segunda-feira, 29 de abril de 2019

"Os Insociáveis" a cores na Record: a mosca branca dos Trapalhões...

Até parece cena de episódio perdido de "Chaves" ou "Chapolin", mas são Didi e Dedé em "Os Insociáveis", na Record...




















































O lançamento do documentário “Mussum – Um Filme do Cacildis” agitou os internautas fãs de Trapalhões... Não só apenas  por trazer a história de Antônio Carlos Bernardes Gomes, mas pelas raríssimas cenas do programa “Os Trapalhões” na TV Tupi, onde foi produzido entre 1974 e 1976... Inclusive uma vinheta de abertura, a qual gerou uma grande polêmica na Internet... Teria essa animação, criada pelo cartunista Jal, inspirado a peça concebida por Joaquim Três Rios e animada por Mário Lantana que abria e fechava os programas da Globo entre 1977 e 1984, ou ela seria uma resposta à mudança de emissora dos humoristas, acontecida em meados de 1976, quando a Tupi, já com o programa da Globo no ar, começou a reprisar a atração???...  Especula-se inclusive que as reprises teriam durado até 1979, deixando a programação apenas quando Renato Aragão entrou na justiça para impedir as reexibições que não lhe rendiam nada... Antes da Tupi, os Trapalhões, que ainda eram apenas Didi, Dedé e o então novato no grupo, Mussum, estrelaram na TV Record o programa “Os Insociáveis”, entre 1972 e 1974... O nome vinha da série policial estadunidense “Os Intocáveis”, e era uma criação de Paulinho Machado de Carvalho, habituado a parodiar títulos de filmes e séries para batizar programas de humor, vide “Quatro Homens Juntos”, “Quem Bate”, “Ceará Contra 007”, “Família Trapo”, etc, etc,  etc... Um nome que Renato Aragão nunca entendeu e Dedé Santana, vide depoimento para o livro “Biografia da Televisão Brasileira”, achava uma... PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII...  Cenas do programa aparecem no documentário “O Mundo Mágico dos Trapalhões”, de 1981... “Os Insociáveis” também foi reprisado algumas vezes, na íntegra ou em trechos, pela Record e também pela Record News, vide programa “Arquivo Record”, mostrado entre 2007 e 2014... Versão de um programa que estreou na emissora matriz em 1993, exibido aos domingos... Claro que algumas edições foram dedicadas a “Os Insociáveis”... Uma delas, apresentada pela mítica Adriana de Castro, trouxe nada menos que um programa colorido... Uma surpresa para quem imaginava que a era da cor para os comediantes começou apenas com a transferência dos comediantes para a Tupi, quando a emissora unificou a programação no horário nobre em todo o país, e uma das principais atrações de seu “prime time” era “Os Trapalhões” – que se tornou um quarteto com a entrada de Mauro Gonçalves, mais conhecido como Zacarias... Talvez não seja o primeiro programa colorido da história da Record - a primazia coube a Raul Gil, segundo o próprio, graças a um generoso aporte de verbas publicitárias da Fábrica de Móveis Brasil – mas ainda assim é uma autêntica “mosca branca”, um precioso registro do início das transmissões coloridas na emissora mais antiga em atividade no país... 





















Esta cena, devidamente restaurada, bem que poderia estar no documentário "Mussum - Um Filme do Cacildis"...




















































Em “Os Insociáveis”, os Trapalhões ainda eram três, Didi, Dedé e Mussum...As cores estão esmaecidas, porém ainda é possível perceber a calça estampada e a jaqueta vermelha de Dedé, a cartola verde de Mussum, o terno marrom de Roberto Guilherme, que ainda não era o Sargento Pincel, pois trabalhava forte na peruquinha... A qualidade da imagem e a cenografia lembram os quadros de “Chaves” e “Chapolin” gravados na mesma época... O cenário da praça, repleto de arbustos e uma tapadeira imitando uma mureta feita com paralelepípedos, ou do bar, vide balança de armazém no balcão, foram feitos pela equipe de cenografia que trabalhava forte nos estúdios da região da Avenida Miruna, em São Paulo, mas poderiam muito bem ser obra do pessoal do Foro 3 da Televisa, na Cidade do México...  Na praça, Mussum, com a cartola verde na cabeça, pergunta a Didi, a mulher que havia encontrado era viúva, e ele respondeu que não tinha como saber, porque o “sócio” estava do lado... Depois de comentar que Roberto não é mais burro por falta de espaço, lembra de sua antiga “sócia”, Maria Pegajosa – a qual Roberto também “associou-se” – que desmaia toda vez que beija um homem... Não no caso de Roberto, mas, enfim... Isso porque ele é um debilóide, que Dedé afirma ser uma pessoa que a gente explica, explica, e não entende nada, exatamente como Didi agora... Ops!!!... Então é por isso que o golpe do assalto não funcionou, o que não significa que Didi vá deixar de se apresentar quando uma mulher comparece na praça procurando por um homem... Alis, Roberto diz que é muito homem, porque não tem medo de barata – mas só até Didi apontar para uma barata no chão... Ops!!!... Ainda na praça, Didi apresenta a Dedé o “tônico do super homem”... Que Didi reluta em tomar, porque a última vez que bebeu algo sem saber do que se tratava, foi o leite do peito da própria mãe, em um caminhão pau-de-arara, porque ele nasceu com fome... Então comparece na praça um experiente casal, ela reclamando que ele não tem força nem para andar... Didi concorda e acha que o senhorzinho – vivido por Durval de Souza, que na Globo trabalharia forte nos quadros do quartel da SUAT e também em dois esquetes onde fez sua consagrada imitação de Adolf Hitler – quando vê um caminhão de lixo, faz sinal pensando que é táxi... Depois de compará-lo ao Corcunda de Notre-Dame, Didi oferece a ele um pouco do tônico, que não quer tomar, só ingerindo-o por insistência da mulher... Um gole foi suficiente para o velhinho chamar para a briga, derrubando Dedé com banco da praça e tudo... Didi já pensa até em fazer uma luta de telecactch com os dois “sócios”, porém o efeito do tônico acaba rapidamente, justo quando ele chamou ela de  “cara de sapo”...  Dedé resolve levar Didi para um bar, e ao pedir uma água para o garçom, mistura o tônico, conseguindo  fazer com que seu companheiro, que tentava “negociar” com uma garota e “prestigiava” os frequentadores do estabelecimento, o experimente... No primeiro gole, diz que ali não tem homem para Vianna Júnior – o próprio, de charuto, óculos escuro e camisa azul – e quando vai lhe dar uns tabefes, o efeito passa e ele deixa por um afago no rosto...  Na segunda dose, vira uma fera e resolve “negociar” com uma garota que compareceu ao bar, convidando-a para passear de lancha – então é por isso que havia uma boia salva-vidas na parede, que foi  parar no pescoço do garçom – e ela dizendo ter um marido muito macho, aponta uma arma para Didi, que diz, efeito do tônico terminado, ela é muito boa... Dona de casa... Na terceira, resolveu desafiar o cara da camisa listrada de aqualouco, que apelidou de Pica-Pau, para uma disputa de queda de braço, a qual levou a melhor, porque a força não se esvaiu tão depressa, dando tempo até para atirar Dedé sobre a mesa...




















No bar, Didi encara ninguém menos que Apolônio, quer dizer, Vianna Júnior de óculos escuros e charuto...




















































A exibição colorida de “Os Insociáveis” termina com um esquete muitas vezes refeito, o do golpe da dança com chapéu... Aqui, Dedé finge estar dançando com uma mulher – ao som de “Danúbio Azul” – enquanto Roberto enche de água a cartola que está em sua mão – a mesma que estava na cabeça de Mussum... Quando a música termina, Dedé agradece à parceira de dança imaginária e coloca o chapéu na cabeça, molhando-se todo... Dedé, claro, fica injuriado com Roberto tirando sarro de sua cara, mas ao ver Didi, não hesita em replicar o golpe... Roberto explica que Didi deve dançar com o braço estendido e a cartola na mão, a fim de dar tempo a Dedé para colocar a água, isso se parar de escorregar... A situação fica mais difícil quando Roberto liga um radinho de pilha e Didi começa a dançar... Finalmente Dedé consegue encher a cartola de água, entretanto Didi tem tempo de esvaziá-la antes de fazer o cumprimento – e mandar uma borrifada em ambos os dois... Mussum, que assistia a cena atrás do banco da praça, é acusado por Didi de ter lhe ensinado sobre o golpe... Dedé e Roberto seguram ele – derrubando alguns arbustos do cenário - para Didi dar um banhaço de água fria, que vai direto na cara dos dois... Adriana encerra o programa, anunciando para o próximo domingo a exibição da segunda parte do especial “Os Humoristas”, com Jô Soares, Walter D’Ávila, Pagano Sobrinho, Juca Chaves, Manoel de Nobrega e Chico Anysio...  Esta raridade, gravada em VHS na época da exibição no “Arquivo Record”, foi digitalizada e upada na Internet... Após o lançamento do filme sobre Mussum, surgiu a informação sobre a produção de um documentário sobre os Trapalhões, desta vez o grupo todo...  Mais uma excelente oportunidade para o resgate de cenas históricas... Como o quadro do Gil Ferreira – “jogador de basquete profissional” – exibido numa reapresentação de “Os Trapalhões” em 1997 (um ano muito propício para as reprises mostradas entre “Caça Talentos” e o “SPTV”, porque os quadros foram exibidos em ordem cronológica, desde 1977...), recentemente postado no Facebook ®... Essas gravações, tiradas de fitas de vídeo e postadas também no Youtube ©, chamam a atenção até de quem participou dos programas na época, e faz questão de compartilhar os esquetes nas redes sociais, caso da atriz e cantora Marília Barbosa, de comparecimento constante em “Os Trapalhões” no final da década de 1970 – os que acompanham as exibições do Viva sabe que ela atuou também na temporada de 1990... Outra Marília – a Pêra – apareceu em uma versão da história de Adão e Eva, bloqueada pelo Youtube ® porque os primeiros “sócios” da Terra tentam voltar ao paraíso e descobrem que ele mudou muito, ao som de uma versão de Eumir Deodato para o tema do filme “2001 – Uma Odisseia no Espaço”... Quem sabe os produtores desse documentário não tem a sorte de encontrar uma relíquia suprema – mais até do que a série “Os Trapalhões em Los Angeles”, de 1985... A participação de Ronald Golias no programa em 1977... Que teria ficado de fora das reprises da década de 1990 porque nessa ocasião ele trabalhava forte no SBT... Se bem que... Esse critério que não foi aplicado nas participações de Carlos Alberto de Nóbrega, que depois do fim da “Praça da Alegria”, em 1978, passou a dedicar-se exclusivamente a “Os Trapalhões”, escrevendo e atuando...





















Dedé, Roberto Guilherme e Didi comparecem em uma versão do clássico esquete da dança com chapéu...

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