segunda-feira, 27 de maio de 2024

RC Especial Modelo 1990: Verde é Vida com Xou da Xuxa...

Na realidade, o canal Viva mostra só a segunda parte do especial, com Wanderléa e sem o amigo Erasmo Carlos...

 

















O “Roberto Carlos Especial Verde é Vida” de 1990, o primeiro a ser apresentado pelo Viva, em maio de 2016, para comemorar os 75 anos do Rei, é "show, show, show", o que se explica porque a apresentação, realizada no Maracanãzinho, que poucas semanas antes havia recebido o Mundial Masculino de Vôlei, é apenas a segunda parte do especial, a primeira foi uma espécie de “teleton” sobre ecologia, que Roberto apresentou com Cláudia Raia na tarde 25 de dezembro de 1990, ao vivo do Teatro Fênix, enquanto o show, gravado previamente, foi mostrado à noite, na primeira parte houve a participação do elenco da Globo, falando de diversos pontos do Brasil, como por exemplo, Carlos Zara e Eva Wilma num parque em Curitiba ao lado de um Papai Noel com roupa verde, em meio a distribuição de 400 mil mudas de árvores, vide vídeo do Memória Globo – onde Roberto fala da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, a Eco 92, que seria realizada no Rio de Janeiro dois anos depois, e também pode ser vista a abertura da parte ao vivo do especial...  Que começou com um “top” de 8 segundos com cenas da natureza do Brasil, a vinheta “Verde é Vida”, árvore crescendo dentro do "R", o Rei sobrevoando o Rio de Janeiro de helicóptero, essa mania que vem do filme "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura", enquanto os créditos iniciais são apresentados, “Um Programa Augusto César Vannucci”, “Redação Paulo Figueiredo, Eloy Santos, Ronaldo Bôscoli, Daltony Nóbrega”, “Jornalismo Octávio Tostes”, a introdução de “O Guarani” antes da mensagem do Rei, “neste dia de Natal, vamos todos nos conscientizar dos graves problemas de agressão a natureza”, entra o instrumental de “Além do Horizonte” – “vamos oxigenar os pulmões do Brasil, distribuindo 400 mil árvores frutíferas e ornamentais, é grátis, você passa por um dos nossos postos de distribuição espalhados por todo o Brasil e recebe sua muda, e passa a ser um irmão da natureza, adote uma árvore, você só tem um compromisso, de plantar e cuidar dela com amor” – “Direção Paulo Figueiredo, José Mário” – “todos os problemas de uma grande cidade seriam menores se houvesse mais amor, para os pequenos problemas, basta ter consciência” – “Direção de Produção de Jornalismo  Carlos Schoeder”, erraram o nome do jornalista, que comandou o setor a partir de 2001 a 2013 e foi diretor geral da Globo de 2013 a 2019, é Carlos Schroder – “Diretor Editorial de Jornalismo, Ronald de Carvalho” – “desperdiça-se água, matam-se animais silvestres a toa, por maldade, joga-se energia fora, não se trata o lixo devidamente, quer dizer, a gente pensa que a natureza é uma coisa mágica – “Diretor Responsável de Jornalismo, Alberico Souza Cruz” – “que apesar de toda essa agressão, vai se renovando indefinidamente pela eternidade afora, mas não é assim não” – “Direção Geral Augusto César Vannucci” – “a recuperação geral às vezes pede um milagre, mas um milagre muito fácil, que a gente mesmo pode fazer” – o helicóptero sobrevoa a região da Lagoa Rodrigo de Freitas – “o movimento Verde é Vida não vai resolver problemas acumulados em cinco séculos de Brasil, mas nós somos um dos poucos países que ainda podem recobrir parte da nossa terra com frutos e flores, daqui de cima da Cidade Maravilhosa, eu desejo um Feliz Natal pra todos nós brasileiros” – Alberico, substituto de Armando Nogueira, depois do debate entre Collor e Luis Inácio às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais de 1989, Paulo Henrique Amorim, corre aqui... Uma chamada postada no YT, narrada por Dirceu Rabelo, o próprio, anuncia as atrações da primeira metade do especial, "A partir das duas e meia da tarde, Erasmo Carlos, Leandro e Leonardo, Milton Nascimento e todo o elenco da Globo unindo o Brasil numa maratona ecológica" - a chamada mostra Renato Aragão, Victor Fasano, Tony Ramos, Cássia Kiss (hoje Cássia Kis Magro) e Mussum, agora vai... A parte do programa mostrada pelo Viva começa com a vinheta da árvore crescendo e se instalando no “R” de Roberto, logotipo que é reproduzido em neon nas laterais do palco do Maracanãzinho, o palco se ilumina, destacando a orquestra de Eduardo Lages, o coral RC canta o refrão de “Amazônia”, de 1989, “Amazônia, Insônia do mundo”, enquanto aparecem imagens de Roberto com os convidados do show, Wanderléa, José Augusto e Xuxa, nessa ordem, Roberto Carlos comparece no palco com terno branco de ombreiras e camiseta e calça na cor preta, sem brinco de peninha, aplaudindo, cumprimentando os músicos e o maestro, arregaçando as mangas, prestando reverência à plateia, e cantando “Emoções”, de 1981, começando com uma versão alterada do final, “Em paz com a vida, Com fé e com amor, Com fé e com amor, Otimista eu sou, Se chorei ou se sorri, O Importante é que emoções eu vi”, passando em seguida para a versão canônica da letra da música, incluindo o gemido no final (!!!) tão característico dos shows ao vivo – por coincidência, nesse mesmo ano de 1990, numa apresentação na região de Campos do Jordão, Roberto Carlos reencontrou Maria Rita, sua futura esposa, que havia conhecido em 1977, na região de Serra Negra, quando tinha apenas 16 anos, e em 1991 os dois foram morar juntos, Ivan Finotti, corre aqui... Alis, o Rei parte para o romantismo, no que é acompanhado de pronto pela plateia, interpretando as letras trabalhando forte nos gestos, com “Cama e Mesa”, de 1981, desta vez sem Myriam Rios na plateia, o público cantando junto, fazendo “stand-up”, “ciúme todo mundo tem, né, uns tem um pouquinho, uns tem um pouco mais, outros, outros tem um poucão mais, mas a realidade é que todo mundo tem um pouquinho, essa música eu não escrevi com o meu amigo Erasmo Carlos, essa canção quem escreveu foi Michael Sullivan e Paulo Massadas, eles falam do ciúme, de repente, do ciúme daqueles, da pesada” – leva a mão a cabeça – “até nem sei o que eu tenho a ver com essa música, essas coisas que às vezes a gente tem, pode”, e canta “Meu Ciúme”, lançada em 1990, não confundir com “Ciúmes de Você”, do disco “O Inimitável”, de 1968, escrita por Luis Ayrão, o próprio, até porque a canção aparece nos créditos do programa como “Ciúmes”, “É o meu ciume é o meu amor com medo, De perder você é o meu ciúme, Amor carente que me faz enlouquecer, É o meu ciúme é o meu amor com medo, De perder você” – assinalar a diferença entre as duas músicas é uma forma de valorizar (e até sentir ciúmes, literalmente...) o trabalho forte da dupla de compositores mais prolífica do cenário musical brasileiro de então, Sullivan e Massadas, e profícua também, porque a breguice de “Cama e Mesa”, em que Roberto quase parodiou a si mesmo em “Café da Manhã”, nem se compara a letra requintada e o refrão poderoso de “Meu Ciúme”, inclusive a comparação poderia ser feita com "Amor Perfeito", composição de Sullivan, Massadas, Robson Jorge e Lincoln Olivetti, um verdadeiro "quadrado mágico" da música, gravada por Roberto em 1986, porém sem comparecer a nenhum especial desde então, preterida por composições do próprio Roberto que até seu parça Erasmo acha que são de doer o cotovelo e o joelho... Ops!!!...  O lobo-guará da “Natureza Quase Morta” indica o intervalo sem "break", a árvore cresce, foca no logo de neon do especial ao lado do palco do Maracanãzinho, Roberto Carlos declara, iluminado por uma luz vermelha (!!!), “esse é um momento muito especial, é o momento de encontrar nesse palco, e com todos vocês essa pessoa que eu adoro, entende" - tá pensando que é o Edson (OG), é??? -  essa pessoa que temos tantas coisas vividas juntos, desde a época da Jovem Guarda, e de desfrutar com ela, o sucesso todo que ela está fazendo com essa canção, a minha maninha, com toda a emoção e toda ternura, Wanderléa”, que de vestido curto branco recebe o abraço do Rei e canta “Foi Assim”, também conhecida como “Juventude e Ternura”, gravada pela primeira vez em 1966, escrita por Renato Correa e Ronaldo Correa, mais conhecidos como integrantes dos Golden Boys (irmãos do Trio Esperança e pais dos Abelhudos, agora vai...), “Foi assim, Eu vi você passar por mim,  E quando pra você eu olhei, Logo me apaixonei”, o Maracanãzinho acompanha – como observou o Rei havia uma excelente razão para o comparecimento de Wanderléa no especial, “Foi Assim” fez parte da trilha sonora da novela “Rainha da Sucata”, lançada pela Globo em 1990, “Pantanal” à parte, difícil não lembrar de Regina Duarte, que nuna antevisão de seu próprio futuro, fazia a sucateira do título, anos depois, “Foi Assim” daria nome a biografia da cantora... A Ternurinha também manja de “stand-up”, “hoje estou agradecendo muito a Deus pelas coisas bonitas que eu tenho vivido, até as coisas más também, porque na realidade, as coisas difíceis nos ajudam muito, nos ensinam, o fato de estar aqui hoje com Roberto é um momento de grande alegria no meu coração”, cantando em dueto com o Rei, que chegou junto como quem não quer nada, "posso cantar um pouquinho com você???", a música “Ternura”, de 1968, versão de “Somehow It Got To Be Tomorrow”, de E.Lewitt e K.Karen, traduzida por Rossini Pinto,  “Agora você vem dizendo adeus, que foi que eu fiz pra que você me trate assim???”, recebendo um caloroso abraço de Roberto no final – desse jeito não deu nem para notar a ausência de Erasmo Carlos na parte do especial mostrada pelo Viva, digo... Agora Roberto Carlos está sozinho no palco para fazer seu “stand-up”, “olha, como Ternura, como Wanderléa, como essa canção, tem umas que a gente não esquece não, nunca, parece que agarra”, segura a lapela do terno de ombreiras com a mão e vai de “Outra Vez”, de 1977, o público vibra, cantando a música de Isolda Bourdot iluminado por um sol de raio laser, como era moda nos shows ao vivo na época, “Você foi o caso mais antigo, O amor mais amigo que me aconteceu” - exatamente a parte que Ricardo Braga canta no meio de “Paixão Proibida”, da dupla sertaneja Teodoro e Sampaio, que coisa, não...  Emendando com a capela da plateia no último verso de “Outra Vez”, os aplausos, ouvida a introdução instrumental, Roberto Carlos canta “Tolo”, do disco de 1989, “Como um bêbado bebi suas palavras, E quando eu acordei e te procurei, Nem sequer me achei, E então enlouqueci” – essa nem mexeu muito com o público, faz sentido, não custa lembrar que Erasmo Carlos, no especial de 1989, apesar de ser um dos autores da música, não deixou de dizer, para a surpresa de Roberto, que “Tolo” e outras canções do disco daquele ano faziam doer o cotovelo e o joelho... Ops!!!... A orquestra começa a tocar samba, Roberto Carlos pega o microfone, disparando o “stand-up”, “este foi o primeiro samba que eu gravei, ou melhor, o primeiro samba que eu fiz, né, com o meu amigo Erasmo Carlos, e depois gravei, não tinha gravado outro samba antes, basicamente que de repente a gente se sentiu muito motivado, Carnaval, escola de samba, samba, essas coisas todas, aquelas coisas todas da época do Carnaval que a gente se sente motivado a fazer esse samba que fala de um romance perigosamente sensual de um principiante nessa praia, né, na praia do samba, logicamente, né, e uma terrível neguinha, uou!!!”, cantando, obviamente, “Nêga”, lançada no disco de 1986, “Mudei o meu caminho só pra encontrar com ela, Mudei a minha vida só pra ficar com ela, Juntei minha vontade com a vontade dela, Gosto dela”, com o coral RC3 segurando a marimba (!!!) e os pandeiros, o Rei revirando os olhos, trabalhando forte na malícia dos gestos, comandando a orquestra e sambando no ritmo da música, os músicos não se levando a sério e o público só observando  - desta vez sem a presença de Fatinha, a sambista que tão bem representou o flerte – literalmente – do Rei com o samba nos clipes de “Nêga”, no especial de 1986, e “Só Você Não Sabe”, no programa de 1989, uma iniciativa que não se repetiu com muita frequência nos anos seguintes, algo já sinalizado pelo fato da apresentação da música ser praticamente a mesma do especial de 1987, pois a ascensão meteórica das duplas Leandro Leonardo, que cantam na parte do especial não apresentada pelo Viva, e Zezé Di Camargo e Luciano, veio a reforçar a maior afinidade de Roberto com o gênero sertanejo, Ana Castela, corre aqui... 















E outra vez o Rei tentou fazer o pagodeiro no especial, cantando o samba "Nêga", entretanto, a Fatinha fez falta...






























Entra a vinheta da jaguatirica da “Natureza Quase Morta”, qualquer semelhança com as figurinhas do chocolate Surpresa da Nestlé é mera coincidência, cresce a árvore, Roberto Carlos retorna revelando na penumbra, “essa música fala de um herói pra mim, o caminhoneiro”, as luzes se acendem e o Rei vai de “Caminhoneiro”, do álbum de 1984, creditada no final do especial como “Camioneiro”, o público volta a vibrar, “Eu sei,  Todo dia nessa estrada, No volante eu penso nela, Já pintei no pára-choque, Um coração e o nome dela”, incluindo um agradecimento especial ao tecladista Serginho Carvalho – desta vez sem alusões a Myriam Rios, de quem Roberto separou-se em 1989, o que claro não altera o brilhantismo da música, uma das melhores lançadas pelo Rei na década de 1980, um aceno – da cabine do caminhão – a música sertaneja... Roberto Carlos agradece os aplausos como se estivesse segurando o volante de um bruto, engatando um “stand-up” com sotaque carioca, meio Fafy Siqueira, “as músicas, como as pessoas, tem personalidade, essa canção em especial tem uma personalidade muito exigente” – pausa dramática – “e pra isso, eu convidei quatro músicos pra me acompanhar nessa canção, né, são, Zé Menezes, violonista Hélio Capucci, Luciano de Castro e o percussionista Ary Santos” – que comparecem no palco de branco, sentando-se com a orquestra – “uma canção espanhola, versão de Aloysio Reis e Biafra, é o Biafra mesmo”, restando ao rei cantar “Por Ela”, composta originalmente por José Manuel Soto e lançada em 1990, chamando por ela acompanhado pela percussão e os violões do quarteto, “Por ela, o amor, a dor, A paz e o tormento, Por ela a ilusão e a sina, De viver querendo” – "lalará lalará" à parte, a melodia é fortemente trabalhada no flamenco, apesar de Roberto ser vascaíno, Gipsy Kings, corre aqui... Roberto Carlos segue o show com um novo “stand-up”, “eu tenho muito carinho pelo artista que batalha com garra, e consegue seu lugar no coração do público, né, e chega ao ponto de uma fã, emocionada ao ouvir seu disco, diz naquela coisa, aguenta coração” – não seria o Galvão Bueno, digo – “José Augusto, que prazer!!!” – que trajando um “blazer” cinza, interpreta, evidentemente, “Aguenta Coração”, escrita por Ed Wilson, Prêntice Teixeira e Paulo Sérgio Valle, com acompanhamento da plateia, “vocês comigo” e solo de guitarra, “Agora aguenta, coração (aguenta, coração), Já que inventou essa paixão, Eu te falei que eu tinha medo, Amar não é nenhum brinquedo, Agora aguenta, coração (aguenta, coração), Você não tem mais salvação, Você apronta e esquece que você sou eu” – o tema de abertura da novela “Barriga de Aluguel”, de Glória Perez, que a Globo exibia na época do especial no horário das 18 horas, logo depois da “Escolinha do Professor Raimundo”, que a emissora veiculava diariamente desde outubro, programas ainda hoje reapresentados pelo canal Viva, sem muita lógica na exibição, como observa o Pancada, mas, enfim, a fala do Rei também alude ao trabalho forte de José Augusto como compositor, um dos mais importantes “fazedores de sucessos” da música brasileira, junto com Sullivan e Massadas, Maurício Duboc e Carlos Colla, Robson Jorge e Lincoln Olivetti... José Augusto repete a palavra “Coração” várias vezes no final da música, agradece ao público, “obrigado”, Roberto Carlos o abraça e pede calma, “você sabe que este é um encontro esperado” – “eu acho que sim”, responde José Augusto – “pelo menos por mim”, Augusto acrescenta, “e por mim também, que Deus te ilumine por este momento”, Roberto responde, “você também, você também, eu acho que seria bom a gente cantar alguma coisa juntos, acho que todo compositor, eu você, de repente, na realidade, são um pouco aquela fera ferida que eu falo na canção”, José concorda, “tá dentro da gente”, o Rei pede, “senta pau”, os dois cantam “Fera Ferida”, de 1982,  o público só observando de binóculo, “Acabei com tudo, Escapei com vida, Tive as roupas e os sonhos, Rasgados na minha saída, Mas saí ferido, Sufocando meu gemido, Fui o alvo perfeito, Muitas vezes no peito atingido”, o autor da canção caprichando nos gestos, o cantor acompanhando com os agudos – música que também se tornaria tema e nome de novela em 1993, “Fera Ferida”, e que estreou nos especiais do Rei em 1982, que teve a participação da intérprete da versão da abertura da trama de Aguinaldo Silva, cantando “Amiga” em dueto, Maria Bethânia, ilustrando como a lista de convidados do especial ficou menos MPB e mais “pop” na segunda metade dos anos 1980, com uma inversão importante, ao invés de Roberto ficar acanhado ao lado de Fafá de Belém ou Gal Costa, é José Augusto quem sente a responsabilidade da parceria com o Rei... 














José Augusto, cantor do tema de "Barriga de Aluguel", encontrou-se com compositor do tema de "Fera Ferida"...





























Depois do abraço caloroso de José Augusto e Roberto Carlos, entra o cuxiú da “Natureza Quase Morta”, intervalo com "break", a árvore cresce, o Rei se pronuncia, “uma canção que eu gostaria de ter feito, é do meu amigo Eduardo Lages e de Paulo Sérgio Valle, ‘Cenário’, sim, fala de tudo aquilo que eu pelo menos sinto, eu acho que todo o artista sente, ao ouvir esta canção, em sua letra”, e interpreta a música do disco de 1990, onde o brinco de peninha também está presente, o maestro e compositor acompanhando no teclado, “O meu coração é como um palco, Tantas histórias já vividas, Dramas romances comédias paixões, Um entrar e sair de ilusões, Sem saber se é pra rir ou chorar, Já tentei mudar o meu cenário, E esse coração tão solitário, Mas cada vez que as luzes, Se acendem sobre mim” – quase uma releitura de “Emoções”, então é por isso que Roberto queria ter feito essa música, digo, o maestro nem esconde, toca trechos da música que Roberto lançou em 1981 no teclado enquanto o Rei canta sua canção... Ops!!!...   Roberto Carlos é enfático, “tem uma coisa que é muito importante na minha vida, que criança é um público super exigente, não tenham dúvida, esse negócio da gente pensar que pode enganar as crianças, não, não, toma isso aqui, isso também é bom, não, eles sabem exatamente o que querem, os baixinhos sabem muito bem o que querem, não tem como a gente querer enrolar os baixinhos, não dá, se não vier a rainha eles não vão ficar contente, a Rainha dos Baixinhos, Xuxa” – o nível de exigência dos fãs de Xuxa, então, e olhe que essa participação no especial era uma brecha para a apresentadora comparecer no Viva, uma vez que na primeira exibição do programa no canal, em 2016, ela já estava na Record... A plateia no Maracanãzinho aplaude, Xuxa Meneghel comparece de branco, casaco de general, minissaia e botas, acompanhada das Paquitas, abraça e abraça e beija Roberto, que faz sua tradicionalíssima saudação, “que prazer ter você aqui, que alegria”, complementando com palmas, Xuxa agradece, “obrigada”, se dirigindo ao público, “boa noite, um beijo especial a todos vocês, um feliz Natal, um carinho todo especial de todas as minhas Paquitas, que todos vocês tenham um noite de Natal muito bonita, vocês aí em casa e vocês que estão aqui, tô muito feliz, muito feliz mesmo, é muito bom ser brasileira nessa hora, participar de uma festa onde vocês, a sensibilidade de vocês pode comover a todos nós, brigadão, viu, a todos vocês por terem vindo, obrigada”, e voltando-se para o cantor, “mais uma vez obrigada pelo convite”, o Rei responde, “o palco é seu”, a apresentadora prossegue,  abraçando o Rei, “eu queria, antes de cantar, contar uma história, é um história sobre a natureza, já que é a festa verde, é sobre uma música, que as pessoas não sabem direito porque eu canto a música ‘Boto Rosa’, é o seguinte, nessas viagens que eu tenho feito, eu viajei pro Nordeste e soube de uma coisa, que tem umas feiras que eles matam o boto rosa e vendem o olho do boto pras pessoas para darem sorte para elas, tiram o sexo do boto também, pra que as pessoas posam comprar e se sentir mais macho, ou mais fêmea, sei lá, como queira, é um absurdo, sabia disso???” – “não, disso eu não sabia”, responde Roberto, ajeitando o microfone – “e então é por isso que nós quase não temos mais boto rosa, que é o primo mais velho do golfinho, que só existe aqui no Brasil, e eu queria contar essa história, porque eu sei que tu é amante da natureza que nem eu e também para as pessoas que não sabem porque eu canto ‘Boto Rosa’, não é pela cor dela, que combina comigo, mas sim pela importância que é para a natureza, as pessoas falam que a natureza tem um pedaço de Deus, eu acho que a natureza é Deus por inteiro”, Roberto concorda, “isso pra mim é mais do que uma canção, é um presente, obrigado por esse presente, obrigado, Xuxa”, que agradece, “obrigada, salve a natureza”, baixa a cabeça, as Paquitas começam a coreografia, e a Rainha dos Baixinhos canta “Boto Cor de Rosa”, de Prentice Teixeira e Ronaldo Monteiro de Souza, lançada no álbum “Xuxa 5”, de 1990, “Ele vive na Amazônia, Nas águas do Rio Negro, Boto rosa, quem não sonha, Descobrir o teu segredo”, os movimentos das assistentes de palco imitam o boto nadando e também reforçam o pedido de Xuxa, “Eo eo boto rosa, Eo eo é uma lenda de amor, Eo eo boto rosa, Eo eo, Deixa ele viver pescador”, repetindo no final, “Salve a natureza, Salve a natureza, Salve a natureza, Salve a natureza”  – tudo bem que o negócio dela é boi, mas é garantido, Isabelle Nogueira do BBB24, corre aqui, Cunhã, digo... Após os aplausos, da mesma maneira que o Rei, a Rainha também faz o seu “stand-up”, “noite de Natal tem muito a ver com sonho, alis, um dos sonhos meus está sendo realizado agora, cantando com o Rei, gente, uau!!!, mas sonho é uma coisa muito importante na vida da gente, né, alis, pra gente se sentir vivo é preciso sonhar, sonhar, acreditar no sonho e correr atrás, e não desistir nunca, nunca, nuncar, porque tudo o que tiver que ser, será”, então é por isso que Xuxa é saudada pelas Paquitas – olha ali a Andrea Sorvetão, que foi apelidada de “Zarolha” por Mussum quando foi atuar no programa dos Trapalhões – e canta “Lua de Cristal”,  da dupla Michael Sullivan e Paulo Massadas, outra faixa de “Xuxa 5”, que empresta seu nome ao filme “Lua de Cristal”,  dirigido por Tizuka Yamazaki e que estreou nos cinemas brasileiros em 22 de junho de 1990, “Tudo pode ser, se quiser será,  O sonho sempre vem pra quem sonhar, Tudo pode ser, só basta acreditar Tudo que tiver que ser, será”, as Paquitas vem com a segunda voz, eis aí Letícia Spiller, bem antes de ser a Querência de “Nos Cafundós do Brejo”, quadro de “Os Trapalhões” – “Lua de cristal, que me faz sonhar, Faz de mim estrela que eu já sei brilhar, Lua de cristal, nova de paixão, Faz a minha vida cheia de emoção”, é Aretha Marcos na plateia???  – o retrato de uma época, nem o fato de Xuxa ter como par romântico no filme Sérgio Mallandro, que saiu do SBT para dividir a programação matinal com Xuxa depois de ter dado vários sustos na Globo com a “Oradukapeta”, impede que “Lua de Cristal” seja a música da Rainha mais cantada nos karaokês, levando verdadeiras multidões ao microfone... Xuxa agradece as palmas do público e começa outro “stand-up”, “valeu, obrigado, a energia das músicas que eu canto, que elas conseguem passar, por mim e por elas, mas tem uma música que eu tenho certeza que a energia maior são vocês que vão passar agora, tenho certeza, portanto eu peço, as duas mãos para cima, as duas, isso”, equilibrando numa delas o microfone, “isso, passando uma energia bonita pro pessoal que tá em casa, e agora eu quero ouvir o som das palmas, assim, sem parar, vamos lá, alegria, a alegria dos brasileiros”, e embalada pelos aplausos, vai de “Ilariê”, do disco “Xou da Xuxa 3”, de 1988, “Tá na hora, tá na hora, Tá na hora de brincar, Pula, pula, bole, bole, Se embolando sem parar, Dá um pulo, vai pra frente, De peixinho vai pra trás, Quem quiser brincar com a gente, Pode vir, nunca é demais”, a plateia vibra,  segue a coreografia e canta para Xuxa, “Ilari, ilari, ilariê, oh-oh-oh, Ilari, ilariê, oh-oh-oh, Ilari, ilari, ilariê, oh-oh-oh, É a turma da Xuxa que vai dando o seu alô”  – a música de Cid Guerreiro, Dito e Ceinha é a mais famosa do disco mais vendido da Rainha, da mesma forma que “Lua de Cristal” é um clássico dos karaokês, principalmente porque Pancada se especializou em cantar o refrão, que a plateia não fez feio, imitando o Dengue... Ops!!!... A Rainha termina a apresentação agradecendo ao público com um assobio, o Rei, que só observava num canto do palco, volta a cena impressionado, “que agito”, Xuxa está de acordo, “legal”, e manda uma mensagem em linguagem de sinais, “um feliz Natal a todos vocês, em especial aos meus baixinhos, muito obrigada, muito obrigada a você”, abraçando Roberto, que retribui, “muito obrigado pela sua presença, pelo que você traz e transmite a todas as pessoas, pelo seu trabalho, por tudo que você cantou, e por toda essa alegria, que Deus te abençoe, você é um grande presente de Natal para todos nós” – “Ilariê” tem duas frases que Xuxa fala em “portunhol”, “Solamente os baixitos” e “Y ahora somente los papas y las mamas”, outra razão para entrar na “playlist” da participação no especial, para quem encaminhava a carreira internacional, nada melhor que estar no palco com um cantor já consagrado em toda a América Latina...  Roberto Carlos, Xuxa e as Paquitas acompanham o coral da Universidade Gama Filho, cantar “Noite Feliz”, de Franz Gruber, o fundo do palco se ilumina, mostrando um vitral de igreja estilizado (uma pintura, sem vidros...), os coralistas usam camisetas com motivos ecológicos, e claro que o Rei e a Rainha também interpretam de braços dados a clássica canção natalina, que Roberto já havia cantando no especial do ano anterior, ali perto do Maracanãzinho, na Quinta da Boa Vista - lembrando que naquele mesmo ano de 1990, a Rainha dos Baixinhos apresentou, em 24 de dezembro, um dia antes do programa de Roberto, “Xuxa Especial”, com direção de Aloysio Legey, dando início a uma sequência de especiais de fim de ano que prosseguiria até 2010, interrompida apenas em 1993 e entre 1999 e 2002, e que o canal Viva simplesmente finge que não aconteceu, quem sabe porque os especiais são muito focados em histórias natalinas, a exceção que confirma a norma é o show “Natal Mágico da Xuxa”, gravado no Ginásio do Ibirapuera especificamente para exibição na emissora paga em 2014, no entanto o canal já anunciou os especiais da Globo e não os mostrou, será que vão esperar ela ir de Gugu, digo, porque ela no especial do Roberto só serve para os fãs reclamarem do Rei nas redes sociais... Ops de novo!!!...  A vinheta da arara-azul da “Natureza Quase Morta” indica o intervalo, a árvore cresce no “R” de Roberto, e na volta, o Rei abraça a Rainha, os dois cruzam os “chifrinhos do rock” da Dona Florinda, as Paquitas coreografam a introdução de “Amigo”, Xuxa manda beijinhos para a plateia, “obrigada, Feliz Natal”, Roberto Carlos agradece, “feliz Natal pra você e as Paquitas, Feliz Natal”, e enquanto a Rainha e suas assistentes dão as mãos, o Rei vai de “Amigo” cazamiga, a música de 1977 que homenageia Erasmo Carlos, “Não preciso nem dizer, Tudo isso que eu lhe digo, Mas é muito bom saber, Que você é meu amigo, Não preciso nem dizer, Tudo isso que eu lhe digo, Mas é muito bom saber, Que eu tenho um grande amigo”- ainda mais apropriada porque Erasmo Carlos, que compôs a música com Roberto, não participou do show, embora tenha comparecido na primeira parte do programa... Entra a vinheta do urubu-rei da “Natureza Quase Morta”, a árvore cresce, depois do intervalo, que no YT está incluso no vídeo, vide Marília Gabriela anunciando a volta do “TV Mulher”, Roberto Carlos agradece ao coral da Gama Filho e o regente Aberlardo Guimarães, “que maravilha, obrigado, querido”, e um solo do grupo introduz “Jesus Cristo”, lançada no disco de 1970, o Rei canta junto com o público no Maracanãzinho, balões verdes, amarelos e brancos, descem do teto do ginásio, o coral acompanha, a orquestra vem com um arranjo ligeiramente remixado, Roberto bate palmas puxando o ritmo, a fala do Rei só vem, “aos meus milhões de amigos em todo o Brasil, quero agradecer a vocês por esse grande presente que eu recebo hoje, a sua atenção, o seu carinho e o seu amor, muito obrigado, muito obrigado, uma equipe de pelo menos 800 pessoas, durante cinco horas nesse programa estiveram trabalhando forte pra valer, estamos felizes com o resultado, chegamos a conscientização, muito obrigado, é muito importante saber que a cada dia que nasce, o Brasil, o mundo e o planeta podem ser mais felizes, muito mais felizes”, e continua a cantar, “Jesus Cristo, Jesus Cristo, Jesus Cristo eu estou aqui”, apontando para o alto e para si mesmo, “obrigado, obrigado, obrigado, obrigado, Feliz Natal, que Deus abençoe a todos, obrigado, obrigado!!!”, os créditos começam a subir, com as 26 músicas apresentadas no especial - inclusive "Amazônia", "Cio da Terra", de Milton Nascimento, "Quero Paz", "Talismã", de Leandro e Leonardo, "As Baleias", "Panorama Ecológico", de Erasmo Carlos, e "Ele Está pra Chegar", que apareceram na primeira parte do programa - Roberto inicia a distribuição de flores, são creditados os responsáveis pela “Produção de Jornalismo” em Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife – nenhuma entrada ao vivo do Centro-Oeste e do Norte, que coisa, não – os integrantes da “Banda Roberto Carlos”, “Arranjos e Regência Eduardo Lage” – erraram de novo!!! – “Arte Arturo Uranga”, o coral e a plateia batem palmas, é citada a “Equipe Teatro Fênix”, terminadas as flores, o Rei acena para o público, “locução Dirceu Rabelo”, “obrigado novamente ao RC9, e a todo o grupo de convidados, e obrigado a todos que participam desse show”, “Abertura Hans Donner, Nilton Nunes”, “obrigado Xuxa, obrigado José Augusto, obrigado Wanderléa, obrigado meu maestro Eduardo Lages, obrigado Augusto César Vannucci, a toda equipe que me ajudou, sem ela eu não poderia ter dado, obrigado, obrigado”, “Agradecimento Coral da Universidade Gama Filho, Fundação Instituto Estadual de Florestas, Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal” – apesar do antigo IBDF ter sido incorporado ao IBAMA em 1989, ele é citado em separado nos créditos, que também abrangem a parte realizada no Teatro Fênix e exibida durante a tarde, o que pode ser considerado, de certa forma, algo que não era comentado em 2016, pois o conceito ainda não era difundido na internet, uma “lost media”... Ops!!!...






































Que os fãs da Xuxa não fiquem sabendo, mas Roberto fez o boto rosa, quer dizer, ela cantou "Boto Rosa", digo... 


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