da ginástica artística na segunda-feira, 5 de agosto, conseguindo um quarto lugar na trave, com 13.933 pontos, contra 14.000 da medalhista de bronze, a italiana Manila Esposito, logo a frente de Simone Biles, quinta colocada com 13.100 pontos, outra brasileira, Júlia Soares, ficou em sétimo lugar (12.333 pontos), outra italiana, Alice D’Amato, ganhou o ouro (14.366 pontos) e a chinesa Yaquin Zhou obteve a prata (14.100 pontos), partindo para o meme ao ver as duas italianas “mordendo” a medalha e imitando o gesto, porém na decisão do solo é que a brasileira teve uma performance consagradora, conquistando o ouro que a tornou a maior medalhista do país em todos os tempos, com um total de seis medalhas obtidas em duas edições dos Jogos Olímpicos, feito alcançado após três graves lesões em 2015 – ruptura do ligamento cruzado do joelho direito – em 2017 – nova ruptura do ligamento, que exigiu três cirurgias de reconstrução – e em 2019 – mais uma lesão no joelho, que a impediu de treinar por oito meses, tudo isso interferindo em seu desempenho no solo, que exige muito dessa parte do corpo... Na Arena Bercy, Rebeca ditou o ritmo da prova, aproveitando que fez a segunda apresentação das oito da fase final, além de substituir a malha bordô da trave por uma azul, iniciando ao som de Beyoncé, “End of Time”, realizando uma pirueta para a frente, um tsukahara grupado, um duplo mortal aproximando as pernas do peito e mais uma pirueta, após cravar a chegada, fez um tsukahara esticado, o movimento de maior pontuação da prova, um duplo mortal com as pernas estendidas e pirueta, um salto cadete com pirueta, coreografia e um giro triplo com a perna alta, mais conhecida como mustafina, que os jurados não consideraram completo, e não adiantou recorrer, na etapa seguinte, fez a coreografia balançar corpo e braços dando soquinhos no ar, e com Antta na trilha sonora, “Movimento da Sanfoninha”, deu um duplo mortal esticado, finalizando com dois cadetes e um duplo mortal carpado, aqui com “Baile de Favela” na coreografia, músicas que também tocaram em Tóquio, fechando com 14.166 pontos, 5.900 de dificuldade e 8.266 de execução... Sinone Biles, que sofreu uma queda na final da trave de equilíbrio, realizou seus saltos homologados, Biles I e Biles II, mas pisou duas vezes fora do tablado, recebendo uma punição de menos 0,6 pontos, terminando em segundo lugar com 6.900 de dificuldade e 7.833 de execução, total de 14.133 pontos, com a prata se somando aos três ouros que conquistou no individual geral, na prova por equipes e nos saltos... O pódio foi completado por uma compatriota de Simone, Jordan Chiles, que ganhou a medalha de bronze com 13.766 pontos, após um pedido de revisão da nota, que inicialmente era de 13.666, ficando a frente das romenas Ana Barbosu e Sabrina Maneca-Voinea, as duas com 13.700 pontos, com Ana terminando em quarto lugar pela vantagem na execução, 8.000 a 7.900, a romena até comemorou o bronze antes da nota de Jordan ser revisada, mas foi a estadunidense que junto com Simone fizeram uma reverência a Rebeca no pódio, produzindo um imagem que se tornou um símbolo de sua participação proveitosa em Paris... Ainda na segunda-feira, na região da Polinésia Francesa, o surfe proporcionou mais duas medalhas para o Brasil, a prata da gaúcha Tatiana Weston-Webb, 2.8, a primeira do país na competição feminina, e o bronze do paulista Gabriel Medina, 3.0... A brasileira enfrentou na primeira fase Caitlin Simmers, dos Estados Unidos, e Molly Picklum, da Austrália, ficando em segundo lugar, com nota agregada de 12,93, atrás da estadunidense, que recebeu 10,33, e a frente da australiana, que ficou com 8,44, indo disputar a repescagem contra a nicaraguense Candelária Resano, vencendo por 9,50 a 3,30 e voltando a competir contra Caitlin nas oitavas de final, desta vez ganhando com folga, 12,34 e 1,93, derrotando em seguida Nádia Erostarbe, da Espanha, por 8,10 a 6,34 nas quartas-de final, a gaúcha criada no Havaí disputou a semifinal olímpica com a costarricense Brisa Hennessy, conseguindo 2,67 na primeira onda, mas quando ia ao mar novamente, a adversária passou na frente e foi punida com a anulação da segunda melhor nota, em seguida, Tati conseguiu 5,30, 5,33 e 8,33, vencendo Brisa por 13,66 a 6,17... A surfista do Brasil enfrentou a estadunidense Caroline Marks na decisão da medalha de ouro, alcançando nota 5.83 já no final da bateria, enquanto a adversária, que foi ao mar primeiro, obteve 7,50, se desequilibrando na onda seguinte e recebendo 3,00, e a brasileira, que ainda tinha chances de ouro, chocou-se com uma bancada de corais e recebeu nota 4.50, ficando com a prata, ao mesmo tempo que Caroline conquistou o ouro, o que para o “Lance!” era menos importante do que revelar que a mãe de Tati torce pelo Grêmio, apesar de seu pai britânico preferir o Chapolin Colorado...Na primeira rodada do torneio masculino, Gabriel Medina levou a melhor sobre o australiano Connor O'Leary, que compete pelo Japão, marcando 13,50 na soma das notas, enquanto seus adversários receberam 9,93 e 7,53, indo direto para as oitavas-de-final, em que enfrentou um velho rival, o japonês Kanoa Igarashi, ganhando de 17.40 a 7,04 e devolvendo a derrota nos Jogos de 2021, com nova vitória nas quartas, diante do brasileiro João Chianca, o popular “Chumbinho”, 14,77 a 9,33, na semifinal, todavia, perdeu para o australiano Jack Robinson, apesar de ter saído na frente, 6,33 a 4,50, viu o adversário encaixar um tubo, marcando 7,83 e não conseguiu ir ao mar, que ficou “flat” nos dez minutos finais da bateria... Enquanto Robinson perdeu o ouro para o francês Kauli Vaast, pode-se dizer que venceu em casa, por 17,67 a 7.83, Medina enfrentou o peruano Alonso Correa na disputa pelo bronze, numa bateria de 35 minutos, cinco a mais que o habitual, apesar de Alonso ter começado cravando 6,83, Medina ganhou a medalha com dois 7,77, somando 15,54 pontos, contra 12,43 do peruano, Yasmin Brunet, corre aqui... Ops!!!...
No mar do Taiti, Gabriel Medina foi bronze e Tatiana Weston-Webb foi prata, primeira do nosso surfe feminino... |
Nenhum comentário:
Postar um comentário