sexta-feira, 17 de maio de 2024

Sem Silvio Luiz, o que é que eu vou dizer lá em casa???...

E nos últimos minutos da finalíssima do Paulistão, Silvio Luiz foi retirado pela produção numa cadeira de rodas... 



 

















Silvio Luiz saiu de cena na última quinta-feira, faturando 11 pontos no Bolão Pé-na-Cova, depois de oito dias internado na UTI do Hospital Oswaldo Cruz, na cidade de São Paulo, e pouco mais de um mês após sua última transmissão esportiva, a finalíssima do Campeonato Paulista, onde a Porcaria conquistou o título vencendo o Peixinho por 2 a 0, no último dia 7 de abril... Silvio fazia a cobertura do jogo transmitida pelo portal R7, o site PlayPlus e o Youtube ®, na companhia dos humoristas Marcos Chiesa, o Bola, e Márvio Lúcio, o Carioca, com apresentação de Zé Luiz, o próprio, o papi de Manu Gavassi, o Verdinho já ganhava por 2 a 0 quando Carioca, imitando a voz de Silvio, diz, “que jogo nervoso”, Silvio Luiz faz uma graça ao microfone, pega o vidro de chicletes de Bola, fica olhando e devolve para o humorista... Carioca, imitando Silvio, faz as contas, 80 minutos de jogo, são 90, faltam 10, Bola acrescenta os acréscimos, Carioca acreditou que seriam cinco minutos, Bola deixa por mais, Silvio leva a mão a boca e boceja, “teve substituição pra caramba, mais a cera”, Carioca disse que no primeiro tempo teve mais cera, Silvio concorda e dá mais uma tossida... Carioca comenta “começou o futevôlei”, os dois humoristas narram um ataque de Flaco Lopez, Silvio Luiz fala, “calma, calma”, Carioca responde, “quer calma, tô calmo, tamo calmo”, Bola intervém, “segura, segura aí”, Silvo repete, gesticulando com a mão, “calma, calma”, Carioca diz de novo, “tamo calmo”, olha para o lado e pergunta, “o Bola tá nervoso, Silvio???”, o próprio Bola se antecipa em responder, “eu tô, só pra variar”... Silvio Luiz balbucia palavras incompreensíveis no microfone, Carioca o imita, “tá nervoso, atenção”, lance de ataque do Peixinho, Bola pede, “sai, Weverton”, Carioca olha para o lado e prossegue, “olha aí, lá vem o Peixinho”, Bola comenta, “nossa, prensou bonito”, Carioca olha para o lado de novo e começa a conversar com meio de gestos com a produção, apontando para Silvio, que pergunta, “quando falta???”... Entra uma sonoplastia de vidro quebrado, Carioca continua a conversa, sinalizando que não, Silvio levanta a mão, Bola observa Silvio, Carioca ajeita o fone de ouvido, Bola observa, “não tá fácil esse jogo não”, Carioca imita Silvio, “não tá nada fácil não”, Bola prossegue, “o Peixinho está em cima do Verdinho”, Silvio Luiz pronuncia um “é!!!”, Bola faz sinal para a produção, Carioca tira o fone, se aproxima de Silvio, fala em seu ouvido, Bola continua a narrar o jogo, “quero nem ver, substituição no Verdinho, Carica”, Silvio faz sinal de positivo, Carioca recoloca o fone... Bola diz, “vai entrar o Rony”, Silvio faz mais um sinal de positivo, Bola pergunta, “quem vai sair???”, Carioca responde imitando Silvio, “vai sair o Flaco”, Bola confirma, “vai sair o ‘Fraco’ e entrar o Rony”, um funcionário da produção se posiciona atrás de Silvio Luiz, que ergue o braço, a imagem da transmissão é cortada, Carioca fala, “vamos dar uma descansada aí, Silvio???”, Bola pede, “vai tomar um ar, Silvio”, Carioca insiste, “vai tomar um arzinho e você volta”... Os dois humoristas comentam sobre mais uma substituição do Verdinho, discutem se é a terceira ou a quinta, ouve-se o barulho da torcida, Bola repete um bordão de Silvio Luiz, “pelo amor dos meus filhinhos, vamos lá”, ele e Carioca repetem que Silvio “precisa tomar um arzinho e já volta”, Bola acrescenta, “ele vai tomar um vento, ele tá nervoso”,  a imagem volta quando Silvio passa na frente da dupla numa cadeira de rodas, levado pelo brigadista de incêndio do estúdio,  Carioca faz sinal de positivo, “vai lá, Silvão, tamos te esperando”, Bola segue a narração, “ê, chutão pra cima” – Silvio Luiz não voltou, tinha sofrido um AVC e foi internado, ficando 23 dias sob observação, voltando ao hospital em 11 de maio, quando foi intubado, em coma induzido, e saiu de cena por falência múltipla dos órgãos às 9h40 de 16 de maio...  A história de Silvio Luiz é contada em uma biografia escrita por Wagner William, lançada em 2002, a qual mostra que muito além da narração esportiva,  Silvio Luiz teve uma participação significativa nos primeiros anos da televisão brasileira,  seja diante das câmeras ou por trás delas, nas TVs Paulista,  Record (duas passagens)  e Excelsior...  Posteriormente,  já dedicado exclusivamente ao esporte,  esteve na Band (duas passagens),   SBT e após a publicação do livro,  na Band Sports, na Rede TV!, e desde 2022, novamente na Record... Uma carreira mais de sete décadas que não inclui passagens pela Globo... Sylvio Luiz Perez Machado de Sousa tinha 17 anos de idade quando, depois de muito insistir com o diretor Waldemar de Moraes,  entrou para o elenco da Rádio São Paulo,  onde sua mãe,  Elizabeth Darcy, trabalhava como locutora... Fazia pequenas participações em radionovelas e algumas locuções... Silvio aproveitou que a mãe  foi contratada como garota propaganda da TV Paulista,  inaugurada em 14 de março de 1952, e pediu emprego ao narrador esportivo Moacir Pacheco Torres... Além de puxar cabos,  arrumar fiação,  trocar lâmpadas e organizar cenários no pequeno estúdio montado num apartamento na região da Rua da Consolação,  Silvio atuava como locutor - vide "Tarde Esportiva no Trote" - repórter de campo, o primeiro da televisão brasileira - vide transmissor carregado pelo repórter e entrevistas com atletas sul-americanos na São Silvestre, usando o espanhol que aprendeu no período que viveu na Argentina com a mãe e seu segundo marido - e participava como ator da novela "Sinhá das Dores", do seriado "Raffles,  O Ladrão de Casaca" e no especial de Natal "A Vida de Jesus Cristo"...  Quando a TV Record foi inaugurada,  em 27 de setembro de 1953, o comentarista Leônidas da Silva foi tirado da TV Paulista e indicou Silvio para a vaga de repórter de campo ao responsável pelas transmissões esportivas,  Antônio Augusto Amaral de Carvalho, o Tuta... Produziu e apresentou o programa "Sete Dias no Prado",  sobre turfe, trabalhou como câmera de estúdio e também atuou como ator, no teleteatro "Sob a Luz dos Refletores" - foi o vilão em "Cela 2477 - Corredor da Morte",  interpretando ainda o Julinho,  um dos filhos de Dona Lola na primeira versão da novela "Éramos Seis",  dirigida por Ciro Bassini, com capítulos exibidos duas vezes por semana... Nessa mesma época,  sua irmã Verinha Darcy também atuava na tela, e seu papel mais famoso foi o da protagonista da novela "Pollyana",  apresentada pela TV Tupi em 1956... Tempos depois, famoso como locutor esportivo, disse, conforme registra o livro:  "Mãe,  primeiro eu fui o filho da Elizabeth Darcy; depois o irmão da Verinha Darcy; então passei a ser o marido da Márcia; mas agora eu sou o Silvio Luiz"... Encarou o guarda-costas Gregório Fortunato para entrevistar o presidente Getúlio Vargas no Jóquei Clube, em 1953, registrou o palavrão dito pelo jogador corinthiano Luizinho ao ser expulso de campo, o primeiro da televisão brasileira, em 1955, foi o repórter da primeira transmissão direta do Rio para São Paulo em 1956, acompanhado de Hélio Ansaldo, testemunhou o Jogo das Garrafadas em 1957, foi gerente da Rádio Guarujá, arrendada pelo dono da Record, Paulo Machado de Carvalho e se escondeu dentro de uma escada de aeroporto para entrevistar os campeões mundiais de 1958... Um trabalho forte que rendeu nada menos que cinco prêmios Roquette Pinto seguidos como melhor repórter esportivo... Reconhecimento que não veio em forma de salário, fazendo Sílvio ir para a Rádio Bandeirantes em 1960 (na TV Record, foi substituído por Reali Júnior, que veio da Rádio Record) , integrando-se a equipe de Edson Leite, narrador e diretor artístico da emissora... Participou da reformulação da Rádio Guanabara, atuando ao lado de Jorge Cury e Oduvaldo Cozzi nas transmissões esportivas, vide termômetro dado por João Saldanha para medir a temperatura no gramado... Esteve em sua primeira Copa do Mundo em 1962, no Chile, com a equipe da Cadeia Verde Amarela, liderada pela Bandeirantes, vide painel luminoso representando a movimentação da bola no campo, instalado na região da Praça da Sé... Depois da final, vencida pelo Brasil, Edson Leite anunciou que deixaria a locução esportiva, dedicando-se apenas a direção da rádio - e a campanha de Adhemar de Barros ao governo do Estado, assessorado por Sílvio...























E em 1954, Silvio Luiz reclama das pessoas que entraram na sua frente quando iria entrevistar Humberto Tozzi...




























No final de 1962, Silvio Luiz deixa a Rádio Bandeirantes e é levado por Edson Leite para a TV Excelsior,  onde se tornou diretor de produção... Apoiado no dinheiro do empresário Mário Wallace Simonsen, Leite realizou inúmeras contratações de atores, atrizes, humoristas,  redatores e diretores e criou a grade de programação "sanduíche" - "novela das sete, jornal, novela das oito"... Simonsen,  devido ao apoio dado pela Excelsior a João Goulart para que tomasse posse em 1961, começou a ser perseguido pelos militares após o golpe de 1964, levando a Excelsior a mudar de dono várias vezes até seu fim, em 1970... Edson Leite, por sua vez, era muito ligado ao governador de São Paulo,  Adhemar de Barros,  inclusive sendo o marqueteiro da campanha,  vide Silvio Luiz maquiando Adhemar para gravar um pronunciamento após o golpe... Silvio dirigiu o "Show do Meio-Dia",  o "Festival de Bossa Nova",  o "Boxe no 9" - que tinha Edson Cury,  o Bolinha,  como mestre de cerimônias - os teipes de futebol narrados por Geraldo José de Almeida,  o show de Ray Charles... Produziu e dirigiu "Signo Show",  com o astrólogo Omar Cardoso,  levou o "loop" para "Últimas Esportivas"  e apresentou o "VT Show" em frente à máquina de videoteipe da empresa,  onde exibia cenas da programação da emissora e entrevistava os artistas da casa...  Silvio até se improvisou como assistente de palco de Walter Stuart,  atuando como "casaca de ferro" durante a apresentação circense do ator... Na direção de produção,  criou os relatórios de ocorrência para sanar falhas técnicas...  O ritmo de trabalho intenso o levou a contrair tuberculose,  que o afastou por quase um ano...  Na volta,  foi supervisionar a montagem dos cenários de novelas nas instalações que pertenciam a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, na região de São Bernardo do Campo, coordenando o trabalho dos profissionais argentinos trazidos por Leite...  Foi em um desentendimento com o assistente de produção Ubirajara Guimarães, no set de gravação da novela "2-5499 Ocupado", a primeira com exibição diária no Brasil, montado no Teatro Cultura Artística,  que surgiu o apelido "iogurte"  - "branco, baixo e azedo"... No "Show do Meio-Dia",  conheceu a futura "sócia",  a cantora Márcia...  Que chegou a final do I Festival de Música Popular Brasileira,  em abril de 1965, produzido por Solano Ribeiro e com direção de TV de Silvio... Não na final,  pois no mês anterior,  Edson Leite brigou com ele devido ao esquema de cobertura das eleições municipais de São Paulo, que interrompeu várias vezes a programação normal... Quando Ubirajara Guimarães foi contratado pela Record, sugeriu a Paulinho Machado de Carvalho a contratação de Silvio para ser diretor de produção,  levando ao seu retorno para o Canal 7...  Silvio volta para a Record em 1966, como diretor de produção,  trazendo da Excelsior a prática dos relatórios de produção e relatórios de ocorrência,  feitos numa linguagem incisiva,  que valeu o apelido de "Ministro da Educação e Cultura"...  Foi diretor de TV, apesar de dizerem que seus dedos eram grossos como um maço de cenouras... No auge dos programas musicais e dos festivais de música,  foi diretor de TV do programa "MPB",  produzido por Alberto Helena Junior, e chegou a ser jurado do Festival de 1969... Os principais programas da emissora eram produzidos pela Equipe A - Antônio Augusto Amaral de Carvalho (Tuta), Manuel Carlos,  Nilton Travesso e Raul Duarte - e as demais atrações ficavam a cargo da Equipe B - Luís Carlos Miele,  Ronaldo Boscoli e, como diretor de TV, Silvio Luiz... Também assumiram o comando de algumas atrações da equipe A, como "O Fino da Bossa", "Show em Si... Monal", "Corte Rayol Show" e algumas edições do "Show do Dia 7"... Participou como convidado do "Esta Noite se Improvisa",  foi jurado do "É Proibido Colar Cartazes" e fez figuração nos programas de humor "Família Trapo", "Bronco Total"  e "Os Insociáveis"  - no "Chico Anysio Show", fez a direção de TV... Apresentou "Disque A para Acertar",  os programas de rádio "Silvio Luiz e a Nossa Turma" e "Eu e a Márcia", na rádio Jovem Pan (então do mesmo grupo da Record...), e uma criação sua, o debate esportivo "Na Boca do Tigre", reunindo jornalistas experientes e iniciantes...  Quando a Record entrou em declínio,  devido aos incêndios e a ascensão da TV Globo,  o diretor Carlos Manga, a pedido do de Paulinho Machado de Carvalho,  que comandava a emissora,  criou com Flávio Porto  e Mário Wilson "Quem Tem Medo da Verdade",  uma espécie de tribunal onde eram julgadas personalidades do mundo artístico... Silvio Luiz fazia parte do júri,  escalado por Manga para fazer o papel do jurado mau, impiedoso com os réus...  O programa,  feito numa época em que a repressão do governo militar era muito forte, dava 80 pontos de audiência,  com picos de 92 pontos... Silvio, embora recebesse um cachê maior que seu salário de produtor, chegou a deixar a atração duas vezes, após entrevistas com Carlos Imperial e Cidinha Campos... Mas sempre era convencido a voltar, já que seu tipo cruel era uma das razões do êxito do programa,  mesmo levando ao grande público a fama de "iogurte" que ganhara na Excelsior...  Terminado o "Quem Tem Medo da Verdade",  com o declínio acentuado da Record, Silvio foi produtor, diretor de TV e jurado de "A Hora do Bolinha", vide Edson Cury pagando os cachês do próprio bolso, e jurado da "Buzina do Chacrinha",  de novo como vilão,  mas em chave cômica,  vide foto ao lado de Vera Fischer e do boneco Brasilino,  mascote da Fábrica de Móveis Brasil,  a patrocinadora do programa de auditório... Silvio foi diretor de TV do "Tempo de Notícias", precursor do "Record em Noticias"  e assumiu o posto de encarregado geral das operações técnicas da emissora,  no período em que Silvio Santos se tornou acionista,  primeiro com um testa-de-ferro, e, em 1976, assumindo o controle da parte comercial,  administrativa e financeira - os setores técnico e artístico continuaram a ser controlados pela família Carvalho... Em 1974, foi a Copa do Mundo da Alemanha como repórter do pool SiBraTel - Sistema Brasileiro de Televisão - que reunia Record, Bandeirantes e Gazeta... De volta ao Brasil,  depois que a Seleção ficou em quarto lugar,  voltou a ser diretor de produção da Record e criou o programa de entrevistas "Cartão Vermelho"... Silvio Luiz começar a narrar futebol na Record em 1977... A emissora,  fortalecida pela entrada oficial de Silvio Santos como sócio, pretende transmitir a Copa do Mundo na Argentina,  no ano seguinte...   Paulinho Machado de Carvalho decide que ele e Hélio Ansaldo se revezarão nas funções de narrador e comentarista... Dois jogos depois,  Hélio abre mão do revezamento e Silvio é fixado na narração,  além de dirigir o departamento de Esportes...  Paulinho,  sem consultar o diretor, contrata Milton Peruzzi da TV Gazeta,  que traz consigo  o comentarista Galvão Bueno - o próprio - e o repórter Flávio Prado...  Que trabalharia pela primeira vez com Silvio Luiz na finalíssima do Campeonato Paulista de 1977, entre Timão e Macaca,  em que a vitória por 1 a 0 encerrou  um período de 22 anos sem o título regional...























A mesma cena foi repetida 70 anos depois, com Silvio Luiz sendo "cebolado" e soltando o verbo contra Carioca...






























O livro mostra que o narrador Silvio deixou de lado o estilo radiofônico de seguir a bola e introduziu "humor, a descontração,  o ‘nonsense’ e uma ácida ironia"  nas transmissões,  onde "passa a fazer brincadeiras, criar bordões e até a avisar que havia problemas técnicos na transmissão"... No decorrer da partida,  "ampliava os limites da tela,  cantando o lance seguinte,  pedindo narração e deslocamentos, apontando os jogadores em melhores para a sequência da jogada", o que fazia "gritando frases de arquibancada"... Isso sem contar os bordões... Wagner William faz uma pequena compilação dos bordões de Silvio Luiz, a começar por aquele que deu nome à biografia do narrador: “olho no lance!!!”; “pelas barbas do profeta!!!”; “acerte o seu aí que eu arredondo o meu aqui!!! (para o início da partida)”; “está valendo!!!”; “no pé da cajarana!!! (que era o título de um programa da Rádio Bandeirantes)”; “confira comigo no replay”; “o que só você viu??? (para o repórter destacar um lance que as câmeras não haviam mostrado durante o gol)”; “balançou o esqueleto!!!”; “o que é que eu vou dizer lá em casa???”; “todo mundo como Papai Noel”; “esse até a minha sogra fazia!!!”; “papai gostou!!!” (usado quando o goleiro Edinho, filho do Edson [OG] e ex-goleiro do Peixinho, fazia uma boa defesa); “foi, foi, foi, foi ele... o craque da camisa número...!!!”; “no gogó da ema!!!”; “manda o canudo!!!”; “ficou todo arrepiado!!!”; “de carrapeta!!!”; “na orelhinha da girafa!!!”; “pega a raspa do tacho!!!”; “onde a coruja faz o ninho!!!”; “olhando pelo buraco da fechadura!!! (para o goleiro que arruma a barreira)” “nhaaaaaaaaca!!! (uma expressão usada por Paulinho e que Silvio adotou para espantar o perigo da área da Seleção Brasileira). Utilizava também os gritos dos torcedores: “mete o bico nela!!!”; “no pauuuu!!!”; “sai, louca!!!”. E no encerramento da transmissão: muito obrigado pelo carinho da sua atenção, da sua sintonia, da sua simpatia, mas principalmente da sua grande amizade, porque, como dizia o poeta Eduardo Gudin, importante é que a nossa emoção sobreviva. E uma forma bem particular de avisar que os jogadores estavam brigando em campo: tem bacubufo no caterefofo”... Isso sem contar a expressão “serviço de bordo” para o lanche servido na cabine de transmissão, gritar "éééé, mais um gol brasileiro meu povo!!!" nas partidas da Seleção Brasileira, ou dizer que o comentarista Mário Sérgio “sabe porque esteve lá”, entre outras tantas expressões... Em 1978, Silvio faz a Copa na Argentina,  briga com o técnico Cláudio Coutinho para fazer uma entrevista e liga para o pai de Rivellino para conseguir falar com o jogador... Na volta, depois da Seleção ficar em terceiro lugar, Silvio estruturou a equipe esportiva se cercando dos melhores técnicos e equipamentos disponíveis na emissora, e continuava a introduzir novidades nas transmissões,  como os telefonemas durante os jogos ou os closes nos prédios em frente aos estádios,  como no caso do Urbano Caldeira em Santos...  Como Hélio Ansaldo era também diretor artístico da Record e estava sem tempo para as transmissões,  Silvio trouxe o experiente Pedro Luiz para ser comentarista... As transmissões da emissora se consolidam junto ao público e no Mundialito do Uruguai,  em 1981,  Silvio supera a Globo na transmissão do jogo Brasil 4 X Alemanha 1 (28 pontos contra 26), sinalizando que a competição era para valer, vide aumento do número de anunciantes e das ações de "merchandsing"... Incomodada,  a Globo cogita, por meio de Nilton Travesso (que se mudou para a concorrente),  colocar Osmar Santos para narrar a final do Campeonato Brasileiro de 1981, entre Grêmio e Bambi, apenas para São Paulo, ideia vetada pelo diretor de esportes da Globo, Ciro José,  que voa até Porto Alegre para comunicar,  na cabine do Estádio Olímpico,  que Luciano do Valle narraria a decisão para tido o Brasil... Silvio percebeu a movimentação e disse no ar que "está pegando fogo na aldeia"... Mais adiante,  Nilton tentou levar Silvio para a Globo,  para narrar a Copa da Espanha,  em 1982, mas a direção da rede não aceitou... A Record enfrentaria um problema para a transmissão do Mundial...  A Globo pagou sozinha a cota do Brasil na Organização de Televisão Ibero Americana (OTI),  que detinha os direitos de transmissão,  e decidiu exibir o torneio sozinha... Para contornar a situação,  Rui Viotti, assistente de Paulinho Machado de Carvalho,  sugere que Silvio transmita os jogos pela Rádio Record...  O diretor adquire os direitos e providência uma campanha publicitária: "Veja a Copa na TV,  mas ouça com o coração...  Pela Record"...  Ou seja, Silvio narraria exatamente como na televisão,  com a equipe esportiva ficando atenta às imagens das câmeras exclusivas da Globo... A transmissão,  mesmo com as tentativas da Globo de sabotar o esquema,  mudando jogos a serem transmitidos em cima  da hora, faz sucesso,  e Edson Leite,  o próprio,  tenta levar Silvio e Flávio para a Band,  que mesmo tendo melhores condições técnicas,  perdia no Ibope para a Record... Paulinho cobre a proposta milionária feita por Leite,  e segura o narrador e o repórter,  que ganharam o apelido de "Milionário e José Rico",  mas tiveram que fazer um programa esportivo diário e outro semanal - origem do "Record nos Esportes"  e do "Clube dos Esportistas"... Inspirado no programa "Sétimo Andar - Encontro Marcado",  onde Hélio Ansaldo recebia convidados num cenário que lembrava uma sala de estar,  Silvio imaginou uma casa (com latido de cachorro e tudo)  onde receberia os convidados da equipe esportiva da Record... Tudo sem script, e não necessariamente falando de esportes... A atração era "gravada ao vivo",  sem cortes,  às 19 horas, para exibição à meia-noite (Silvio chegava a adiantar o relógio para dizer as horas durante a gravação), e a duração da atração era determinada pela disponibilidade de fitas... Além do fliperama e da mesa de futebol de botão,  os convidados deparavam com passistas de escolas de samba,  aumentando a confusão em cena, pois eram orientadas a sentar no colo dos convidados... Também eram servidos pela garçonete Ferreirinha - uma ironia com o dirigente José Ferreira Pinto - e acabavam caindo em pegadinhas,  como tomar café quente com gelo, num estúdio sem ar-condicionado... Sem a menor cerimônia,  Silvio recebia o Edson (OG) e dizia que ele entrou pela cozinha...  O dirigente corinthiano Antoine Gebran foi apelidado de "Sinhozinho Malta"  - personagem de Lima Duarte na novela "Roque Santeiro", de 1985... O responsável por trazer o pior convidado ganhava o "Troféu Palhacinho"  e a maior bobagem dita no ar recebia o "Troféu Cavalinho" - Tadeu Schmidt, corre aqui...  Os dois prêmios são exibidos por Silvio Luiz na capa do disco em que gravou duas marchinhas de Carnaval,  compostas por Fernando Solera,  o próprio,  lançado em 1984: "Olho no Lance" e "Time Feio"... Depois de um período em que a Record abrigou as transmissões de esportes olímpicos da empresa Promoação,  de Luciano do Valle - vide jogo de vôlei entre Brasil e União Soviética no Maracanã,  em 1983 - e de acomodar os interesses da Traffic,  empresa de marketing esportivo que chegou a Record antes dos Jogos Olímpicos de 1984, colocando seus sócios, Ciro José e J.Hawilla,  como comentaristas, Silvio lidera a transmissão conjunta da Copa do Mundo de 1986, no México,  feita por SBT e Record,  idealizada pelo diretor Guilherme Stoliar,  e cujo slogan foi sugerido por seu tio, Silvio Santos,  dono da emissora: "Unidos Venceremos"... A equipe reunia talentos da Record - Silvio, Flávio Prado, Ciro José,  J.Hawilla,  Fábio Sormani - e do SBT - Juca Kfouri, Osmar de Oliveira,  Jorge Kajuru - e com uma infra-estrutura técnica muito superior ao que estava acostumado,  Silvio pode se dar ao luxo de mobilizar um link para mostrar ele sendo preso pela polícia em frente ao estádio Jalisco,  em Guadalajara,  por roubar a audiência da Globo...  Depois da Copa,  onde o Brasil foi eliminado nas quartas-de-final pela França,  a Record não se interessou mais em manter Silvio Luiz, já que os direitos de transmissão dos campeonatos tinham ficado muito caros,  e o retorno publicitário não cobria o salário do narrador... O próprio “Clube” saiu do ar antes do Mundial e nunca voltou... Assim, Silvio deixou a Record,  e depois de fazer narrações dos Jogos Pan-americanos de 1987 na garagem da TV Gazeta (a empresa Koch Tavares adquiriu os direitos e transmitiu a competição na emissora),  aceitou o convite de Luciano do Valle e foi para a Band, em 1987... Inicialmente,  fez o Campeonato Italiano,  onde trabalhou pela primeira vez com Juarez Soares,  e indicou Silvio Lancelotti para participar das transmissões como comentarista - e Luciano convidou o "restauranteur" Giovanni Bruno,  garantindo a resenha sobre culinária entre um "Carecone"  e outro...  Nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, Silvio volta a trabalhar com Osmar de Oliveira,  e o entrosamento da equipe leva a criação da mesa-redonda "Apito Final",  na Copa do Mundo de 1990, na Itália,  vide Silvio chamando o ex-jogador Mário Sérgio de "Cisco Kid", devido ao tiro que deu no vestiário quando era jogador, experiência repetida no Mundial dos Estados Unidos, em 1994, vide Silvio mostrando a nova nota de 1 real no ar e sendo recebido pelo presidente Itamar Franco... Apesar de alguns percalços,  como o processo movido por Edmundo (OG) em 1994, Silvio só deixou a Band quando soube que três colegas de trabalho - Ely Coimbra, Luciano Junior e Otávio Muniz - montaram uma empresa de agenciamento de jogadores... Assim,  em 1996, Silvio foi para o SBT... Além de fazer a Copa do Brasil,  o Torneio Rio São Paulo e a Copa Mercosul,  Silvio esteve nos Jogos Olímpicos de 1996, em Atlanta - vide narração da cerimônia de abertura com Osmar de Oliveira - na Copa do Mundo de 1998 na França - vide champanhe aberto aos pés da Torre Eiffel para comemorar seu aniversário,  depois da derrota do Brasil na final - e apresentou o game "Gol Show"... Depois do Mundial,  quando o SBT fechou o setor de Esportes,  Silvio retornou à Band, que tinha entregue o setor esportivo à Traffic,  em 1999... Um problema nas cordas vocais e um câncer de próstata o impediram de ter maior participação nas transmissões e o deixaram de fora do grupo que foi a Austrália para cobrir os Jogos Olímpicos de Sidney,  em 2000... No ano seguinte,  aceitou um convite para apresentar na Rádio Bandeirantes o "Esporte em Debate",  vide o quiz show "Desafio Bandeirantes"... Por fim, a  biografia também menciona a experiência de Silvio como árbitro e as duas candidaturas de protesto à presidência da Federação Paulista de Futebol,  em 1982 e 1985... Depois do livro ser publicado, em 2002, quando o Grupo Bandeirantes inaugurou o canal a cabo Bandsports,  apresentou o programa "Dois na Bola",  com Bárbara Gancia... Foi narrador da Bandsports na Copa do Mundo de 2006, na Alemanha,  tendo como comentarista - e parceiro de caminhadas - Carlos Dunga (OG),  vide confirmação da indicação do ex-jogador para dirigir a Seleção Brasileira após a eliminação do torneio... Deixou a Rádio Bandeirantes em 2007 e a Band em 2008 - a alegação nos dois casos foi corte de gastos -  permanecendo apenas no canal pago Bandsports,  onde apresentava o programa "Por Dentro da Bola"... Em setembro de 2009, foi para a Rede TV!, narrando os jogos da Série B do Campeonato Brasileiro... Pouco antes da Copa de 2010, Silvio publicou na Internet a foto de uma cadeira quebrada no estúdio da Band Sports e foi cortado da equipe que iria para a África do Sul fazer o torneio... Silvio permaneceu na Rede TV!,  vide menção ao apelido de "iogurte" durante a Copa... O dono da emissora não o cedeu para a Fox Sports na Copa de 2014, e em 2020, a Band suprimiu a narração de Silvio nos jogos históricos da faixa "Você Torceu Aqui"... Nos últimos anos, Silvio trabalhava forte nas redes sociais, em comentários onde não escondeu seu voto nas eleições presidenciais de 2022, “dois patinhos na lagoa” (!!!) e acreditou, no final da Copa do Mundo do Qatar, a qual comentou nos programas da Rede TV!, que Messi jogará mais um Mundial pela Argentina...  Quando a Record voltou a transmitir o Campeonato Paulista em 2022, Silvio Luiz foi contratado para fazer a transmissão dos jogos ao vivo pelo portal R7, o site PlayPlus e no Youtube, acompanhado dos humoristas Bola e Carioca, num esquema que lembrava a transmissão alternativa da Copa do Mundo de 1982 pelo rádio, onde o público poderia ver as partidas com a imagem da Record, mas com a narração e os comentários do trio... Três dias antes do jogo decisivo entre Porcaria e Peixinho, Bola, Carioca e Silvio aproveitaram uma #tbt do Instagram da Record para reconstituir uma cena filmada em 1954, Silvio entrevistava o jogador Humberto Tozzi, do Verdinho, que integrava a seleção paulista que jogava o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, “aqui chegaram os jogadores paulistas no aeroporto de Congonhas, incialmente” – nesse momento, passam dois homens na frente de Silvio Luiz, um de terno branco, outro de chapéu – “muito obrigado por ter passado na frente, vocês está todo inteligente, as palavras de Humberto”... Na versão feita 70 anos depois, Silvio Luiz é o entrevistado, “o que pode esperar dessa final, Peixinho e Porcaria”, Silvio, ao lado de Bola, tenta começar a responder, porém Carioca “cebola” a filmagem, ele reclama, “obrigado, hein, malandro???, uma passada inteligente, hein???”, e Bola ri litros... No domingo, Carioca acompanhou o jogo imitando a voz de Silvio Luiz, repetindo com ele o bordão “confira comigo no replay!!!” quando o argentino Aníbal Moreno marcou o gol do título do Verdinho, o último que narrou, aos 22  minutos do segundo tempo, pouco antes de sofrer o AVC...






















E Silvio Luiz nunca trabalhou na Globo, entretanto podia ser visto no intervalo de "A Festa é Nossa" em 1983...


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