Esquecida no churrasco dos 50 anos do "Fantástico", Carolina Ferraz apesenta série dos 70 anos da Record TV... |
No mesmo domingo que a Globo mostrava o terceiro episódio da série sobre os 50 anos do “Fantástico”, com destaque para o reencontro de Cid Moreira com Mister M, e o SBT exibia uma edição do “Programa Silvio Santos” dedicada aos 43 anos do SBT, o que incluí os gritinhos de Patrícia Abravanel ao ser espetada por Luis Ricardo caracterizado como o palhaço Bozo, o “Domingo Espetacular” prosseguia sua série sobre os 70 anos da Record TV, a serem comemorados no próximo dia 27 de setembro, resgatando um importante capítulo da história da emissora, a passagem de Renato Aragão e Dedé Santana, que fizeram o programa humorístico “Os Insociáveis” entre 1971 e 1974, antes da passagem pela TV Tupi, de 1974 e 1976, e da ida para a TV Globo em 1977, um tempo em que a emissora anterior sempre colocava o programa antigo para bater de frente com a atração da nova emissora, digo... A matéria é apresentada por Carolina Ferraz, essa esquecida no churrasco das comemorações do cinquentenário do “Show da Vida”, e a reportagem começa com uma cena de “Os Insociáveis” em que Didi fala a Mussum, “dei um cruzeiro a cada um e quem quiser que vá comer fora” – a piada do fiscal da alimentação de animais – o repórter Michael Keller narra – “gênio do humor” – em outra cena do programa, Mussum dá uma pancada na cabeça de Didi, o repórter prossegue, “assim fica um pouco mais fácil de traduzir Renato Aragão, o eterno Didi Mocó” – e dando continuidade a antologia de “Os Insociáveis”, uma coreografia de Didi e Mussum para o tema do programa “Chico City”, “isso é muito bom, isso é bom demais”... Entram fotos de infância, juventude e melhor idade de Renato Aragão, com a narração do repórter, “o cearense de Sobral que foi militar e se formou em direito, gostava mesmo de fazer todo mundo rir” – Didi espeta a retaguarda de Rogerto Guilherme com um cabo de vassoura”, corta para Keller na entrada de uma mansão, “Domingo Espetacular veio ao Rio de Janeiro para uma entrevista pra lá de especial com um dos maiores humoristas da história da televisão brasileira, hoje ele vai falar com a gente, aqui na mansão dele”... Renato Aragão e Dedé Santana são vistos numa das salas da residência de Rento com o repórter, que garante, “daqui a pouco vocês vão acompanhar um encontro cheio de revelações dessa dupla de gigantes que fez história na televisão brasileira”... Na verdade, Dedé começa a entregar tudo ao lado de Renato na beira da piscina, “mandou chamar a gente lá na diretoria, lembra, nós fomos com medo pra lá, pô vão mandar a gente embora”, entra um “fade in”, a questão agora é para Renato, “é verdade que você gosta de estar com ele”, Dedé ri litros, Renato de nervoso... Keller prossegue, “vamos falar com o dono da casa, o espaço reservado para o bate-papo, foi o cantinho predileto do Didi, a sala de TV” – enquanto a esposa de Renato, Lilian, registra a entrevista para o Instagram ©, mais uma cena de “Os Insociáveis”, um duelo de espadas usando vassouras – “era difícil não se divertir com os bordões do Didi, sem falar nas caras e bocas, ô psit, ô da poltrona, e tantos outros” – no humorístico da velha TV Record dos Machado de Carvalho, Didi aparece com um tapa-olho e fala pra Dedé, “café faz mal pra vista, outro dia fui tomar a café, não tirei a colherinha e tum, enfiou no meu olho”... O Renato Aragão de 2023 confessa, “eu não inventava nada, eram aquelas coisas que vinham pra falar pras pessoas que calçavam em mim, eu inventava essas coisas, às vezes até as pessoas passavam pra mim, e eu devolvia para o público”... Entra a vinheta da série “Record 70 Anos, Uma História Espetacular”, o repórter afirma, “Renato Aragão chegou a Record no final dos anos 1960, com a ajuda de um amigo de décadas, Carlos Alberto de Nóbrega”, quem tem a palavra, “uma vez nós nos encontramos, nós não nos conhecíamos, lá no aeroporto de São Paulo, Congonhas, e foi aquela troca de abraços de elogios, eu sou teu fã, não perco um programa teu, e você falou que tava sem trabalhar, que ia sair da Excelsior, e meu pai fazia a Praça da Alegria, e eu pedi pro meu pai que te convidasse pra você participar da Praça”, vide cena de Manoel de Nóbrega lidando com a irritação de Vianna Júnior após levar mais uma volta da Velha Surda – TV Excelsior onde Wilton Franco reuniu a primeira formação de os Trapalhões, com Renato Aragão, Wanderley Cardoso, o WC, Ted Boy Marino (depois Vanusa...), no programa “Adoráveis Trapalhões”, de 1966, Dedé Santana era do elenco de apoio, e encerrou suas atividades em 1970, na Record, além da “Praça da Alegria”, Didi e Dedé fizeram “Ronnie e os Alegres Companheiros”, com o Titio Ronnie Von, entre 1968 e 1969...
Renato Aragão ganhou fita de "Os Insociáveis", mas, caiu aqui no chão, ele tem equipamento para ver isso ???... |
Renato Aragão confirma o auxílio, “Manoel me ajudou muito, na época que eu tava mais precisando trabalhar, até hoje eu devo muito a ele, aquele velho também era muito bom, o pai dele, sabia como perguntar, como conduzir as pessoas que ele perguntava, às vezes tu falava mais para mim do que eu, eu falava pra ele, aqueles momentos eram maravilhosos, eu lembro essas coisas até emociona a gente” – tudo ilustrado com imagens de Manoel contracenando com Clayton Silva e Simplício, da mesma fonte, o especial que Silvio Santos fez da “Praça da Alegria”, exibido originalmente pela TV Tupi em 1974... Keller continua, “além da Praça da Alegria, Renato foi presença marcante em outros programas da Record, como “A Família Trapo” – entram cenas de Manoel com a Velha Surda e do bate-bola de Golias com o Edson (OG), um dos únicos episódios sobreviventes da “sitcom” que tinha Carlo Bronco Dinossauro como personagem principal – Renato declara, “o Golias, o Golias era muito amigo meu, ele era muito bom, fazia humor só com a cara, a cara dele, fazia muito, ninguém segurava ele”, também falando, como ao dizer para o mordomo Gordon (Jô Soares...), no citado episódio da “Família Trapo”, “cônscio ainda, do meu chute de peito de pé” – o pessoal da antiga, que costuma dizer que a Mônica surgiu como uma imitação da Luluzinha nos quadrinhos, também aponta que Renato Aragão incorporou muito do estilo de Ronald Golias em seu humor, mas, enfim... Renato revê imagens de seu programa na Record e o repórter aponta, “e ninguém segurava você, viu, Didi, foi em 1971 que Didi, Dedé e Mussum ganharam um programa só deles na Record, Os Insociáveis”, e a lembrança é boa, “que alegria, como é que é fazer humor desse jeito, pulando, saltando, e o outro pegava a deixa dele” – vide Dedé montando em Roberto Guilherme e Didi aplicando uma dentada em seu traseiro (!!!)... Ele até questiona, “quantos anos tem isso aí”, o repórter responde, “cinquenta”, Renato brinca, “eu era nascido já” – cabe apontar que o programa começou sem Mussum, que passou a integrar o elenco do programa a partir de junho de 1972, depois de seu conjunto “Os Originais do Samba” ter se destacado num “Show do Dia 7” comandando por Wilson Simonal em fevereiro daquele ano, época dos episódios mostrados na reportagem, como informa a biografia de Juliano Barreto, “Mussum Forévis”, que recentemente ganhou uma nova edição, com capa cinza, substituindo o verde e roda da publicação original... Keller continua, “é claro que o improviso rolava solto, foram três anos de muita diversão” – e pela queda da cadeira, é possível perceber que Renato já tinha aquela compulsão de “trollar” Roberto Guilherme – o comediante explica, “nada tinha muito script não, era mais na conversa que fazia, era só graça, queda, tombo, aquela coisa que era difícil fazer” – e lá vai Roberto ao chão no duelo de espadas com Didi – “então tenho vontade de fazer de novo”... Michael observa, “Didi se emociona com tantas lembranças”, ninguém segura o chororô do Trapalhão, “mas isso tudo agora”, e aí aparecem imagens esmaecidas pelo tempo do programa colorido de “Os Insociáveis”, de 1974, do qual não se tinha notícias desde a exibição no “Arquivo Record”, em 1993, e Keller anuncia, “então vamos rir um pouco, vai, porque quando Didi e Dedé se encontram, sobram alegrias e piadas” – a cena mostrada na reportagem é o clássico esquete da dança com chapéu, com Dedé e Roberto Guilherme, onde a cor só é percebida pelo vermelho da jaqueta de Dedé, outro quadro mostrado pelo “Arquivo Record” foi o do “Tônico do Super Homem”, com Durval de Souza, conhecido por sua imitação de Adolf Hitler, vide encontro com Didi em “Os Trapalhões”, aqui fazendo um velhinho valentão, e Vianna Júnior, este num bar, fumando charuto e usando uma camisa verde que lembra vagamente o uniforme do Verdinho na época... Na beira da piscina, Dedé ajeita a camisa e pergunta, “tá bom assim”, o repórter não perde a piada, “tá numa elegância”, Dedé saca a zoeira, “com minha barriga”, e que Renato também está querendo fazer graça, “o cara tá quieto, você que tá mexendo com ele”... Adiante, Michael, “esses dois não sossegam”, ele questiona se Renato gosta de estar com Dedé, que ri litros, Renato de nervoso, mas confirmando, “é de verdade”, Dedé solta o verbo, “eu falei com ele, que o dia que eu tô no Rio eu vinha na tua casa toda semana, ele falou, graças a Deus, que você não está”, e abraça Renato – sabe porque esteve lá, quando Renato (via Lilian...) precisou “melar” o documentário de Rafael Spacca sobe os Trapalhões, Carlos Dias, corre aqui...
Renato Aragão e Dedé Santana aplaudiram a Record, apesar de não exibir programas de humor há alguns anos... |
O repórter da Record é enfático, “agora é hora de falar sério”, e pergunta, “quando a gente fala de história da Record e da história da televisão brasileira, não tem como a gente falar disso sem falar de Didi e Dedé”, que responde, “rapaz, é uma história muito legal, ele tava na Praça, aí eu fui visitar ele, e o Carlos Alberto falou assim, cara, a gente não pode botar mais ninguém na Praça, eu vou falar com o Velho que eu tenho prova e você entra no meu lugar, o Renato vai amar, porque o Renato gosta de estar junto com você, eu falei, que maravilha isso” – entra uma cena dos “Insociáveis” onde Dedé repele um “Eu Te Amo” de Didi, e tudo isso faz sentido, a grande contribuição de Dedé ao humor de Renato foi o trabalho forte circense das acrobacias e cambalhotas, que ele já cultivava desde o tempo que leu três vezes a biografia de Charles Chaplin... Com imagens de Dedé e Mussum nos anos 1970 ao fundo, Michael Keller faz suspense, “Dedé aproveita para fazer revelações surpreendentes”, e Manfried abre o jogo, “se não fosse o Carlos Alberto de Nóbrega, a dupla, que era uma dupla, Dedé e Didi não existiria, porque ele que deu a chance de ele entrar na Praça” – e pensar que o Pancada implicou com o Cazalbé porque não fez uma foto com ele, ao contrário de Renato, no mesmo dia em que Roberto Guilherme comentou que ele estava colocando pimenta na água que bebia em cena na montagem teatral de “Os Saltimbancos Trapalhões”, realizada no Rio em 2014, e que virou filme em 2017... Adiante, Michael, “e ele se lembra bem do dia em que forma chamados pela direção da Record”, Dedé relata, “mandou chamar a gente lá na diretoria, lembra, nós fomos com medo pra lá, vão mandar a gente embora, nós tavamos fazendo a Praça, ele falou pro Renato, você tem alguma coisa pra fazer, o Renato, tenho, tenho um programa pronto, mentira, não tinha nada, aí o Renato em um dia escreveu, fez tudo, mostrou pra mim, tava muito engraçado, falei, era muito bom, eram umas comedinhas, que hoje chama sitcom”, e voltando aos anos 1970, Mussum fala a Didi, “você deu alpiste pro passarinho”, e Didi solta a resposta já mostrada no início da matéria, “dei um cruzeiro pra cada um, se quiser, vá comer fora” – faltou dizer quem era o interlocutor dessa conversa de Renato e Dedé, Paulinho Machado de Carvalho, diretor da TV Record, que deu o nome ao programa que Renato criou em apenas um dia, esperando que pudesse resgatar o nome “Trapalhões”, mas teve de se contentar com “Os Insociáveis”, que seguia uma tradição da emissora de parodiar nomes de filmes e séries ao batizar atrações humorísticas, “Quem Bate”, “Quatro Homens Juntos”, “Ceará Contra 007”, “A Família Trapo” (da família Von Trapp, de “A Noviça Rebelde”...), aqui sobrou para a série “Os Intocáveis”, algo que Renato nunca entendeu e Dedé, entrevistado no livro “Biografia da Televisão Brasileira”, achou uma m... Pode seguir, Keller, “a química entre Didi e Dedé era imbatível”, em “Os Insociáveis”, Didi fala, “o violão tá afinado, o dedo tá desafinado”, segurando-se para não rir do próprio chiste, Dedé diz na entrevista, “o Renato era muito espontâneo, ele falava coisas, eu fui chamado a atenção várias vezes pelo diretor, tá rindo em cena, mas não tinha como”, e a risada incontida de Dedé no humorístico serve de prova de sua marca registrada em cena - quanto ao ponto marcante de Didi, os cacos, as falas de improviso, eram uma tradição que vinha do teatro, com Golias, o alvo eram os colegas de elenco, Renato estendeu o esquema a comentários debochados sobre os cenários do programa, especialmente na Globo, com direito a paródia do tema do “Fantástico” sobre “as prantas de prástico” e câmera exclusiva de Maurício Sherman... O repórter afirma, “os Insociáveis foram um sucesso absoluto”, Dedé confirma, “a gente chegava, eu falava assim, Renato, a gente não tá podendo andar na rua, em todo lugar o pessoal vinha em cima de mim, quer autógrafo, na época era autógrafo, ele, é no Rio também tava assim, aí a gente sentiu que o programa tava indo” – o comentário revela adicionalmente que ao mesmo tempo que fazia “Os Insociáveis” na Record em São Paulo, Renato Aragão trabalhou forte por um período na TV Tupi do Rio, algo comum no tempo que as redes nacionais de televisão estavam em seus primórdios, local onde conheceu Zacarias fazendo o garçom Moranguinho no “Café Sem Conserto”, sem contar que teria sido no camarim da Record o primeiro encontro de Renato com sua futura esposa, Lilian, na época apenas uma criança fã dos Trapalhões... Alis, Renato diz, “eu sou muito agradecido com isso tudo, esse tipo de humor, espero que continue acontecendo, e a gente ainda pode estar junto ainda, não pode desistir nada, fazer aquilo que o povo gostou e vai gostar daqui pra frente” – bom, Dedé tem os vídeos com o Bananinha no TikTok ©, obteve financiamento do governo Bozo para seu circo, Renato, que vendeu seu estúdio de cinema para a Record fazer novelas, eventualmente faz graça no Instagram ©, ajudado pela mulher e pela filha... O repórter entrega um presente a Renato, “uma fita com Os Insociáveis, uma recordação para você guardar, era assim que era exibido, era gravado na época”, o humorista não crê, “tem Os Insociáveis” aqui, Michael Keller reafirma, “tem sim”, Renato agradece, “obrigado, é muita alegria, vou assistir isso aqui todos os dias” – se tiver o equipamento, pois ele recebeu uma fita de formato profissional, dessas só rodam em ilhas de edição e mesas de corte, podia ser pior, caso dessem a eles aquelas quaduplex do tamanho de um pneu que rodam em máquinas enormes como as que foram dadas a título de indenização a ex-funcionários da TV Tupi, uma fita VHS dava jogo, o Pancada pegava, digitalizava e socializava o conteúdo... Ops!!!... O repórter fala, “hora da despedida, e hora também de agradecer a eles por tanto”, e ele fala, “o que a gente tem que agradecer é o legado, é o que vocês fizeram para todos nós, milhões e milhões de brasileiros, porque são gerações e gerações que riram muito com vocês, e a gente só tem a agradecer”, Renato fala, “nós é que temos de agradecer, a tudo que vocês trouxeram aqui, lembrar daquele tempo, saudoso, e vamos continuar talvez, daqui pra frente fazer tudo de novo, mas quem sou eu pra dizer isso, a direção da Record que nos ajudou muito, ajudou a gente, e vai ajudar muito mais, agora nós dois vamos dar um aplauso para a TV Record”, Dedé ajuda a bater palmas, Keller é grato, “e a Record aplaude vocês”, e anuncia um “Papo Reto” com Dedé, que veste um jaleco de professor, lembrando sua passagem pela “Escolinha do Barulho” e comentando sobre a relação entre Sérgio Mallandro e a harmonização facial feita pelo comediante de 87 anos – alis, não é por nada não, mas a RecordTV não apresenta um programa de humor há anos, e “Todo Mundo Odeia o Chris” não conta, carinha que mora logo ali... Ops!!!...
Maior revelação da reportagem foi mostrar que programa colorido de "Os Insociáveis" ainda está nos arquivos... |
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