Encarregados de "coachear" os novos Trapalhões, Didi e Dedé ensinam a nobre arte de acionar o extintor de incêndio... |
Na próxima segunda-feira, às 20h30, o Canal Viva estreia a nova versão de "Os Trapalhões"... Ao todo serão exibidos dez episódios, produzidos em parceria com a TV Globo, que em setembro mostrará a temporada completa do Viva e mais dois episódios inéditos... Apesar da participação de Renato Aragão e Dedé Santana, os quatro integrantes do quarteto na Globo terão novos intérpretes... No caso de Didi, o personagem, rebatizado de Didico, será vivido por Lucas Veloso... Herdeiro do saudoso comediante Shaolin, que causou boa impressão na novela “Velho Chico”... Dedé terá como sucessor Dedeco, interpretado por Bruno Gissoni, o senhor Yanna Lavigne... Escolha certamente influenciada por sua pinta de galã... E por soltar pena, digo... Mussum e Zacarias, chamados pelos próprios nomes, ou melhor, apelidos, ficarão a cargo de Mumuzinho e Gui Santana, que já imitava o Trapalhão à perfeição no “Pânico na TV”... Nessa linha, Rodrigo Cáceres também poderia ser escalado, digo... O quarteto terá a companhia de Tiãozinho, ou seja, Nêgo do Borel, que reeditará o tipo feito por Tião Macalé... Didi e Dedé serão uma espécie de “tutores” dos novos Trapalhões, aprendendo com os Mestres todos os truques da comédia e o manejo do extintor de incêndio... Ops!!!... A despeito do ataque cardíaco que Renato sofreu em 2014, ele e Dedé ainda têm algum fôlego, mesmo octogenários, vide musical "Os Saltimbancos Trapalhões", que levou à refilmagem da produção que estrelaram em 1981... As primeiras especulações sobre o "remake" davam conta da participação de atores que já tinham trabalhado com Renato e Dedé, vide Rodrigo Santanna e Tadeu Mello, Dodô e Tatá... No final, resolveram apostar em caras novas... O fato de cinco jovens atores – na verdade, três atores e dois músicos – interpretarem personagens tão marcantes, em especial Mussum e Zacarias, que saíram de cena precocemente, um com uma notável graça natural e outro com um tipo muito bem construído, poderia levar o público a rejeitar o novo programa... Então é por isso que convocaram o Didi e o Dedé originais... Se bem que... Como em geral todo fã dos Trapalhões é um “hater” do Renato Aragão, essa medida pode se tornar a maior fria... Para o pessoal do Casseta e Planeta, o humor dos Trapalhões é típico de pessoas que andam em turma... Ou seja, tirando muito sarro entre eles próprios... Por essa lógica, os quatro amigos da série “Sexo Frágil”, produzida pela Globo entre 2003 e 2004, poderiam ser considerados os novos Trapalhões... Sem contar que cada um deles – Bruno Garcia (Alex), Lázaro Ramos (Fred), Lúcio Mauro Filho (Beto) e Wagner Moura (Edu) se vestia de mulher para interpretar um personagem feminino – respectivamente Vilminha, Priscila, Dona Gertrudes e Magali... E travestir-se era uma das rotinas cômicas mais consagradas dos Trapalhões...
Em geral, todo fã dos Trapalhões é um "hater" do Renato Aragão em potencial... Será que o Didico chega???... |
O público do Viva é estranho... A maioria gosta só das novelas, quanto mais antigas melhor... No que diz respeito a programas de outros gêneros, especialmente de humor, a tolerância está no mesmo nível estabelecido pelo Saraiva no "Zorra Total", Francisco Milani, digo... Entre os humorísticos, que tem uma audiência específica, os preferidos são “Sai de Baixo”, “Toma Lá Dá Cá” e “Escolinha do Professor Raimundo”... Faz sentido... As duas “sitcoms” tem semelhanças na forma e no conteúdo, o “Sai de Baixo” sempre foi “modinha” na Globo e o “Toma Lá Dá Cá” pega o vácuo, embora o texto tenha um pouco menos de picardia e um pouco mais de crítica social... A “Escolinha” se beneficia da crescente escassez de programas de humor calcados em tipos e bordões... "Quadrinho, quadrinho, quadrinho", Chico Anysio... E “Os Trapalhões”???... O Viva chegou a anunciar em seu site a exibição do programa que a Globo produziu entre 1977 e 1993 – e por alguns meses em 1995 – mas voltou atrás... O máximo que colocou no ar foram os episódios de “A Turma do Didi” produzidos entre 2006 e 2010, e de seu sucessor, “Aventuras do Didi”, que durou até 2013... Que até tem alguns quadros de “Os Trapalhões”, mas não é o mesmo que mostrar o programa clássico... O fim de “Aventuras do Didi” coincidiu com a ascensão de Carlos Henrique Schroder à direção-geral da Globo e sua proposta de renovar os humorísticos da casa... Ah, sim, o Viva também mostrou algumas minisséries feitas por Renato Aragão, tais como “Poeira em Alto Mar” e “Acampamento de Férias”... Nem os filmes dos Trapalhões, ou apenas com Renato, passaram no canal - TV Aparecida agradece... Na Globo, as reprises de “Os Trapalhões” começaram em 1994, depois de um ano sob a direção de José Lavigne, com textos do Casseta e Planeta, fase que não é muito apreciada pelos fãs do grupo, apesar de ter consagrado o bordão “Os pirata!!!”... A orientação de Boni, diretor-geral da emissora na ocasião, era clara... Didi, Dedé e Mussum precisavam descansar... As reapresentações, na faixa vespertina de segunda à sexta, fizeram grande sucesso, porém duraram somente um ano... Voltaram em 1996, depois de uma tentativa de retorno no ano anterior, apenas com Didi e Dedé, primeiro abrindo o “TV Colosso” e depois entre “Caça-Talentos” e os noticiários locais do meio-dia, "SPTV" por exemplo... Seguiram até 1998, quando saíram do ar para dar lugar ao horário eleitoral... Nessa época, já sob o comando de Marluce Dias da Silva e suas ideias megalomaníacas, a Globo promoveu a volta de Didi, sem Dedé, no programa “A Turma do Didi”, que estreou em outubro de 1998, no domingo à tarde... Este é o primeiro motivo para cessarem as reprises de “Os Trapalhões”, concorrência desleal, digo... Elas voltariam em meados de 1999, primeiro após o “Bom Dia Brasil” e em seguida antes dos jornais regionais, porém novamente a propaganda eleitoral as tirou de circulação em 2000... Para nunca mais voltarem... Até porque em setembro de 2000 surgiu a portaria 796 do Ministério da Justiça, que introduziu a classificação indicativa... A qual até o ano passado tinha a exigência de horários de veiculação... Como dizem, algumas piadas “politicamente incorretas” do programa podem chocar os “mimizentos”... Outra razão para o fim das reprises... Ao lado das demandas judiciais dos familiares dos saudosos Zacarias e Mussum... Há muito de especulação envolvida nessa discussão, mas o fato é que, ao invés de mostrar a série original, o Viva preferiu partir para o remake... Que correu o risco de babar devido à resistência de Dedé Santana em permitir a nova versão do programa que o consagrou...
Pancada espera que o quadro do quartel não esqueça Roberto Guilherme e traga o Sargento Pincel... |
A primeira experiência do canal da Globosat em reviver programas de humor bem-sucedidos da Globo em sua programação aconteceu com o “Sai de Baixo”, em 2013... Um grande êxito, ainda que exibido em um período turbulento da política brasileira, vide protestos de junho... A iniciativa só não foi melhor porque fizeram apenas quatro programas – e o elenco tinha fôlego para pelo menos mais quatro – e Tom Cavalcante, que já tinha saído da Record, não aceitou participar... Pior para ele, pois ficou a impressão de que o programa não precisa dele para funcionar... A Globo também não tirou muito proveito, pois exibiu os episódios com muitos cortes, prejudicando sua audiência nos domingos à noite, depois do “Fantástico”, o horário clássico do “Sai de Baixo”... Isso fez com que o projeto seguinte, “Escolinha do Professor Raimundo”, tivesse parte dos programas reservados para serem exibidos primeiro na Globo, nos domingos à tarde, depois da temporada no Viva... Refazer o programa comandado por Chico Anysio também implicava em superar as comparações com o programa original, mostrado pelo próprio canal... Felizmente, o “reboot” comandado pelo seu filho Bruno Mazzeo, apesar de não ter a lista, as críticas às piadas de Mário Tupinambá e Chico pedindo a Jayme Filho que aprenda a fazer índio, entre outras piadas internas da versão clássica, conseguiu emplacar... Graças a um elenco afiado, vide Mateus Solano como Zé Bonitinho – que era um aluno esporádico na série de 1990 – Marcos Caruso como Seu Peru, o ex-casal Dani Calabresa e Marcelo Adnet como Catifunda e Rolando Lero, Rodrigo Santanna como Batista... Ops!!!... O sucesso consolidou Marcius Melhem como principal nome do humor na Globo... Depois do fim de “Os Caras de Pau”, em 2013, o antigo parceiro de Leandro Hassum – alis, o remake de “Viva O Gordo” não saiu do papel, ou pelo emagrecimento do ator ou por ter um humor “político” demais - criou o “Tá No Ar”, com Adnet e Maurício Farias... Cujo êxito fez com que ele e Farias reformulassem o “Zorra Total”, que virou “Zorra”, enquanto o Viva começou a exibir o primeiro ano do programa... Em seguida, foi a vez de juntar esforços com Bruno Mazzeo para recriar a “Escolinha”... O próximo desafio de Melhem, muito criticado pela recentemente anunciada dispensa em massa de humoristas do Zorra - que deve acontecer em outubro, e o facão, de acordo com o Flávio Ricco em sua coluna na UOL, inclui Tony Tornado, Anselmo Vasconcelos, José Santa Cruz, Antônio Pedro, Isio Ghelman, Nizo Neto, Bernardo Schlegel, Tadeu Melo, Renata Ricci, Renata Tobelem, Cris Pompeo, Claudio Cinti, Alexandre Regis e Roberto Guilherme - é enfrentar os exigentes fãs dos Trapalhões com a releitura do programa...
Pouca gente percebeu, mas "Sexo Frágil", que estreou em 2003, já era uma releitura de "Os Trapalhões"... |
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