Então o Doutor Kenji botou para fora... A trena e mediu a bitola dos trilhos da Estrada de Ferro Campos do Jordão... |
O Doutor Kenji vestia uma jaqueta verde para enfrentar o frio de Campos do Jordão... Poderia muito bem ser tomado por um funcionário da Via Sul, internauta Chico Melancia... Ao se aproximar da linha da Estrada de Ferro Campos do Jordão (EFCJ), perto da estação Emílio Ribas, Kenji resolveu andar equilibrando-se sobre um dos trilhos... A cena lembrava o filme “Butch Cassidy e Sundance Kid”... Só faltava BJ Thomas cantando “Raindrops Keep Fall into My Head”... Depois de alguns minutos, o doutor interrompeu a caminhada no trilho, pois teve uma ideia... Que milagre, diria a Chiquinha... Ele se posicionou no meio dos trilhos, agachou-se e tirou do bolso uma trena... Que estendeu entre um trilho e outro... Após fazer a medição anunciou... “Sim, é bitola métrica”... A descoberta surpreendeu nosso colega de rede, já que o padrão utilizado hoje em dia nas ferrovias brasileiras é a chamada “bitola larga”, de 1,6 metros... Sendo que a EFCJ foi construída em 1914, quando esse tipo de bitola predominava no Brasil... Segundo consta, porque impediria que os trens argentinos circulassem no país, se o nosso vizinho tentasse invadir o território brasileiro... A via é compartilhada por diversos tipos de modais... Trem a vapor, que evoca o começo da ferrovia... Construída para servir de ligação com a Estrada de Ferro Central do Brasil, em Pindamonhangaba... Quando Campos do Jordão servia como local de tratamento da tuberculose... Atualmente, a “maria-fumaça” faz passeios dentro da cidade, puxando um antigo carro de passageiros de madeira... O Doutor Kenji viu o trenzinho passar... Só não entendeu porque a locomotiva vinha “de costas”, com a caldeira voltada para o vagão... O passeio é realizado apenas aos domingos, às 10, 14 e 16 horas, entre Emílio Ribas e Abernéssia, com 30 minutos de duração... A passagem de ida e volta custa R$ 18... Mais barato, só o trenzinho elétrico que circula pela cidade em miniatura feita de chocolate na filial da Cacau Show... Com direito a experimentar um chocolatinho... Unzinho só, ainda que chamem a isto de “degustação”... Claro que o internauta será generoso e comprará uma caixa de bombons para cada amigo querido... Nada de comprar aqueles tabletinhos ordinários a R$ 3 cada... Ainda mais porque é possível adquiri-los ao preço unitário de R$ 2...
O Doutor imaginou que para a locomotiva chegar "discostas", ela só pode ter sido conduzida pelo Seu Boneco... |
Percursos mais longos na ferrovia, que tem 47 quilômetros de extensão, começando em Pindamonhangaba (onde fica a sede administrativa e o Museu Ferroviário...) e passando por Santo Antônio do Pinhal antes de chegar a Campos do Jordão, são feitos por automotrizes elétricas – ao todo são quatro, três delas adquiridas na época da eletrificação da ferrovia, em 1924... A A1, cuja modernização foi concluída em 2014... A A2 é a que se acidentou na cidade de Pinhal em novembro de 2012... A A3 opera em Pindamonhangaba... A A4 foi construída pela própria EFCJ, com peças das outras automotrizes... Nosso companheiro de web pode ver as automotrizes A1 e A4 serem manobradas em uma rotunda... Ou como diria o professor Raimundo... “Dona Bela... A senhora já viu um homem mexendo na rotunda???”... Na verdade, são dois homens... Que com seu próprio esforço físico giram a automotriz na rotunda – aqui chamada de “girador”, pois em geral as rotundas ferroviárias são cobertas e esta fica ao ar livre - de modo a posicionar o trem para a próxima viagem... O percurso para Pindamonhangaba, conhecido como “Trem da Serra”, funciona apenas às terças e quartas-feiras, com saídas de Pinda às 9 horas e retorno a Campos do Jordão às 15 horas... A passagem de ida e volta custa R$ 59... Só ida ou só volta, o bilhete fica por R$ 43... De quinta a segunda-feira, há o “Trem do Mirante”, que sai de Emílio Ribas e vai até Eugênio Lefevre (município de Santo Antonio do Pinhal...), em que as automotrizes cumprem um percurso de 19 quilômetros em 55 minutos... A passagem de R$ 48 (ida e volta) dá direito a 30 minutos para apreciação da vista do mirante... Vale lembrar que a EFCJ pertence ao governo estadual desde 1924 – época em que foi realizada sua eletrificação pela English Electric... Sendo vinculada à Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado... O relatório de administração da empresa referente a 2014 destaca o fato da EFCJ ser um caso raro no Brasil de ferrovia destinada apenas ao transporte de passageiros... Vide as duas linhas que atendem os subúrbios de Pindamonhangaba, onde opera a automotriz A3, aquela revestida com madeira... Há a linha Pinda-Expedicionários (13 quilômetros...) e a linha Pinda-Piracuama (20 quilômetros...) – esta opera como trem turístico aos sábados e domingos... A passagem durante a semana custa R$ 2,70... Cabe lembrar que também estão sob a jurisdição da ferrovia o teleférico – considerado o primeiro a ser instalado no Brasil - e os pedalinhos no lago do Parque do Capivari – este em regime de concessão desde que o serviço foi retomado, em 2014, após sete anos de interrupção... O site da EFCJ especifica que são “16 pedalinhos em formato de cisne”... Nada de pato ou ganso, Chico... Teleférico – com 100 caderinhas individuais, o que não impede uma espera de uma hora e meia na fila, no mínimo - e pedalinho cobram R$ 12 por pessoa...
Kenji soube que na região da estação Emílio Ribas, em Capivari, mexer na rotunda não causa nenhum espanto... |
Dentro da cidade, há a opção de viajar nos bondes elétricos, que trafegam pelos trilhos da EFCJ no trecho entre a Parada Portal, na entrada da cidade, e Emílio Ribas, em Capivari, depois de percorrer as regiões de Abernéssia e Jaguaribe... Dois carros operam no serviço, o A5 e o A7... Ambos os dois fabricados na Alemanha, pela MAN e pela Siemens - muito antes do cartel... O A5 em 1930... O A7 antes, em 1924... Operaram inicialmente no “Tramway do Guarujá”, uma linha de bondes extinta em 1956... Quando o A5 e o A7 vieram para Campos do Jordão... Junto veio uma locomotiva elétrica, que por muitos anos movimentou o “mini-férico” do Morro do Elefante... Inaugurado pelo governador Abreu Sodré em 1970, vide placa... Agora, a carcaça da velha locomotiva está exposta próximo ao ponto de partida do trem a vapor na estação Emílio Ribas... A ideia é que ela seja restaurada, não para voltar a circular, mas para compor um ponto de atividades culturais com um antigo carro de passageiros da ferrovia... Há duas opções de passeio de bonde... De Portal a Emílio Ribas, chamado de “Bonde Turístico”, com passagem a R$ 12, ida e volta... A duração aproximada da viagem no percurso de 7 quilômetros é de 50 minutos... Ou de Abernéssia a Emílio Ribas, o “Bonde Turístico Urbano”, R$ 8,60, ida e volta também... Operam das 10 às 17 horas durante a semana e das 10 às 18 horas nos sábados, domingos e feriados... Quanto aos bondes elétricos, dois aspectos impressionaram o Doutor Kenji... A buzina que anuncia a passagem dos carros... O doutor estranhou o som emitido... Achou parecido com o daquelas cornetas colocadas em caminhões ou em algumas bicicletas... Talvez fosse melhor usar a buzina do Chacrinha, internauta Chico Melancia... Kenji também ficou impressionado ao descobrir que a venda de passagens na estação Emílio Ribas estava suspensa... Sem sistema... Além disso, no dia em que compareceu a Campos do Jordão, os bilhetes para todos os passeios de bonde e de trem estavam esgotados... Bem que poderiam adquirir mais um ou dois bondes... Não só para atender os turistas, mas para oferecer um serviço regular de transporte à população da cidade... Ainda que os trilhos não tenham passado uma impressão de confiabilidade ao nosso companheiro de web... O jeito é se virar nos 30 com os “ônibus ecológicos” da Viação Na Montanha... Pelo menos os carros são “verdes” – na pintura externa... Ou então, fazer trenzinho... Quer dizer, embarcar em um dos “trenzinhos”... Caminhões adaptados que levam os visitantes da cidade aos seus diversos pontos turísticos, como a Ducha de Prata e o Palácio Boa Vista... Alguns deles até tentam parecer com trens, transformando a cabina do veículo em locomotiva, com o acréscimo de calotas de caminhão... Outros porém lembram mesmo os “paus-de-arara” típicos do Nordeste brasileiro... Um trenzinho azul impressionou o Doutor Kenji... Não devido à música do Lô Borges, que ele não conhece, ou do comercial da TIM, que usou a gravação do Skank... É que no veículo havia um desenho do Pato Donald muito parecido com aquele grafite feito pelo prefeito Fernando Haddad... Uma versão, se podemos dizer assim, “genérica” do personagem... Talvez por isso o internauta Chico Melancia se apeteceu com o Scooby-Doo e o Pica-Pau que ornavam um trenzinho vermelho... Quanto ao Doutor Amaury, esse se identificou de imediato com o Pikachu atrás... Ops!!!...
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