segunda-feira, 10 de junho de 2024

RC Especial Modelo 1992 (off): Adeus ao Amigo Vannucci e a Daniela Perez...

Terceiro especial, Chitãozinho e Xororó podem pedir música e Roberto se considera pai de Sandy e Júnior, digo...

 



















O “Roberto Carlos Especial – Amigo”, apresentado pela Globo em 25 de dezembro de 1992 e mostrado pelo Viva em 2016, juntamente com os programas feitos entre 1990 e 1995, foi o último que teve a supervisão do diretor Augusto César Vannucci, que saiu de cena em 30 de novembro daquele mesmo ano, o programa é basicamente a apresentação gravada no Teatro Fênix, no Rio de Janeiro, com as panorâmicas da plateia típicas dos programas gravados no local, como “Os Trapalhões”, o qual teve Augusto como primeiro diretor, em 1977, e em 1992 realizou a última temporada com plateia, porém o toque de Vannucci se faz sentir na performance na praia da atriz Patrícia França que acompanhou a apresentação de “Mulher Pequena”, o Auto de Natal apresentado entre os versos de “Luz Divina”, com Daniel Herz, Daniela Perez, a própria, e Cássia Kiss, e o elenco das novelas da Globo soltando a voz no melhor estilo karaokê para cantar “Eu Quero Apenas” com o Rei, falando em teledramaturgia, Erasmo Carlos cantou uma das faixas do disco da trilha da novela “De Corpo e Alma”, de Glória Perez, que estava no ar na época do especial, “Homem de Rua”, que era o tema do personagem Bira, interpretado por Guilherme de Pádua, que fazia par com Yasmin, papel de Daniela Perez, assassinada por ele apenas três dias depois da exibição do especial, em 29 de dezembro de 1992... O programa começa com uma imagem aérea da baía da Guanabara ao amanhecer, na cabine do avião, os tripulantes falam com a torre de controle, Roberto está na janelinha do jatinho, só ouvindo o diálogo e pensando com os botões de sua blusa, “como é bom voltar pra casa, voltar para o Brasil”, a orquestra toca “O Calhambeque”, foca na enseada de Botafogo, a aeronave pousa, o trânsito de automóveis e ônibus é intenso no trevo, “Rede Globo Apresenta”, os músicos tocam “Emoções” no alto da Torre Rio Sul, vide luminoso do restaurante Maxim’s (que não existe mais...), entra o logotipo “Especial R92 Amigo”, letra e números prateados, de contorno nas cores do arco-íris, Roberto anda de Landau e nem percebe os ônibus que passam pela janela da limousine, “Um Programa Augusto César Vannucci”, até porque está pensando nos encontros com Chitãozinho e Xororó, ou como diz Chitãozinho, “amizade é uma das mais bonitas formas de amor”, ou nas palavras de Xororó, “quem tem amigos, precisa mais do que nunca”, “Texto Paulo Figueiredo Eloy Santos Ronaldo Bôscoli”, foca na orquestra no terraço, o coral canta “Ele Está Pra Chegar”, o maestro Eduardo Lages e os trombonistas trabalham forte, “Direção Jorge Queiroz Alexandre Braz”, Roberto continua pensativo na limousine, lembrando do cumprimento de Erasmo Carlos no palco, o Tremendão diz, “se a lágrima do outro te deixar triste, você é um bom amigo, mas se a alegria do outro te deixar feliz, aí você é um ótimo amigo”, mais Rei, mais orquestra, o coral vai de “Se Você Pensa”, agora vem a cabeça de Roberto o encontro com Kátia, a qual declara, “ninguém engana os olhos do coração, é com eles que escolho meus amigos”, agora o Rei pensa no beijo que deu na testa de Caetano Veloso, o baiano se pronuncia, “palavras tantas, nossas palavras, quem falou não está mais aqui”, mais terraço, “Supervisão Geral Aloysio Legey e Walter Lacet” – que substituíram Vannuci quando ele saiu de cena, a dupla de diretores deu um aspecto mais de registro de show nas ocasiões em que esteve no comando do especial, em 1983, 1984 e 1987, e agora também imprimiu um pouco de seu estilo – no palco do Teatro Fênix, decorado com imitações de vitrais em tons de azul, Roberto Carlos comparece usando um blazer amarelo que lhe dá uma aparência de  tubo de mostarda Heinz ©, a plateia aplaude de pé, Roberto cumprimenta o Maestro e canta “Amigo”, de 1977, devidamente acompanhado pelo teclado e pelo coral, a música não foi escolhida por acaso, “esse programa eu dedico ao meu querido amigo de tantos anos, meu amigo, meu irmão, meu amigo de fé, irmão camarada também, Augusto César Vannucci” e termina de cantar, “Não preciso nem dizer, Tudo isso que eu lhe digo, Mas é muito bom saber, Que você é meu amigo” – a lista de convidados, que nos primeiros especiais pendia para a MPB, hoje é mais “Pop”, mudança que começou nos especiais de Lacet e Legey, com Caetano Veloso representando os velhos tempos...Roberto Carlos mal tem tempo de agradecer os aplausos, porque Eduardo Lages já mandou a orquestra tocar os acordes iniciais de “Cenário”, a música que compôs com Paulo Sérgio Valle e desde 1990 vem sendo colocada nos especiais como uma espécie de substituta de “Emoções”, desta vez com um pitaco do Rei, “no Natal a gente sempre se reencontra, isso logicamente me deixa muito feliz, que prazer rever vocês” – desta vez, ao contrário do especial anterior, “Emoções” não foi esquecida, a título de homenagem a Augusto César Vannucci... Intervalo vai, intervalo vem, Roberto Carlos vem com mais uma releitura, “Todas as Manhãs”, uma versão “single” de “Caminhoneiro”, lançada em 1991, no meio do instrumental, lá vai o Rei fazer “stand-up”, “Vinícius tem razão, a vida é a arte do encontro, embora tantos desencontros aconteçam pela vida, é verdade, se não fosse por um desses desencontros, eu tenho certeza que Chitãozinho e Xororó gravou, teríamos gravado alguma coisa, Chitãozinho e Xororó”, o Rei aplaude a entrada dos pais de Sandy e Junior, que emplacando a terceira participação no especial já podem pedir música no “Fantástico”, que de jeans e paletó branco, o de Xororó com franjas azuis, sem esquecer do “mullet”, comparecem cada um vindo de uma ponta dos bastidores, continuando a cantar “Todas as Manhãs”, o dueto só vem, assim como a resenha depois, Roberto começa, “que prazer ter vocês aqui, rapaz” – “o prazer é todo nosso”, agradece Chitão – “que maravilha, sabe, algumas vezes eu tenho vontade de perguntar muitas coisas pra vocês, mas a gente sempre pergunta o mínimo, de repente a gente pode bancar o curioso, mas  não, brincadeirinha, brincadeirinha, vocês cantam as emoções, o amor, além disso, o que vocês contam”, Chitão responde, “olha, Roberto, nós somos, assim como você, nós cantamos, o amor, nós cantamos também a vida”, Xororó complementa, “a vida com as cores e esses caminhos que ela tem”, o Rei reflete, “cores, caminhos, é a vida, eu acho que quando a gente canta a vida, canta tudo, de repente até a vida canta a gente, quem canta quem”, a dupla sertaneja ri litros, “mas é sempre bom, porque a vida tem de tudo, a vida é a grande musa, a grande musa, alis, vocês gravaram uma música que diz exatamente isso”, os dois respondem, “a minha vida, a nossa vida”, cantando portanto “Minha Vida” – sim, uma adaptação do maestro Eduardo Lages e de Paulo Sérgio Valle para “My Way”, feita por Paul Anka nos Estados Unidos  depois que a música fez sucesso na França com sua segunda letra, “Comme D’ Habitude”, de Claude François, tirando a letra do relato de uma perda amorosa e fazendo uma reflexão que chegou até a versão brasileira e a resenha de Chitãozinho e Xororó com o Rei... 
































Escolha de Patrícia França para o clipe de "Mulher Pequena" não levou em conta as sobrancelhas dela... Ops!!!...
































Entra a vinheta de intervalo, Roberto Carlos no palco voando na letra e nos números do R92, o Rei chama, “uma das minhas amigas mais queridas, né, na verdade, uma sensibilidade musical fantástica que me emociona, que me emociona pra valer, Katinha, Kátia”, a própria, de vestido branco, parecido com a participação anterior, no especial de 1988, o óculos é diferente, com um design mais moderno, “é maravilhoso pra mim poder estar aqui mais uma vez com o meu amigo mais querido”, o Rei agradece, “obrigado, meu amor, bom é ter você aqui mais uma vez”, a cantora retribui, “que é isso, você que me empresta seu brilho”, o orquestra entra em cima da resposta de Kátia, que canta “Quando o Amor Acaba”, do seu disco de 1992, vide figurino jeans na capa, a qual também foi gravada em espanhol, “Todo sonho e fantasia,  Perde toda a poesia, Quando o amor acaba, E o carinho que desliza, É levado pela brisa, Quando o amor acaba”, não confundir com a música que o RBD canta em português, Roberto espera no banquinho para fazer uma participação especial cantando o verso “quando o amor acaba”, além de abraçar e beijar a afilhada – Paula Fernandes tinha apenas oito anos de idade Ana Castela nem era nascida, digo... As mulheres da plateia, loiras e morenas - uma delas Marcella Praddo, a própria - só observam Roberto cantar “Você é Minha”, primeira faixa do disco de 1992, composição dele e de Erasmo Carlos, com os infalíveis gestos para ressaltar a letra, o palco iluminado de rosa e azul, aplausos para o solo de guitarra, “Você é minha, Meu doce favo de mel, Me adoça a boca, Me faz sentir no céu”, logo após os aplausos, ouvida a introdução do coral RC3, Roberto Carlos interpreta “Aquarela do Brasil”, que Ary Barroso compôs em 1939, sozinho, sem Gal Costa por perto, o coral numa vibe Tom Jobim, “esta é a minha canção preferida lá fora, fico muito tempo lá fora, de repente começo a cantar trechos dessa canção, frases, em diferentes lugares, dá saudade, a saudade bate forte, e a gente, a grande conclusão que a gente chega quando canta essa canção lá fora, principalmente depois de tanto tempo, é que nenhum lugar, apesar de tudo, apesar de todos os problemas, apesar de todas as coisas que a gente tem vivido, principalmente este ano, nenhum lugar é melhor pro brasileiro viver que o Brasil, que o Brasil, não há” – pelo “stand up” se nota que o motivo para o famoso samba-exaltação ter entrado na “playlist” do especial é menos outra tentativa de se introduzir no gênero e mais a turbulência que o país vivia com o “impeachment” do presidente Fernando Collor Mello e a chegada ao poder de seu vice, Itamar Franco, “é pro Fantástico???”,  falando em Gal Costa, ela se fazia presente na abertura da novela “Deus Nos Acuda”, em exibição na Globo, interpretando “Canta Brasil”, outro samba exaltação, feito por Alcyr Pires Vermelho e David Nasser, o próprio, em 1941... Entra o intervalo com os prefixos musicais de “O Calhambeque” e “Emoções”, na volta, Roberto Carlos traz a regravação de “Se Você Pensa”, originalmente lançada no disco “O Inimitável”, de 1968, e que foi incluída no álbum de estúdio de 1993, o Rei marchando para marcar o ritmo em meio as luzes coloridas do palco, colocando um “stand-up” no meio da canção, “se você pensa que o meu amigo, irmão, camarada, vai estar no programa comigo, você tem toda a razão, o meu amigo Erasmo Carlos!!!”, que de blazer preto e camisa branca, abraça e beija Roberto, e manda ver em sua interpretação de “Se Você Pensa”, com a autoridade de quem ajudou o Rei a fazer a letra da música, com direito a dueto no final, “bom mesmo é ser feliz e mais nada, nada, nada, nada!!!”, Erasmo usa as mãos para simular as batidas do coração dentro do blazer, “meu número”, Roberto aponta, “seu grande número tá na novela das oito”, o Tremendão pergunta, “você está vendo a novela das oito, você vê que quando chega o ônibus, aquela confusão toda, o Bira com a Yasmin”, o Rei ri, “o certo é que eu tô aqui, pois é, um homem de lua, então senta pau”, tira seu microfone do palco, Erasmo parte para a “air guitar” e canta “Homem de Rua”, um rock que dá nome ao disco que lançou em 1992, e que entrou na trilha sonora nacional da novela “De Corpo e Alma”, como tema do personagem Bira, de Guilherme de Pádua, o próprio, que interpretava um motorista, "Eu andava mal, nas portas do inferno, Sem o fogo amigo do inverno”, “Parece até que o sol encontrou a lua, despoluída e nua, Meu bem você salvou a vida de um homem de rua”  – a trama escrita por Glória Perez, mãe de Daniela Perez, a própria, tinha como tema “social” de fundo o transplante de coração, então é por isso que esse foi um dos temas da resenha do Rei com o Tremendão... Roberto Carlos traz seu microfone de volta, Erasmo Carlos faz o fã, “Roberto Carlos, Roberto Carlos”, o Rei quer saber, “e aí, Tremendão, Natal, Natal, com muitos presentes”, o Tremendão explica, “muitos presentes, muitos ausentes, também” – Roberto não curtiu, “olha só, lá vem ele” – “mas no topo da árvore continua brilhante a nossa amizade e nos iluminando, pra que cada vez mais a gente consiga nas nossas canções falar das mulheres”, inclusive as focalizadas na plateia do Teatro Fênix, Roberto repete, “que maravilha, que maravilha”, aplausos, “falou bonito, falou bonito ele, e sabe, na verdade quem sabe das nossas musas somos nós mesmos, não é, bicho”, Erasmo observa, “que nada, bicho, os caras aí, nossos amigos compositores entregam os nomes das musas”, mais garotas da plateia, o Rei observa, “eles entregam os nomes, a gente fala e tudo, mas os nomes a gente guarda, e logicamente tem sempre alguém perguntando, quem é que tomou o café da manhã, quem foi que tirou os botões da blusa, hehehehe, eu só respondo que são grandes mulheres, não importam os nomes”, o Tremendão faz um aparte, “nem sempre as grandes mulheres são mulheres grandes, bicho”, Roberto concorda, “ah, bom, isso é verdade”, Erasmo diz, “então vocês querem ver, maestro, por favor”, cumprimenta o Rei, que faz uma breve introdução, “quando eu e Erasmo Carlos fizemos essa canção, eu acho que a gente não pensou até onde ia, a gente estava pensando, até onde ia aquele tema, é pra vocês terem uma ideia essa música se chama Mulher Pequena, e de repente a gente estava quase terminando a canção quando a gente soube que no Brasil existem mais de 20 milhões de mulheres abaixo de 1,60 metro”, a plateia se agita, “que maravilha, é verdade, e eu que pensava que tava fazendo a música para uma minoria e não tava, fiquei contente, fiquei contente realmente, professor, logicamente isso não quer dizer que as altinhas estejam fora do páreo, absolutamente”, palmas, “na verdade uma mulher não se mede pelo tamanho dela, se mede pelo tamanho do seu coração” , uma garota sorri na plateia, mais aplausos, e então é por isso que Roberto canta “Mulher Pequena”, lançamento do disco de 1992, Eri Johnson só observando, uma performance que é ilustrada por cenas da atriz Patrícia França na praia, experimentando frutas, sensualizando ao sol de branco, agitando os cabelos e sorrindo,  acompanhada por um séquito de banhistas dançarinos, num divã na areia, à sombra dos coqueiros, “Fica na ponta dos pés,  Se pendura como louca, Olha o céu e fecha os olhos, Pra ganhar beijo na boca, Depois do beijo na boca, Sua mão leve desliza, Pelos pêlos do meu peito, Dentro da minha camisa, Quando a coisa fica quente, Ai, essa mulher me usa, Quero só que se arrebente, Algum botão da sua blusa” – depois de Erasmo Carlos garantir o momento “rock and roll” do especial, Roberto Carlos apresenta a música que inaugurou a fase de canções temáticas sobre mulheres que teria seu auge quando o Rei apresentou “Coisa Gostosa” no programa de Silvio Santos, em 1994, na época do programa, Patrícia França foi considerada a pessoa ideal para representar a figura feminina que descreve a letra,  por ter despontado na minissérie “Tereza Batista”, que a Globo exibiu em 1992 e o Viva nunca mostrou, a ambientação em Salvador combina com o clima “solar” da música, e, claro, por sua estatura,  1,58 metro, e não só apenas isso, ...o chiste do "stand-up" é baseado em fatos reais, Roberto gravou poucas músicas, e menos ainda que fizeram sucesso,  que citam nomes de mulheres,  abrindo uma exceção para a mãe ... Intervalo do calhambeque com emoções, Roberto Carlos retorna aplaudido, cantando a clássica “Outra Vez”, de 1977, com pausa dramática no meio e mão no coração para agradecer os aplausos no final, momento em que olha para o maestro Eduardo Lages, conta, “1, 2, 3!!!” e interpreta mais uma música que lançou em 1992, “Dizem que um Homem Não deve Chorar”, adaptação que ele e Erasmo fizeram de “Los Hombres No Debem Llorar”, de Pepe Avila, que por sua vez é a versão em espanhol de “Nova Flor”, composição de Mario Zan e Palmeira, gravada originalmente pela dupla Palmeira e Biá, refrão cantando em espanhol no final, “Dizem que um homem nao deve chorar por, Uma mulher que nao soube amar, Mas como eu nao pude conter o meu pranto Fechei os meus olhos me pus a chorar” – a parte instrumental tem um solo de violão, parecido com o de “Por Ela”, porém uma canção com raízes sertanejas tão fortes bem que poderia ter uma sanfoninha no meio, digo... 
















Daniela Perez interpretou Maria no Auto de Natal apresentado durante a apresentação da música "Luz Divina"...




























O mix das versões instrumentais de “O Calhambeque” e “Emoções” chama o intervalo e na volta, com o maestro Lages trabalhando forte na regência, Roberto Carlos canta “Força Estranha”, de 1978, composição de seu próximo convidado, Caetano Veloso – o próprio... Logo que termina a apresentação, em maio aos aplausos – e Eri Johnson está novamente na plateia, com o cabelo do gótico Reginaldo, personagem da novela “De Corpo e Alma” - o Rei procede às apresentações, com o instrumental de “Força Estranha” ao fundo, “pra mim nada é mais gratificante do que merecer um retrato falado, lindo, pintado pela luminosa cabeça do poeta, que força estranha ele encontrou, né, para construir os versos dessa canção, né, incrível isso, né, está aqui o autor desse presente, que um dia me deixou emocionado como uma criança com sua primeira árvore de Natal, meu querido amigo, Caetano Veloso!!!” – ainda bem, quando ele falou “cabeça do poeta”, pensamos que o Rei ia cantar “Feira da Fruta”... Ops!!!... Caetano comparece de terno branco e colete colorido, na primeira exibição do especial do Viva o visual deixava evidente a inspiração do figurino de Afrânio, o protagonista da novela “Velho Chico”, pelo menos na primeira fase da história, quando era interpretado por Rodrigo Santoro e morava em Salvador, Caetano abraça Roberto Carlos, a plateia aplaude, o Rei também, o baiano senta no banquinho, bastante lisonjeado com a recepção, “puxa, puxa vida, muito obrigado”, Roberto retribui, “obrigado você, obrigado você que tá aqui”, Caetano prossegue, “obrigado pelas palavras maravilhosas que você disse”, Roberto acrescenta, “que é isso, essa é a minha segunda, terceira, quarta árvore de Natal, né, hehehe!!!”, o irmão de Bethânia aponta, enquanto dedilha o violão, “e que que tenho tanto a lhe agradecer”, o Rei fala, “ah, que é isso, eu é que tenho que agradecer por você estar aqui, é bom mesmo”, e Caetano parte para um dueto voz e violão  de “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos”, lançada no disco de 1971, na qual Roberto fala de Caetano, que vivia em Londres, na época do regime autoritário no Brasil, na mesma linha de “Quero Voltar Pra Bahia”, de Paulo Diniz, só que de uma forma mais poética – música que não foi cantada na primeira participação de Caetano no especial de Roberto, em 1975, pois os militares que levaram o baiano a ir para o exterior ainda estavam no poder, “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos” só entrou na “playlist” do programa em 1986, com a democracia já restabelecida no país, num dueto do Rei com a dupla sertaneja Cristian e Ralf... Roberto Carlos, que ficou sem gasolina no Leblon, aplaude e abraça Caetano Veloso, que estacionou seu carro na mesma região (!!!), disparando o “stand-up”, quando eu e Erasmo Carlos fizemos essa canção, nós nunca pensamos que uma coisa dessas fosse acontecer, um momento tão bonito e tão especial, ai que maravilha, ó o cara aí”, o baiano devolve o sorriso do Rei, “mas eu já senti que, na hora que eu ouvi a canção eu já senti isso tudo, isso é uma coisa, isso é uma coisa muito grande, é uma coisa muito grande do Brasil que vocês tenham feito essa canção pra mim, exilado, é muito grande isso, diz muito sobre o Brasil” – aplausos, Roberto agradece, “obrigado, obrigado” – “como eu disse uma vez, como eu disse uma vez, isso aprofunda muito, enormemente, não é, a compreensão daquele a quem a gente chama de Rei”, que fica um pouco encabulado com o elogio, “ah, vá!!!, você é muito grande, você é muito grande!!!”, Caetano continua, “alguma coisa é muito grande e a gente de alguma forma participa dela”, Roberto diz, “graças a Deus, graças a Deus, Caetano, me conta aqui uma coisa, como é esse negócio de fazer sucesso com uma música em 1967, e de repente fazer sucesso com a mesma música em 1992, com a mesma gravação, com tudo, e fazer o mesmo sucesso, como é esse negócio???”, Caetano ri e responde, “bom, pra mim é um mistério, é a força estranha, é aquela coisa grande que a gente disse que é, alguma coisa no Brasil é grande, alguma coisa aqui é grande”, o Rei é lligeiro, “a alegria” – estão falando de “Alegria, Alegria”, que Caetano Veloso apresentou no festival da Record em 1967, mesmo ano que Roberto defendeu “Maria, Carnaval e Cinzas”, no ano em que comemorava 50 anos de vida, o baiano teve a música incluída na trilha da minissérie “Anos Rebeldes”, de Gilberto Braga, que focalizava os protestos contra a ditadura nos anos 1960, e serviu de inspiração para as manifestações pelo “impeachment” do presidente Fernando Collor de Mello, em 1992, sobre Londres, na mesma época da estadia de Caetano, Rita Lee conheceu e trouxe para o Brasil uma figura cuja carreira musical iria de encontro a de Roberto, Ritchie, o próprio, Régis Tadeu, corre aqui... Mais um intervalo com “O Calhambeque” e “Emoções”, Roberto Carlos retorna colocando no “stand-up” o primeiro verso de “Luz Divina”, de 1991, “Luz que me ilumina e ajuda a seguir, eu sempre me lembro dela, no Natal, mais ainda, Maria, a primeira entre as mulheres, Maria do palácio, Maria da favela, pela voz de um anjo, Deus mandou um recado pra ela”, que o próprio anjo diz na região da Palestina, há quase 2.000 anos, em uma humilde casa feita de barro, “Maria, a soma de todas as tuas virtudes fez de você a eleita de Deus”, Maria, aqui vivida pela atriz Daniela Perez, a Yasmin de “Corpo e Alma”, novela em exibição na época do especial, dá um passo para trás, “se consentir, no seu ventre será gerado o filho de Deus feito Homem”, Maria se queixa, “um desconhecido entra em minha casa e pede água e repouso, depois de apresenta como mensageiro de Deus, quer me confundir, me assustar???”, o Anjo explica, “no momento em que pronunciar, faça-se”, o casebre se ilumina, “alguma coisa ainda mais grandiosa que o faça-se a luz da criação irá acontecer, você, Maria, irá realizar em grau máximo a missão da mulher, ser a portadora dos dons de Deus para o homem”, Maria pergunta, “como poderia alguém tão pobre, abrigar no seio o Filho do Criador???”, o anjo fala, “dê a Ele o nome de Jesus”, Maria ajoelha-se diante do anjo, que faz uma oração, “Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus”, o Anjo desaparece do casebre, Maria ergue os braços, “faça-se”, abraçando a si mesma em seguida”, Roberto retorna, “Sol que me abraça a toda hora me fazendo sorrir, um Rei estava pra nascer, a última esperança dos pecadores de todos os tempos, de todos os lugares, o mundo tinha que saber, o Rei precisava vir ao mundo”, voltando a Palestina do Novo Testamento, Isabel afaga a barriga de Maria e a abraça, a mãe de João Batista é vivida por Cássia Kiss, a Ana de “Barriga de Aluguel”, “Deus é muito generoso, com uma alegria me bastava e no entanto Ele me oferece duas, a de eu própria ser mãe, e a de Maria, minha prima, carrega no seu ventre o fruto do Senhor”, Maria dá mais um abraço, “verdade, Isabel, uma força misteriosa me fez vir até aqui, eu precisava dessa prova”, Isabel responde, “eu levo aqui o arauto, você leva aí o Rei, é justo que o arauto venha primeiro, a ele cabe a tarefa de preparar o caminho para a chegada do Rei”, o cantor canta mais um verso de “Luz Divina”, “claridade, fonte de amor que me acalma e seduz, Maria tão meiga, Maria tão simples, só Maria do José, Maria que não exige, não cobra, o que o mundo, por ironia, não lhe deu mais do que a sobra, não teve hospedaria, o Rei nasce na estrebaria”, foca no por do sol atrás da montanha, na beira do lado, o menino Jesus está nos braços de Maria, os Reis Magos estão a postos na manjedoura, agora a criança é negra, um dos Magos só observa, desta vez o menino é asiático, olha lá o burrinho marrom, novo close no bebê, o Rei canta, “essa luz, é claro que é Jesus, essa luz, é claro que é Jesus, Jesus Cristo, 33 anos, barba e cabelos longos, o filho do carpinteiro viveu pregando a paz, o sonho de uma sociedade justa, o respeito humano, enfim, o amor, foi traído e morto numa cruz, ninguém entendeu nada”, o próprio Jesus aparece carregando a cruz no meio do deserto, o sangue da coroa de espinhos caindo  no rosto de olhos verdes, segue-se a crucificação”, e Roberto interpreta, do começo ao fim, “Luz Divina”,  no palco estrelado e solo de guitarra, incluindo um close de Eri Johnson na plateia  – esse Auto de Natal é muito significativo, em “Barriga de Aluguel”, Cássia Kiss, hoje Cássia Kis Magro, fazia o papel de uma jogadora de vôlei que não conseguia engravidar, mesmo caso de Isabel, que já estava em idade avançada quando teve João Batista, a personagem de Cássia recorreu a inseminação artificial, porém a criança foi gerada no útero da balconista e dançarina Clara, no caso, Cláudia Abreu; três dias depois da exibição do especial, em 28 de dezembro de 1992, Daniela Perez foi assassinada no Rio de Janeiro, pelo ator Guilherme de Pádua, que interpretava Bira, o motorista que era seu par romântico em “De Corpo e Alma”;  em 1993, depois de mais de dez anos de tentativas, Roberto Carlos finalmente gravou uma música em homenagem a mãe de Jesus, “Nossa Senhora”... No fim da música, Roberto Carlos leva o indicador ao alto, a plateia do Teatro Fênix aplaude, telas de televisão começam a voar por todos os lados, o Rei questiona, “com quantas canções se faz um amigo, com quantos amigos se faz uma canção???”, introduzindo o elenco da Globo, que começa a cantar “Eu Quero Apenas”, de 1974, “Eu quero apenas olhar os campos, eu quero apenas cantar meu canto” (Edson Celulari), “Eu só não quero cantar sozinho” (Maria Zilda), “Eu quero um coro de passarinhos” (Jaime Periard), “Quero levar o meu canto amigo a qualquer amigo que precisar” (Vera Holtz), “Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar, Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar” (Vera Holtz, Felipe Camargo, Ewerton de Castro e Adriana Esteves), “Eu quero apenas um vento forte, levar meu barco pro rumo norte” (Fábio Assunção, serve uma brisa...), “E no caminho que eu buscar” (Cristiana Oliveira, no modo estrábica...), “Quero dividir quando lá chegar” (Cristina Mullins, trabalhando forte nos agudos...), “Quero levar o meu canto amigo a qualquer amigo que precisar” (Diogo Vilela, aqui o público do Viva lembra do episódio do karaokê do “Toma Lá Dá Cá”...), “Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar, Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar” (Lisandra Souto, Diogo Vilela, Helena Ranaldi, Francisco Cuoco, Cássia Kiss, Eri Johnson), “Eu quero crer na paz do futuro, Eu quero ver o quintal sem muro” (Ewerton de Castro, ou seria Ned Flanders...), “Eu quero me ouvir pisando firme” (Eva Wilma), “Cantando alto, sorrindo livre” (José Mayer), “Quero levar o meu canto amigo a qualquer amigo que precisar” (Lucinha Lins, na base do falsete, essa é do ramo...), “Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar, Eu quero ter um milhão de amigos, e bem mais forte poder cantar” (Marisa Orth, José Mayer, Eva Wilma, Fábio Assunção, Lucinha Lins, Raul Gazola, Maria Zilda, Jayme Periard, mais conhecido como Mike, e Cristiana Oliveira, futura Selena de “Corpo Dourado”...), “Eu quero o amor decidindo a vida, Eu quero a força da mão amiga” (Lolita Rodrigues, que cantou na primeira transmissão oficial de televisão no Brasil, em 18 de setembro de 1950,  substituindo Hebe Camargo, pois era a única que sabia a letra...), “O meu irmão um sorriso aberto” (Fábio Assunção), “Se ele chorar, quero estar por perto” (Marisa Orth, a Rita cantou no karaokê do Jambalaya???...), Quero levar o meu canto amigo a qualquer amigo que precisar (Eduardo Galvão, saudades do Artur Carneiro de “Caça Talentos”, um clássico do Viva...),  “Eu quero ter um milhão de amigos, e bem mais forte poder cantar, Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar” (Lolita Rodrigues, Paulo Figueiredo, também um dos redatores do especial), Tássia Camargo, Diogo Vilela, Marcelo Faria, Adriana Esteves, Felipe Camargo, Vera Holtz, Cristiana Oliveira, Edson Celulari, Maria Zilda e Eduardo Galvão)”, e nesse ponto, o Rei completa a canção – nessa época, os contratos de longa duração da Globo permitiram uma apresentação no estilo que consagrou a direção de Augusto César Vannucci nos especiais de Roberto Carlos, o elenco da Globo trabalhando forte numa música que, junto com “Amigo”, é muito popular em todos os países da América Latina, com exceção de Cuba, onde Ernesto Varela constatou uma predileção por “O Côncavo e o Convexo”, digo... Por falar no papi do Rafael Vannucci, entram cenas de Roberto nos especiais de 1982, 1979, 1977, 1976, 1974, 1975, 1978, 1984, o palhaço de 1979 e o Carlitos de 1982, nem todos dirigidos por ele,  musicadas pela introdução instrumental de “Emoçôes”, cantada pelo “cover” de Charlie Chaplin que também perdeu o concurso de sósias, direção de Guga Oliveira, junto com cenas da apresentação da música em 1984, 1981, 1985, 1982 (sem o bailado), 1989 (no terraço do hotel Maksoud Plaza, em São Paulo), 1987, jogando flores e tudo, aparece uma foto de Augusto César Vannucci, cercado de crianças, um deles, a sua enteada Aretha Marcos, mais Roberto em 1987, 1985, 1988 (em Atlantic City), 1989 (com brinco de peninha) e 1990, olha o Carlitos de novo, Vannucci fala a Glória Maria, no "Globo Repórter" sobre os 50 anos do Rei, em 1991, “esse tipo de afinidade é uma coisa muito importante” – foca no Cristo Redentor – “uma coisa que me agrada muito, é essa coisa do Cristo que o Roberto Carlos faz, na letra da música, na canção, ele fez isso há 20 anos atrás”, entra o Roberto de 1975, close no trompetista, mais Roberto cantando em 1985, oferecendo flores em 1987, Carlitos de novo com a força do povo, mãos se estendem para receber as flores, mais Roberto em 1988 e 1987, 1988 e 1985, flores em 1987, 1981 e o gemido no final em 1992 – nossos agradecimentos ao canal Viva, que com a exibição de todos os especiais de Roberto Carlos desde o primeiro, tornou possível a nós identificar os anos de cada imagem do cantor usadas na apresentação de “Emoções”, tipo a "Tabela das Camisas" que o Igor C.Barros fez com os episódios de "Chaves", alis, nem parece que a música ficou de fora do especial de 1991... Ops!!!... Roberto Carlos agradece os aplausos da plateia e começa a distribuição de flores, mais uma foto em preto e branco de Augusto César Vannucci, agora sozinho, “ah, Vannucci, meu amigo, meu velho diretor, em quantas emoções viajamos guiados pela sua mão” – o diretor aparece com um disco de ouro – “na terra, no mar, no céu, sempre estivemos juntos, você agora estreia num palco muito mais eliminado, receba o meu aplauso, a minha gratidão, esse sorriso vai estar sempre guardado do lado esquerdo do meu peito, no meu coração, obrigado, maestro”, Vannucci aparece erguendo os braços na Catedral de Brasília, e ao lado do Rei – “Mestre, irmão, obrigado, Augusto César Vannucci, obrigado, amigo” – entre tantas emoções, o comparecimento ao Peru em 1977, no meio de uma greve geral contra o governo militar do país, para gravar em Macchu Picchu, como é relatado no livro "Ave César Ave Cristo"... Augusto César Vannucci aplaude na plateia, a imagem congela, entram os créditos do especial, começando pela “playlist” de músicas, algo que não era habitual nos especiais produzidos pelo diretor, desta vez são contabilizadas 19 canções, seguem-se os convidados, o elenco, que inclui todos os atores e atrizes que cantaram “Eu Quero Apenas”, os “Músicos do Roberto Carlos”, inclusive “Percussão Dedé” e o coral, “Um Programa Augusto César Vannucci”, a bolinha da Globo divide a tela com a imagem, “Realização Central Globo de Produção” - falando  em homenagens, o Viva poderia mostrar os especiais infantis criados por Vannucci, a começar por “Vinícius para Crianças – A Arca de Noé”, que ganhou o primeiro Emmy competitivo da Globo, em 1981...  
























E lá estava Eri Johnson novamente na plateia do Teatro Fênix, deve ter achado que estava em "Os Trapalhões"... 



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