segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Revelando os "Remakes" dos Trapalhões: 1988, Primeira Parte...

 














Em janeiro de 2018, o canal Viva iniciou a exibição de "Os Trapalhões", a partir da temporada de 1988... Algum tempo depois, nosso colega de rede, humorista e fornecedor de DVDs, Pancada, começou a trabalhar forte na digitalização das gravações em VHS das reprises do programa mostradas pela Globo na faixa matutina entre 1996 e 1998... Sendo em que em março de 1997, a reapresentação começou a ser feita em ordem cronológica, desde a estreia da atração, em janeiro de 1977 - a qual em São Paulo foi até 1998... Ao comparar os programas digitalizados com as apresentações do Viva, Pancada ficou impressionado com o alto número de quadros do final dos anos 1970 que foram refeitos em 1988 e também em 1989... Não que ele não tivesse visto esse fenômeno antes, mas, enfim... Na série clássica de Chaves, produzida entre 1973 e 1979, muitas histórias, inclusive as sagas, tem duas ou três versões diferentes... Isso aconteceu principalmente devido a combinação de três fatores: mudanças no elenco, a falta de concorrência da Televisa no mercado mexicano e como Chespirito escrevia todos os roteiros - a remuneração dos autores era maior que a dos atores - repetir histórias aliviava um pouco a carga de trabalho... Quanto a "Os Trapalhões", a temporada de 1988, a primeira com direção geral de Wilton Franco na Globo, no começo do ano foram exibidos programas com seleções de quadros antigos, privilegiando os anos iniciais da atração... Assim, é possível que essas reprises tenham influenciado a decisão de encenar esquetes novamente, lembrando que os quadros eram escritos por um grupo grande de redatores, que incluía o próprio Renato Aragão... Este levantamento selecionou 48 quadros que foram refeitos nas temporadas de 1988 e 1989 de "Os Trapalhões"... A maioria das segundas versões é de 1988 e o número diminui no ano seguinte porque a prioridade da direção passou a ser a realização de especiais temáticos... Entre os esquetes originais, quase todos foram feitos antes de 1980, muitos em 1977 e 1978, as primeiras temporadas dos Trapalhões na Globo, facilmente identificáveis pelos cabelos grisalhos e as costeletas à Tio Patinhas de Renato Aragão... Ficaram de fora alguns "remakes" "crônicos"- por exemplo, "Abelhinha Quero Mel" - e quadros com situações similares, mas com roteiros completamente diferentes - caso do esquete do bandido do Velho Oeste que bebeu e não quer pagar a conta, que tem versões com Maurício do Valle e Roberto Guilherme...


Filhas Que São Dose: Na versão original, de 1979, Didi era o funcionário a quem o patrão tentava convencer a “associar-se” com uma de suas filhas... Didi, por sua vez, a todo momento caía com uma revista no chão e dizia com sinceridade ao chefe que os negócios estavam indo muito bem, mas que ele estava muito mal de filhas... No “remake”, Zacarias é o funcionário que repete a todo momento ao patrão, vivido por Sérgio Mamberti, que apesar da proposta de sociedade na empresa, as filhas são dose... O final das duas versões é semelhante:  o funcionário deixa pela empregada do patrão... 


A Nova Vizinha: Didi e Dedé descobrem que tem uma nova vizinha e tentam conhecer ela melhor colocando cadeiras na calçada para conversar, pelo menos enquanto o pai dela permitir...  Na primeira versão, de 1977, a vizinha é interpretada por Bete Mendes, e no “remake”, por Narjara Turetta, e a negociação conta com o reforço de Mussum e Zacarias... Em 1988, o pai é vivido por Colé Santana, tio de Dedé, o que motivou um caco do sobrinho, que chama o pai da moça de tio enquanto ele nega o parentesco... 


Chave do Jipe:   Na primeira versão, de  1978, os policiais da SUAT aproveitam que o comandante está dormindo e tentam pegar a chave de seu carro... No “remake” de 1988, quem vai atrás da chave é a tropa do Sargento Pincel, entrando no quarto do comandante interpretado por Jorge Cherques... Entre as duas versões, há uma terceira, de 1985, na qual o jipe pertence ao Capitão Tomás – papel de Carlos Alberto de Nóbrega – que dorme tranquilamente com a “sócia” – a cargo de Catita Soares... 


A Família da Moça:  Didi é obrigado pelos familiares de sua “sócia” a sair da cama e se casar com ela... Na gravação original, de 1977, entre os parentes revoltados estavam Átila Iório, Francisco Di Franco e Ted Boy Marino... O “remake” de 1988 também tinha um elenco estelar:  Arthur Costa Filho, Danton Jardim, Guilherme Corrêa, Selma Lopes e Stephan Nercessian...


Limpando o Terreno:  Didi, Dedé, Mussum e Zacarias trabalham forte na limpeza de um terreno em frente a um ponto de ônibus, arrumando encrenca quando começam a jogar entulho nas pessoas que esperavam pela condução... A versão de 1977 foi gravada em externa, na cidade cenográfica da Globo, na região de Barra de Guaratiba, no Rio... A regravação, em estúdio, mostra Mussum cantando uma paródia, surgida nas arquibancadas de futebol, do “jingle” de uma marca de biscoitos: “É hora do lanche, que hora tão feliz, queremos o forévis do juiz”... 






































































Bebê Bobão: Didi se senta ao lado de uma ama de leite, esperando que amamente o bebê, ficando decepcionado quando ela usa uma mamadeira para alimentar a criança... Nas duas versões do esquete, de 1978 e 1988, a conversa de Didi com a ama - Wanda Moreno e Narjara Turetta - é interrompida por um garoto que vende doces e reclama da sovinice dele – na primeira, o vendedor é vivido por Alexandre Régis, que tinha 14 anos na época... 


Pintores Aconselham o Casal:  Didi e Mussum estão pintando a fachada de uma casa quando ouvem um casal discutindo e começam a dar palpites sobre a relação... No quadro original, exibido em um dos primeiros programas dos Trapalhões na Globo, em 1977, Dedé é o marido e Dilma Lóes a esposa, e Zacarias faz companhia aos "sócios"... No “remake” de 1988, o casal que discute a relação é feito por Felipe Wagner e Susana Vieira... 


Medo de Barata:  Na versão de 1978, é Didi quem se assusta com a barata depois de afugentar o rato que apavorou a vizinha... Já na gravação de 1988, é Dedé quem toma o susto...


Golpe do Bebê no Veterinário:  Os quatro Trapalhões trabalhavam forte num consultório veterinário quando uma mulher comparece com um bebê numa cesta, dizendo que um deles é o pai – um golpe, naturalmente... O desfecho é o mesmo – um policial prende a chantagista – nas versões de 1977 e 1988 – na qual Inês Galvão faz a golpista... 


Fiscalizando a Mala: Recém-chegado na cidade, Didi é obrigado a abrir sua mala e mostrar todo seu conteúdo duas vezes, para dois policiais... No quadro de 1977, gravado em estúdio, Carlos Kurt é um dos fiscais... Função exercida por Dino Santana e Iran Lima na versão de 1988, feita no palco do Teatro Fênix, no Rio de Janeiro... O “remake” tem um adendo no final, quando Tião Macalé pede fogo a Didi, que pensa se tratar de outro fiscal e o manda embora a bala... 


Marinheiro Paquerador:  O marujo Didi tenta “negociar” com uma garota, mas enfrenta forte resistência de seu irmão... No esquete original, de 1977, a garota é vivida por Esmeralda Barros, e no “remake” de 1988, por Cláudia Alencar... Que no quadro é irmã de Roberto Guilherme e neto de Maria Pompeu, que também não quer Didi por perto... O cenário das duas versões é o mesmo: uma casa com escada na porta... Na segunda, porém, Didi divide as pancadas que leva da garota com seu dublê, Baiaco...





































































Carregando a Garota:  No esquete exibido no segundo “Os Trapalhões – Especial”, em fevereiro de 1977, a “sócia” de um homem que se exercitava na praia (interpretado por Aurimar Rocha) desmaia e ele pede a Didi, que brincava com seu cachorro Arquimedes, que a segure em seus braços enquanto vai pegar a chave do apartamento, que esqueceu na casa da mãe dela... Enquanto isso, Didi precisa explicar a um policial (papel de Antônio Pitanga) porque está carregando uma mulher... No “remake” feito em 1988, o homem está voltando “sóbrio” de uma noitada com a “sócia” – o casal é vivido por Ewerton de Castro e Nani Venâncio – e Didi precisa se explicar para Stênio Garcia, que faz o policial...


Viking Engessado:  Para não trabalhar forte nos remos do barco viking, Didi tenta aplicar o golpe do gesso, mas o comandante da embarcação manda ele abrir a escotilha para saber se o mar está agitado... Carlos Kurt é o comandante viking no esquete de 1977 e Roberto Guilherme assume a função na regravação de 1988, que tem Jorge Lafond como tocador de tambor, marcando as remadas em ritmo de samba...


Correndo Atrás do Fisco: Didi faz a declaração  de Imposto de Renda com o gerente do banco e descobre que tem direito a restituição... Então é por isso que ele se prontifica a ir atrás desse tal de fisco... No quadro de 1978, o gerente é Luiz Armando Queiroz, e no “remake” de 1988, a função é exercida por Isaac Bardavid... 


Se Fosse No Dedé, Pegaria: Mussum e Zacarias tem receio de dizer a Dedé que foi traído pela “sócia” e Didi resolve a situação dizendo que numa briga uma cadeira passou dois dedos acima de sua cabeça – e se fosse ele, teria acertado em cheio... A diferença dos quadros de 1978 e 1988 é o cenário – no primeiro, é a casa de Dedé, no segundo, é uma praça, ambos montados em estúdio, sempre com Dedé lendo jornal - e Didi, que encontra Zacarias e Mussum acompanhado de sua "sócia"...  


Carro Invisível:  No esquete original, de 1978, Dedé mostra empolgado seu novo carro que só os inteligentes podem ver para a “sócia”... No “remake” de 1988, Didi é o vendedor de uma loja de carros importados que oferece o veículo a dupla Jane e Herondy... Esta versão foi gravada no palco, com plateia, e no final a dupla cantou “Dois Num Só Corração”... Na anterior, feita em estúdio, a paisagem de uma rua (no caso, a Rua Ferreira Viana, na região do Flamengo, no Rio de Janeiro; ao fundo pode-se ver o letreiro do Hotel Flórida, que existe até hoje, com o nome de Windsor Florida...) foi inserida por meio de um efeito de “chroma-key” - e se nota que um volume faz as vezes do carro... 













































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