quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Armando um Rico Histórico da Nossa Televisão...

"Biografia da Televisão Brasileira", em dois volumes, que pode ser pago em três vezes, foi escrito a quatro mãos...




















































O jornalista e colunista de televisão Flávio Ricco, apesar dos muitos anos de trabalho em televisão, inclusive como diretor do programa de Ferreira Netto, do qual também era colaborador em suas colunas na imprensa escrita, hoje é mais conhecido por ser o sogro da apresentadora Eliana Michaelichen, casada com seu filho, o diretor de televisão Adriano Ricco... Muito contribuiu para essa fama o fato dele ter entregue à nora, mãe de sua neta Manuela, o Troféu Imprensa no ano passado, quando fazia parte do júri da premiação... Flávio Ricco também é lembrado pelo seu grande apreço e prestígio à série “Chaves”, especialmente entre os “chavesmaníacos” mais fanáticos... José Armando Vannucci também integrou o corpo de jurados do Troféu Imprensa, para o qual foi chamado devido aos comentários sobre televisão que fazia na Rádio Jovem Pan AM... Ficou mais familiar para os telespectadores com as participações no programa “Todo Seu”, apresentado por Ronnie Von na Gazeta, e hoje é um dos autores-roteiristas do programa “Domingão do Faustão”, na Globo... Alis, foi Fausto Silva quem uniu os dois jornalistas em um projeto ambicioso que acaba de chegar às livrarias... Os dois volumes de “Biografia da Televisão Brasileira”... Uma obra de 928 páginas que relata a história televisiva do Brasil desde a primeira transmissão da TV Tupi de São Paulo, em 18 de setembro de 1950 – quatro semanas antes da Unión Radio Televisión em Cuba, porém duas semanas depois da XEW no México... O livro é baseado em mais de 200 entrevistas com profissionais e estudiosos do veículo no país... Entre os quais está a atriz Ingra Liberato, que compareceu ao lançamento do livro no Rio de Janeiro e, segundo o internauta Chico Melancia, está exatamente com a mesma aparência da época em que participou das novelas "Pantanal" e "Ana Raio e Zé Trovão", na Manchete... Ou seja, apetecibilíssima...  A obra – com design de capa à cargo de Hans Donner, o próprio - conta com 54 capítulos temáticos que utilizam a ordem cronológica como ponto de partida para abordar a evolução dos diversos gêneros televisivos... Sem nunca se esquecer do inspirador da obra... Assim, o capítulo sobre as garotas-propaganda, figuras indispensáveis nos primeiros anos das primeiras emissoras – vide Lady Francisco na TV Itacolomi de Belo Horizonte, em 1955 – termina com a linhagem de apresentadoras comerciais do “Domingão do Faustão” – começando com Adriana Colin, contratada em 2002 e sucedida por Thalita Morete e Cláudia Swarovsky... Sendo que hoje as repórteres e bailarinas revezam-se na função de fazer os testemunhais dos anunciantes do programa... Maria Pia Finocchio, célebre por exercer com rigor sua função de jurada técnica na “Dança dos Famosos”, comparece na apresentação do programa “Na Ponta dos Pés” e no corpo de baile de diversas atrações da TV Paulista, surgida em 1952... Mais adiante, no capítulo sobre as premiações, depois de discorrerem longamente sobre o Troféu Roquette Pinto – criado por Blota Júnior em 1950 e com 26 edições realizadas até 1982 – e o Troféu Imprensa – idealizado por Plácido Manaia Nunes em 1960 e que hoje distribui estatuetas similares ao Oscar ©, uma ideia de seu atual organizador, Silvio Santos – os autores mencionam o Troféu Melhores do Ano, em que o programa de Fausto escolhe os destaques da programação global desde 1995... Mostrando que a premiação de Mário Lago pelo Conjunto da Obra, em 2001, faz com que o ator e compositor passasse a denominar o troféu dado às personalidades com trajetórias de renome, já concedido a Laura Cardoso,  Paulo José, Tarcísio Meira e Glória Menezes, Tony Ramos, Lima Duarte, Glória Pires, Gilberto Gil, Antonio Fagundes, Hebe Camargo, Regina Duarte, Roberto Carlos, Fernanda Montenegro, William Bonner, Susana Vieira, Mauro Mendonça e Rosamaria Murtinho...  Quase que eles esquecem do prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), que contempla a televisão desde 1972...



































Além de prestigiar o Chaves, Flávio Ricco também premiou a nora Eliana Michaelichen no Troféu Imprensa...




















































As dimensões da obra fazem com que seu preço seja um tanto quanto exorbitante... O que é agravado pelo fato dos dois volumes estarem acondicionados em um box, que reproduz a capa desenhada por Hans Donner, em que as palavras "Televisão Brasileira" estão como que acomodadas dentro da atual versão do logotipo da Globo... Felizmente, a Livraria Cultura, que recebeu o lançamento do livro em São Paulo, parcela o trabalho em dois volumes, escrito em quatro mãos, em três vezes... Melhor assim, pois nos capítulos sobre a origem das emissoras pelo país, o leitor descobre que, apesar da linha nacionalista seguida pela TV Excelsior na montagem de sua programação, em 1960, uma das inspirações do diretor artístico Álvaro de Moya, depois de um frustrante show inaugural no dia 9 de julho, seria o programa de auditório “Ed Sullivan Show”, da CBS estadunidense, que levou ao “Brasil 60”, comandado aqui pela atriz Bibi Ferreira...  Dedé Santana, antes de pensar em fazer parte dos Trapalhões, iniciou os trabalhos da televisão em Brasília ainda nos tempos de artista circense com um espetáculo apresentado por ele e sua sócia na época, Ana Rosa – que depois será a protagonista da arrancada da Tupi na teledramaturgia diária com suas duas personagens em “Alma Cigana”, de 1964 – em 21 de abril de 1960, inauguração da nova capital do Brasil e começo das transmissões da TV Alvorada, hoje pertencente à Record TV... Dois meses depois, em 5 de junho, na recém-inaugurada TV Nacional (atualmente TV Brasil Capital...), estrelou junto com seu irmão Dino Santana – um Mestre hoje esquecido – o humorístico “Dedé e Dino”... Que tinha até “teatro sério”, mas, conforme as palavras do próprio Dedé, “pouca gente assistiu, afinal ninguém tinha televisão”... Dedé reaparece na TV Excelsior do Rio, que trabalhou forte nos programas de humor quando do início de suas transmissões, em setembro de 1963, em um quadro de “A Cidade se Diverte”, que depois daria origem a “Adoráveis Trapalhões”...  Um dos diretores da atração, Wilton Franco, criou um esquete que reunia Renato Aragão (Didi), Ted Boy Marino, Ivon Curi e Wanderley Cardoso... “Ficaram os quatro em cena e eu era praticamente o quinto Trapalhão...  Eu entrava em cena para salvar a situação”... Depois do fim da TV Excelsior, Dedé vai para a TV Record, reencontrando-se com Renato em um programa que o diretor geral da emissora, Paulinho Machado de Carvalho, descartou o nome usado no outro canal... “Botaram essa m... de Os Insociáveis”, afirma, diante da denominação imposta por Paulinho... Que Renato Aragão não compreende até hoje, embora fosse uma prática usual do diretor parodiar títulos de filmes e de séries em nomes  programas de humor – neste caso, o trocadilho envolve “Os Intocáveis” – o que pode ser atestado no trecho sobre as novelas humorísticas da Record, “Quatro Homens Juntos” – inspirado na série inglesa “Os Quatro Homens Justos”, “Ceará Contra 007” – baseado no filme “Moscou Contra 007”, em que Jô Soares era o agente encarregado de proteger o professor Bartolomeu Guimarães (Ronald Golias!!!), inventor do jabá sintético – e “Quem Bate” – gozação com o seriado “Combate”... Sem contar “Família Trapo”, que evocava os Trapp de “A Noviça Rebelde”... Os primórdios da TV Continental, aberta em 1959 no Rio de Janeiro, emocionam sobremaneira o Mestre, uma vez que a série “Dona  Jandira em Busca da Felicidade”, protagonizada por Paulo Goulart e Nicette Bruno levou o nascimento de Beth Goulart a se tornar parte da história, com direito a presentes para o bebê que ia vir ao mundo entregues no estúdio da região da Rua das Laranjeiras... Montada também na TV Paraná, inaugurada em dezembro de 1960, a série colocou outra filha de Nicette, Bárbara Bruno, no colo de Ary Fontoura, diretor de dramaturgia da emissora, esquecendo o texto em cena... Nosso internauta-mor também ficou muito contente em saber, no capítulo sobre os programas femininos, que Ana Maria Braga, no “Note e Anote”, da Record – que passou pelas mãos de Jussara Freire, Beth Russo e Nancy Gil antes de  ser comandado por ela - foi responsável por trazer para a televisão uma de suas musas, como a apresentadora, Palmirinha Onofre... E que o fato de ter sentado ao lado de Marluce Dias da Silva na plateia do Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, para assistir a um episódio do “Sai de Baixo” exibido ao vivo, em abril de 1998 (o livro não menciona, mas ela foi uma das entrevistadas por Renata Ceribelli na saída para os intervalos do programa, parte omitida na reapresentação do episódio na Globo neste ano...), foi o começo da negociação para sua ida a Globo, concretizada no ano seguinte... Só não precisava trazer o Loro José, lamenta o Mestre... Que realmente se entusiasmou ao saber que o Magrão – no caso, o diretor de TV Roberto Manzoni – começou sua consagrada carreira televisiva como estagiário do departamento de videotape da Excelsior, depois de obter a vaga às custas de muita insistência junto ao chefe de operações José Pedro Crispi, a quem passou o telefone da quitanda perto de sua casa para ligar caso surgisse uma oportunidade...  Agora, Mister OG não se conforma de que o programa de Sônia Abrão, “A Tarde É Sua”, não tenha sido citado como um dos grandes programas femininos da televisão... Tudo bem, ela nunca preparou um tender à Califórnia, como Ofélia Anunciato, nem aceitou o desafio de Chico Lang para salvar uma calda de caramelo endurecida, como Palmirinha, e tampouco substituiu Irene Ravache numa entrevista com Paulo Autran, como César Filho... Porém, como uma personagem de romance policial, ela matou muita gente que comparece nas páginas do livro... Vide Flávio Cavalcanti, de quem foi jurada, citado no título do capítulo “Nossos comerciais, por favor”, bordão de seus programas... 






































- Pô, Sônia Abrão!!!... Caiu com o caixão no chão,  quantas pessoas você matou e enterrou nesse livro aí???...














































O início da telenovela diária, em 1963 por intermédio das agências publicitárias responsáveis pelas contas das principais fabricantes de produtos de higiene e limpeza da época, mostra que a Tupi de São Paulo não aceitou a proposta da agência da Colgate-Palmolive para exibir diariamente adaptações de textos mexicanos e argentinos... Diante do desinteresse do diretor da emissora, Cassiano Gabus Mendes, os publicitários foram  pedir pão velho na Excelsior... Onde o executivo Edson Leite  já sabia do potencial das novelas diárias, uma vez que, casado com uma argentina, havia visto tramas nesse formato no país vizinho... Confiante no potencial do negócio, logo estava produzindo também as histórias da agência da Gessy Lever... Cassiano, no entanto, não deixou de explorar o filão, e oito meses depois da estreia da primeira trama diária da Excelsior, “2-5499 Ocupado”, colocou no ar “Alma Cigana”, em março de 1964... Mais adiante, em dezembro, depois de aceitar a proposta de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, produz na Tupi para a TV Rio “O Direito de Nascer”... Em que o protagonista Albertinho Limonta seria interpretado por ninguém menos que Luiz Gustavo, também seu cunhado... Tatá, como é mais conhecido pelo Pancada, achou que a novela trabalhava forte demais no melodrama e preferiu trocar de papel com Amílton Fernandes, escalado para fazer um médico na novela “Tereza”... Que não fez sucesso, ao contrário de “O Direito de Nascer”, levando-o a fazer uma participação especial como o irmão de Albertinho...  Anos depois, em 1968, de volta a Tupi após breve passagem pela TV Excelsior, Cassiano estava com Tatá em um bar na região da Alameda Lorena, quando o ator teve sua atenção despertada por um penetra de uma festinha de aniversário que não só dançou como ficou com a aniversariante... Ao saber do sujeito com um dos convidados,  Cassiano que aquela história poderia virar uma novela... Que Luis quer protagonizar, desde que seja uma trama diferente, com texto moderno... Que o diretor artístico da Tupi não quis escrever, mas junto com o ator, ouvido o diretor Antônio Abujamra, foram buscar Bráulio Pedroso, recém-saído de “O Estado de S. Paulo”, para ser o autor... E depois, ao ver “Dois Perdidos Numa Noite Suja”, escala Plínio Marcos – o próprio – para ser o melhor amigo do personagem principal... Surgia “Beto Rockfeller”, dirigida por um novato na função, Lima Duarte, em que Tatá, além de faturar muito com merchandsing (depois, graças à fama adquirida na Tupi, conseguiu uma fita de videotape com gols do Edson, OG, com que ganhou um bom dinheiro na Europa...), abreviou com seu personagem bicão o longo domínio de Glória Magadan e seus melodramas inverossímeis na teledramaturgia da Globo... Para o alívio do Boni, que pode finalmente implantar na emissora o padrão de qualidade que transmitia aos funcionários em memorandos como os que são reproduzidos numa especial gentileza de seu assessor Edvaldo Pacote... Vide proibição, endereçada a Daniel Filho, de listras verticais, paredes florais ou desenhadas, móveis de madeiras escuras, estofados estampados e objetos de cena “óbvios”, como pinguins ou imagens de São Jorge, na cenografia das produções da casa... Quanto às roupas, nada de xadrez, listrados ou estampados e procurando fugir da linha “opereta” nos figurinos de época ou do “neo-realismo” em tramas contemporâneas... Planos gerais, somente para localização, finaliza o documento de 1987... Anos depois, em 1994, o alvo das proibições seria a linguagem nervosa, de edições picotadas, com imagens cheias de efeitos, no estilo dos clipes da MTV... Avise o Bofinho, digo... A primeira parte do livro termina com capítulos sobre as TVs Aratu de Salvador e Gazeta de São Paulo – juntas porque a emissora baiana ainda hoje tem um galo como símbolo, e a Gazeta, quando começou a transmitir a cores, adotou um tucano – o início das transmissões em cores – vide testes com o programa de Moacyr Franco em 1963, na TV Excelsior, que só não foi em frente porque os varejistas de eletrodomésticos tinham muitos televisores em "petro-e-bancro" encalhados em estoque, pois a época era de forte crise econômica – e o começo das transmissões em rede nacional – ressaltando que o SBT tem janelas para as afiliadas das 7 às 8 h, das 11 às 14h15 e das 19h20 às 19h45... Continua no segundo volume... Ops!!!...







































- Pois é, não é... Ingra Liberato continua apetecibilíssima como nos tempos da Madeleine de "Pantanal"...

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