Com capa de Hans Donner, os dois volumes da obra vem acondicionados em um box, aumentando o preço... Ops!!!... |
O segundo volume de “Biografia da Televisão Brasileira” começa com um capítulo sobre o jornalismo na TV... Onde a figura de Silvio Santos, que é pouco citado na primeira parte da obra, começa a aparecer com toda a força... De pera na mão, quer dizer, com um aparelho concebido pelo engenheiro argentino Alfonso Aurin, que tiraria no ar o SBT caso a temperatura do debate entre Franco Montoro e Reynaldo de Barros, exibido pelo “Programa Ferreira Netto” em 22 de março de 1982, subisse demais e o calor incomodasse o governo militar em Brasília, que possuía uma linha direta com a emissora... Flávio Ricco, um dos autores do livro, sabe porque esteve lá, quer dizer, trabalhou com o jornalista e candidato ao Senado pelo PRN de São Paulo em 1990 por muitos anos... O programa de Ferreira era uma das primeiras atrações jornalísticas do SBT, que começou com a transmissão da outorga de sua própria concessão, acontecida em Brasília no dia 19 de agosto de 1981... Sob a direção de Arlindo Silva, assessor de imprensa e biógrafo de Silvio, também entraram na grade o telejornal “Noticentro” – criação do Mestre Ricky Medeiros – e “O Povo na TV” –com direção de Wilton Franco, que mediou o famoso debate entre os candidatos ao governo do Estado do Rio de Janeiro, também em 1982... Parodiado no anúncio de um lançamento imobiliário na região da Tijuca, com Costinha, Ronald Golias, José Santa Cruz, Berta Loran e Paulo Silvino interpretando Moreira Franco, Leonel Brizola, Lisâneas Maciel, Sandra Cavalcanti e Miro Teixeira... A primeira cobertura do SBT contou com reportagens de Zildete Montiel e Magdalena Bonfiglioli, encarregada de apresentar a redação da emissora a um novo contratado – Boris Casoy... Que apresentaria o “TJ Brasil” a partir de 1988... Nome que surgiu quando o jurídico do canal foi notificado de que o “Jornal do Brasil” proibiu a utilização de seu nome no informativo... Quem mandou acreditar que o “Jornal Nacional” tinha esse nome por causa do Banco Nacional, Albino Castro???... Não foi exatamente o caso de Bóris, mas contratações para o Jornalismo no SBT são definidas pelo próprio Silvio Santos, telefonando pessoalmente para os profissionais pretendidos... Assim aconteceu com Eliakim Araújo e Leila Cordeiro, e também para Ana Paula Padrão... Quando o telefonema não acontece, Silvio manda chamar quem ouviu na Pan, no rádio do carro, como no caso de César Tralli, repórter aéreo da emissora, chamado para o “Aqui Agora”... Que Albino Castro diz ter acabado quando o Ibope superou o do programa de Silvio... Ops!!!... O SBT passa em branco no capítulo sobre esporte na televisão – não lembraram que José Cunha, o narrador dos jogos gravados em videotape pela TV Educativa do Rio, também atuou em “O Povo na TV” e a gravação era uma parceria da TVE com a TVS carioca – mas retorna no dos “talk-shows”... Na verdade, é o irmão de Silvio Santos, Léo, quem comparece primeiro, como o interlocutor dos telefonemas imaginários que Ferreira Netto dava em seu programa com um telefone vermelho... Depois vieram Jô Soares – contratado por sugestão de Carlos Alberto de Nóbrega – Marília Gabriela e Danilo Gentili – contratado na segunda tentativa... A emissora está em seu elemento, finalmente, na parte sobre os programas de auditório – e Silvio Santos na dos grandes comunicadores... Quantas histórias não teria para contar aos autores se não tivesse repetido, por intermédio da chefe de comunicação do SBT, Maísa Alves, uma brincadeira que já fez algumas vezes em seu programa dominical... Vide email... “Numa das minhas viagens à cidade de Nova Jersey, entrei na loja de uma famosa vidente que previu a derrota do Brasil por 7 a 1 contra a Alemanha... Essa mesma vidente, conhecida internacionalmente pelos acertos que têm, me disse que no dia que eu fizer um filme, entrevista ou livro contando minha biografia, no dia seguinte, infelizmente não acordarei, estarei morto... Por acreditar nessa vidente e por ser supersticioso, cumpro integralmente essa previsão... Não pretendo amanhecer defunto... Silvio Santos”... Que coisa, não???...
Atualmente roteirista do "Domingão do Faustão", José Armando Vannucci compareceu muito no Troféu Imprensa... |
Na falta do testemunho de Silvio, outros depoimentos trazem momentos emocionantes da televisão brasileira... Como quando Raul Gil propôs ao dono da Fábrica de Móveis Brasil fazer um show no lugar de Chico Anysio em troca de dois meses de patrocínio ao seu programa na Record... Diante de um aumento de 40% nas vendas, a empresa do ramo moveleiro começou a patrocinar toda a programação do canal, salvando-a da falência em 1973... Quase compraram a emissora mas Silvio – que aconselhou Raul a sempre pagar os impostos, pois ainda é tempo – chegou primeiro... O capítulo sobre o começo do SBT mostra que foi realmente Magrão, quer dizer, Roberto Manzoni, quem sugeriu a contratação de Wilton Franco, que fazia o “Aqui e Agora” na Tupi carioca, para realizar “O Povo na TV”... E se hoje Walcyr Carrasco enfrenta a acusação de que “O Outro Lado do Paraíso” plagia o filme estadunidense “Madame X”, era só fazer como Silvio e mudar o nome para “Odeio Minha Mãe”... O que não foi necessário no caso de “La Usurpadora”, que foi para o ar após fazer sucesso entre as caravanas que iam fazer o programa do apresentador, Mauro Lissoni... Na compra de programas e formatos do exterior, Silvio tinha a assessoria de Ricky Medeiros... Que ao torcer o nariz para o “Clube do Mickey”, lembrou de sua infância nos Estados Unidos e propôs a compra dos direitos do palhaço Bozo... Sim, o proprietário do SBT bancou “Chaves”, porém só depois de ser convencido pelo diretor de dublagem do SBT, José Salathiel Lage, que levava a maior fé no trabalho forte que sua equipe fazia com aquela “comédia em videoteipe”... E a série de Chespirito estreou primeiro no “TV Powww”, pô!!!... E não é Lojas Macavi... É Tamakavy!!!... O varejista de móveis e eletrodomésticos cujo depósito transformou-se no Centro de Televisão do SBT, na região da Anhanguera... A área comercial da emissora torcia o nariz para Carlos Ratinho Massa, mas Silvio Santos foi pessoalmente conseguir a liberação do apresentador da Record junto a Edir Macedo, em 1998... Lissoni, que sabe porque esteve lá, como diretor de programação, hoje está na Rede Massa, pertencente a Ratinho, e que retransmite o SBT no Paraná... No final do capítulo, a “caixa-preta” da “Casa dos Artistas” é aberta... José Roberto Maluf, vice-presidente da emissora, viu o “Big Brother” na Holanda, e bateu na porta da Endemol, produtora do “reality-show”... Alfonso Aurin, supervisor de engenharia, assistiu o “Gran Hermano” da Espanha... Ambos falaram sobre o programa para Silvio Santos, que se interessou pela atração... Os dois mantiveram contato com a Endemol, que forneceu inclusive os manuais de produção do “Big Brother” – informação já conhecida, uma vez que faz parte do processo que a empresa holandesa, então pertencente ao grupo Telefonica, moveu contra o SBT... Quando o contrato ia ser assinado, em maio de 2001, Silvio Santos desistiu... O motivo do recuo é esclarecido por Alfonso Aurin mais adiante, no capítulo sobre “reality-shows”... A Endemol queria montar uma produtora em parceria para o SBT, para produzir outros formatos de programas... Condição que dobraria o valor do acerto... Silvio não quis colocar tanto dinheiro e pediu para sair... Um temor que não existiu anos antes, quando os novelistas Benedito Ruy Barbosa, Glória Perez e Walther Negrão foram contratados pela emissora, levando a uma batalha judicial que obrigou a Globo a pagar R$ 70 milhões pelo rompimento do vínculo dos três autores... Entretanto, em agosto do mesmo ano, ao saber que a Endemol assinara com a Globo, programando a estreia da versão nacional do “Big Brother” para abril de 2002, decidiu fazer “Casa dos Artistas”, dizendo a seus executivos... “É parecido com o BBB, mas com muitas coisas diferentes... Não vai caracterizar nada, pois ideia e formato, no Brasil, a lei não protege”... Então é por isso que as intimações judiciais conseguidas pela Globo para impedir a exibição da “Casa dos Artistas” só eram recebidas depois da edição diária do “reality”, mostrado entre 2001 e 2004... E os executivos tranquilizados por Silvio saíam de helicóptero ou pela entrada lateral, para não encontrar com os oficiais de Justiça... Depois, o SBT até aceitou produzir formatos licenciados pela Endemol, como aquele que é considerado o maior êxito internacional da produtora, aqui chamado de "Topa ou Não Topa"... Pois é, não é...
Doutor Kenji não teme a "Hora da Venenosa", por isso fica de boa ao lado de Fabíola Reipert... |
Na produção da primeira “Casa dos Artistas”, lançada em 28 de outubro de 2001, e cujo êxito forçou a Globo a antecipar a estreia do “Big Brother Brasil” de abril para janeiro de 2002, Silvio Santos soube por seu segurança que a casa vizinha à sua, na região do Morumbi, estava à venda, e interessava a Otávio Mesquita... O apresentador foi mais ligeiro, e em meio ao sequestro da filha Patrícia Abravanel, acertou a compra do imóvel, que sediou o “reality show” em sua primeira temporada – feita por uma produtora de fachada, já pensando nos problemas judiciais, Rodrigo Carelli... Tudo a toque de caixa, sob sigilo, para potencializar o sucesso alcançado pelo ineditismo do formato... A mesma agilidade não foi vista quando Daniel Filho propôs ao SBT a produção de uma “sitcom” gravada com plateia em um teatro, ideia de Luiz Gustavo... Projeto rejeitado, a ideia foi apresentada à Globo, e deu origem ao “Sai de Baixo”, sucesso até hoje, graças as exibições do Viva, e causador de grandes dores de cabeça para o “Topa Tudo Por Dinheiro” de Silvio Santos entre 1996 e 2001 – quando a primeira “Casa dos Artistas” tirou ambos os dois programas do ar... A propósito, o convite de Daniel Filho e Boni para Tom Cavalcante fazer o “Sai de Baixo” levou o humorista a brigar com Chico Anysio... Rusga que só terminou quando os dois fizeram um espetáculo teatral juntos em 2008... Tom inclusive, se arrisca a dizer que o humorístico, “se traduzido, ganharia a América Latina, como um Chaves”... O SBT, por sua vez, obteve seus próprios êxitos em humor, como o “Ô, Coitado”, com Gorete Milagres e Moacyr Franco (os bastidores dariam um livro à parte, digo...), que convenceu Ronald Golias a retomar o personagem Bronco em “Meu Cunhado”... Considerado o melhor texto de humor televisivo pelo publicitário Roberto Dualibi, superando “Agente 86”... Então é por isso que Golias pediu para tirar uma alusão ao Café Photo porque era amigo das meninas da casa... Ops!!!... Lembrando que o último episódio de “Meu Cunhado” só é conhecido porque Moacyr Franco o postou em seu canal do Youtube, já que o SBT, que engavetou a série durante três anos, nunca o mostrou em sua programação... Os capítulos finais do livro abordam os “reality-shows”, a TV por assinatura, TV digital, medição de audiência – vide SBT tentando entrar no negócio com o Datanexus, que utilizava um aparelho apelidado de “Aurímetro”, uma vez que foi concebido por Alfonso Aurin – televisão multiplataforma, locutores de chamadas e comerciais – dos globais Dirceu Rabelo e Mabel César a Bem-Te-Vi e Lombardi, do SBT – comerciais – com um “Top 10” feito por Washington Olivetto, que não inclui o comercial do cigarro “Vila Rica”, Gérson – e bordões que marcaram época – um deles o “Cacildis!!!” de Mussum, internauta Pedro Henrique... Pancada deixa por Luiz Carlos Tourinho – “Abalou Bangu!!!” – Miguel Falabella – “Cala a boca, Magda!!!” – e Chico Anysio – “Olha a Cascavel”, vide Tavares mostrando seu drinque para Bete Biscoito... O epílogo da obra são depoimentos de Eliana – nora de um dos autores – Fábio Porchat, Adriana Araújo, Ricardo Boechat e Carlos Alberto de Nóbrega... Se Pancada lamenta que Renata Dominguez, a eterna Solene do “Palhação”, famosa no Equador antes de despontar no Brasil, não tenha sido ouvida, também está muito aliviado... Porque não entrevistaram Fabíola Reipert, a comandante da “Hora da Venenosa” do Balanço Geral, da Record, ao lado da cobra Judite... Uma figura tóxica que é suportada por poucas pessoas... Uma delas, inexplicavelmente, é o Doutor Kenji... Bom, quem se apetece em falar com os bichos, não vai se importar em dialogar com uma cobra venenosa... Ops mais uma vez!!!...
Para o Pancada, Renata Dominguez sempre será Solene, filha de Dona Vilma e mulher de Beto em "Palhação"... |
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