sexta-feira, 10 de maio de 2019

Sucesso de Raven Explica Fracasso de Cory...



























Para entender porque “Cory na Casa Branca” teve uma duração tão efêmera, é preciso, além de colocar em perspectiva o contexto político dos Estados Unidos em 2008, em especial a ascensão de Barack Obama à presidência, que tornou anacrônica a história de um cozinheiro negro que leva o filho para a Casa Branca quando vai trabalhar para o presidente estadunidense, entender como terminou a série da qual ela teve origem, “As Visões da Raven”, já que seu protagonista, Cory Baxter (Kyle Massey), era irmão da personagem principal, Raven Baxter (Raven –Symoné)... O quarto e último ano da produção estrelada por Raven-Symoné, encerrado em 10 de novembro de 2007, dez meses depois da estreia de “Cory na Casa Branca”... Na verdade, em 2007 foram exibidos apenas três episódios dos 21 da quarta temporada, os quais inclusive tem pouca relação com a trama dos capítulos anteriores... No SBT, “As Visões da Raven” estreou em 2007, sobrevivendo ao fiasco da faixa “Ataque de Risos”, e ganhando exibição diária, alternando-se  nas faixas vespertina e noturna com outras “sitcoms” com protagonistas amigos do internauta Pedro Henrique, como “Um Maluco no Pedaço”, “Eu, A Patroa e As Crianças” e “Arnold” (esta, lançada em 1978 nos Estados Unidos, estreou no SBT em 2009...), além de “Chaves” e “Chapolin”, deixando a emissora em 2015... O último ano da série começou a passar no SBT em 4 de maio de 2009, junto com a estreante “Cory na Casa Branca”... A comparação não ajudou, digo... De qualquer forma, a quarta temporada de “As Visões da Raven” chegou a ser considerada pela Wikipédia como a mais bem-sucedida da série, na época em que estreou na emissora da Anhanguera... Como o autor do artigo, provavelmente um “fanboy” da protagonista, já que a atração, ambientada na cidade estadunidense de San Francisco,  se sustentava mais pelo histrionismo da personagem principal do que pela comicidade dos roteiros, não explicou os motivos, e a afirmação despareceu após uma revisão do texto, tivemos que por as catracas pra funcionar... A série de fato fez muito sucesso nos Estados Unidos desde a estreia, em 2003, e no quarto ano, cuja produção não estava prevista inicialmente, a parte cômica da protagonista foi bastante reforçada... Ela radicalizou seu pastelão abobalhado... Teve um episódio em que caiu quatro vezes, rotina reforçada pela adoção do bordão “Eu tô bem”... Tombou mais que palhaço no picadeiro, o que fez com que “Cory na Casa Branca” perseguisse o mesmo modelo, sem sucesso, principalmente porque as situações que o irmão de Raven vivia na série-matriz eram de um humor mais inventivo... Assim, fazer o que ela fazia foi um retrocesso... Sem contar a “Teoria Raven” – quanto mais quedas, pior o episódio...  A mudança de “As Visões” da Raven não foi à toa... A própria Raven-Symoné assumiu a produção executiva da série... Tinha em mente o exemplo de Will Smith, que ocupou o cargo na última temporada de "Um Maluco no Pedaço", considerado um raro exemplo de série que terminou bem no último ano... Também deve ter pesado o fato de atriz e personagem terem o mesmo nome, assim como na série de Smith – inicialmente, a protagonista, uma adolescente com poderes paranormais, capaz de ter visões do futuro, se chamaria Dawn, nome depois mudado para Rosa, e o primeiro teste que Raven-Symoné fez foi para o papel da melhor amiga da protagonista, que se chamaria Emma, nome enfim alterado para Chelsea, vivida pela holandesa Anneliese Van Der Pol... Desse modo, foi fácil centralizar as atenções dos roteiros... Para dar a impressão que as séries e seus astros se parecem... Ela também deve achar que aprendeu tudo sobre comédia nos episódios que atuou em “Cosby” e em "Eu, A Patroa e as Crianças"... Pena que o estilo de humor seja bem diferente... Não que não tenha tentado, como nos dois episódios da saga “Primos do Interior”, na terceira temporada, onde trabalhou forte na maquiagem para viver seus parentes caipiras, na mesma linha de Eddie Murphy na franquia “O Professor Aloprado”, mas, enfim...
























O reforço da já reforçada Raven – apesar do visível ganho de peso, houve um aumento  das situações de humor físico, que em tese exigiriam mais preparo físico da atriz - teve como consequência um certo esvaziamento da comicidade de Chelsea (Anneliese Van Der Pol) e Eddie (Orlando Brown), seus melhores amigos de escola... Ficaram perdidos em meio a tramas paralelas sem importância e “gags” de gosto duvidoso, especialmente Chelsea... Felizmente, quando tiveram a chance de estrelar alguns episódios, ofereceram ao público alguns dos melhores programas do ano... A maioria deles escondidos no meio da temporada, como o do carro do Eddie (“Conduzindo a Senhora Preguiçosa”)  e o da mãe de Chelsea (“A Garota do Gelo”), no caso, com o auxílio luxuoso de Amy Yazbeck, que interpretou sua genitora... Ao longo das quatro temporadas de “As Visões da Raven”,  Chelsea era a amiga “boba” – isso explica porque quase sempre se dava mal quando trabalhava forte em defesa da ecologia – e Eddie o amigo “esperto”... Esquema que tentou ser reproduzido com a “esperta” Meena e o “bobo” Newt em “Cory na Casa Branca”... Mas enquanto Newt se destacava pelas situações de “nonsense”, Meena por um bom tempo disputou o protagonismo da história com Cory, o que depois de descartarem a possibilidade de ambos terem um romance (já que Cory herdou o “dedo podre” da irmã, que apenas no último ano da série, em “Quando 6021 conhece 4027”, colocou-se a possibilidade dela “associar-se” a Eddie...), só foi contornado na segunda temporada, quando o perfil do personagem mudou e Meena ficou mais antipática, por causa da escova que fez no cabelo, digo... No início da quarta temporada de “As Visões da Raven”, resolveram privilegiar os episódios em que Raven interagia com os novos coadjuvantes da série, obviamente reduzindo o espaço de Chelsea e Eddie,  principalmente a estilista Donna Cabonna (Anne Marie Johnson)  e sua assistente Tiffany (Jody Shilling)...  Os piores do ano... Trouxeram clichês superados, na linha “humor de escritório”, que só faziam tirar a graça do programa... As boas histórias, com os amigos de sempre em seu devido lugar, vieram bem depois... E no final da temporada, inexplicavelmente, tudo regrediu às situações de escola do início do primeiro ano, quando os produtores ainda tentavam achar o caminho do sucesso... Terminando como começou, foi fraqueza... Sem contar que continuaram a insistir na busca pela loira má rival da Raven ideal... Inutilmente... Numa série em que o foco é, ou deveria ser, a comicidade da protagonista, colocar uma antagonista fixa não funciona... Então é por isso que Adrienne Bailon, que viveu Alana, uma das inimigas de Raven na escola, se tornou parceira de Raven-Symoné na “girl-band” The Cheetah Girls, vide três filmes com o mesmo nome do grupo... Quanto a “Cory na Casa Branca”, ao alçar o irmão de Raven à condição de protagonista, com um estilo de humor diferente do que fazia em “As Visões da Raven”, inviabilizava qualquer chance de estabelecer rivalidades... Não é à toa que Jason Stickler e Candy Smiles estão entre os piores personagens do “spin-off”... Ainda que Candy tenha sido “sócia” de Cory em parte da segunda e última temporada... Ops!!!... 

























O caminho para reforçar positivamente o humor da série em seu último ano apareceu com a valorização da família Baxter... Em primeiro lugar porque a mãe de Raven, Tanya Baxter (T’Keyah Cristal Keymáh) deixou a produção no final da terceira temporada... Cory continuou a ser o protagonista de tramas paralelas bem resolvidas e com um humor mais inventivo, sempre que possível, e de alguns excelentes episódios... Com a ajuda do inacreditável Espremedor (Dan Mott), um colega briguento da escola que ainda por cima se revelou o precursor de Susan Boyle ao demonstrar seu talento musical, no episódio "Professora de Animais"... O personagem funcionou tão bem que seria um dos escalados para tentar levantar “Cory na Casa Branca” no final da primeira temporada...  A órfã Sydney, a primeira pirralha da série que não é apenas comicamente irritante, depois da diabólica Nadine (Jordan Molesey), a irmã mais nova de seu "sócio" na segunda temporada, Devon Carter (Jonathan Mc Daniel), a  chatíssima Sierra (Juliette Goglia),  vide episodio do estômago gigante, e do peralta Stanley (Bobee Thompson), que importunou ninguém menos que James "Tio Phil" Avery, que compareceu no restaurante de Victor como o produtor musical Presto Jones, proporcionou episódios com ritmo de desenho animado, no bom sentido, é claro, vide o anárquico concurso de beleza infantil em “Pequena Miss e Sua Irmã Mais Velha”... Comparável a “Consequências de Uma Trégua”, de Tom e Jerry, ou de “Esporte de Morte”, do Pateta... O pai de Raven, Victor Baxter, sem a esposa, e com seu restaurante“Grill Nota Mil” virtualmente descartado como locação, ficou refém de momentos em que escorrega no quiabo... Problema que continuou em Cory na Casa Branca, vide episódio em que divide a cama com o presidente ou pergunta se pode segurar no manche do avião presidencial... Ops!!!... O antepenúltimo episódio da série, “Professora de Animais”, extemporaneamente ambientado na escola, teve a participação de Candace Cameron Bure... Que como o Pancada bem sabe, viveu  DJ, a filha mais velha do viúvo Danny Tanner em “Três é Demais”... Que também era ambientada em San Francisco Califórnia...  Em 2016, estreou na Netflix um “spin-off” de “Três é Demais”, “Fuller House”, na qual DJ assume o papel que era do pai, melhor dizendo, a mãe viúva de três filhos – o mais novo interpretado por gêmeos, exatamente como as irmãs Olsen faziam com sua irmã Michelle na série original... Que cria com a ajuda de sua irmã Stephanie Tanner (Jodie Sweetin)  e da amiga Kimmy Gabler (Andrea Barber), mãe de uma fila... Sem contar as participações do pai, do tio Jesse (John Stamos) e sua “sócia” Becky (Lori Loughlin), do amigo Joey  (Dave Coulier)... No ano seguinte, o Valdisnei Channel colocou no ar “A Casa da Raven”, estrelada por Raven-Symoné, que atuava na apresentação do talk-show “The View”, da ABC  estadunidense... Nem é preciso mencionar que o nome do “spin-off” de “As Visões da Raven” denuncia qual foi a inspiração da nova produção... Para não dar muito na vista, a história de “A Casa da Raven” é ambientada em Chicago - para onde foi transportado o prédio do MASP, que fica na região da Avenida Paulista, em São Paulo... Ops!!!... No entanto, tanto Raven quanto Chelsea agora são mães que precisam criar os filhos sozinhas... Para contornar o fato de que a protagonista de “As Visões da Raven” não tinha “sócio” na última temporada – sua vida amorosa ao longo da existência da atração nunca foi muito significativa - os autores colocaram os gêmeos Brooker (herdeiro de seus poderes paranormais...) e Nia como filhos de Devon Carter, com quem teve um relacionamento encerrado no fim da terceira temporada da série matriz, e que agora está divorciado dela... Pena que não lembraram do fedorento Ben Sturky, da primeira temporada, o único garoto que amava Raven sinceramente e, segundo o dossiê elaborado por Cory, combinava com ela em sua pouca disposição para tomar banho... Ops!!!... A situação é a mesma de Chelsea – o paquerador da série era Eddie (ah, o macho alfa...), que tinha uma queda por meninas estranhas - só que aí precisaram criar um personagem do qual ela se “associou” e depois pediu o divórcio, Garrett, mãe de seu filho Levi...  Apesar de no Brasil ser exibida apenas no Valdisnei Channel, a série fez sucesso a tal ponto que Gleiciane e Ana Clara, concorrentes do BBB 18, foram comparadas a Raven e Chelsea... Kyle Massey chegou a fazer uma participação como Cory Baxter na segunda temporada... Porém, não se fala em um “remake” de “Cory na Casa Branca”, como imaginava a garota para quem o ator mandava conteúdo “adúltero”... Ops!!!...






























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