Caio Gabriela com as cores da empresa paulistana Tupi nos anos 1980, recém-restaurado, brilhou muito na festa... |
A festa do ônibus do Brasil voltou a ser realizada neste último sábado, na região da Grande São Paulo, em Barueri, na frente do ginásio de esportes, com acesso facilitado pelos trens da Linha 8 da Via Mobilidade... Bastava descer na estação de Barueri, onde há um terminal de ônibus em reforma, vide ônibus da Benfica Municipal (BB), seguir pela rua em frente, entrar na primeira travessa a direita, passar pela Prefeitura, pela Máquina Mistério (que aqui é uma Kombi, igual no desenho do Scooby-Doo), pelo Pronto Socorro Municipal, pelo camelo, pelo dinossauro e pelo elefante (esculturas em uma lanchonete especializada em cachorro-quente e pão com linguiça...) e o busólogo, ou o cara que só tira foto de ônibus, chegava na exposição... Quanto mais cedo comparecesse, maior era a chance de registrar a chegada de alguns dos veículos trazidos para o evento... Esse era o caso do Caio Gabriela 1976 que pertenceu a empresa Eroles, da região de Mogi das Cruzes, que depois de anos trabalhando forte no transporte rural, será restaurado e ganhará novamente suas cores originais, hoje desgastadas pelo tempo, e terá seu interior renovado, uma vez que os tantos buracos no piso não permitiram a entrada de visitantes... O carro da Caio é da primeira geração do modelo, com janelas inclinadas em forma de paralelogramo, similar ao ônibus da Viação Vila Isabel usado naquele quadro de "Os Trapalhões" em que Didi acreditou ter comprado uma empresa de ônibus do irmão de Dedé Santana, Dino, e arrumou uma tremenda briga com o Piloto, contra-regra da Globo que fazia jornada dupla como cobrador do ônibus que Didi pegou para tirar uma soneca no fundão, num tempo que a entrada ainda era pela porta traseira, senão a jornada do pobre do Piloto seria tripla, digo, a única diferença é que o carro da Eroles não tem capelinha com o número da linha no teto... No momento que o Gabriela deu o ar de sua graça, já estava na exposição o Caio Mondego 2011 da Express, um dos dois únicos operados pela empresa em São Paulo, na linha 3781-10, Cidade Tiradentes / Metrô Penha, e que inclusive aparece numa câmera escondida do Ivo Holanda gravada no estacionamento de um atacadista da Avenida Aricanduva... Quem também já havia chegado no evento era o Caio Vitória 1993 da Del Rey de Carapicuíba, que após um breve período na Viação Bristol, em São Paulo, operou numa das empresas do grupo, a Moratense, na região de Francisco Morato... Alguns passos adiante estava o Caio Alpha da Viação Metrópole Paulista, prefixo 31241, na pintura amarela da Área 3 de São Paulo, no padrão criado na gestão de Marta Suplicy (2001 a 2004...) correspondente a parte setentrional da Zona Leste, vide garagem no Itaim Paulista... Quem vinha há pouco de fora era um Caio Gabriela II, que já esteve em outras edições do evento, porém agora está reformado e com a pintura amarela e azul da extinta Transportes Urbanos Piratininga, ou simplesmente TUPI, dentro da padronagem "saia e blusa" da gestão do prefeito paulistano Olavo Setúbal (1975-1979), e numerado com o prefixo 12656, a restauração lhe dava a perfeita aparência de um veículo novo, apesar da placa da linha 579A-10 já ser no modelo adotado no início dos anos 1990 – e um Gabriela 1980, que pertenceu a outra empresa paulistana, a Brasil Luxo, e fez às vezes de um ônibus da CTC carioca no filme sobre Edir Macedo, vide letreiro 104, Fátima-Central, também foi exposto, aguardando o momento de ser restaurado... Modelos rodoviários também comparecem à mostra e quem estava chegando casada com o velho, diretamente da região de Presente Para o Dente, era o Marcopolo II da Viação Andorinha, seguido por um Monobloco MBB 1977 da Centauro Turismo, estabelecida na região de Belo Horizonte, cinza e com faixas nas cores preto e vinho... A exposição também tem modelos que fazem parte do nosso dia-a-dia, como o Millenium da Viação Osasco que opera no corredor Vila Yara da EMTU, que sempre vemos na região do Metrô Butantã, o qual estava acompanhando de um parente mais velho, o Caio Gabriela da Viação Osasco, branco com listras verdes e vermelhas, apontando para o fato de que o nome da cidade veio de uma localidade na Itália, fabricado em 1981 e que circulou em linhas no município da Grande São Paulo, o que nos lembra ser relativamente fácil encontrar um Gabriela usado para vender, e que só nos falta o dinheiro para adquirir um deles e repintá-lo nas cores da Viação Ferraz, de preferência com as faixas azuis e amarelas onduladas, como no início dos anos 1980... Na rua onde chegavam os ônibus para a exposição, ficou estacionado por um bom tempo o Caio Millenium V articulado da Viação Metrópole Paulista, com a faixa cor vinho da Área 7 de São Paulo, vide prefixo 73123, depois colocado na posição conhecida pelos adeptos do "hobby" como "SoNoL" , complicada mas compensadora para fotografar, na área de exposição... Onde já estava o Marcopolo New Torino modelo 2024, na cor lilás, da Alto Tietê Transportes, mais conhecida como ATT, pronto para rodar nas linhas municipais de Ferraz de Vasconcelos, na região leste da Grande São Paulo, também chamada de Alto Tietê, assim como o Caio Apache Vip V 2024 da Radial, este na cidade de Suzano, e pensar que fotografar ônibus nessa cidade era o próprio "faroeste caboclo", mesmo quando já havia câmeras digitais... Ops!!!... Quem também compareceu com Apache Vip V zerado foi a Ralip municipal de Barueri, veículo branco com detalhes em azul e verde, onde ao contrário dos modelos de Ferraz e Suzano, o poder público se faz presente com o brasão da cidade na lateral... Detalhe que há muito tempo não faz parte do visual dos ônibus de São Paulo, como atesta o Caio Millenium Volvo da Viação Gato Preto, prefixo 13781, com a faixa verde clara da Área 1 de São Paulo... Bem pertinho de um Caio Millenium Scania 2013 de fretamento da Viação Urubupungá, sendo que o mesmo modelo, com motor Volvo, faz a linha entre o a Estação Carrão Assaí Atacadista e a Unip do Parque São Jorge, outra conhecida do dia-a-dia, pois moramos na região da sede do Timão há dois anos...
Aguardando restauro, Caio Gabriela 1976 que foi da Eroles de Mogi das Cruzes, compareceu pela primeira vez... |
Um pouco mais a frente está outro Apache V, este da Viação Jundiaiense, na característica cor amarelo gema do sistema municipal de Jundiaí, uma cidade acessível (pela linha 7 da CPTM...) e tranquila de fotografar, emparelhado com o Fofão, sem alusões ao Orival Pessini... Trata-se do Thamco DD, um ônibus de dois andares projetado e construído pela CMTC de São Paulo na administração Jânio Quartos (1986 a 1988), o que explica sua pintura vermelha no estilo de Londres e seu outro apelido, "Dose Dupla" (o DD é oficialmente "Double Decker"...), cuja produção foi repassada para a encarroçadora Thamco, enquanto os veículos de dois andares trabalhavam forte na Brigadeiro Luiz Antônio e na Celso Garcia, entre outras vias da cidade, embora, conforme conversado com outros visitantes, o "Double Decker" fosse mais apropriado para o uso que tem na maioria das cidades do mundo, com exceção de Londres, ou seja, o de veículo de "city tour", não em São Paulo, porque o serviço que a Sambaíba operava com carros Marcopolo, foi suspenso com a pandemia e até hoje não houve uma retomada... O Fofão da exposição, que pertencia a empresa Caprioli, da região de Campinas, foi vendido e restaurado, e a pintura em vermelho vivo foi mais um motivo para a criançada entrar no veículo, subir na parte de cima e não querer mais sair, e olha que alguns adultos ficam com medo de ir lá... Falando em trabalho forte de restauração, uma das grandes atrações da mostra foi o Caio Vitória 1995, pintado no padrão branco com faixa vermelha da Municipalização de São Paulo, prefixo 09569 e que teve como primeiro proprietário a Auto Viação Tabu, na Zona Leste, operando na linha 3755-10 (Cohab Juscelino/ Metrô Itaquera) depois chamada de Viação Vitória, transferido para a Expresso São Judas, terminando a vida útil na Via Sul e recebendo reforma na empresa Tamboré... E também para nós a Tabu faz parte da memória afetiva desde a pintura azul e vermelha (que era rosa) do sistema saia e blusa, nas linhas 3085 (Cidade Tiradentes/Parque do Carmo, extinta com a inauguração do metrô na região de Itaquera, em 1988...), 3091-10 (Cohab José Bonifácio / Vila Alpina) e 3744-10 (Vila Carmosina,/Metrô Itaquera), todas passando perto de casa, a 3744-10 nem tanto, mas, enfim... Seguindo na exposição, um Caio Apache Vip Volkswagen 17.260 modelo 2019 da A2 Transportes, da área 6 de São Paulo, prefixo 63038, fazia companhia a um chassi aos ônibus rodoviários de demonstração da montadora alemã, enquanto a A2 expunha em outra parte da mostra um Comil Svelto que, a princípio, seria "filho único" em São Paulo - as empresas de São Paulo surgidas das antigas cooperativas, A2, Norte Buss, Spencer, Transunião e Transwolff, trabalham forte no comparecimento de carros, a Transunião da Área 3, por exemplo, demonstrou com sua frota a evolução do Caio Apache Vup, e nas faixas e bandeiras, uma delas com a figura de Dick Vigarista, o próprio... Perto deles estavam dois representantes da Cidade de Santo André, na região do ABC Paulista, um Neobus Mega Plus 2015 da Viação Vaz, com a pintura azul e amarela da gestão do Dr.Aidan Ravin (2009-2012) e a tarifa atual da cidade no vidro dianteiro (5 reais!!!) e um Apache Vip V do Consórcio União Santo André, com portas do lado do motorista, branco com detalhes em amarelo, azul e verde , como um beija-flor estilizado, sem esquecer do brasão da cidade atualmente governada pelo humorista Paulinho Serra... Ops!!!... E na sequência, um quase conterrâneo, Apache Vip V da Next Mobilidade, que faz as linhas da EMTU na região do ABC Paulista, com a pintura padronizada que faz com que os veículos intermunicipais sejam os menos "cebolados" para fotografar na exposição, seja qual for a área da empresa, situação inversa dos ônibus rodoviários mais recentes, como o veículo 100% elétrico da Higer Bus - TEVX Motor Group, também presente em versão urbana, na esteira das novas exigências para a frota de São Paulo, ou o Comil Campione Invictus DD que homenageava o fundador da empresa mineira Gontijo, Abílio Frota Gontijo, que saiu de cena em 2022, um ano antes da Gontijo completar 80 anos de existência, não só por serem menos comuns de serem vistos que os ônibus urbanos, nem todo mundo consegue ir até o Terminal Rodoviário Tietê para ver o Marcopolo da Cometa que vai de São Paulo a Belo Horizonte em nove horas, "sino" porque as empresas rodoviárias de longo percurso costumam trabalhar forte na distribuição e sorteio de brindes, inclusive a própria Cometa, fazendo os carros ficarem cercados de pessoas interessadas em um copo ou numa miniatura de papel - e muitas delas ainda puderam se divertir no final do evento acompanhado a confraternização dos “perueiros” ou assistindo a saída dos ônibus enquanto anoitecia, fotografando em grupos, como é frequente no "hobby", ou só observando…
Monobloco MBB O364 ostenta a pintura de 1992 e o logotipo da CMTC - enquanto a Prefeitura permitir, digo... |
Uma ala da exposição foi reservada para ônibus urbanos e rodoviários clássicos, local onde estava o Monobloco MBB 1977, branco com faixas em tom de azul, no padrão do serviço Executivo criado pela CMTC na capital paulista, o qual contava com uma curiosa placa de itinerário - Anhangabau/Av 9 de Julho/Av. São Miguel/Av. Santo Amaro/Lgo. 13 de Maio - uma mistura do trajetos das linhas do Centro Empresarial São Paulo e do Itaim Paulista, que ficam em pontos diametralmente opostos da cidade... O carro estava junto de outro monobloco da Mercedes, este urbano, um O364 modelo 1985, que também rodou na CMTC, e estava com a pintura branca com faixa vermelha da Municipalização, implantada pela prefeita Luiza Erundina (1989-1990), não faltando nem o "M" que simbolizava o sistema, na cor amarela, indicando que o veículo, de prefixo 54 4612, rodou na Zona Leste de São Paulo, quem sabe na linha 3760-10, Jardim Nossa Senhora do Carmo/Metrô Tatuapé... Falando na CMTC, a exposição contou com o monobloco MBB 0364, modelo 1980, padronizado na pintura conhecida como "Covas" (referente a Mário Covas, que governou a cidade entre 1983 e 1985, apesar de ter sido adotada em 1982...), e que foi o personagem principal da edição especial do "SP1" que comemorou os 40 anos do "SPTV", e que levou a Prefeitura paulistana a proibir o uso da sigla CMTC no veículo - isso porque o carro originalmente não era da empresa - levando seu proprietário a mudar a abreviatura para CCMC - Clube dos Cachaceiros de Mogi das Cruzes... Ops de novo!!!... No setor dos clássicos havia duas novidades, modelos clássicos da Itapemirim, hoje controlada pela Suzantur, que trouxe um Marcopolo comemorativo dos 70 anos da empresa, enquanto os modelos antigos estão hoje nas mãos de particulares, o Ciferal Líder 1974 e o Monobloco MBB 1981... Os ônibus que pertenceram a Itapemirim, como o Tribus, fabricado pela própria empresa, são os mais "colecionáveis" do Brasil, depois dos carros que eram da Cometa, cuja liderança nesse segmento se deve não só apenas ao design único dos ônibus da empresa (que com a quebra da Ciferal, em 1982, começou a fazer os próprios ônibus, por meio da CMA...) inspirados nas carrocerias aerodinâmicas e frisadas estadunidenses dos anos 1950 a 1970 (para efeito de comparação, assistam "O Ônibus da Suruba", de Sady Baby, e "Priscilla, A Rainha do Deserto", apesar de ser ambientado na Austrália...), e pensar que nos Estados Unidos de hoje, modelos de design mais retilíneo disputam mercado com os ônibus chineses, mas também porque a venda de veículos usados era e ainda é uma parte importante do modelo de negócio da Cometa, e então é por isso que a exposição tem tantos Flechas (e alguns Estrelões, modelo lançado pouco antes da compra da Cometa pelo Grupo JCA...), uns mantendo as características originais, outros repintados, com modificações para servirem de "motorhome" alguns que não eram da Cometa e ganharam o visual da empresa, todos eles funcionando como imãs, pois seus proprietários não desgrudam deles, mesmo os que estão vendendo seus veículos, complicando um pouco mais a tarefa de fotografa-los, e no caso do Flecha 7455, preservado pela própria Cometa, a "festa da cebola" tornava a missão quase impossível, Tom Cruise, corre aqui... Apesar do predomínio da Cometa, havia muito ônibus rodoviários dignos de nota, em especial o Nielson Diplomata verde e amarelo, mesmas cores do Expresso Brasileiro, que teve várias gerações do modelo, com motor FNM, um detalhe muito importante porque a Fábrica Nacional de Motores, apesar de fabricar caminhões e ônibus licenciados pela Alfa-Romeo, foi uma empresa nacional e estatal de seu início, em 1942, ainda operando no setor aeronáutico, até 1968, quando da venda para a própria Alfa, o que deveria ser valorizado, mesmo porque o resgate histórico da FNM costuma focar nos caminhões, e os ônibus não devem nada aos GMC com motor em dois tempos que os experientes proprietários da Turismo Santa Rita demonstravam ao público da exposição... E falando em experiência, um dos grandes enigmas que cercava a festa do ônibus foi resolvido na véspera da exposição, em 25 de agosto, quando o diretor do Timão André Luiz Oliveira (também candidato à presidência do clube) anunciou que o ônibus Mosqueteiro I, um Caio Gaivota, vai ser restaurado na fábrica da Caio Induscar em Botucatu, no interior de São Paulo, ou seja, isso significa que o Gaivota da exposição, que usa a pintura da empresa Unica Rio-São Paulo, não era o ônibus da equipe corinthiana, resumindo, sua presença na festa do ano que vem, e ele já compareceu nas primeiras edições, é mais que obrigatória... Ops!!!...
Caio Vitória 1995, restaurado pela Tamboré, tem pintura do primeiro dono, a Auto Viação Tabu, da Zona Leste... |
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