Trem Brightline da Virgin - a própria - vai de Miami a Fort Lauderdale, metade da distância de São Paulo a Campinas...
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(Publicado originalmente em 27 de novembro de 2019...) O governo do Estado de São Paulo pretende implantar um Trem Inter Cidades (TIC) entre São Paulo, Campinas e Americana, aproveitando a infra-estrutura já existente da Linha 7-Rubi da CPTM, que liga o Brás a Francisco Morato, com extensão até Jundiaí... Então é por isso que no último mês de julho o secretário dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, e o presidente da CPTM, Pedro Moro, compareceram aos Estados Unidos para viajar no trem Brightline, que opera entre Miami, Fort Lauderdale e West Palm Beach, na Florida, de modo a obter informações que possam auxiliar na implantação do TIC em São Paulo... Menos pela propulsão dos trens, que utilizam biodiesel, um combustível que poderia suprimir os gastos com a eletrificação do trecho entre Jundiaí e Campinas, e mais pelo modelo de negócios da ferrovia... O trem é operado pelo grupo Virgin, pertencente ao empresário britânico Richard Branson, vide gravadora e companhia aérea... Concessões são música para os ouvidos do governo paulista, embora o Brightlline não seja exatamente o tipo de serviço intercidades que São Paulo precisa... A ideia da Virgin é criar uma ligação ferroviária entre Miami e Orlando em três horas, chamada de BrightBlue – atualmente o mesmo percurso feito por estrada, em ônibus, leva quatro horas... O trecho atualmente em operação, entre Miami e West Palm Beach, aproveita os trilhos da Florida East Coast Railway... De Cocoa Beach em diante, a empresa está construindo uma nova linha férrea, que deve começar a operar em 2022, inicialmente chegando ao aeroporto internacional de Orlando – no Terminal C, pronta desde 2017 - e depois se estendendo até o complexo do Valdisnei... Acontece que já existe uma ligação ferroviária entre Miami e Fort Lauderdale, que serve inclusive o aeroporto de Miami, operada pela empresa Tri-Rail... Este serviço, porém, é parador, mais próximo dos trens da CPTM do que o projeto do TIC... Até porque o Brigtline é um serviço expresso de alto padrão e o projeto paulista contempla aproveitamento de vias e estações existentes, inclusive com um algumas paradas no caminho para garantir sua rentabilidade... A não ser que a ideia do Dória seja entregar tudo para o Richard Branson, mas, enfim...
Estação de Miami da Brightline tem embarque no estilo dos aeroportos, vide raio-X para fiscalização de bagagens... |
Em Miami, a estação inicial do trem da Brightline fica na região central da cidade (Downtown Miami...), em frente a estação Wilkie D. Ferguson Jr. do monotrilho (Metromover...), integrado á rede de metrô (Metrorail...)... As plataformas de embarque são elevadas e no nível da rua fica o acesso a estação, onde acontece a venda online de bilhetes, feita somente com cartão de crédito... A viagem para Fort Lauderdale na classe econômica custa 15 dólares – ou seja, 60 reais, Pancada... A sala de espera fica no mezanino da estação, cujo acesso requer a apresentação do bilhete nas catracas e a passagem das malas e bolsas pelo raio-X... No setor de espera, há uma praça de alimentação, vide padaria gourmet, e uma loja com souvenires da Britghline... Quem se interessar por um squeeze de água por 58 dólares ou mesmo um squeeze para água por 20 dólares, que apresente seu cartão de crédito e assine seu nome em um “tablet”... A maneira das companhias aéreas, a empresa ferroviária também tem sua revista de bordo – a capa deste mês tem a atriz Eva Longoria... Os passageiros são autorizados apenas a subir até as plataformas dez minutos antes da partida do trem... Que tem 150 metros de comprimento, na cor cinza, com a frente da locomotiva nas cores amarela e preta... O interior dos carros, mesmo na classe econômica, é bastante requintado e extremamente confortável... Poltronas de encosto alto, estofada, na cor cinza, reclináveis, com tomadas para carregadores de celular... Alguns bancos são “vis a vis”, com mesinha no meio, equipada com carregador USB e cinzeiro – ainda... Um dos carros é decorado com enfeites natalinos nos bagageiros, inspirados no filme “O Expresso Polar”... No teto, painéis eletrônicos de propaganda – inclusive do uso de biodiesel pelos trens... No meio da manhã, há poucos passageiros – uma senhorinha de vermelho, um brasileiro baixinho, um executivo engravatado de óculos – levando a indagações sobre a baixa lotação ser decorrente do horário e até mesmo sobre a rentabilidade do serviço... Há serviço de bordo, com bebidas, pagas no cartão de crédito e com assinatura no tablet... O trem sai no horário previsto e da janela os prédios da região central de Miami dão lugar aos típicos subúrbios residenciais estadunidenses... O número de passagens de nível é elevado a ponto de levar ao desespero os que apontam o mesmo problema na região de Mogi das Cruzes... A distância de 50 quilômetros entre Miami e Fort Lauderdale é superada em meia hora, conforme estampado na passagem... Faz sentido, dado que o trem é de alta velocidade e o percurso é uma grande reta... Lembrando que entre São Paulo e Americana são 130 quilômetros de distância – 90 até Campinas – e o aproveitamento das atuais linhas da CPTM tende a reduzir um pouco a velocidade média dos trens... Quem sabe seria melhor estudar os trens regionais existentes na Argentina e no Chile, operados por empresas públicas, mas, enfim...
Mesmo adquirindo a passagem mais barata - 15 dólares - o interior dos trens é extremamente confortável... |
A estação de Fort Lauderdale fica na região central da cidade, em frente ao terminal de ônibus urbanos... Basta atravessar a passagem de nível para comparecer ao terminal... Até porque não dá tempo de registrar o trem na plataforma, os funcionários amigos do internauta Pedro Henrique pedem para que os passageiros que desembarquem subam até o piso superior – que possui uma excelente vista do terminal e suas colunas brancas - e desçam novamente para deixar a estação... Não há passarela porque os “targets” da estação e do terminal são visivelmente diferentes, vide “homeless” nas proximidades... O condado de Broward, que abrange a cidade de Fort Lauderdale, é servida pelos ônibus da Broward County Transit, que opera 378 ônibus em 44 linhas, que atendem a 5 mil pontos de parada... As linhas da cidade não constam do Moovit ©, mas quem estiver sem celular só precisa comparecer no guichê de informações, ao lado de onde estacionou um carro da polícia municipal – os policiais descansam em cadeiras ao lado do guichê – e perguntar qual linha que vai até as praias, por exemplo... A funcionária irá indicar o local de embarque – plataforma B3 - inicial e também fornecerá um folheto com o itinerário da linha, no caso a de número 11, Commercial Boulevard and Highway 441 / Copans Road and US1... Nos bancos de concreto, há um grande número de amigos aposentados do internauta Pedro Henrique... O passe de um dia custa 2,50 dólares (10 reais...), pagos diretamente ao motorista... O ônibus possui ar-condicionado e suporte para bicicletas... No chão, que não foi varrido no terminal porque a linha estava de passagem, folhetos das linhas 55 e 83... Os horários nos folhetos são cumpridos com pequenos atrasos, entre um e quatro minutos, vide tráfego no centro comercial e a ponte móvel pouco antes da praia... Como a estação de Fort Lauderdale é bem menor que a de Miami, o embarque é liberado apenas cinco minutos antes da saída do trem... Portanto, há tempo das crianças se divertirem na área de recreação com televisor ligado na Discovery Kids ou os “adúlteros” fotografarem o terminal de ônibus urbano ou os antigos armazéns grafitados nas proximidades... Alis, a via é compartilhada por trens de carga, uma questão que também será enfrentada pelo TIC em São Paulo... Além dos bagageiros, o trem também possui suporte para bicicletas, no interior dos carros, obviamente... Também possui wi-fi, o que permite à garota descolada e o amigo do internauta Pedro Henrique trabalharem forte nos seus respectivos laptops... Mesmo começando em um horário quebrado – 15h19 – a viagem é cumprida no horário e o desembarque em Miami acontece 16h15... Mais uma vez o movimento não era grande... Talvez porque não haja acesso direto para o monotrilho no mezanino na estação... É preciso descer ao nível da rua, passando pela família que se acabava no patinete e pela negra de capacete que dava uma pausa nas obras dentro da estação para dar uma espiadinha no celular, atravessar a rua subir as escadarias de acesso da estação Wilkie D. Ferguson Jr... Onde um Metromover bem cheio dá acesso à estação Government Center do Metrorail, vide linha para o aeroporto...
Trens da Brightline são movidos a biodiesel, tecnologia que pode ser adotada no sistema a ser implantado em São Paulo... |
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