segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Ouro no Sambódromo, Queniano é Bicampeão da Maratona em Sapporo...

Primeiro ouro do maratonista queniano foi conquistado na pista do Sambódromo do Rio na Marquês de Sapucaí...

 













Comparecer a Maratona dos Jogos Olímpicos de Tóquio estava em nossos planos desde que Pancada compareceu à região do Sambódromo para assistir a largada e a chegada da prova em 2016... Naquela ocasião, posicionado bem ao lado de uma bandeira do Bacalhau, ele vibrou com a apresentação da escola de samba União da Ilha do Governador, que sempre lembra sua linha de ônibus preferida, a 328, Bananal-Castelo, e não arredou pé da Passarela do Samba enquanto o último maratonista a completar a prova cruzou a linha de chegada, mesmo com receio de perder o seu guarda-chuva de estimação, herança de família, que teve de ser deixado no Raio-X instalado na entrada do Sambódromo... Então é por isso que com indescritível satisfação ele saudou a chegada do jordaniano Methkal Abul Drais, último colocado da prova, que retribuiu com um aceno ao incentivo do internauta... Desse modo, comparecer na maratona dos Jogos de Tóquio se tornou virtualmente uma obrigação... O folheto com o Plano dos Locais de Competição, distribuído na exposição que o Comitê Organizador realizou na Cidade das Artes, durante os Jogos do Rio, em 2016, não faz nenhuma menção específica sobre a Maratona... Sapporo, que fica na Ilha de Hokkaido, a 1.000 quilômetros de Tóquio, é citada apenas como uma das sedes do futebol... No entanto, em 16 de outubro de 2019, o Comitê Olímpico Internacional manifestou sua preocupação quanto ao calor excessivo na região de Tóquio no final de julho e começo de agosto, em pleno versão no Japão, que poderia afetar o desempenho dos maratonistas...  Dois meses depois, em 17 de dezembro, o COI e os organizadores japoneses anunciaram a mudança de local, com largada e chegada no Parque Odori, em Sapporo, com duas voltas de 20 quilômetros, aproveitando o percurso da Maratona de Hokkaido, também para as disputas da Marcha Atlética, de 20 e 50 quilômetros... Ou seja, mesmo que fosse permitido o comparecimento de torcedores estrangeiros no Japão, o comparecimento na Maratona exigiria uma logística mais complexa do que acertar a saída da Estação Praça Onze do Metrô Rio... Mesmo que o evento tivesse entrada franca, lembrando que em japonês “Odori” significa “Rua Grande”, seria necessário enfrentar sete horas e meia de viagem nos trens da JR East, quatro no Shinkansen Tohoku/Hokkaido da JR Esat até Shin-Hakodate Hokuto e três horas e meia no Expresso Limitado Hokuto da JR Hokkaido, até Sapporo... Pelo menos a estação da cidade era um dos locais que a Maratona passaria, com largada às 7 horas da madrugada do dia 8 de agosto, domingo, mas, enfim... Sem contar que habitualmente a entrega das medalhas acontece durante a Cerimônia de Encerramento, que no caso dos Jogos do Japão, aconteceria também no domingo, às 20 horas no Estádio Nacional do Japão, em Tóquio... Portanto, decidimos escolher uma competição na capital japonesa, e deixamos pela final do handebol feminino, no Estádio Nacional Yoyogi (na verdade, um ginásio coberto...), pelo fato da instalação, construída para os Jogos de 1964, ser um marco arquitetônico, pela disponibilidade de ingressos e pela chance do Brasil estar na decisão, uma vez que o país consquistou um título na modalidade, em 2013... Também tentaríamos conseguir um ingresso para a cerimônia de encerramento, onde ao menos conseguiríamos ver o pódio da Maratona, porém tudo isso foi antes da pandemia acontecer e nos forçar a acompanhar os Jogos de casa, procurando informações sobre as disputas na internet, onde também verificamos quais modais de transporte usaríamos para se deslocar até os locais de competição caso permitissem torcedores estrangeiro no Japão... 




















O bicampeonato olímpico de Eliud Kipchoge veio no Parque Odori, em Sapporo,  a 1.000 quilômetros de Tóquio...
































No Rio de Janeiro, em 2016, o tempo estava nublado, e uma chuvinha aguardava os competidores que retornavam a Marques de Sapucaí para o final da prova... Em Sapporo, o tempo era quente, porém úmido... Então é por isso que dos 105 corredores que alinharam na largada, apenas 76 completaram o percurso de 42 quilômetros e 195 metros, distribuição de garrafinhas de água e de gelo à parte... Nada menos que o dobro de maratonistas que no Brasil entraram para os registros da prova como DNF, ou seja, “Did Not Finish”, o que não é nenhuma honra para os atletas, muito pelo contrário... Longe do perímetro do estado de emergência determinado pelas autoridades japonesas por razões de covid-19, a Maratona olímpica foi uma das poucas provas em que houve presença de público, exclusivamente local, o que não impediu uma bandeira da Mongólia aparecer em uma das fotos da prova publicadas na internet.... Havia dois competidores do país nas ruas de Sapporo, Byambajav Tseveenravdan, 55º colocado – em 2016 ele foi o 129º - e Ser Od Bat Ochir, que não completou o percurso, sua quinta maratona olímpica – foi 75º em 2004, 52º em 2008, 51º em 2012 e 91º em 2016... Certamente não havia na região nenhuma escola de samba ou alguém que tenha colocado uma miniatura de ônibus na cabeça, entretanto, o vencedor de Sapporo veio a ser o mesmo atleta que ganhou a Maratona no Rio de Janeiro... O queniano Eluid Kipchoge chegou em primeiro lugar e obteve a medalha de ouro com o tempo de 2 horas 08 minutos e 38 segundos, exatamente seis segundos mais rápido do que quando ganhou a Maratona em 2016... Conhecido como “O Filósofo”, começou a correr maratona em 2012, devido a uma lesão no tendão, após ter sido bronze nos 5000 Metros em Atenas 2004 e prata, também nos 5000, em Pequim 2008... No Japão, seguiu uma estratégia familiar ao internauta Pedro Henrique, que sempre acompanha, sem sair de perto um único instante, os corredores do Quênia na São Silvestre... Nos primeiros 30 quilômetros de corrida, apenas seguiu o pelotão de elite, tanto que com 5 quilômetros era apenas o 11º colocado, e mesmo passando em 1º no 10º quilômetro, desceu para a 5ª posição com 15 quilômetros e chegou a metade da prova (21 quilômetros...) em segundo lugar.... Até sobrou tempo para seguir os protocolos de prevenção da Covid-19 e trocar um aperto de mão com o punho fechado, o famoso “fist bump” ou “soquinho” com o Brasileiro Daniel Nascimento... Que exausto, abandonou a maratona ao quilômetro 25, quando Kipchoge assumiu a liderança e não largou mais, aumentando o ritmo a partir dos 30 quilômetros... Dessa forma, conseguiu cruzar a linha de chegada 1 minuto e 20 segundos a frente do ganhador da medalha de prata, o holandês Abdi Nageeye, 11º colocado em 2016, nascido na Somália, mas que começou a correr no país europeu em 2007, aos 16 anos, e se define como “um nômade”, por ter treinado nos Estados Unidos, Etiópia, França e no próprio Quênia, com Kipchoge... Dois segundos a frente do vencedor do bronze, o belga Bahsir Abdi, que competiu nos 5.000 e 10.000 metros no Rio, também somali de nascimento, e que também começou no atletismo na Europa, na própria Bélgica, aos 16 anos... Em resumo, dois imigrantes completando o pódio, que no Rio de Janeiro teve o comparecimento do etíope Feyisa Lilesa, que cruzou os punhos na linha de chegada em protesto conta a perseguição do governo a sua etinia na Etiópia, medalha de prata, e do estadunidense Galen Rupp, de Portland e região medalha de bronze – que no Japão foi oitavo colocado... A vantagem de 1 minuto e 20 segundo obtida por Kipchoge em relação ao segundo colocado é a maior desde 1972, quando o estadunidense Frank Shorter (vencedor da São Silvestre dois anos antes...) terminou a Maratona em Munique 2 minutos e 12 segundos a frente do belga Karel Lismont – em 2016, a diferença foi de 1 minuto e 10 segundos... Kipchoge é o terceiro bicampeão olímpico da maratona na história, sendo que os japoneses tiveram o privilégio de ver de perto o primeiro e mais icônico deles, o etíope Abebe Bikila, ouro em 1960 e 1964... O segundo foi o alemão oriental Waldemar Cierpinski, em 1976 e 1980, alis, a vitória em Montreal, nos Jogos de 1976, é contestada nos tribunais pelo ganhador da prata, o próprio Shorter, por razões de doping, sem relação com o que aconteceu ao Geoffey de “Um Maluco no Pedaço”, que foi desclassificado por ter tomado um táxi durante a prova, levando a produção do documentário “A Vergonha de Uma Nação”, razão do interesse do Pancada pela Maratona olímpica, desde que possa acompanhar o jogo do Menguinho enquanto espera pela chegada dos atletas... Alis, por falar em internautas, nosso colega de rede Pedro Henrique é um dos entendidos que considera Kipchoge o maior maratonista de todos os tempos, e com certeza deixa ela ele repetir o gesto de Vanderlei Cordeiro de Lima no Maracanã em 2016, acendendo a pira olímpica... Ops!!!... 











Situada na ilha de Hokkaido, cidade de Sapporo teve uma das poucas provas com presença de público permitida...
































O pódio às avessas no Rio de Janeiro foi ocupado pelo jordaniano Abu Drais, 140º e último colocado – 155 atletas compareceram na largada e 15 ficaram no DNF, ou seja, não completaram a prova - o cambojano Neko Takizaki, 139º e penúltimo colocado e o coreano Shim Jug Sub, 138º e antepenúltimo colocado – em 2020 ele conseguiu a 49ª colocação (2 horas 20 minutos e 36 segundos...)... Um fato curioso é que o 137º colocado, o argentino Federico Bruno, correu de lado, tal qual a Dança do Siri do “Pânico”, para contornar as dores e cruzar a linha de chegada, momento em que deu até para sonhar com a inclusão da Corrida Naruto nos Jogos do Japão... Em Sapporo, o último colocado, correspondente a 76ª posição – houve 29 desistências, de 105 atletas - foi  Ivan Zarco Alvarez, de Honduras (2 horas 44 minutos e 36 segundos...), que nasceu em Barcelona, na Espanha, e obteve a cidadania hondurenha em janeiro do ano passado... Alis, ele só competiu representando o país da América Central, porque o atleta selecionado para os Jogos, Melique Garcia, nascido nos Estados Unidos, não conseguiu tirar o passaporte hondurenho... O 75º e penúltimo colocado foi o panamenho Jorge Castel Blanco (2 horas 33 minutos e 22 segundos...), que no Rio ficou em 134º lugar, quando chegou a colocar a mão nas pernas no marco de 42 quilômetros do Sambódromo, fazendo menção de desistir, mas completou os 195 metros até a linha de chegada mancando... O 74º e antepenúltimo colocado foi o mexicano Jesus Arturo Esparza (2 horas 31 minutos e 51 segundos...), da região de Aguascalientes, mais conhecido como Pepe, engenheiro eletrônico formado, dessa forma credenciado para tirar e por a vela... Ops!!!... Vale lembrar que um maratonista japonês, Yuma Hatori, ficou em 73º lugar (2 horas 30 minutos e 8 segundos), cujo clube é a empresa onde trabalha, a Toyota, e nem de longe ele pensou em fazer o Geoffrey, digo... O Japão, que em 2016 contava com uma pequena porém entusiasmada torcida nas arquibancadas do Sambódromo, cortesia de outra grande empresa do país, a Panasonic, teve mais dois representantes em Sapporo, Suguru Osako, sexto colocado (2 horas 10 minutos e 41 segundos) – no Rio, competiu nos 5.000 e 10.000 metros, nesta ficou em 17º lugar no Engenhão – e Shogo Nakamura, 62º colocado (2 horas 22 minutos e 23 segundos), que trabalha na Fujitsu... O Brasil também contava com três maratonistas na largada em Sapporo, entretanto apenas Paulo Roberto de Paula, 4.2, concluiu o percurso, terminando na 69ª colocação a sua terceira Maratona olímpica – foi oitavo em 2012 e décimo-quinto em 2016... O “Gêmeo Quinquinha” – seu irmão Luis Fernando também é atleta – nasceu em Pacaembu, começou a correr em Irapuru e é formado em Educação Física em Adamantina, no interior de São Paulo... Um aspecto em comum com Daniel do Nascimento, 2.3 aquele do soquinho, que não completou a prova, o “Danielzinho”, que nasceu e começou a correr em Paraguaçu Paulista e compete pela ABDA, em Bauru... Nascimento – excelente sobrenome, Pancada -  não finalizou a maratona, assim como seu xará Daniel Chaves da Silva –  além do excelente sobrenome, Pancada ressalta que ele superou uma crise de depressão depois de não se classificar para os Jogos do Rio - 3.3, residente em Brasília, é nascido em Petrópolis, onde começou a competir, vide falta de recursos, inspirado no queniano Paul Tergat, pentacampeão da São Silvestre, e que para alegria do internauta Pedro Henrique, podia ser visto no Japão como membro do COI, conselheiro da Fundação para os Refugiados da entidade e integrante da Comissão Disciplinar dos Jogos... Alegria em parte, porque Pedrinho só pode ver Tergat pela televisão, ele que ficou muito mal acostumado de sempre estar no gargarejo do pódio na São Silvestre... Quem sabe nos Jogos de 2024, em Paris, ele não consegue tirar o atraso... Ops!!!... 

































































Todavia, nada se compara à vibração do Pancada esperando pelo último colocado na Passarela do Samba, digo...


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